Qual é a cor da felicidade? escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 10
Pequenas doses de verdade


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capitulo, porque ele é um dos meus favoritos, pois conta um pouco da vida do Noah.

Beijos e boa leitura.



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Após a nossa conversa, Guadalupe me garantiu que poderia começar amanha, pois assim me daria tempo de me organizar. Fui para casa onde encontrei minha irmã caçula já começando a fazer o almoço, o que me fez acreditar que ela queria me recompensar por tê-la salvado de ouvir um sermão daqueles.

Deixei Lizzie arrumando o almoço enquanto subia para tomar um banho e mandar uma mensagem para Noah contando sobre as novidades.

Meu amigo respondeu que estava feliz por mim e me pediu para ajudá-lo a ir no supermercado e concordei.

Desde que o pai de Noah sofreu um AVC, sua mãe quase não saia de casa, mesmo Noah tendo contratado dois enfermeiros que se revezavam para ajudá-la a cuidar do marido.

Não gostava muito do Dr. Ellis, afinal ele menosprezava meu amigo e por causa disso lhe disse poucas e boas, mas jamais desejei que ele ficasse confinado em uma cadeira de rodas ou sem poder se comunicar direito. Mas como dizia minha mãe não podíamos escolher a nossa família, então tudo o que nos restava era aceitar.

Por volta das duas da tarde Noah veio me buscar para irmos direto ao supermercado, e pela sua cara pude perceber que ele estava tenso.

—Então quer dizer que você entrou para o ramo da carteira assinada agora?- ele questionou assim que entrei no carro.

—Você está bem? Aconteceu alguma coisa com o Hunter ou com a Manuela?- questionei preocupada.

—Não, eles estão bem. É só que o meu pai...- ele sussurrou e compreendi.

—Você ainda tenta buscar pela aprovação dele, Noah?

—Sei que devia desistir, mas não posso. Ele é o meu pai, e apesar dele ter me rejeitado eu o amo. E agora que sou pai, não consigo entender como ele conseguiu me odiar durante anos, jamais seria capaz de fazer isso com a Manu.- ele disse enquanto dirigia.

—Pais... Eles nem sempre estão certos, mas agem como se estivessem. Às vezes eles cometem erros, achando que estão acertando. Afinal, os filhos não vêm com manual quando nascem..- disse e ele concordou enquanto voltava sua atenção para a estrada.

Fizemos as compras rapidamente, afinal ainda tinha que buscar meu filho na escola. Mas fiz questão de acompanhar Noah até a casa dos pais.

—Olívia, há quanto tempo.- a mãe de Noah disse sorrindo assim que abriu a porta para nós.

—É bom vê-la também Sra. Ellis.- disse sorrindo.

—Me chame de Tessa, querida.- ela disse suave antes de ir abraçar o filho.

—É tão bom vê-lo querido.- ela disse amorosa.

—É bom vê-la também mamãe.- Noah disse suave antes de receber um beijo da mãe em sua bochecha.

—Trouxe tudo o que me pediu, além de outras coisas.- ele disse suave e a mãe sorriu carinhosa.

—Não precisava se preocupar filho, você já é tão ocupado com o hospital e a sua família.

—Eu faço questão mãe.- ele disse antes de levarmos todas as compras para dentro.

—E como está o papai?- Noah questionou preocupado assim que terminamos de levar as compras para a cozinha.

—Bem, hoje ele perguntou da filha da Lara.- Tessa disse sem jeito e pisquei confusa.

Afinal, Lara só aceitou ser a barriga de aluguel de Noah e Hunter, pois Manuela havia sido gerada com o óvulo de uma doadora do banco de óvulos que foi fecundado com os espermatozóides dos dois ao mesmo tempo. Pois eles não queriam escolher quem iria ser o pai biológico, preferiram deixar o destino decidir.

—Vou dizer ao papai que ela está bem. – ele disse suave antes de sua mãe ir em direção ao jardim.

—Que historia é essa da Manuela ser filha da Lara? Pelo que sei ela é sua e do Hunter.- questionei seria.

—Não quero falar sobre isso agora Olívia.- ele disse serio antes de sair da cozinha mas segurei seu braço, impedindo-o de sair.

—Há você vai falar sim, ou conto tudo ao Hunter. Porque tenho certeza que ele não sabe de nada.

—Tá bom.- ele disse resignado e soltei seu braço.

—Nunca lhe disse como meu pai teve o AVC, pois bem. Ele teve por minha causa.-ele disse entre lagrimas e pisquei confusa.

—Claro que não. Você não teve culpa de nada.

—Tive sim. Na noite em que meu pai teve o AVC, lhe contei sobre a minha decisão de ter um filho com o Hunter, e disse que Lara havia se oferecido para ser nossa barriga de aluguel. Então, ele ficou furioso. Disse que não ia admitir uma coisa dessas, que se eu quisesse ter um filho que procurasse uma mulher, como qualquer homem  normal. Mas disse que não, que amava meu marido e jamais desistiria de Hunter, e que se Lara estivesse certa de sua decisão aceitaríamos. E meu pai começou a passar mal bem na minha frente...Olívia, ele só não morreu porque o socorri. O filho que ele tanto rejeita.- ele sussurrou com dor enquanto me contava.

—Desde que a Manuela nasceu meu pai acha que ela é filha da Lara e do Hunter, afinal ela é a cara dele só que com os meus olhos. Os meus olhos que compartilho com a minha irmã gêmea. E não tenho coragem de desmenti-lo, afinal ele está doente.

—O Hunter não sabe disso não é?

—Claro que não. Da ultima vez que os dois se viram foi em um jantar para que minha família conhecesse a dele, e como você se lembra a noite não foi agradável.- ele disse e concordei.

Afinal, meu amigo me implorou para ir e concordei.

O Dr. Ellis não sabia que estava indo para um jantar onde conheceria o noivo de seu filho e a família dele. A família de Hunter sempre soube da orientação sexual do mesmo, e os Carson aceitaram o filho sem fazer distinção de nada. Uma atitude que deveria ser seguida por todos, afinal qualquer forma de amor deve ser respeitada.

E assim que descobriu o real motivo do jantar o Dr. Ellis armou um verdadeiro escândalo insultando todos. Hunter ficou furioso, pois quando se tratava de Noah, ele perdia a cabeça.

Os pais de Hunter, os famosos advogados Virginia e Samuel Carson, ficaram horrorizados com o comportamento do Dr. Ellis, e prometeram  mover uma ação contra ele, mas ambos desistiram quando Noah lhes implorou que não fizessem isso.

Desde então, as duas famílias não tem mais nenhum contato, o que deixa meu amigo triste.

—Só queria que meu pai me aceitasse como sou. Só queria que nós fôssemos uma grande família feliz, meu bebê merece isso.-ele disse chorando e lhe abracei.

—Sim, ela merece. Mas não podemos forçar as pessoas a nada. Apenas, pare de querer ser aceito pelo seu pai. Você tem uma família maravilhosa, que te ama muito se agarre a isso Noah. Seu pai não merece o filho incrível que tem, e um dia ele vai perceber isso e irá te pedir perdão.

—Só espero que não seja tarde demais.- ele disse e concordei antes dele ir ver o Dr. Ellis.

Como ele não gostava de mim e nem eu dele, achei melhor esperar na cozinha, pois não iria perturbar um homem doente.

—Isso é que é uma surpresa. Nunca pensei que a veria por aqui.- Lara disse surpresa assim que entrou na cozinha.

—Vim com o Noah.- disse e ela revirou os olhos antes de suspirar.

—Não sei por que o meu irmão ainda tenta. Para o papai, o Noah tem alguma espécie de doença que precisa ser curada.- ela disse com raiva.

—Nunca consegui entender porque seu pai é assim, os dois eram tão unidos antes de Noah dizer que era gay.

—Acho que o papai se decepcionou com o único filho homem. Ele esperava que Noah levasse o sobrenome Ellis adiante. Papai esperava que o filho fosse um grande homem, só que ele não consegui enxergar que meu irmão já se tornou esse homem.- ela disse e concordamos.

—Mas e então, agora que você voltou para a cidade, quando podemos reunir a turma para uma festinha?- Lara questionou curiosa e sorri.

—Isso vai demorar, sou uma mulher seria agora.- disse e Lara sorriu de forma debochada.

—Tenho o número do Alejandro, posso ligar para convidá-lo. Afinal, ele sabe deixar você fora do serio.- ela comentou e corei envergonhada.

—Meu Deus, você ainda sente atração por ele?- ela questionou surpresa.

—Claro que não. Isso foi há muito tempo atrás.

—Não sei não. Pela sua reação, acho que ele ainda desperta seu lado insano.

—Claro que não. Você diz cada coisa Lara.- disse e ela sorriu suave antes de ir pegar uma garrafa de água na geladeira.

—Talvez ele seja o protagonista do seu cinqüenta tons de castanho. Afinal, você sempre disse que ele era bom demais entre quatro paredes.- ela disse antes de beber a sua água.

—Porque cinqüenta tons de castanho?- questionei confusa.

—Porque é a cor dos olhos de Alejandro, e vamos admitir que aqueles olhos castanhos escuros são sexy.- ela disse e tive que concordar, afinal era verdade.-É como se os sexy ficassem mais sexy, como isso pode acontecer?

—Como você é irmã do Noah?- questionei confusa.

Afinal, meu amigo era um doce de pessoa, incapaz de insinuar algo como Lara.

—A mamãe sempre diz que viemos com as personalidades trocadas. Eu sou a safada e o Noah é o anjo. Talvez seja verdade.- ela disse dando de ombros.- E espero vê-la no “Ellis’s”.

—Vou tentar aparecer, mas não prometo nada.- disse e logo ouvimos o som de alguma coisa caindo e corremos para a sala.

—Sr. Ellis, o senhor precisa se acalmar.- um enfermeiro disse tentando acalmar o pai de Noah que parecia nervoso.

—Saia... Daqui.- Dr. Ellis sussurrou com dificuldade para Noah.

—Querido, ele é o nosso filho, o Noah. O irmão gêmeo da Lara.- a Sra. Ellis disse tentando acalmar o marido.

—Meu... Filho...Morreu...- ele disse com raiva enquanto olhava para o filho.

—Pai, o senhor não pode falar desse jeito com o Noah. Ele faz de tudo para que esteja confortável, ele praticamente banca essa casa desde que o senhor ficou doente, e é assim que retribui a dedicação dele?- Lara questionou furiosa.

—Lara para com isso.- Noah disse serio e pude ver que ele estava prestes a chorar.

—Não vou parar não. O papai tem vergonha de ter um filho gay, mas eu é que tenho vergonha de ter um pai preconceituoso, que não sabe reconhecer tudo o que o filho faz a ele.- Lara disse furiosa e o Dr. Ellis começou a se debater deixando todos nervosos.

—Seth, pegue o sedativo agora.- Noah disse serio enquanto ajudava a sua mãe a segurar seu pai.

—Pai, para de cena, sei que está fazendo isso apenas para chamar atenção.- Lara disse furiosa ao pai.

—Cala a boca Lara.- Noah gritou furioso para a irmã que o olhou surpresa.- Se não percebeu o papai está doente  e não fingindo, agora se não vai ajudar é melhor ir embora daqui.

—Tudo bem. Mas ele sempre faz isso quando perde uma discussão.- ela sussurrou antes de sair da sala.

Assim que Seth chegou com a injeção, ele tomou o lugar de Noah para que meu amigo pudesse aplicar a injeção, fazendo com que seu pai se acalmasse em seguida.

—Vai ficar tudo bem papai, o senhor só vai dormir um pouco.- Noah sussurrou assim que o pai olhou para ele de forma apreensiva.

—Me desculpe por aquilo tudo, você não merecia presenciar o meu drama familiar, afinal você já vive o seu.- Noah disse assim que estávamos em seu carro, após sairmos da casa de seu pai.

—Não precisa se desculpar, conheço o Dr. Ellis de longas datas.- disse e ele suspirou.

—Não entendo porque Lara age dessa forma com o papai. Ele está doente, e tudo que ele precisa é de tranqüilidade.

—Ela só está te protegendo, é coisa de irmã mais velha.- disse e ele revirou os olhos.

—Ela só é oito minutos mais velha do que eu.

—O que faz dela sua irmã mais velha.- disse obvia.- Apenas, não fique brigado com  ela, a Lara te ama, e você também a ama. Promete pensar nisso?

—Prometo.E além do mais está tarde, e preciso buscar a minha filha na creche assim como você precisa buscar o Vinicius.

—Você tem razão, mas se precisar conversar estou aqui.- disse e ele sorriu suave antes de ligar o carro.

—Eu sei Liv.- Noah disse agradecido antes de começar a dirigir.

Se ele não queria falar sobre o assunto, não iria insistir.

—Por onde esteve?- minha mãe questionou assim que entrei em casa e meu filho subiu para tomar banho.

—Fui procurar emprego e depois fui ajudar o Noah a fazer comprar.- disse e meus pais me olharam confusos.

—Procurar emprego?- meu pai questionou.

—Sim pai, preciso ser independente.

—A Liv está certa querido, e você conseguiu querida?

—Sim, vou ser recepcionista da escola de dança Castillo.- disse empolgada e todos me olharam confusos.

—Por acaso você e o Alejandro estão...- minha mãe insinuou algo.

—Claro que não mãe. Que tipo de mulher pensa que sou?- questionei ofendida.

—Me desculpe querida, me expressei mal.- ela sussurrou arrependida.

—Tudo bem, foi a Sra. Castillo que me ofereceu o emprego. E acreditem em mim, tudo o que não preciso no momento e de um relacionamento amoroso.- disse antes de subir para o meu quarto.

Assim que entrei em meu quarto fui em direção ao meu guarda-roupa e abri as portas.

Naquele momento tive a brilhante idéia de fazer um bazar com as minhas roupas de grife, afinal não precisaria delas aqui em Coleman.

—Oi Noah, sei que você não está querendo sair de casa hoje, mas preciso de um favor. Quer me ajudar a montar um bazar? Me liga quando receber a mensagem.- questionei deixando um recado em sua caixa postal.

Após deixar a mensagem recebi uma ligação do meu amigo dizendo que vinha, logo desci as escadas e avisei meus pais que Noah e sua família viriam para o jantar.

Hoje começaria a dar o primeiro passo em direção ao meu auto conhecimento, e estava empolgada para conhecer a nova Olívia, e poder assim descobrir a cor da minha felicidade.


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Notas finais do capítulo

Louca para saber se gostaram do capitulo.
Um bom final de semana para todos e até segunda.



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