[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes escrita por Carol Stark


Capítulo 16
A explicação de Bea Ni


Notas iniciais do capítulo

Bea Ni revela seus segredos...



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Bea Ni precisou aguardar que Taehyung retornasse da Big Hit com seu carro para assim levá-la para a casa. Enquanto isto, ela lia e relia seus exames que pareciam todos simples, afinal, ela sabia que esta sua instabilidade era única e exclusivamente emocional.

A doutora Choi havia passado exames gerais e um específico para avaliações psicológicas. É, talvez a doutora tivesse razão em desconfiar de que ela estivesse um tanto estressada e precisasse tirar um tempo de férias. Relaxar. Mas mal sabia a doutora Choi que o grande problema de Bea Ni não tirava férias.

Junghuon a rondava. Tinha certeza.

— Hum, vamos? – Taehyung retornou rapidamente, como havia prometido. Ele chamou-a coçando a nuca timidamente. A ficha dele parecia estar caindo agora sobre ter que levá-la para casa, mas queria poder ajudá-la.

Bea Ni apenas levantou-se sentindo ainda seu corpo débil. Precisava comer algo e descansar. Sentia-se extremamente sonolenta devido ao efeito do remédio que a doutora lhe havia passado.

Taehyung dirigia o carro de Bea Ni em silêncio. Ela havia dito seu endereço e ambos seguiam imersos nos próprios pensamentos.  

Revezando olhares entre a estrada e a garota, em certo momento Taehyung a viu recostada na janela do carro não havendo resistido ao cansaço.

Ele poderia observá-la por horas e não deixaria de admirá-la. Bea Ni era sem dúvidas seu primeiro grande amor. Algo nela despertava no rapaz o verdadeiro Taehyung e algo o dizia que apesar de toda fortaleza que ela demonstrava, existia uma Bea Ni mais frágil, que muitas vezes não sabia como pedir por socorro.

Ele estava disposto a conhecer esta outra Bea Ni e a se apaixonar por cada versão dela.

Finalmente chegaram ao prédio onde ela morava e Taehyung hesitou alguns segundos antes de acordá-la. Ela respirava tranquilamente, perdida no mundo dos sonhos. O Bangtan sorriu levemente afastando um fio dos cabelos castanhos da garota para atrás da orelha, mas assustou-se ao vê-la mexer-se no banco e afastou-se rapidamente em silêncio.

— Chegamos? – Ela inquiriu sonolenta olhando o prédio pela janela.

Ambos saíram do carro e Taehyung a observava a medida que a seguia pronto para ampará-la se precisasse. Bea Ni evitava olhá-lo. Ainda não acreditava que Hua Le havia feito isto com ela, não pensava que a “Operação Cupido” da amiga estivesse de pé, mas sabia, afinal, que se não fossem as exigências das empresas, Hua Le estaria presente. No entanto, ela teria que admitir: Se não tivesse o Taehyung por perto neste momento, não sabia se conseguiria voltar sozinha, em segurança. Seu corpo pedia repouso e precisava de mínimos cuidados.

Ao abrir sua porta, acendeu as luzes respirando fundo finalmente aliviada em estar em casa. Ainda era cedo para o horário que costumava voltar do trabalho, logo teria muito tempo para descansar e no dia seguinte estaria bem novamente. Porém, a figura de Junghuon a atormentava. Sentiu seu coração se encher de aflição e apoiou-se no sofá abaixando a cabeça. Bea Ni ainda estava pálida e isto alarmou mais uma vez o Bangtan temendo que ela novamente perdesse a consciência.  

— Você está bem? – Taehyung procurou pelos olhos de Bea Ni. Seu tom era suave, apesar de preocupado.

— Ye, estou bem. Taehyung, – ela iniciou – gomawo. – Olhou-o significativamente sem saber ao certo o que dizer.

Suficientemente constrangido, o Bangtan não soube o que responder, mas ficou feliz por ver que Bea Ni aos poucos confiava mais nele aceitando-o por perto. Preferiu, então, mudar o assunto:

— Onde fica sua cozinha? – Ele pareceu mais animado.

Bea Ni surpreendeu-se ao notar que ele realmente faria algo, mas não evitaria. Precisava mesmo alimentar-se e pelo visto, ele não parecia querer ir embora tão cedo. Muito provavelmente ficaria até que Hua Le passasse por lá.

— Fica ali... – Ela apontou estática.

Logo ele caminhou até o lugar indicado e abriu alguns armários e geladeira. Retirou alguns vegetais e demais ingredientes iniciando seu preparo. Vez ou outra cantarolava e se familiarizava com aquele cômodo.

Bea Ni piscou algumas vezes duvidando que aquilo fosse real e tomada pela curiosidade, começou a imaginar qual seria o passado de Taehyung. Porque dissera que já havia perdido alguém especial e não podia perdê-la também? Quais as marcas que aquele belo rapaz carregava?

Qual seria o seu Stigma?

Em meio a pensamentos curiosos e aleatórios, observou Taehyung distraído em sua cozinha por breves minutos e logo resolveu tomar um banho.

 

POV Taehyung

Algumas pessoas gostam de pensar na vida enquanto estão no carro ou em um ônibus, admirando a paisagem. Outras preferem sentar num café e desfrutarem de sua própria companhia para refletirem, mas eu costumo repassar o filminho da minha existência enquanto caminho ou cozinho. Inclusive, foi em uma dessas caminhadas, que conheci a Bea Ni.

Meus hyungs e eu sempre conversamos e assim podemos compartilhar muitas coisas. Com o Kookie não é diferente, mas nem sempre estou disposto a tocar em determinados assuntos ou nem mesmo sei o que sinto ao certo em determinados momentos. Mas, na real, ainda não acredito que vim parar nesta situação.

E não estou reclamando!

Ao pensar em Bea Ni um sorriso se abre espontaneamente e se ela me visse agora, juraria que estou sorrindo para os brotos de feijão no balcão.  

Outro dia eu admirava a Bea Ni a distância enquanto estávamos, por uma brincadeira do destino, em um SPA qualquer, trocamos nossas primeiras palavras em tons de briga e ainda por cima manchei seu vestido azul com soju depois de ela quase descobrir, naquele momento que eu era um Idol. Por eu ter escondido isto dela um ano atrás, brigamos mais uma vez, como se não bastasse, e agora me vejo preparando uma sopa para esta garota; para esta mulher que me encantou desde o primeiro segundo e que acabou de me agradecer por poder ajudá-la.

Está um tanto difícil de acreditar.

Nos beijamos e apesar de não termos tocado no assunto após isto, sei que é recíproco ou ela teria saído correndo e me rejeitado. Bom, Eu senti vontade de correr o máximo que pudesse, mas por pura explosão a qual duvidei que meu peito suportasse. Ah, aquele beijo... Acho que ela precisa topar mais vezes no meu caminho... Aigoo! Preciso me acalmar.  

— Aish! – Exclamo sentindo o cheiro de um pedaço de kimchi levemente queimado que coloquei para esquentar.

— Acho que alguém precisa de ajuda com esta sopa... – Ouvi a voz da Bea Ni próxima, o que me causou calafrios fazendo meu coração disparar.

Virei-me para encará-la e a vi linda, apesar de não totalmente recuperada, ainda sem seu natural tom rosado na face, rumo a geladeira, logo retirando uma garrafa d’água. Em seguida, levou um pequeno comprimido à boca. Ela vestia uma roupa confortável para aquela tarde fria e novamente me senti perdido admirando-a. Alguns fracos raios de sol adentravam tocando suavemente seu rosto e ela mal dava-se conta de que sua beleza reluzia em meus olhos. Seus cabelos castanhos haviam crescido muito durante este tempo que a perdi de vista...

Aish! Só posso estar louco. 

Preciso cuidar dela e não ficar aqui plantado como uma couve sem graça.

Está tudo tão estranho para mim. Mas não consigo dizer adeus à minha flor.

— Acho que sua amiga é capaz até de me estrangular se eu não souber qual é este comprimido que você está tomando. Ela me confiou cuidar de você hoje, lembra?

Bea Ni sorriu e foi um sorriso sincero. Um dos seus mais bonitos.

— A Dra. Choi me receitou este remédio – ela me passou o frasco – uma vez ao dia por dois dias. É apenas para eu relaxar... Nada demais. Acho que Hua Le deve ter exagerado com o que falou no atendimento quando fui socorrida. – Ela esboçou um meio sorriso, mas pareceu triste.

— Não se preocupe. Você tem bons amigos e... – Não sei de onde estou tirando tanta coragem ultimamente – E tem a mim.

Ela me olhou um tanto confusa e curiosa. Abriu a boca, mas fechou em seguida, sem pronunciar uma sílaba sequer.

Suspirei.

Acho que devo respirar e tentar de novo...

— Quero dizer, - retomei – você pode confiar em mim. Sempre que precisar e... Quiser. – Aish! Onde estou com a cabeça?! Melhor eu servir a sopa!

— Taehyung. – Bea Ni iniciou encarando a tijela na mesa e sentou-se – Acho que devo à você algumas explicações.

Não pude conter as batidas mais fortes do meu coração. Fiquei ansioso, mas esforcei-me para parecer calmo e sentei-me para ouvi-la.

Ela levou algumas colheradas de sopa à boca parecendo ter gostado, o que me deixou feliz, e suspirou quando pousou o talher. Passei a mão em meus cabelos disfarçando a tensão sobre do que se tratava o assunto.

— Naquele jantar de boas-vindas eu ia te contar... – Eu apenas a ouvia, agora preocupado relembrando a aflição de Bea Ni – Mas tive medo. Em meu passado, existiu uma pessoa...  

 

POV Bea Ni

Eu estava resistindo em contar para o Taehyung o que não havia concluído naquela noite do jantar, tentar esquecer seria mais fácil, mas sentia que lhe devia esta explicação, em contrapartida, tudo que eu menos queria neste mundo era reviver meu passado contando-o para mais alguém.

Mas que droga!

Resistia em confiar em qualquer pessoa que fosse após minhas experiências com o Junghuon e apenas a Hua Le o conhecia bem. Mas sentia que ela, dividindo este peso comigo, sofria também sozinha por me ver tantas vezes definhar em amargura devido aquele maldito relacionamento abusivo.

 Taehyung parecia realmente preocupado comigo e seu interesse por mim não pareceu diminuir ao saber que eu guardava alguns segredos... Acredito que está mais do que na hora de conversar com ele. Ele está me provando que realmente se preocupa. Afinal, não seria obrigação dele ficar comigo... Ou me socorrer junto à Hua Le... O que será que ele viu em mim? Se eu fosse ele, eu me afastaria de mim.

Aigoo! Porque ainda sou tão insegura?

Maldito Junghuon.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e só percebi quando senti Taehyung enxugá-la passando seu polegar delicadamente pela minha bochecha.

Encarei-o e o vi embaçado pelas lágrimas que inundavam meus olhos. Ele pareceu hesitar, mas afastou uma mecha dos meus cabelos colocando-a atrás de minha orelha. Não o afastei. Não fugi. Apenas deixei-me sentir. Eu queria sentir. Ao lado de Taehyung o mundo lá fora parecia menos perigoso.

— Taehyung, existe uma pessoa que me persegue. – Desembuchei e o vi erguer as sobrancelhas enquanto me encarava visivelmente preocupado – Um relacionamento antigo, já está terminado há um bom tempo, mas que não aceita esta separação... Eu não deveria ter acreditado tanto, pensei que ele pudesse melhorar. Após cada agressão, vinha um pedido de desculpas, declarações e novas promessas. Eu não sabia o que fazer. Eu... Tive medo. – Minha voz falhou. Senti meu rosto esquentar e desta vez as lágrimas escorriam sem pudor enquanto eu relembrava e me ouvia falando naquele assunto novamente. Hua Le, por ter visto e acompanhado todo meu sofrimento, evitava falar sobre isto. Ela sabia que esta ferida ainda estava aberta. Mas para cicatrizá-la, eu precisa limpá-la; trocar os curativos com paciência e esperar que o tempo a curasse naturalmente.

Em uma breve pausa, pude notar que Taehyung, ajustando-se na cadeira de frente para mim na mesa, franziu os cenhos inquieto e respirou fundo acalmando-se em seguida.

Aigoo, não quero assustá-lo com meu passado. Acho que ele já está presente demais em meus dias, para eu pôr isto a perder.

— Olha, Taehyung, acho que já falei demais, ok? – Enxuguei minhas lágrimas com força determinada a me curar dessa ferida de uma vez por todas.

Tenho que tentar!

 Ele me observava. Ah, como eu gostaria de saber seus pensamentos...

— Bea Ni... – Ele pronunciou reticente me olhando com pesar – Não chore, por favor. - Neste momento, ele parecia sentir parte da minha dor e sua voz aveludada vibrou dentro do meu peito. Ele me encarou por alguns segundos que se tornavam infindáveis, parecendo lutar para dizer algo e meu coração quase saltou pela boca. Desviei meus olhos dos dele observando minhas mãos que umedeciam.

Com algum esforço, olhei-o novamente. Ele piscou algumas vezes despertando para o silêncio que havia provocado e para minha falta de reação. Então, o pedi:

— Taehyung, não sinta pena de mim... Não queria te expor isto. Eu não iria te contar. Eu não queria confiar em mais ninguém. Não queria confiar em você.

Ele parecia sem palavras e um tanto magoado com a última frase, mas apenas assentiu levemente, mas eu já esperava por isto. Não é o tipo de coisa que se tem o que dizer sempre para confortar.

Mas ele estar ali significava muito para mim. Eu não queria admitir isto, mas já é tarde demais.

Retomei a palavra continuando:

— Peço desculpas se o magoei enquanto você apenas tentava me ajudar. Sei também que se assustou um pouco quando falei no jantar que não queria colocá-lo em perigo ao contar-lhe meu passado, mas não seria justo com você permanecer calada.

Taehyung apenas me olhava atento e parecia ainda procurar palavras, mas preferiu apenas me ouvir. Talvez estivesse de fato o assustado ou ele não soubesse como ajudar desta vez. Talvez desistisse de mim ou me diria novamente para aceitar suas tentativas?

— Você tem sido tão insistente, Taehyung e isto tem sido difícil para mim... Você entende? Desculpe-me. – Falei sinceramente. Estava me sentindo exausta fisicamente. Emocionalmente.

— Shiu... – Ele pronunciou baixo levantando-se contornando a mesa até mim curvando-se para ficar na altura em que eu estava sentada. Ele segurou meu rosto com ambas as mãos me fazendo olhá-lo. Meu olhar era triste. O dele, atento e firme. Minha respiração falhou e senti o calor das mãos de Taehyung passarem para minha face. – Não me peça desculpas, Bea Ni-ah. Nunca mais.

Permaneci quieta desviando meus olhos do dele, mas ele segurou em meu queixo para manter o contato visual:

— Me entendeu? – Ele inquiriu e eu já deveria estar acostumada com a persistência de Kim Taehyung - Você não tem do que se desculpar. Tem sido forte todo este tempo, mas agora estou aqui, do seu lado. – Ele concluiu mordendo os lábios de forma que eu não soube decifrar. Ele estaria envergonhado?

Assenti sem palavras.

Ele buscou minhas mãos para segurá-las, mas eu automaticamente as afastei em reflexo me arrependendo em seguida.

Vivo numa confusão de sentimentos que me condena... E este tem sido meu grande fardo nos últimos anos.

Mais uma vez Taehyung parou parecendo ler através dos meus olhos e falou baixo, mais gravemente:

— Eu não sou como... Ele. – Taehyung falou referindo-se ao homem que me deixou cicatrizes: o Junghuon. Apesar da seriedade, seu tom era compreensivo e mordisquei os lábios tentando não chorar novamente.

Com o Taehyung por perto, eu podia comprovar que tudo aquilo estava sendo novo para mim. Antes do Junghuon eu era uma garota mais leve e meu mundo era tingido de esperança. Mas isto parece fazer tanto tempo... Agora percebo que existe uma nova Bea Ni se reerguendo: A Go Bea Ni depois do Taehyung. Antes disto, tudo era nublado.

Estirei meus braços segurando as mãos do Taehyung e vi seus olhos iluminados se encontrarem com os meus. Ele me levantou e ainda segurando uma de minhas mãos, levou-me para o sofá e sentamos lado a lado. Pareceu pensar antes de perguntar:

— Bea Ni, o... O motivo de você ter passado mal hoje foi o seu ex namorado? Você o viu? – Ele olhava para o chão com as próprias mãos entrelaçadas.

— Nee. Ele apareceu diante do meu carro na rua da empresa. Não sei como ele foi parar ali. – Meu coração se apertou temeroso e minha voz ganhava um tom aflito chamando a atenção de Taehyung que virou-se para mim – Taehyung, eu sou uma pessoa horrível! Não deveria lhe meter nisto. Não sei do que ele é capaz... Me descul--

Fui interrompida da melhor forma possível.

 POV Bea Ni Off

 


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Notas finais do capítulo

Continua....



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