Vagando pelos corredores do antigo manicômio abandonado, o padre Morgans, junto dos seus colegas exploradores, chegou aos confins do que era o antigo corredor da morte. Um lugar onde muitas pessoas foram trancafiadas até morrerem na solidão. Muitas histórias acerca do Sanatório Wervey eram assustadoras, desde experimentos relacionados à tratamentos de choque, controles da mente e dissecações.

Os historiadores, dois sensitivos, sempre disseram que o local podia ser amaldiçoado e que os espíritos dos mortos nunca deixaram o local. Verdade ou não, precisavam de uma evidência sólida a fim de informarem ao Vaticano sobre o estado do hospício alemão. Um carregava uma máquina parecida com detector de metais, o outro uma câmera. O padre Morgans rezava uma prece para todos os mortos que ali se encontravam.

Os corredores, úmidos e cheios de teias de aranhas, deixavam o ambiente mais propenso para alguma atividade paranormal. Talvez seja da mente dos três a ideia de "espíritos zombeteiros" ou não. Tudo dependerá do que eles colherem com as filmagens e a experiência de estarem ali pessoalmente.

— Padre, olhe aquilo. — O cameraman apontou para uma porta de madeira no fim do corredor. Aquilo não estava nos registros.

— Impressionante. Há uma lenda que diz que dentro deste manicômio havia uma câmara em que os pacientes mais perigosos eram presos nas paredes de concreto e só podia ser visto os seus rostos de horror. Deve ser uma lenda, mas vale à pena averiguar.

O padre retirou as teias da frente e tentou empurrar a porta de madeira, mas o objeto estava tão emperrado que nem mesmo a força dele foi capaz. Os dois caçadores ajudaram a forçar a porta até ela abrir completamente. Uma cortina de poeira tomou conta de todo o lugar.

O ambiente dentro era simples: um consultório médico antigo. Entretanto, havia uma escada espiral no canto da parede. Desceram ao porão do sanatório e testemunharam o verdadeiro horror daqueles anos 60: crânios nas paredes. Dezenas deles apenas num corredor. A lenda das pessoas presas nas paredes é verdadeira, o padre Morgans tornou-se testemunha pela primeira vez.

Um dos sensitivos, aquele que segurava o aparelho de rastreamento de possíveis fantasmas, sentiu um assopro atrás da nuca seguido de um arrepio. Ao ver aquele corredor com crânios alinhados, ele sentiu como se algo estivesse entrando no seu corpo. Logo uma possessão ocorreu às vistas do padre e do seu colega. Os olhos do rapaz ficaram brancos.

Visão - Sanatório Wervey

Julho de 1961 - Berlim Oriental

Um dos prisioneiros foi levado para a câmara de emparedamento. Puseram um saco de pano no seu rosto e o levaram para onde estava sendo feito as torturas com esses presos. Um ex-soldado nazista que ficara sob custódia da União Soviética.

— Não, por favor. Eu não quero ir!

— Você não tem querer, meu bem — disse um enfermeiro.

No corredor da morte, um médico baixinho, porém assustador, apareceu diante do prisioneiro. Doutor Leon Melancovick pediu para os enfermeiros colocarem o indivíduo na cadeira numa pequena câmara na parede do corredor. O local era tão apertado que dava apenas para um ser humano sentar ali sem se mexer. Prenderam os braços e pernas dele na cadeira, amordaçaram sua boca e jogaram leite com mel no corpo dele para as formigas e outros insetos ou vermes atacarem. Na sequência, os pedreiros enchiam de tijolos e cimentos. A face do homem ficava para fora da parede enquanto um guarda armado ameaçava atirar nele, caso tentasse se mover e destruir o cimento mole. Assim que endurecesse, o guarda deixou a vítima sozinha enquanto seu corpo apodrecia dias e dias até morrer de uma infecção generalizada.

O padre Morgans tentou fazer um exorcismo ali mesmo. O espírito saiu do corpo do seu colega logo depois da visão terminar. Os três ouviram gritos. Os gritos das vítimas aprisionadas naquele maldito corredor da morte, onde todos eram enterrados na parede e com o rosto para fora. O corredor dos crânios. O coro do horror de mais de setenta vítimas sendo comidas pelos vermes e cimento.

O padre Morgans e os dois exploradores sensitivos fugiram dali mesmo sem olhar para trás. Nem mesmo um padre experiente, com seus sessenta anos, estava apto para encarar a verdade sobre o Sanatório Wervey.