[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes escrita por Carol Stark


Capítulo 19
Uma escolha não tão amarga


Notas iniciais do capítulo

OMG, desculpem a demora (e a horaa)! O tempo não está muito ao meu favor estes dias, mas espero que curtam este capítulo e sintam-se recompensad@s pelo atraso com o tamanhão que ficou!

Estamos em uma segunda fase da nossa personagem Bea Ni!
Divirtam-se!! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756451/chapter/19

 

— Ainda não estou acreditando, Bea Ni. – Hua Le estava séria e pareceu tensa naquele assunto desagradável enquanto dirigia.

Na noite anterior, a mesma, junto com toda a equipe Kang’s teve que fazer horas extras para dar conta das pilhas de papéis para conferir, assinar e resolver. Todos acabaram virando a noite na empresa em meios aos cochilos e cafés e só retornaram para suas casas quando haviam feito o máximo para as urgências dos próximos dois dias e logo retornarem para continuar com tudo. Hua Le, para aliviar a equipe, prometeu que providenciaria uma reunião informal para comerem e beberem fora qualquer fim de semana, o que animou a todos.

Então, após explicar os motivos de sua ausência na noite anterior para sua amiga, Hua Le insistiu de todas as formas possíveis que Bea Ni ficasse de repouso por pelo menos mais um dia e que a cobriria com o que fosse preciso, mas a outra foi relutante afirmando que estava bem. Enquanto arrumava-se para ir com Hua Le para a empresa, contou à amiga os últimos acontecimentos envolvendo o Taehyung, desde o beijo no corredor, até todos os cuidados do dia anterior, a conversa que teve com ele sobre seu passado e medo e ainda o fato de o rapaz ter dormido com ela. Por último, retomou o assunto que não gostaria: o motivo do seu estado de choque e desmaio.

— Bea Ni, não se preocupe. Ele não chegará perto de você novamente. Você não está sozinha e tem a todos nós que te queremos bem.

— Gostaria de acreditar, Hua Le, que ele não tentará nada. Quero que este pesadelo acabe. – Bea Ni suspirou aflita – Ele não apareceu por nada, Hua Le-ah. O Junghuon deve estar tramando alguma coisa e não consigo me acalmar só em pensar que posso estar correndo perigo... Por isto não quero me envolver com... Com o Taehyung.

— Eu entendo os seus motivos. Então, este foi o motivo de ter falado para ele o que anda acontecendo?

— Ye. Ele merecia saber, mas nada parece abalá-lo! – Bea Ni pareceu agitada – Pensei que ele desistiria de mim ao saber do meu passado.

— Veja o lado bom, amiga. Ele parece gostar de você verdadeiramente. Não se sinta culpada por isto. Pelo contrário: Você fez o certo em conversar e se ele persiste, a maior escolha agora é apenas sua em aceitá-lo ou não. Ele já parece ter a escolha dele. Ele quer isto. Permita-se, Bea Ni-ah. O Taehyung é um bom homem.

Bea Ni apenas ouvia refletindo sua situação. Então, vendo que a amiga não falaria nada, Hua Le inquiriu:

— Você não acha que está mais do que claro que ele gosta de você? Ele ia falar que te ama! – Hua Le pareceu mais leve novamente.

Omo. Não pode ser...

— Pare de se sabotar, Bea Ni-ah. Aceite.

Ambas ficaram em silêncio por um trecho do trajeto, mas algo fez com que Hua Le começasse com seus gritinhos agudos e animados.

— O que foi agora? – Bea Ni olhou-a com um sorriso no canto dos lábios. Mesmo cansada de tudo que vinha passando, era impossível não se contagiar com a animação da amiga.

— Uôu, Bea Ni-ah! – Hua Le exclamou enquanto acelerava um pouco mais - Então ele te beijou e ainda dormiu na sua cama, amiga?!

— Não faz escândalo, Hua Le. Não aconteceu nada! Vê se vai se acalmando. – Bea Ni ficava vermelha a medida que sorria – Desse jeito, quando chegarmos, vai ficar estampado na sua cara que você sabe!

— Aish, foram muitas novidades em pouco tempo, não tenho sangue de barata, Bea Ni-ah. Aigo!! – A de fios escuros voltou a gritar animadamente parando no sinal vermelho – Bom, eu posso até tentar agir naturalmente, mas talvez ele não consiga. – Ela encarou Bea Ni com um olhar sugestivo.

— Você acha?! – Bea Ni assustou-se com a ideia.

— Mas é claro. – Respondeu simplista dando partida novamente.

— Ani... Será? Você que gosta de colocar pilha, isso sim. – Bea Ni convencia-se do contrário.

— Amiga, aqueles homens são uns lindos e eles sabem disso. São Idols, têm o mundo aos pés, milhares de garotas e garotos que os desejam, diga-se de passagem... Você acha que se um deles se interessar de verdade por alguém vai conseguir esconder por muito tempo? Eles me parecem bem cuidadosos com isto.

Bea Ni pensou admitindo, concordando com sua amiga. Lembrou-se de suas pesquisas e dossiê sobre cada um deles para planejar os figurinos, além das matérias de jornais que encontrou em meios às recentes buscas, sobre o alvoroço com o Jimin e a Nana assim que ele a assumiu.

— Mas como você pode falar isto com tanta certeza e naturalidade? – Inquiriu curiosa.

— Poder de observação. – Hua Le piscou para amiga ao lado que riu abertamente.

— Ah, conta outra! Só isso?!

— E você acha pouco?

— Realmente o Yoongi está sendo discreto... – Bea Ni fez-se de desentendida - Concordo que eles são cuidadosos, mas também não perdem tempo quando se interessam por alguém.  

— Quem aqui falou do Yoongi? – Hua Le esbugalhou os olhos concentrada na estrada parecendo indignada em a conversa ter mudado o rumo. – Min Yoongi é estranho! E misterioso... Aquele olhar sedutor e sorriso doce... Um pedaço de mal caminho com aqueles braços fort-- - Falava baixo distraída, mas foi interrompida pela gargalhada de Bea Ni:

— Amiga, quem aqui está falando do Min Yoongi agora, hum?

— Oi, quem? Eu? – Hua Le pareceu mais pensativa – Aish, não acredito nisto. Não admito que estou observando-o mais do que deveria. Olha, chegamos. Vamos logo.

Ao entrarem no ambiente de trabalho, todos já estavam presentes e receberam a Bea Ni em um misto de ânimo e preocupação.

— Você está bem mesmo, Bea Ni? – Julee Hu inquiriu aproximando-se para um abraço.

— Ficamos preocupados com você. Mas que bom que veio! – Man Guk aproximou-se com um sorriso seguido pela Soo Ji.

— Gomawo! Aqui me sinto bem melhor.

Os demais colegas da equipe cumprimentaram Bea Ni e conversaram um pouco para logo retornarem ao trabalho.

— Hua Le-ah, - Bea Ni chamou a amiga ao sentar-se em sua cadeira de sempre – você viu isto? – A garota de fios castanhos ergueu minimante uma rosa ainda perfumada em sua mesa.

— Vi sim. – E um sorriso travesso já surgia em Hua Le.

— Alguém mais viu?

— Todos nós aqui.

— Aigoo! – Bea Ni exclamou mais baixo.

— Amiga, ele veio cedo e deixou isto aí no dia em que você passou mal.

— Porque não me falou nada?!

— Para estragar a surpresa? Nunca.

Bea Ni deu um leve tapa na amiga que afastou-se divertida voltando para sua mesa de trabalho.  

Olhou para a sala da frente notando-a vazia. Poucas vezes os Bangtan reuniam-se ali, apesar de ser um ambiente exclusivo para os mesmos. Sempre estavam treinando ou na sala de reuniões com o CEO Bang PD. Suspirou ao pensar no Taehyung e em que tipo de peça sem graça a vida estava tramando para ela. Como ela gostaria de sentir-se livre. Livre para aceitar o Taehyung. Mas, afinal, por que não?

Questionamentos martelavam na cabeça de Bea Ni deixando-a confusa sobre ser ela mesma a grande vilã de sua felicidade. Mas não poderia, em contrapartida, ignorar os fatos. Sequer imaginava que Junghuon estivesse por perto, quem dera ela imaginaria que ele apareceria no seu local de trabalho!

Medo.

Esta é a marca que tentava apagar deixada pelo seu antigo relacionamento. O medo que Bea Ni sentia a acompanhava insistentemente nos últimos tempos, desde de sua chegada a Seoul. O pavor de novas ameaças e das atitudes daquele dissimulado que era o Junghuon a tomavam quando ela menos esperava. Mas tudo parecia dissolver gradativamente quando estava com o dono dos olhos serenos e misteriosos. Todo o medo se diluía quando sentia os lábios de Taehyung de encontro aos seus. Ele lhe transmitia uma confiança que pensou que jamais sentiria por homem nenhum.

— Aish... – Bea Ni bagunçou os cabelos agitadamente, deixando-a com uma feição entre engraçada e despojada em contraste com a formalidade do ambiente e bateu, em seguida, os pés no chão por debaixo da mesa, impacientemente. Encarou a rosa novamente e notou um minúsculo envelope.

Com o coração ansioso, abriu o pequeno objeto retirando um cartão igualmente pequeno com uma já conhecida letra desenhada e leu:

 

Que tal deixar de ser cabeça-dura?

Por favor, aceite minhas tentativas.

KTH

 

— Acho bom mesmo você pensar sobre isso. Deixar de ser cabeça-dura é um ótimo começo.

— Aigo, que susto, Hua Le! – Bea Ni exclamou olhando ao redor, notando a equipe compenetrada no trabalho e computadores naquela grande sala, para o seu alívio. Estava tão imersa em seu caos interno que sequer notara que havia lido em voz alta.

— Amiga, - Hua Le abaixou o tom inclinando-se para a mesa de Bea Ni, próxima a sua – Disfarça, pelo menos. – Riu ao sussurrar – Você não para de suspirar olhando para a sala deles e eu só posso estar ficando maluca, porque jurei que você estava tentando matar baratas invisíveis. Olha só o seu cabelo... – Falou olhando de relance para o cabelo arrepiado da amiga – Se não gostou do penteado, não precisava agir como uma criança birrenta que odeia laquês e prendedores. 

Bea Ni não aguentou e riu tentando cobrir o som com as mãos.  

— Está ficando tão óbvio assim? – Bea Ni ainda sorria agora empilhando uma papelada na própria mesa.

— Já está óbvio. Até fizeram uma aposta aqui sobre quando você irá ceder aos flertes do garotão ali. E falando nele, olha lá. – Hua Le parou de falar no mesmo instante baixando a vista para a tela do computador, indiferente.

Taehyung passou pelo corredor junto com seu grupo de amigos adentrando na sala a frente, sem antes lançar um olhar sério para Bea Ni que logo mordiscou os lábios desviando do contato visual. Ele parecia diferente. Pensativo. Estranho, talvez.

— Você não está nesta aposta boba, não é?! – Bea Ni retomou ainda entre sussurros.

— O pessoal está achando que você não cairá tão fácil nos encantos do Bangtan. – Hua Le explicava tranquilamente - Mas eu apostei que em duas semanas vocês estarão juntos.

— O QUÊ?! – Bea Ni exclamou sem saber ao certo se pela amiga fazer parte da aposta ou se pelo tempo curtíssimo que ela havia ousadamente apostado. Todos na sala a olharam curiosos – Me desculpem. Recebi um email absurdo aqui... É, Ok! – Forçou um sorriso para os colegas, encarando a tela do computador em seguida. – Você não vai parar, não? – Falou entredentes ainda encarando a tela do aparelho à frente.

— Parar? Com o quê?

— Ou você vai me dizer que não irá tramar mais nada?!

— Tramar, eu? – Hua Le mantinha-se calma separando os desenhos já finalizados para os modelos de figurino dos rapazes.

— Você não foi ontem para minha casa de propósito.

— Já te expliquei que fizemos horas extras. Amiga, o universo está conspirando a favor de vocês.

Bea Ni limitou-se apenas a menear a cabeça negativamente vendo que não teria como arrancar de sua amiga os possíveis futuros planos de cupido que estaria tramando, já que ela apenas negava.

Seu olhar foi levado mais uma vez para a sala a frente e a larga estrutura de vidro permitiu-a admirar um momento em que todos sorriam descontraídos de algo. Yoongi parecia interessado em observar a sala da Kang’s Company também entre risos. Ao encarar a amiga ao lado, Bea Ni viu que Hua Le pareceu alheia a este momento e novamente virou-se para frente quando inevitavelmente seu olhar cruzou com o de Taehyung que logo baixou a cabeça envergonhado ainda com um sorriso nos lábios.

“Aish, será difícil trabalhar desse jeito!” – Pensou Bea Ni levantando-se de sua cadeira um tanto confusa com seus sentimentos e decisões e saiu passando pelo corredor entre ambas as salas, rumando para a copa em busca de um café bem adoçado na tentativa de melhorar seus dias amargos. 

 

 

Minutos antes, na sala da frente, o assunto não era outro...

 

— Sabia que você havia feito alguma coisa! Desconfiei quando conversávamos no grupo. – Jimin sorria enquanto adentravam a sala dos Bangtan, largando-se em, seguida, em uma das cadeiras giratórias.

— O Tae é um tremendo cara de pau, mas quando se trata de garotas... – Hoseok falou passando por trás da cadeira em que Jimin havia sentado, pegando uma garrafa de água no frigobar ao canto.

— Bom, ele a beijou sem ela ter deixado claro o que sente por ele, então, isto não muda muito, não é mesmo? Continua sendo um sedutor cara de pau. – Namjoon sorriu sentando-se na cadeira ao lado de Jimin, ao redor de uma mesa central, enquanto se abanava com a própria camisa.

— Nunca pensei que você ficaria caidinho por alguém, Tae-ah. Você sempre pareceu bastante desprendido deste tipo de coisa. – Jin observou pegando uma latinha de suco e jogou outra para Jungkook que abriu no mesmo instante.

— Bea Ni é diferente... – Taehyung confessou reticente olhando para a sala da Kang’s com um sorriso bobo e viu que Bea Ni os observava ao longe, mas desviou o olhar assim que ele a encarou.

— Fico tranquilo que ela tenha contado sobre os motivos dela. Quer dizer que o tal perigo refere-se a... Uma pessoa, hyung? – Jungkook retomou o tema que haviam conversado durante as práticas instantes antes. Taehyung deixou os amigos a par dos últimos acontecimentos, desde os beijos até a conversa da garota com ele e o mais novo desentendimento de ambos naquela manhã.

— Ye, pelo estado em que a Bea Ni ficou quando o viu, é alguém realmente ameaçador, mas eu-- - Taehyung interrompeu-se dando uma pausa para acalmar as tamboriladas no peito que recomeçavam – Eu amo a Go Bea Ni. – Abaixou a cabeça enterrando o rosto entre os braços em cima da mesa, escondendo-se.

— Jjinja?! – Exclamaram no mesmo segundo, provocando um grande barulho.

— Você foi contagiado, Tae. – Yoongi, que estava em pé de braços cruzados, esticou-se bagunçando os fios acinzentados do amigo soltando um sorriso tranquilo em meio à sua voz grave.

— Hum, - Jungkook levou mais uma vez a latinha que segurava à boca – acho que você também foi, Suga hyung. – O maknae levou o olhar para a mesma direção em que encontrava-se o de Yoongi e viu Hua Le entretida ora no computador, ora em papéis, alheia ao que acontecia ali, do outro lado do corredor.

— Vamos deixar o Taehyung como foco, está bem? – Yoongi piscou para o maknae arrastando uma cadeira para sentar-se e logo pegou uma caneta de um pequeno suporte, rabiscando algumas coisas sobre as apresentações.

 - Só não se meta em problemas, Tae-ah. – Hoseok frisou preocupado sem querer estender muito este assunto em específico.

— Mas aproveite este sentimento que tem pela Bea Ni. – Jimin tentou amenizar, quando percebeu a preocupação no rosto de Hoseok.

— Já falou para ela o que sente, hyung? – Jungkook inquiriu lembrando-se da conversa de ambos no carro.

— Ani... Não exatamente. Isto ainda está entalado aqui – Taehyung apontou para o próprio pescoço e levantou o olhar vendo que Bea Ni passava pelo corredor a medida em que seus saltos ecoavam a cada passada. – Um minuto. Já volto. – Levantou-se apressado.

— Nosso horário de descanso está acabando... Aish. – Resmungou Yoongi afastando a franja dos olhos e desta vez seu olhar bateu de frente com o de Hua Le, que, ao caminhar pela sua sala, do outro lado, meneou a cabeça sutilmente em sua direção.

— Meninos, - Jin começou chamando a atenção do grupo – anotem aí: a próxima vítima será o Yoongi.

Os demais sorriram, mas Yoongi preferiu calar sentindo suas bochechas formigarem. Mesmo lentamente, certos sentimentos estavam tomando uma proporção que ele não teria argumentos para negar.  

— Não admito uma coisa dessas. Eu, apaixonado pela gerente Hua Le?! – Resmungou para si mesmo marcando as posições, em seus rabiscos, que teria que rever nas próximas práticas.

 

***

 

— Pensei que não viria hoje.

Bea Ni assustou-se cuspindo o último gole do café que bebericava de volta no pequeno copo descartável e, depois de limpar brevemente a garganta, respondeu:

— Estou bem e agradeço por se preocupar comigo. – A garota jogou o objeto em uma cesta de lixo e deu alguns passos para fora daquela copa.

— Espera, nossa conversa de hoje cedo não terminou. – Taehyung falou com ânsia na voz, mas seu tom era intimidador e isto deixava Bea Ni levemente nervosa e tão ansiosa quanto parecia estar também o Bangtan à sua frente.

— Taehyung, - Bea Ni voltou-se para ele – não temos mais o que conversar. O que deveria ser explicado, já o fiz, o que me parece que você não assimilou muito bem. Minha confiança em você caiu alguns pontos e... – Sacou o celular de uma pequena necessaire conferindo as horas no visor - precisamos voltar ao trabalho. – Ela concluiu arqueando uma sobrancelha.

— Jjinja?! – Taehyung suspirou cansado, deixando os ombros caírem – Pare de ser cabeça-dura, Bea Ni. Pare de me rejeitar. O que eu te fiz? O que não está claro para você?

Bea Ni ruborizou com a impaciência de Taehyung e já temia que esta conversa acontecesse. Não saberia como controlar as palavras que agitavam-se para serem ditas.

— Não devemos falar sobre isto aqui, Taehy--

— Não devemos não falar sobre isto, Bea Ni. – Ele a interrompeu ainda mais impaciente – Vamos, me responda. O que eu te fiz? - Aquela copa ficava gradativamente menor para os dois.

Um incômodo silêncio pesou e Taehyung aproximou-se de Bea Ni, continuando:

— Você quer que eu seja mais claro com você? – Inquiriu mais calmo abaixando o tom de voz enquanto Bea Ni permaneceu encarando os próprios pés sem saber o que poderia responder. Taehyung, então, levantou sutilmente o queixo da garota fazendo-a encará-lo.

— Você não fez nada. – Bea Ni afirmou em resposta – Mas-- Deu uma pausa desvencilhando-se das mãos do Bangtan – Mas fez muito, entende?

Ele apenas observou-a compenetrado aguardando. Logo Bea Ni continuou:

— Você não fez nada de errado, Tehyung. É isto que você quer saber? Mas em preocupar-se comigo, em me ajudar e insistir estar por perto, já fez muito! Muito para que eu me sentisse confusa. Satisfeito?! Pare, Taehyung, por favor. Não serei eu a pessoa a te fazer feliz.

— Teimosa. – Resmungou o rapaz franzindo os cenhos.

— O que disse?! – Ela contestou.

— Aish, como você é difícil, Bea Ni. – Ele falou novamente com a voz firme em seu tom profundo – Eu me sinto feliz em estar com você... Eu-- Eu aceito as migalhas dos seus sentimentos, Bea Ni, mesmo sabendo que você também sente algo maior por mim. Eu aceito seus medos e seu tempo. Eu sei dos seus pesadelos e quero estar toda noite ao seu lado. Você não conhece o bem que já me faz. Você não percebe que confia em mim e não nota que está me mostrando a verdadeira Go Bea Ni. Apenas para mim. Então, que tal deixar de ser cabeça-dura? – Taehyung passou a mão nos cabelos virando de costas para a garota sentindo seu coração bater fortemente enquanto buscava as palavras para o que pretendia dizer.

— Olha aqui, você não pode falar assim comigo, Taehyung... – Bea Ni levou uma das mãos à cintura. Ela tentava não demonstrar que ficara perplexa com aquelas palavras – Se eu sou teimosa, você é implicante. – Ela franziu os cenhos levantando os lábios em um gesto infantil.

— Bea Ni, - Taehyung suspirou admirando-a ao vê-la tentando não mostrar-se abalada – não vê que quero me abrir com você? Vamos começar novamente. – Ele pediu -  Não precisa brigar comigo a cada frase que eu fale. Apenas me deixe conhecer a Go Bea Ni que você esconde... – Ele aproximou-se novamente e sentia-se nervoso com as possíveis reações da garota – Talvez para você seja ainda muito cedo, mas eu esperei tempo demais. Eu te amo.

Bea Ni piscou algumas vezes sentindo-se atingida por todas aquelas palavras e pela mais recente declaração. Seu coração já havia saído do compasso desde que ouvira a voz do rapaz assim que adentrou aquele ambiente. Ela deveria resistir? Porque estava negando as próprias vontades? Ela merecia ser feliz. Ou pelo menos tentar. Taehyung mostrava-se inabalável sobre o passado da garota e talvez sua amiga tivesse razão: deveria parar de se sabotar e aceitar aquele sentimento. Será que estava sendo egoísta em meio à todos os medos e inseguranças? Ela só saberia se valeria a pena se tentasse.   

Taehyung encarava Bea Ni em busca de respostas. Ele queria reações. Aquilo tudo já o torturava demais.

Impaciente, ele avançou unindo seus lábios aos dela com urgência.  

Ele precisava sentir aquele aroma novamente e todas as sensações que um beijo daquela garota lhe proporcionavam. Taehyung precisava saber se tudo que almejava poderia ser real e sim, poderia. Diferentemente da última vez, Bea Ni retribuiu sem demora e correspondia a ânsia e urgência do Bangtan. Percebendo que ela permitia-se retribuir, Taehyung a envolveu pela cintura guiando-a para um canto e ambos pararam ao encontrarem a parede logo atrás de Bea Ni.

— Me desculpe. – Falaram em uníssono encarando-se ofegantes – Eu não aguentei esperar por palavras... – Taehyung explicou-se.

— Me desculpe por te fazer esperar. – Bea Ni falou num sussurro encarando o alto rapaz de volta.

— Omo... Eu acho que não estou acreditando no que acabei de ouvir. – Ele fez uma expressão assustada.

— Taehyung! – Bea Ni empurrou-o levemente, porém sem efeito, em meio a um pequeno sorriso. Encostou, em seguida, o rosto em seu peitoral e ele logo afagou os cabelos castanhos da garota.

— Bea Ni-ah.

— Hum? – Ela levantou os olhos novamente para encará-lo.

— Aceita estar comigo todo tempo? Isto inclui futuros jantares, beijos e visitas inusitadas...

— Eu--

— Aish, ainda não terminei. – Ele sorriu depositando um rápido selo nos lábios de Bea Ni que também sorriu aguardando - Aceita que eu esteja ao seu lado e conheça a Go Bea Ni aos poucos, pacientemente, a cada dia? – Concluiu – E a cada noite também. – Falou rápido esta última frase com um sorriso quadrado, único.

Bea Ni riu acertando Taehyung mais uma vez antes de abaixar o rosto sentindo-se enrubescer e só tinha certeza de que seu coração continuava batendo porque ainda estava de pé, perdida com as palavras do alto Bangtan a sua frente, pois tinha a sensação de que aquele órgão havia parado de bombear por segundos, enquanto assimilava o que lhe estava acontecendo e junto com seu coração, o mundo também parecia ter congelado.

 - Eu... Aceito, Taehyung.

Mal as palavras saíram de sua boca, logo sentiu os lábios de Taehyung pressionando os seus novamente em uma perfeita sincronia que ganhava a intensidade do Bangtan. Ele avançou com o beijo, explorando a boca de Bea Ni apaixonadamente, encurralando-a contra a parede que correspondia e assumia aqueles sentimentos. Ele levou os braços da garota para seu pescoço deixando-a na ponta dos pés e sorriu, durante o beijo, ao perceber. Bea Ni acertou-o mais uma vez atingindo o ombro do rapaz percebendo que ele ria de sua altura, mas isto só fez Taehyung alargar o sorriso logo retomando o beijo agora de forma mais calma.

— Eu... – Começou ele em meio ao beijo – Nunca... Pensei que seria assim o meu pedido de namoro para você e muito menos poderia imaginar que você corresponderia dessa forma e-- -

— Shiu. – Bea Ni calou-o, unindo novamente seus lábios de forma calma, para logo separar.

Taehyung encarou-a sem reação por alguns segundos enquanto Bea Ni o observava curiosa.

— Vamos. Eu preciso contar para todos que Go Bea Ni é minha namorada. – Ele falou orgulhoso segurando a mão da garota.        

Ela sorriu sentindo seu coração aquecer novamente e todo o medo parecia menor.

— Espera. Acho que será menos... Impactante se falarmos antes para nossos amigos, com calma. – Bea Ni percebeu que ele ainda estava afobado e precisavam de um tempo para assimilar e conversar à sós cada um com seus amigos mais confidentes.

— Tem razão. – Ele passou a mão livre nos fios acinzentados – Vamos... – Ele tentava pôr as ideias no lugar – Vamos voltar para nossas salas e, aigoo, precisamos voltar ao trabalho!

Bea Ni sorriu abertamente.

— Ye! Estamos no nosso horário de trabalho, Taehyung! – Ela falou divertida sem acreditar no que estavam fazendo, esquecendo-se de todo o resto.

— Mas tem uma coisa. – Ele ficou sério.

— O quê? – Ela arqueou uma sobrancelha um tanto surpresa.

— Quero ouvir você me chamando de oppa.

— Jjinja?! Fala sério, Taehyung! Ani! – Bea Ni sorriu entre irônica e incrédula.

 —Mas sou mais velho que você. – Taehyung, ainda segurando uma mão de Bea Ni foi rumando para a porta de saída da copa.

— Alguns meses, apenas. – Ela respondeu já no corredor.

— Não vai me dar este gostinho?

— Ani.

— Aish, teimosa.

— Implicante. Hua Le-ah? – Bea Ni falou assim que viu a amiga com a feição preocupada.

— Aigoo! Onde você estava, Bea Ni-ah?! Eu já estava indo-- - Ela interrompeu-se ao ver a amiga e o Bangtan de mãos dadas – Hum, estava indo procurar por você, mas parece que está muito bem acompanhada. – Virou-se de volta para porta da sala da equipe Kang’s segurando a maçaneta prateada, mas desistiu no segundo seguinte, girando de súbito para a amiga – Ah-ha! Então, eu ganhei a aposta. Bem que achei duas semanas tempo demais...

— Ya, Hua Le-ah! – Bea Ni empurrou-a para dentro da sala entre risos.

— Do que ela está falando? – Taehyung inquiriu curioso.

— Nada demais! – Bea Ni esboçou um sorriso congelado para o Bangtan que puxou-a roubando-lhe outro beijo.

— Quero te ver mais tarde. – Ele sussurrou antes de rumar para a sala de treinos deixando uma Bea Ni rubra, estática no corredor.

 

"Aish, eu só posso estar sonhando". – Pensou a garota bagunçando os fios castanhos antes de voltar ao trabalho neste mundo em que sua vida já não parecia tão amarga assim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que estão achando?
Não me matem, pls. Sei que ainda não chegamos ao clímax, mas as bombas ainda estão para estourar. Então, não desistam, está bem? ♥
Espero vocês,
Saranghae ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.