Yoonay escrita por stanoflove


Capítulo 18
Rencontres fortuites.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Sábado, 17 de junho de 2017.

Era uma manhã calorosa, e na residência dos Ray a bagunça rolava solta.

─ Mas você disse que iríamos a praia! ─ Malu acusou, pirraçando e aumentando o tom de voz, o que imediatamente arrancou de Noah e dona Lena um semblante fechado.

─ Malu Ray, ─ a matriarca iniciou, abaixando-se na altura da loirinha que estava com os braços cruzados na frente do peitoral, com uma carranca. ─ Posso saber o porquê da senhorita estar gritando sendo que nem eu e nem o seu irmão estamos?

A baixinha suspirou, nervosa, e logo gritou de novo.

─ Mas eu quero ir pra praia! Eu não quero parquinho.

─ Hoje, como dito ontem, é dia de parque. ─ Lena continuou, mergulhada em sua calmaria. ─ Leon é muito pequeno ainda, não quero leva-lo para receber aquela brisa forte do mar. Semana que vem Noah leva vocês à praia, semana que vem.

─ Mas...

─ Malu, eu não estou lhe dando opções. ─ Lena a cortou sutilmente, acariciando-lhe a bochecha e suspirando. ─ Você tem que entender que nem sempre as coisas serão do seu jeito minha filha, assim como o Nico e a Maya.

E a pequena Malu, vendo e entendendo que não haveria outra saída, assentiu, e com um biquinho derrotado, deixou a cozinha, indo para a sala onde seus outros irmãos estavam.

─ Céus, ela está ficando muito respondona. ─ Lena falou, olhando para Noah, que somente assentiu.

─ Mas a senhora fez um ótimo trabalho aqui, mostrou o contrário do que ela fez. É assim que deve ser. Se começarmos a policiar essas coisinhas desde pequenos, quando maiores acho que terão isso em mente. ─ Lena assentiu, soltando um suspiro pesado e passando uma mecha de cabelos para atrás da orelha. ─ Ela vai se divertir.

─ Ah, vai sim. ─ concordou ela, pegando as mamadeiras de seus filhos, sim, todos eles tomavam tanto a mamadeira quanto seus copinhos. ─ E nós também.

─ Lá é ótimo, né? ─ indagou ele, pegando os potinhos com vários petiscos e colocando numa cesta grande e formosa.

─ Ah, eu amo Flagstaff. Lá é lindo, e seu pai simplesmente amava. ─ ela confessou, com um crescente sorriso. ─ Sinto saudades dele... imagino como seria se o tivéssemos aqui, você imagina também? ─ Noah suspirou e assentiu.

─ Se o pai estivesse aqui muitas coisas seriam diferentes, mas a gente está se saindo bem, estamos fazendo um bom trabalho. ─ ele finalizou, erguendo a mão para um high five com sua mãe.

E era sempre assim, ele preferia ser breve quando o assunto era o falecido Abraham, pois apesar de que a ficha já houvesse caído, ainda era extremamente doloroso relembrar do pai, porque de praxe vinha um turbilhão de sentimentos.

─ Você sabia que é uma tradição, né? ─ Lena perguntou, quando já retornavam à sala, onde os gêmeos e Malu assistiam tv, e Leon observava o brinquedinho sonoro que suspenso pela cordinha presa à alça acolchoada, lentamente girava.

─ O que?

─ A ida ao Flagstaff Garden no primeiro mês de vida.

─ Oh, sim! Sabia sim. ─ ele afirmou, e caminhou para fora de casa, até o carro, onde colocou no porta-malas duas bolsas e a cesta, e depois retornou. ─ Primeiro foi eu, depois Maluzinha, depois os gêmeos e agora o Leon.

Ele sentiu a bochecha esquentar, e sob o olhar atento de dona Lena, seus olhos marejaram, então eles suspirou, assentiu para o nada e reprimiu-se por não conseguir disfarçar tão bem. Não era fácil, eles sabiam, mas ele tentava, né?

─ Então. ─ ele iniciou, mas se calou quando percebeu que a voz já se encontrava totalmente embargada, então tossiu e suspirou, novamente dizendo, dessa vez bem rápido: ─ Vamos para o carro, crianças? ─ e os três assentiram, Malu não muito contente, e após Nico desligar a tv, todos foram para o carro.

Cada um sentou-se em sua cadeirinha perfeitamente acolchoada e confortável. Nico na amarelo com laranja, Maya na rosa com branco e Malu na vermelho com rosa, e Noah por último encaixou o bebê conforto na parte do carrinho e deitou Leon, o prendendo direitinho e vendo a agitação de Nico por ter o pequeno ao lado.

Depois ele esperou Lena, que havia ido escovar os dentes, e por fim também entraram no carro, travaram seus respectivos cintos e Noah deu partida pela Rua Barkly, ao oeste de Melbourne, se encaminhando para a rua William.

E ao longo de uns vinte minutos eles percorreram todo o caminho envoltos de risadas gostosas, piadas sem graça por parte do Noah, e cantorias melodiosas da mãe Lena, que fazia todos simplesmente irem na onda e cantarolarem todas aquelas músicas antigas, mas extremamente tocantes.

Quando chegaram em frente ao parque, todos desceram do carro, Noah pegou o pequeno Leon com o bebê-conforto, este acabou fechando os olhinhos em reflexo quando sentiu a claridade, e Malu imediatamente posicionou-se em sua frente.

─ Vamos precisar de uma árvore bem grandona. O solzinho tá forte para esse solzinho aqui! ─ ela se pronunciou, apontando para Leon que a olhava com atenção, como se entendesse tudo o que falava.

─ Então que tal irem vocês três na frente, hein? ─ Noah sugeriu, dando o bebê-conforto para Lena segurar, e em seguida indo até o porta-malas. ─ Vão na frente e procurem uma árvore bem grandona, e fiquem debaixo dela, nada de saírem sem a nossa presença. Tá bom? ─ todos os pequenos assentiram, e com a permissão, correram para dentro do parque, que tinha um portão de entrada logo à frente.

Eles aproveitaram aquele sábado para saírem, pois aparentemente o dia estava agradável, e ventava um pouco, mas tinha sol e não havia sequer uma nuvem pesada, o que, de fato, tornava a manhã propícia para o primeiro passeio do Leon.

Noah, com a bolsa de Leon no antebraço, assim como a cesta, e uma mochila com as coisas de seus outros irmãos, entrou no parque ao lado de Lena, que segurava com atenção e cuidado o bebê-conforto, se policiando para não deixar o sol chegar ao rostinho do pequeno.

─ E aqui continua com aquele arzinho de família. ─ ela se pronunciou, sentindo a brisa gélida tocar seus braços nus, e o rosto, balançando suavemente as madeixas curtas.

─ Sim, e isso é tão bom. ─ Noah concordou, abrindo um meio sorriso e o alargando quando viu um casal de amigos se aproximando, ambos com roupas de caminhada. ─ Olha quem ‘tá vindo ali! ─ Lena olhou para a direção à qual ele apontava, e franziu o cenho. Não se lembrava muito bem de quem eram.

─ Quem são mesmo?

─ A Tamar e o Ed, se lembra? ─ ele respondeu rápido, vendo que os amigos já estavam próximos, e logo abriu um sorrisão, deixando as coisas no chão para abraçá-los com certa euforia.

─ E aí, Noah. ─ Ed, um rapaz negro e bem tatuado, foi o primeiro a se pronunciar, abraçando-o com o corpo musculoso e em seguida fazendo o mesmo em dona Lena.

Em seguida sua namorada Tamar, uma moça baixinha de pele branca e descendência japonesa, também, o abraçou, depois de tê-lo feito na matriarca.

─ É aqui que tá o bolinho? ─ ela perguntou, levando as duas mãos espalmadas ao próprio queixo, num trejeito fofo, e que demonstrava sua agitação.

Dona Lena, pronunciando um ‘sim’ risonho, virou o bebê conforto e subiu o paninho que outrora havia colocado para diminuir a claridade.

─ Ai meu Deus! ─ Tamar se pronunciou, alargando um sorrisão com piercing e de dentes branquíssimos. ─ Olha esse bebê, Ed!

─ A gente precisa muito ter um logo. ─ ele se pronunciou, apressado, se curvando e começando a brincar com Leon, fazendo uns carinhos na barriguinha gorda. ─ Eu sou um bebê lindão titio.

─ Ai, queria tanto pegá-lo, mas ‘tô toda suada. ─ ela resmungou, igualmente encurvada. ─ Ele é muito mais lindo do que por foto, Deus do céu.

─ É verdade. ─ Ed concordou, abrindo um sorrisão ao ver Leon piscar os olhinhos e levar a mãozinha até à boca, soltando um barulhinho engraçado. ─ Ele é muito esperto.

─ Sim, ele é. Acredita que abriu os olhinhos no mesmo dia que nasceu? ─ Lena se pronunciou, com aquela voz doce que tinha.

─ A senhora ‘tá brincando? ─ Tamar respondeu, arregalando os olhos. ─ Mamãe sempre fala que eu abri só no outro dia, mas o meu priminho, o filho da Angel, a senhora a conhece? ─ Lena negou. ─ Ata, mas então, ele também abriu os olhinhos no mesmo dia.

E elas seguiram naquela conversa maternal, enquanto Noah e Ed conversavam entre si, até que alguns minutos depois o casal tivera que se despedir, e Lena, antes de vê-los partir, os convidou para uma confraternização na casa, bem como logo os dois confirmaram e voltaram a caminhada.

Dali, de onde estavam, Noah avistou seus três irmãos acenando com veemência para ele, e quando observou qual árvore era, ele suspirou em saudade e encanto, porque eles não sabiam, mas era aquela mesma árvore que seu Abraham sempre escolhia, e Lena acabou, também, sorrindo ao notar a peripécia.

Com rapidez, depois do rapaz pegar as coisas, eles seguiram para debaixo daquela árvore tão bela, alta, de caule grosso e troncos lindamente folhosos.

─ E ai, escolhemos bem? ─ Malu perguntou, animada.

─ Muito bem, e por que escolheram aqui? ─ Noah logo perguntou, deixando a cesta no chão, assim como as bolsas e já logo se abaixando para pegar uma toalha grande e grossa do interior da cesta.

─ Ah, aqui vocês pode ver nós direitinho. ─ Maya respondeu, e Noah se abaixou a altura da irmã e explicou que naquela situação a palavra certa era ‘podem’ e ‘a gente’, e a garotinha, meio pensativa, assentiu, repetindo as palavras mais duas vezes.

─ E foi ideia do Nico, garotinho esperto! ─ Malu respondeu, orgulhosa do irmão que não prestava atenção. ─ E agora nós podemos ir brincar um pouquinho?

─ Claro que sim, mas deixa a mãe passar o protetor em vocês. ─ depois de chamar atenção do distraído Nico, os três se posicionaram numa filinha indiana e Lena aplicou a loção nos bracinhos, perninhas e rostinhos de Maya, Malu e Nico, respectivamente. ─ Agora podem ir, e se lembrem, nada de dar atenção a estranhos, se chamarem vocês, vocês saem correndo e gritando.

─ Ok, mamãe. ─ os três disseram em uníssono e dispararam numa corrida animada para o parquinho bem estruturado.

Noah terminou de ajeitar as coisas na grande toalha e logo depois os dois se sentaram, com as costas encostadas na larga árvore e com o bebê-conforto posicionado na diagonal, de modo que ele pudesse olhar toda a paisagem atrativa e, também, seus familiares.

Encontrar-se naquele lugar era totalmente nostálgico para aquela família, e isso se dava tanto por não estarem lá com frequência quanto por aquele lugar repor em seus interiores as lembranças mais consumidoras de emoções.

Era simplesmente impossível não ser abraçado pelo pacote de recordações que lhes acertavam como vento impetuoso ao atravessarem aquele portão de entrada, ao percorrerem aqueles caminhos onduliformes que por muitas vezes foram onde, com seu Abraham, brincaram de pique-pega e apostaram corridas, ou quando se sentavam debaixo dessa mesma árvore para observar as crianças divertirem como se não houvesse o amanhã.

E só para se ter uma liga, seu Abraham era fã desses momentos, tanto que em seus últimos minutos de vida, teve um momento em que ele puxou Noah pela mão e num fio de voz o pediu para que quando Leon nascesse, eles não deixassem de leva-lo até o parque Flagstaff, eles não deixassem de seguir com aquela amada tradição familiar, e que fosse assim os filhos de Noah, seus netos e bisnetos.

Mas enquanto conversavam alegremente naquela manhã, a fala do jovem Noah foi perdendo sua total potência até que se tornou um grande silêncio quando seus olhos passaram a acompanhar o movimento de uma silhueta bem conhecida por seus orbes esverdeados.

─ Noah? ─ Lena o chamou, enquanto prendia o riso diante daqueles olhos arregalados e a boca entreaberta. Noah estava desacreditado com o que via, e quem via. ─ Filho, o que foi? O que você viu? ─ ela indagou novamente, olhando para onde o loiro ainda direcionava sua atenção.

─ Ele está aqui. ─ Noah sussurrou, com uma sensação estranha crescendo dentro de si, uma sensação que o tornava ansioso.

─ Que? Ele quem?

─ Seung, mãe. ─ ele respondeu apressado, e voltou a encara-la. ─ Ele está aqui, correndo, ele acabou de passar por ali. ─ soltou quase que num explanado desespero, coçando o alto da cabeça e suspirando logo em seguida. ─ Ai, droga! Eu não acredito nisso. Vem! Vamos embora.

─ É o que? ─ ela se apressou em responder, e segurou-o pelo pulso quando viu que era realmente o desejo de seu coração, já que logo se ajoelhava para ajuntar as coisas. ─ Noah, que nervosismo todo é esse? E daí que seu chefe está aqui? Vocês não se dão bem, é isso?

─ Não é nada disso. ─ ele a cortou, sentindo as bochechas esquentarem numa aparente e confusa vergonha. Ele não fazia ideia do porquê de todas aquelas distintas sensações. ─ Eu só não quero vê-lo agora, hoje, e amanhã.

─ Ah, sério? ─ ela indagou, debochada. ─ Porque se o Seung for quem eu estou pensando, ele está vindo pra cá nesse exato momento.

A sensação de perigo fez Noah arregalar novamente os olhos, e sentindo certa aflição tomar conta de si, ele somente se virou, piscando lentamente ao ver aquele ser imaculado aproximando-se cada vez mais de onde se encontrava, calma e destemidamente. Como o moreno era de costume.

Seung vestia uma calça de fleece e uma blusa branca de manga longa, que para o azar e destruição de toda a sanidade mental de Noah, grudava sutilmente no peitoral chapado do moreno, fazendo por um instante o loirinho desejar um meteoro bem naquele local.

E, ainda sentada, Lena observava toda a cena com certa curiosidade em seu olhar. As reações do Noah e o olhar do homem sobre o mesmo eram interessantes, e ela sentia-se entusiasmada quanto a isso, tanto que acabou não segurando o pequeno sorriso que insistiu para constelar seus lábios quando viu o loirinho escorregar os braços para trás de seu corpo e entrelaçar suas mãos.

Um nítido gesto de nervosismo, a qual ela percebeu quando o filho ainda era bem pequeno.

E Noah sugou o ar devagar quando o viu tão perto, engolindo em seco logo em seguida, e o escutando dizer: ─ Ray! Que surpresa te encontrar aqui.

─ Ah, sim! ─ ele quase se atrapalhou na hora de dizer, e Lena segurou a risada quando escutou-o pigarrear, não pela primeira vez. ─ É uma surpresa te encontrar aqui também... não imaginava que você curtia uma corrida. ─ e conforme sua frase ia sendo concluída, a sua voz, também, ia perdendo toda a potência, porque a medida em que seus olhos observavam os braços úmidos pelo suor, assim como o pescoço e o tronco, ele ia perdendo o total domínio sobre sua capacidade vocal.

─ É... eu gosto de correr aos sábados pela manhã. ─ Seung confirmou, com certa dificuldade, quando teve o olhar atento do Noah de volta ao seu. ─ Você está bonito. ─ o loiro arregalou os olhos ao escutar aquilo, e quando engoliu em seco, Seung tratou de se acertar, pois havia achado que o mesmo não gostara daquilo. ─ Digo, amarelo, de fato, combina com você.

Mas o Noah realmente não conseguiu articular resposta alguma para dar ao Seung, então ele somente suspirou, assentiu, e se virou, olhando para Lena, que agora se encontrava desajeitadamente ajoelhada na direção de Leon.

─ Mãe? ─ ele a chamou, e no mesmo instante arrebatou a atenção da mais velha, que se virou e o encarou. ─ Vem aqui, por favor. ─ ela assentiu, sussurrou um ‘espere um instante, bebê’ e pôs-se de pé.

─ É a sua mãe? ─ Seung sussurrou estarrecido, com os olhos sutilmente arregalados, e Noah assentiu, dando lugar e permissão à um sorriso em seus lábios.

─ Sim? ─ Lena se pronunciou, achegando-se à eles e direcionando até Seung um olhar espremido, ao que parece, tentando se apresentar intimidadora, da mesma forma como faria Abraham em seu lugar.

─ Esse é o Yoon Seung, meu chefe. ─ Noah apresentou-o, e continuou. ─ E essa é a Lena Ray, Seung, minha mãe.

─ Hum... muito prazer, senhor Yoon. ─ ela disse, apertando a destra que se encontrava estendida em sua direção.

─ O prazer é todo meu. ─ ele sorriu, sentindo-se nervoso.

─ Eu não sabia que o chefe do meu filho era adepto das atividades físicas. ─ Noah olhou pro lado e segurou a risada. Ele sabia que Lena só estava se fazendo. ─ Legal, legal. É bom saber disso.

─ Ah... é bom liberar do corpo aquilo que nos faz mal. Sabia que isso faz muito bem não só ao físico, mas ao anímico também? ─ ela arregalou os olhos.

─ Nem sabia que existia essa palavra. ─ Noah soltou a risada que prendia e balançou a cabeça negativamente, olhando diretamente para a mãe. ─ Muito inteligente você, hein, rapaz. ─ ela pontuou, sincera.

E não muito longe dali, as crianças desciam uma última vez pelo escorregador, para depois dispararem numa corrida animada de volta aos seus familiares, pois estavam com fome e sentiam muita, muita sede.

─ Aí, tô com a maior fome. ─ Nico falou, quando pararam de correr, e o rapazinho arregalou os olhos quando notou a presença daquela pessoa que ele nunca havia visto, perto de sua família. ─ E quem será aquele grandão ali, hein?

─ Eu não sei... ─ Maya resmungou, e Malu estreitou os olhos na direção de Seung, o rodeou, pois já haviam chegado, e parou ao lado de Noah.

─ Ah, e esses são os meus irmãos. ─ ele se pronunciou, lembrando-se, também, de Leon, e imediatamente caminhou para trás, atraindo novamente a atenção de Seung para si, e abaixou-se ao bebê conforto até pegar o pacotinho de amor. ─ Pronto, agora sim estão todos. ─ ao voltar, ele brincou, e ficou igualmente sério quando observou a feição de Seung.

O moreno observava Leon da mesma forma como Leon o observava. Sério, como se conseguissem um destrinchar a alma do outro, ou melhor, como se conversassem por baixa frequência.

─ O que está acontecendo? ─ Malu indagou, assustada.

─ Caramba, ele é muito esperto. ─ Seung soltou, e então, um belo sorriso constelou seus graciosos lábios, finos e rosados. ─ Que fofo, queria tanto pegá-lo no colo. ─ ele comentou, sentindo saudade da época em que sua pequena Alice era um pacotinho de amor que cabia em um braço apenas.

─ Realmente, mas todo suado você nem encosta nele. ─ Malu falou de novo, cruzando os braços na frente do busto, e fechou o cenho, atraindo rapidamente a atenção de Seung, que riu diante da cena.

─ Você deve ser a Malu, né? ─ ela assentiu, ainda emburrada. ─ Seu irmão fala bastante de você.

─ E de mim, ele fala? ─ Maya indagou, animada e com um sorriso sapeca.

─ Da Maya? Ah, ele fala sim! ─ Seung brincou, agachando-se para ficar da altura dos pequenos. ─ E você deve ser o festivo Nico. ─ ele lembrou-se, apontando para o garotinho que o encarava com expectativa. ─ Ele fala de todos vocês com grande felicidade, já conheço um pouquinho de todos. E admito, todos são do jeitinho que ele fala.

─ E o que ele fala? ─ Malu indagou, realmente curiosa, enquanto Lena seguia observando tudo extremamente encantada com a desenvoltura de Seung para com as crianças.

─ Ah, por exemplo, ele me disse que você é super animada e dá um show de esperteza, e quando você chegou não parou de observar toda a situação, isso é muito legal e mostra muito sobre você. ─ ela sorriu, assentindo. ─ E da Maya, ele falou que ela é super cerebral, uma garotinha muito inteligente e que gosta bastante de implicar com o Nico. ─ Maya acabou gargalhando, enquanto seu irmãozinho fechou o cenho e rolou os olhos, todo fofinho. ─ E o Nico, Noah me contou que ele é um garotinho mega festivo, que acredita em tudo, papai-noel, fada do dente e tudo mais. É verdade?

─ Ah, é verdade. ─ Maya se pronunciou, apertando as bochechas do pequeno. ─ Ele acredita em tudo, tio. ─ Seung sorriu encantando com a desenvoltura da pequena garota, e pôs-se de pé, olhando o loirinho.

─ Elas são crianças extraordinárias. ─ ele falou. ─ Extraordinárias igual o irmão.

E Noah faltou derreter ao escutar aquilo, mas não ousou demonstrar isso, pois logo pigarreou e virou-se para dona Lena, passando Leon para seu colo.

Mas Seung sorriu, diante do transtorno que percebera ter causado em Noah, e como ele gostava de observar aquilo e vivenciar aquelas cenas, pois isto só fazia aumentar o seu imenso carinho e apreço pelo rapaz.

No entanto, não querendo abusar tanto da situação, ele sorriu e logo disse: ─ Bom gente, agora eu preciso terminar a minha corrida.

─ E quem é você? ─ Nico perguntou, curioso, dando a mínima atenção para o que ele dissera.

─ Ah, eu sou o Yoon Seung.

─ Meu Deus! ─ Malu exclamou, num grito, assustando a todos que ali estavam. ─ Você é o chefe do Noah? ─ Seung positivou com animação, rindo ao escutar a gargalhada que sucedeu da baixinha logo após. ─ Bem que ele falou que o senhor é bonitão, mesmo.

E as reações que se deram após essa pérola foram as melhores: Lena caiu na gargalhada com os seus filhos, menos Leon, que não fazia do que acontecia; Malu levou a mão a boca enquanto arregalava os olhos e se dava conta do que havia dito; Seung observava Noah com uma seriedade inimaginável, e Noah viu [achou!] que ali a sua sentença de morte estava declarada.

─ Você disse que precisava ir, né? ─ Malu se apressou em dizer, tentando consertar o que havia sido dito. ─ Tchau tio Yoon, foi muito legal te conhecer. ─ ela puxou Maya pela barra da saia jeans e grunhiu um ‘dá tchau também Maya’.

─ Tchau tio Yoon, você é muito legal. ─ a moreninha disse ainda risonha, mordendo o lábio para tentar conter mais uma risada, já que Nico continuava na gargalhada.

Seung soltou o ar lentamente, por ainda ter o desorientado olhar do Noah sobre si, e pigarreou, dando um passo ao lado para ficar na direção de dona Lena, e disse: ─ Foi um prazer conhecê-la, senhora Ray. Sua família é extraordinária.

─ Ah sim, o senhor também é, seu bonitão! ─ ela pontuou, fazendo Noah fechar os olhos e respirar fundo, se controlando para não brigar com ninguém.

E Seung, por sua periférica, dum modo rápido, o observou totalmente desconcertado diante daquela situação, então curvou-se brevemente para deixar um beijinho nos cabelinhos de Leon, e aquilo arrancou de Lena um olhar surpreso, pois ela não imaginava que ele fosse o fazer.

─ Até logo crianças. ─ ele completou, deixando um beijinho na cabeça de cada um também, fazendo o mesmo em dona Lena logo após, só que em sua bochecha direita. ─ E até segunda, Noah. Tenha um bom descanso. ─ ele disse por último, se afastando em seguida e sem esperar por uma resposta.

Noah observou a belíssima silhueta se afastar, não dando nem uma pestanejada, e quando o viu longe o suficiente, girou sobre os calcanhares, parando na direção da pequena Malu.

─ Malu! ─ ele exclamou, batendo as duas mãos nas coxas cobertas por um calção simples. ─ Tá ficando doida?

─ Me desculpa! ─ ela gritou, levantando os bracinhos. ─ Eu esqueci que não podia falar, e fiquei tão feliz em saber que era ele, aí eu falei ué.

─ Ué. ─ ele a remendou, fazendo um bico infantil. ─ Eu vou tacar uma fita isolante na sua boca, aí quero ver você falar alguma coisa, rum!

─ Aiai... ─ Lena murmurou, risonha, abaixando-se em seguida e colocando Leon no bebê-conforto, que acabou resmungando, já que gostava mais de um colinho.

─ E a senhora? ─ ele indagou, quase que horrorizado. ─ A senhora não tinha nada que ter ido na onda deles e rido também. Tem titica na cabeça?

─ Titica... ─ Nico sussurrou, coçando o queixo em estranheza àquela palavra, e perguntou:  ─ O que é titica?

─ Cocô. ─ Malu cochichou em reposta, e ele arregalou os olhos.

─ Como que eu vou ter cocô na cabeça?

─ Meu Deus. ─ Maya sussurrou, desacreditada, e sentou-se na toalha. ─ É de mentira seu bobo, é uma brincadeira.

Ataaa. ─ ele falou, em meio a um sorriso sapeca.

E a despeito daquela peripécia, eles continuaram a se divertir horrores naquela tarde. Comeram juntos e brincaram muito. Nico dormiu num curto intervalo, ele era bem dorminhoco, enquanto suas irmãs quase explodiram de cansaço por tanto brincar.

E não muito longe dali, um Seung extasiado, após um banho quente, se deitava em seu sofá para assistir a um jogo de futebol americano.

Ele não conseguira dar continuidade à sua corrida logo após escutar aquelas palavras. Seung simplesmente entrara num estado de ecstasy quase que profundo, e suas passadas seguintes o levaram diretamente para o apartamento.

Parecia bobeira, mas sim, Seung estava explodindo de felicidade por simplesmente saber que o loirinho o achava um ‘bonitão’, uma vez que para ele aquilo era quase impossível de acontecer, e tem mais, arriscava a dizer que se não fosse por Malu, nunca que ele haveria de adquirir conhecimento sobre aquilo.

Então, foi com um sorriso largo nos lábios que ele seguiu toda a sua tarde.

Um sorriso apaixonado, e o peito queimando de amor.


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