[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes escrita por Carol Stark


Capítulo 15
Flores e pôr do sol




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Hua Le-ah, você já chegou?! – Bea Ni falava com a chamada no viva-voz enquanto dirigia agitada – Por que não me esperou? – A voz da garota imitava um tom choroso.

Mas eu te liguei tanto que perdi as contas! Ia te chamar para vir comigo hoje porque vim mais cedo. Finalmente você atendeu. Está tudo bem?

Está sim. Só me lembra de quebrar aquele despertador mais tarde. – Bea Ni fez uma curva com cuidado indo para uma avenida principal – Perdi a hora. Aish, ainda não acredito que isto aconteceu. Nem sequer comi. Tive que sair correndo de casa.

Nee. Cuidado na estrada, amiga. Nos vemos, então.

— Pode deixar. Chego em alguns minutos.

Parece que alguém também está preocupado.

Mas do que você está falando? – Bea Ni falava rápido, levemente impaciente com o atraso e concentrada o bastante na estrada.

— Ele já veio aqui duas vezes e não é nem nove horas ainda. Inclusive, deixou mais uma coisinha na sua mesa.

Bea Ni respirou fundo e logo um pequeno sorriso formou-se, mas respondeu:

— Hua Le-ah, tenho que desligar. Já estou chegando. E você, porque não volta ao trabalho ao invés de ficar batendo papo com sua amiga?!

Aish! Nee, Srta Bea Ni.

Bea Ni ouviu um riso abafado, mas permaneceu calada por alguns segundos, pensativa.

Apenas o som macio do carro na estrada fazia-se ouvir no outro lado da linha.

Bea Ni-ah?

Yah! Saia da minha frente! – Esbravejou buzinando para um carro que imprudentemente meteu-se em sua frente. Soltou, em seguida, alguns xingamentos.

Hua Le sorriu:

Bea Ni-ah? – Inquiriu novamente – Ainda estou na linha. Você calou de repente.

— Você não acha o Taehyung está sendo insistente demais, Hua Le?

Mas que pergunta é esta agora? Olha, eu até gosto de vê-lo deste jeito com você. Ele te esperou todo este tempo. Não seria agora que iria desistir de você. Você precisa superar tudo, amiga... E admita que gosta daquele garotão, pedaço de mal caminho--

 - Ya!

Não está mais aqui quem falou.

Vou desligar.

Vai em frente. Pode desligar na minha cara... Mas ainda está me devendo uma conversinha bem interessante sobre ontem...

Ya! Tchau!

­Tchauzinho!

Bea Ni meneou a cabeça negativamente com um sorriso no canto dos lábios pensando na amiga um tanto afobada que tinha, mas gostava de poder compartilhar suas loucuras também com ela. As duas sempre se apoiavam.

— Finalmente. – Bea Ni falou para si mesma ao avistar a entrada para a rua da Big Hit, seu novo local de trabalho.

Porém, algo a assustou fazendo-a frear violentamente após um sonoro grito.

Junghuon atravessava a rua lentamente, pondo-se diante do carro no segundo em que a garota foi obrigada a parar. Durante suas passadas lentas, o alto jovem encarou Bea Ni fazendo-a entrar em pânico naqueles breves segundos.

Ele seguiu o caminho como se nada tivesse acontecido esboçando seu mais cínico e misterioso sorriso.

Pálida, Bea Ni sentiu sua cabeça dar voltas e seu peito subia e descia em reflexo da dificuldade em puxar o ar. A garota piscou algumas vezes tentando acalmar-se enquanto jogava alguns fios para trás, trêmula.

Seguiu o que restava para chegar diante do prédio, estacionando. Porém, permaneceu ofegante no veículo, em choque. Como ele havia ido parar ali? O que o Junghoun poderia estar tramando? Ela não suportava a ideia de todo seu pesadelo voltar à tona. Não agora. Justo agora que as coisas pareciam ajustar-se. Não agora que ela tentaria confiar em alguém novamente. Justo agora em que, sem dar-se conta, Bea Ni, reaprendia a amar.

A garota desceu do carro atordoada, sentindo-se fraca. Suas pernas pareciam lutar contra o peso do seu corpo.

Abriu a grande porta de vidro sem ao menos perceber que o porteiro dirigiu-se à ela e logo passou seu cartão de identificação que lhe dava acesso completo à empresa, assim como todos os outros funcionários da mesma. Andava automaticamente, vagando pelos corredores com o olhar desfocado devido aos seus perturbados pensamentos direcionados apenas a uma pessoa: Junghuon.

— Olá, amiga. Vi você estacionando da nossa janela e-- - Hua Le interrompeu-se ao notar o estado de Bea Ni e logo amparou-a caminhando lentamente com a mesma ao seu lado – O que aconteceu???

Mas Bea Ni não conseguia falar nada. Seus pensamentos já começavam a dispersar-se e sua mente reproduzia apenas o sinistro sorriso do Junghuon.

— Bea Ni? Fala comigo, amiga. O que você está sentindo? – Hua Le inquiriu com o tom carregado de preocupação e parou assim que a outra fez o mesmo apoiando-se na parede ao lado do elevador, sem forças.

— Eu... Estou bem...  

— Bea Ni, vamos. Eu te levo de volta para casa e poderemos conversar. Seja lá o que for, daremos um jeit--  

— Oh, annyeong... – Hoseok cumprimentou inicialmente sorridente, assim que o elevador abriu-se dando passagem para que ele e Taehyung, ao seu lado, seguissem em frente, mas logo sua expressão murchou ao encarar a jovem Bea Ni – O que ela tem Srta. Hua Le?

Taehyung aproximou-se apreensivo tocando a testa da garota que suava frio. Não demorou mais um segundo sequer e Bea Ni esmoreceu, entregando-se à aflição que lhe tomava.

... E com uma vertigem,

Desmaiou.

 

***

 

— Pelos céus! Bea Ni, finalmente você acordou! Mas o que foi isto, garota? Nunca mais faça isto novamente, dongsaeng! Você acha que tenho coração para isto? Eu--

Bea Ni sorriu sentando-se lentamente na cama daquele quarto de hospital.

Taehyung aproximou-se em silêncio tocando o braço de Hua Le na tentativa de acalmá-la e logo esta parou de falar sem antes respirar fundo, compreendendo o gesto do outro.

— Ela está bem. – Taehyung afirmou com a voz amena em um meio sorriso para a amiga de fios escuros – A médica falou que ela logo estaria recuperada. - Ele era sério a observa Bea Ni com preocupação - Como se sente, Bea Ni?

— Estou bem. – Respondeu com a voz fraca e cruzou os braços de forma a massageá-los, levemente constrangida. Olhou, então, para a amiga com os cenhos franzidos esboçando sua curiosidade em saber porque o Bangtan havia ido junto.

—  Ah. – Hua Le começou notando a inquietação da amiga com o Taehyung acompanhando-as – Ele fez questão em vir comigo. A propósito, obrigada, Taehyung, por ter nos ajudado. Também devo agradecimentos ao Hoseok. Eu simplesmente não consegui agir vendo Bea Ni cair em seus braços bem diante dos meus olhos. – Hua Le falou sentindo-se ainda aflita pela amiga.

Taehyung fez uma leve reverência, sorrindo minimante mais uma vez e então, Bea Ni notou o quanto aquele gesto do rapaz podia iluminá-la em fração de segundos.

— Só queria ver com meus próprios olhos que você acordaria bem. – Ele dirigiu-se à Bea Ni que apenas concordou sem saber o que dizer.

Sem aviso prévio, uma doutora abriu a porta daquele quarto em que estavam e com uma prancheta em mãos iniciou:

— Ah, que bom que acordou, Srta. Go Bea Ni. – A mulher tinha o rosto jovial e um sorriso simpático transmitindo leveza e confiança – Ela acordou bem? – Perguntou ao Taehyung no canto, já sentado em uma cadeira.

— Sim, doutora. Parece ter reagido bem ao medicamento.

Bea Ni arregalou os olhos vendo a naturalidade do rapaz à sua frente enquanto ela mal conseguia estruturar uma frase.

— Como se sente? – Inquiriu a médica passando a vista pela prancheta com a caneta a postos.

— Sinto-me bem, doutora. Foi apenas um mal-estar não foi?

— Tudo indica que sim, querida. Mas não se preocupe, ok? Sente dores de cabeça?

— Não. – Bea Ni respondeu após breves segundos.

— Ainda sente alguma tontura? Vertigens?

— Também não.

A médica registrava.

— Ainda se sente fraca? – A mulher de jaleco aproximou-se observando a temperatura de Bea Ni, olhando-a de perto com atenção. Bea Ni estava pálida. Ainda precisava de repouso.

— Sim...

— Certo. – Ela mais uma vez escrevia e em seguida voltou-se para Hua Le – Isto já aconteceu antes?

— Não, doutora. Mas minha amiga já passou por situações que colocaram à prova seu emocional... – Hua Le confessou mais baixo.

 

“Porque será que a maioria dos médicos insistem em fazer perguntas para os acompanhantes como se o paciente não estivesse bem ali?” – Bea Ni pensou encostando-se no espaldar da cama, com os braços cruzados, observando a profissional à frente.

 

— Darei alta para você e logo virá uma enfermeira para lhe tirar do soro, está bem? – Dirigiu-se para Bea Ni com seu olhar simpático e virou-se para Hua Le ao lado - Mas antes, venham até minha sala. – Deu uma pausa passando a ficha para uma segunda página - Preciso solicitar alguns exames para sua namorada. – Ela falava enquanto marcava e escrevia algumas coisas olhando, por fim, para Taehyung que coçou a nuca sem graça concordando em resposta.

Sem demora, a doutora saiu apressada esvoaçando seu jaleco.

— Namorada, é? – Hua Le sorriu olhando de Taehyung para a amiga - Aish... Estão me ligando da empresa. É a Julee Hu.

Enquanto Hua Le pedia licença para atender a ligação, uma enfermeira de estatura baixa, aparentando ser ainda muito nova, entrou para retirar o acesso do soro enquanto, animadamente, puxava assunto com Bea Ni sobre como era bom receber alta e sentir o cheiro gostoso da primavera ao invés do aroma forte dos produtos hospitalares.

— Seu namorado vai adorar passar uma tarde com você numa praça bem florida para assistirem ao pôr do sol. – Virou-se para Taehyung piscando de forma engraçada enquanto o mesmo fingia afastar algo no chão - Assim que você se recuperar completamente, claro. As flores parecem mais perfumadas especialmente para o pôr do sol... Já notaram?! – Ela matraqueava organizando os materiais e medicamentos ajudando, em seguida, Bea Ni a levantar-se cuidadosamente – É como um adeus que nunca acontece. Como dois apaixonados que não sabem como aproximar-se um do outro, muito menos sabem como afastar-se. Não acham? – Ela ajudava Bea Ni em sua caminhada lenta em direção à porta daquele quarto.

Neste instante os olhares de Bea Ni e Taehyung se cruzaram.

Bea Ni agradeceu aos céus por Hua Le não estar naquele momento incentivando a romântica história da enfermeira sobre flores e pôr do sol.

A enfermeira já falava sobre outro assunto qualquer acompanhando os dois para a sala da doutora sem ao menos se importar se estavam lhe dando atenção ou não.

Hua Le avistou os três e apressou o passo alcançando-os a medida que guardava o celular.

Taehyung apenas morria por dentro.

O alto Bangtan de fios acinzentados podia sentir seu coração palpitar na altura do pescoço impedindo-o de falar qualquer coisa que fosse. Mas preferia permanecer em silêncio. O Universo parecia estar conspirando a seu favor com aquela garota. Realmente não sabia mais dizer adeus à sua flor.

— Bea Ni. – Hua Le aproximou-se da amiga com o olhar apreensivo – Estão indo conversar com a doutora?

— Ye. – Bea Ni sussurrou.

— Mas nem para me esperarem?

Bea Ni apontou discretamente para a enfermeira:

— Ela não para um segundo! Assim que me librou do soro, foi me levando...

— Quero acompanhar esta conversa e saber quais serão seus exames. Não vou poder ficar mais que isto--    

— O quê?! – Bea Ni a interrompeu ainda em sussurro.

— Nossa equipe não pode ficar sem as duas gerentes de uma só vez. Temos algumas coisas para assinar e organizar... Todos estão bem preocupados com você. Prometeram te encher de chocolates e comidas assim que você voltar.

— Nee. – Bea Ni respondeu tristonha por saber que a amiga não a socorreria mais esta vez.

Parece que Taehyung seria incumbido por algo...

— Taehyung, - Hua Le começou dirigindo-se à ele que caminhava do outro lado da enfermeira, um pouco mais afastado, porém olhando a cada segundo para Bea Ni, conferindo se ela aparentava estar melhor – precisarei voltar para a empresa assim que sairmos daqui. Coisas do nosso projeto que estão a minha espera. – Ela concluiu com pesar sem saber como organizar as palavras para o que pretendia pedir.

— Eu levo a Bea Ni para casa. Não se preocupe. – Ele parecia tranquilo com a ideia. Quiçá já imaginava que iria ajudá-la ainda com algo.

A garota não evitou em virar-se para ele esbugalhando os olhos.

— Chegamos! Esta é a sala da Dra. Choi. Se cuida. – A enfermeira sorriu fazendo uma reverência para logo girar nos calcanhares seguindo com seu dia de trabalho.

Bea Ni suspirou encarando a porta e voltou-se para a amiga, ficando de costas para Taehyung. Balançou a cabeça negativamente de forma discreta e falou pausadamente, porém sem som algum:

— Não vai, não. Ele. Não. Pode. Me. Levar. Ele não.  

— Claro que pode. – Hua Le respondeu em voz alta ignorando o desespero da amiga – Larga de ser boba, ele não morde. – Hua Le sussurrou a última frase para Bea Ni que não evitou em pensar:

 

Não morde, mas beija... E muito bem”.

 

Taehyung, mais uma vez, obrigada. Posso te confiar minha amiga? – Hua Le inquiriu estreitando os olhos analisando-o com tons de brincadeira.

 - Me sinto uma criança sendo ignorada enquanto os pais discutem se a deixarão ir na excursão da escola. – Bea Ni reclamou.

— Claro que pode, Hua Le. – Taehyung respondeu educadamente. Ele ainda parecia preocupado com o estado da garota – Cuidarei bem da Bea Ni.

— Omo... – Ouviram Bea Ni resmungar – Não estou inválida. Isto é um tremendo exagero.

— Mas ainda está fraca. – Hua Le rebateu.

— Ah, agora me ouviu?! – Bea Ni reagia com birra.

— Alguém tem que te ajudar, Bea Ni. Se você, com toda esta teimosia, desmaiar novamente e estiver sozinha a culpa será toda sua. – Hua Le falou séria pondo uma mão na cintura. Nas palavras, seu tom pareceu rude, mas por dentro, sentia-se triste sempre que Bea Ni não aceitava até mesmo sua ajuda.

Com este comentário de Hua Le, foi impossível que Taehyung não pensasse sobre si mesmo e viu que Hua Le era tão amiga de Bea Ni quanto os hyungs e o maknae eram dele. Ele compreendia completamente os motivos de tamanha preocupação da morena.   

— Ela tem razão, Bea Ni. Porque não me deixa tentar? – A voz de Taehyung soou mais baixa e esta última pergunta soou cheia de significado para Bea Ni fazendo-a lembrar-se do bilhete que ele deixara juntamente com a caixa de bombons:

Por favor, aceite minhas tentativas”.

— Tudo bem... – A garota falou tão baixo que não pôde ter certeza se os dois a ouviram.

— Agora que estamos resolvidos, vamos entrar, então? – Hua Le inquiriu mais aliviada por saber que sua amiga ficaria bem. Apesar das brincadeiras e indiretas que amava investir para ambos, sabia que sua amiga se sentiria protegida com aquele Bangtan, como há muito não sentia-se, pois percebia que faíscas de esperança cresciam em Bea Ni. Afinal, para Hua Le, eles precisavam deste momento. Alguns pontos lhe pareciam fora do eixo, apesar de ainda não saber quais exatamente, e esperava que os dois se acertassem o quanto antes.

— Ye. – Bea Ni concordou e adentrou a sala seguida da amiga e de Taehyung que cerrou a porta atrás de si, certo de que sua história com Bea Ni estava apenas no começo.

 

Certas vezes tentamos fugir, relutamos e ficamos pessimistas diante da vida após tantas dificuldades e cicatrizes, mas isto de nada adianta quando anjos caem em nosso caminho. Precisamos apenas observar e acreditar.


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Notas finais do capítulo

Onde estão vocês, meus amores? :(

Se esta fanfic não entrar em um hiatus de vez, ainda teremos muito pela frente com o stigma do Tae revelado, juntamente com alguns mistérios do Junghuon e quais as teias que o destino (neste caso, euzinha) tramou para nossos personagens. Ok. Sem mais spoiler.

Próximo capítulo teremos mais Taeni~ ♥

Tenham paciência com este enredo que provavelmente será mais longo e que faço com tanto carinho para vocês que sei estão aew, escondidinh@s lendo ♥ Apareçam!

Saranghae ♥



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