[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes escrita por Carol Stark


Capítulo 18
As frustrações de Kim Taehyung




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Era uma noite nublada e o céu preparava uma forte chuva que cairia como lágrimas através de um choro que profetizava a tragédia que viria.

Taehyung estava desesperado e o choro da jovem ao seu lado cortava seu coração como um filete de gelo, impiedosamente.

[Ele tentou].

Um som seco ensurdecedor foi disparado e uma bala foi atirada para fora do cano daquela arma.

[Mas fora em vão].

Sangue.

 

O coração de Taehyung palpitava batendo irrefreado ao reviver mais uma vez aquela noite terrível. 

Ele acordou de súbito, ofegante, abrindo os olhos assustado e o suor misturava-se com as lágrimas que escorriam sem que percebesse. Seu peito subia e descia em agonia e o Bangtan precisou de um tempo para se situar. Passou uma mão pelos cabelos e olhou para o lado.

Bea Ni estava ao seu lado.

Assustou-se novamente ainda atordoado pelo pesadelo e segurou uma exclamação para não acordá-la. Lembrou-se do dia anterior e do que a garota havia passado: O desmaio em seus braços, o hospital, os raios de sol refletidos naqueles fios castanhos, o beijo... Suspirou tranquilizando-se por fim. Observou-a mais uma vez sem mover-se, pois notou um peso sobre um de seus braços. Durante a noite, ela aninhara-se em seu peito e sem recordar como, em meio ao sono, Taehyung a abraçava de forma a apoiá-la em seu braço aberto, estirado no colchão.

— Omo... – Sussurrou para si mesmo com a feição entre sonolenta e preocupada.

Remexeu em seu bolso em busca do celular e checou as horas: 4h30min. Guardou-o de volta passando a mão pelo rosto, em seguida. Pousou seus olhos mais uma vez em Bea Ni e lentamente retirou seu braço debaixo da cabeça da mesma admirando-a por alguns segundos.

Talvez ele precisasse dela mais do que ela dele. Mais do que ele pudesse imaginar.

Bea Ni secava seus olhos e iluminava gradativamente seu pecado tirando-o daquela escuridão sem dar-se conta disto. Taehyung convivia com seu stigma desde os últimos anos e esta foi a primeira vez em tanto tempo que sentiu-se acalmar ao acordar; que sentiu seu coração aquecer ao ver alguém. 

Afagou o rosto de Bea Ni com um pequeno sorriso de canto fazendo-a mexer-se sutilmente. Ele pressionou os próprios lábios sentindo suas bochechas arderem e alguns hormônios derem sinal ao sentir mais uma vez aquele toque suave e inconsciente de Bea Ni sobre seu peitoral.

— Aigo. – Taehyung resmungou ao tentar se afastar para levantar-se, mas com o movimento, seu celular escorregava lentamente até tombar no chão escandalosamente. No mesmo instante, Bea Ni acordou esbugalhando os olhos encarando a figura masculina à frente e em um grito afastou-se sentando-se no lado oposto da cama, abraçando os joelhos:

— Taehyung! – Ela exclamou com os fios desgrenhados.

Pelo susto da garota, ele assustou-se e como já tentava tocar o chão para levantar-se, acabou por cair da cama em um tombo abafado sumindo do campo de visão de Bea Ni.

Seria cômico se ambos não estivessem tensos.

— Aish. – Ele falou massageando a cabeça a medida que levantava-se quando novamente olhou-a e percebeu a feição alarmada ainda estampada no rosto de Bea Ni – Me desculpe, não quis assustá-la. – Ele abaixou-se rapidamente pegando o celular do chão.

— O que você está fazendo aqui?! – Ela inquiriu tentando pentear os cabelos com a ponta dos dedos.

— E-eu, bem, é... Eu? – As palavras se perderam enquanto o rapaz passava as mãos pela roupa numa tentativa falha de desamassá-la.

— Ye, você! Você... Por um acaso, dormiu em minha cama?!

Silêncio.

Bea Ni insistiu com mais uma pergunta sobre uma sensação que passou vagamente pela sua memória:

— Por um acaso você cantarolou enquanto eu dormia?

Silêncio.

O alto Bangtan de fios acinzentados encarava o chão como uma criança depois de fazer algo que teoricamente não deveria.

— Ya! – Bea Ni gritou franzindo os cenhos chamando a atenção de Taehyung para que ele respondesse.

— Si-sim. – Ele condenou-se por gaguejar novamente.

— Sim o quê? – Ela perguntou curiosa por uma resposta mais específica.

— Eu dormi aqui.

Aqui?! – Ela apontou para a própria cama.

Ele apenas meneou a cabeça positivamente.

— Aish! Seu... Seu... Aigo! – Bea Ni levantou-se indignada – O quarto de hóspedes é para hóspedes, Taehyung! Pensei que poderia confiar em você!

— Hey! Espera. – Ele se sentiu injustiçado mesmo entendendo o lado da garota – Bea Ni, você não pode me tratar como o imbecil do seu ex!  

 

Merda”. – Pensou Taehyung na mesma hora em que fechou a boca.

 

Bea Ni encarou-o sem palavras sentindo-se incompreendida depois de toda a conversa do dia anterior. As palavras de Taehyung a atingiram.

Ele tentou se retratar:

— Aigo, eu sou um idiota mesmo... – Sussurrou para si mesmo – Bea Ni, eu não quis dizer isto. Mianhe. É só que...

— Taehyung, saia.

— Você pode confiar em mim. Por favor! Eu sei que você confia em mim, Bea Ni. Eu nunca lhe faria mal algum. Bea Ni, você sabe! – Taehyung queria poder voltar no tempo aqueles últimos minutos e não ter estragado tudo com sua impulsividade.

— Taehyung... Por favor, vá. - Estava sendo difícil para Bea Ni lidar com tudo isto. Por que é tão difícil confiar? Por que as pessoas dizem entender e quando mais se precisa dessa compreensão agem de outra forma?  

— Eu iria para o quarto de hóspedes, mas você estava... Em um pesadelo. - Ele falou constrangido - Então resolvi ficar até que você se acalmasse e peguei no sono. Não foi minha intenção. – Ele também estava cansado. Dele mesmo.

— Taehyung, não me faça repetir mais uma vez... – Bea Ni estava triste e precisava de um breve tempo para ela; apenas ela. Podia ver a verdade na ânsia do Bangtan em se explicar, mas ele deveria avaliar em como ela ficaria antes de soltar suas palavras impensadas. Seria tão difícil assim?   

Ele suspirou indignado consigo mesmo e passou a mão na nuca nervoso, falando mais baixo:  

— Será que conseguimos não brigar, pelo menos uma vez? – Lamentou. Ele estava ainda envergonhado julgando-se infantil diante de tamanha maturidade da Bea Ni.

— Talvez, se você não for tão impulsivo, Taehyung.

— Eu não deveria ter dito aquilo. Sei que ainda sofre com tudo que passou e vi como ficou ontem... Mianhe, me desculpe.

— Aceito suas desculpas. – Bea Ni pausou aproximando-se de Taehyung alguns passos – Mas se eu tivesse gostado do que falou, eu poderia ter compensado suas desculpas de outra forma... – A garota falava baixo e suavemente em um tom provocativo, referindo-se à frase do Bangtan nas duas vezes que a beijou e manteve o olhar que ele lhe lançava.

— Bea Ni eu-- - Ele iniciou, mas foi interrompido.

— Mas eu não gostei. -  Falou mais firme, dando alguns passos à frente, agora ainda mais próxima de Taehyung e pôde sentir a respiração do rapaz em seu rosto, a alguns centímetros acima.  

Ele não importava-se com o momento adequado para falar o que pretendia naquele segundo. Apenas constatava, a cada momento com ela, que o que sentia por Bea Ni era real e precisava colocar para fora de uma vez por todas aquilo do qual seu coração estava cheio. Afinal, ele nunca fora de planejar muito as coisas. Como podia a cada olhar, aproximação, a cada gesto da garota, seu coração disparar? Como podia sentir-se tão sincero consigo mesmo e com ela como nunca antes por ninguém? Como explicar a ânsia em protegê-la? Tudo isto tinha apenas uma resposta.

— Bea Ni, eu te--

Ele foi interrompido pela campainha ecoando em seus ouvidos.

Suspirou abaixando a cabeça sentindo-se frustrado. Sentia-se fracassado por errar com aquela mulher que amava cada vez mais e por não conseguir desafogar seus sentimentos.  

Caminhou até a sala e tomou o celular nas mãos fazendo uma ligação para algum dos seus hyungs para avisar que estaria indo para casa antes de rumar para a empresa.

Enquanto isto, Bea Ni piscou algumas vezes incrédula de que Taehyung diria o que imaginou e correu para a porta deixando Hua Le entrar.

Assim que a amiga pôs os pés dentro do apartamento de Bea Ni, Taehyung passou cumprimentando-a com um simples gesto de cabeça, seguindo porta afora sem mais palavras.

— O que deu nele? – Hua Le inquiriu.

— Eu aceitei suas desculpas. – Bea Ni falou pensativa, mais para si mesma, com o olhar fixo nas costas do Bangtan desejando que com apenas mais um beijo, se Taehyung não a tivesse machucado e consequentemente não precisasse das desculpas do mesmo, tudo se resolvesse.

— Isto não faz sentido, Bea Ni-ah. – Hua Le afirmou curiosa observando, com uma sobrancelha erguida, Taehyung afastar-se pelo corredor.

— Eu sei. Isto não faz nenhum sentido.    

— Acho que vocês precisam de mais outro tempo juntos. – Falou simplista e Taehyung mirou Bea Ni ao longe antes de entrar no elevador.

— Aish! – Bea Ni acertou o ombro da amiga com um leve tapa. Só em pensar nos efeitos que o Taehyung lhe causava sentia seu rosto queimar e podia jurar que borboletas faziam uma festa no seu estômago. Bea Ni assustava-se em pensar que mais uma vez com ele e não saberia se seria capaz de medir seus atos.  

 

***     

 

— Ainda por aqui Jungkook-ah? – Taehyung inquiriu assim que abriu a porta da casa e avistou o mais novo agitado pela ampla sala – Perdeu alguma coisa?

— Ye. Minha paciência. Não encontro minha câmera fotográfica. – Respondeu sem encarar o amigo levantando as almofadas do sofá e inclinando-se por detrás dos móveis. – Não posso ter perdido minha câmera.

Taehyung riu anasalado antes de falar:

— Você carrega essa câmera para cima e para baixo, Kookie, será que não esqueceu em algum lugar? – Caminhou corredor adentro na direção do seu quarto. Separou roupas limpas e pegou uma toalha.

— Aigo, hyung! – Jungkook exclamou levando uma mão à testa – Não acredito que a esqueci na casa da noona.

— É hoje que a Heuna descobre as milhares de fotos que você tira dela, escondido. – Taehyung gritou do banheiro principal, ligando o chuveiro - Já está pronto, Kookie? Chamei o Ming e ele já deve estar nos esperando.

— Estou. – O mais novo gritou de volta – A noona não pode ver aquelas fotos. Me esforcei tanto para que ela não descobrisse. Aish...

— Faz tempo que os outros saíram? – Tae perguntou ainda do banho enxaguando as espumas do corpo.

— Ani. Quando cheguei eles ainda estavam tomando café, mas preferi te esperar e aproveitei para procurar essa bendita câmera. – Jungkook olhou para o relógio de pulso que marcava 6h45min. Tinham apenas quinze minutos para o início do expediente. – Vamos, hyung! Não quero chegar muito atrasado.

— Ye. – Taehyung enrolava em sua cintura a toalha, rumando despojadamente até o quarto onde deixou as roupas separadas. Vestiu uma calça folgada clara e uma camisa preta simples. Colocou um boné igualmente claro, pegou sua mochila e rumou para a cozinha – Prontinho. – Falou pegando uma maçã – Quando será nossa apresentação nos programas de TV?

— Daqui a menos de uma semana. – Jungkook respondeu dando passagem para Taehyung e trancando a porta ao passar – Iremos trabalhar duro até lá e hoje precisamos repassar todas as coreografias e nos reunirmos com o diretor e staffs. Eles estão recebendo hoje as estruturas dos palcos de cada programa das emissoras.

— Beleza. – Taehyung respondeu entrando no carro e sentando-se no banco de trás cumprimentando o motorista, em seguida.

— Fala, Ming! – Jungkook cumprimentou o homem que retribuiu com um sorriso animado e logo o maknae sentou-se também no banco traseiro, acomodando-se para conversar melhor com o amigo – Hyung. – Encarou o amigo assim que afivelou o cinto.

— Hum? – Taehyung respondeu sério entretido com o celular.

— O que aconteceu? – O mais novo abaixou um tom.

— Nada.

— Você está estranho.

— Este é o meu normal, não? – Taehyung respondeu ainda olhando para o celular.

— Ani. Este não é seu normal. Vamos, hyung. Eu sei que aconteceu alguma coisa.

— Kookie, não é nada, ok?

Jungkook resmungou impaciente.

— Tudo bem. Vou fingir que você está bem. Mas vê se não dá um de teimoso conosco como fui quando conheci a Heuna.

Taehyung suspirou, olhando-o de esguelha, porém permaneceu calado.

O maknae virou-se para a janela deixando sua mente vagar pelas ruas durante o percurso. Preocupava-se com seus hyungs, com suas tristezas e confusões. Sentia quando não estavam bem. Depois de tanto tempo de convivência, tudo era muito transparente para ele.

— O que é que a gente faz quando está apaixonado, Kookie?

O mais velho inquiriu depois de um longo silêncio e apesar de ter falado baixo, sua voz levemente rouca chamou a atenção de Ming que olhou-o discretamente pelo retrovisor com um sorriso calmo.

Num piscar de olhos Jungkook virou-se observando o amigo que olhava para baixo mirando em algum ponto qualquer.

— A gente fala. É simples. – Jungkook continuava encarando o amigo, mesmo que este não retribuísse o olhar.

— Mas estou te contando. – Taehyung encarou o mais novo de volta parecendo confuso com a resposta do outro.

Jungkook sorriu e sua expressão era tranquila. Bagunçou os fios acinzentados de Taehyung antes de explicar:

— Quando estamos apaixonados, falamos para a pessoa amada nossos sentimentos, hyung.

— Você é prático demais. Só diz isso porque sabia, na época, que a Heuna também era a fim de você.

— Aish, não foi tão fácil assim. – Jungkook rebateu relembrando – Eu me senti muito confuso com a noona. Ela parecia gostar de outro, mesmo mantendo contato comigo. Só compreendi tudo quando deixei de ser idiota e tomei a atitude de me declarar para ela.

— Mas você voltou arrasado...

— Eu fui impaciente, hyung. Eu não esperei as explicações e o tempo da noona.

— Tudo poderia ter dado errado para você, Kookie...

— Mas não deu errado, V hyung, e eu nunca saberia se não tentasse. Eu precisei ir até ela e decidir que deveríamos conversar. Eu deveria parar de me torturar e falar de uma vez o que estava sentindo.

— Eu não sei como fazer isto. – Taehyung sentia-se frustrado.

— Eu também não sabia. Apenas tentei. – Jungkook olhou ao redor percebendo que o carro aproximava-se do prédio da Big Hit.

— Meninos, chegamos. – O motorista avisou estacionando. Logo os dois desceram agradecendo ao Ming.

— E deu certo. – Concluiu o maknae.

 


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