Por trás daquela farsa escrita por calivillas


Capítulo 16
Frio e objetivo




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— Mark! Eu e seu pai vamos sair para jantar. Quer que traga algo para você, meu filho? – sua mãe gritou lá de baixo da escada em direção ao sótão, onde Mark Bailer, ou Sirius Star como era conhecido na internet, passava a maior parte do tempo entre seus monitores, receptores e computadores, era um mundo totalmente a parte daquela casa de classe média, no subúrbio.

— Não precisa! – gritou de volta, irritado com a interrupção.

— Então, boa noite, meu filho!

Ouviu-se a porta da frente fechar.

Mark tentou mais uma vez se comunicar com sua amiga Vegas, apesar de ter feito isso o dia inteiro sem sucesso, pressentiu que deveria estar acontecendo algo muito errado, porque, nunca ficaram tanto tempo, sem se falarem. Insistiu mais uma vez, sem sucesso, não sabia o que fazer agora.

Loreta abriu a porta da sua casa para o filho entrar, sua mãe correu para abraçar o neto.

— Seja bem-vindo em casa, Jonathas – o garoto retribuiu o abraço, sem muito entusiasmo.

— Posso ir para o meu quarto agora? – perguntou, querendo ficar sozinho, depois de tudo que passou naquela instituição, por ter sido pego cometendo um pequeno furto.

— Sim, pode – Loreta respondeu, observando o filho se retirar, notou como ele estava muito mais magro, seus olhos pareciam mais velhos que seu rosto, mas continuava um bonito garoto, pensou se ele estaria pronto para mudança que viria.

— Vou dormir – anunciou sua mãe, que saiu se arrastando da sala.

Assim que se viu sozinha, Loreta pegou seu telefone, apertou a discagem rápida, caiu na caixa postal.

— Ele já está em casa. Obrigada – gravou uma mensagem.

— De onde você conhece Rafael, Marcos? – Ramon perguntou ao namorado, quando estava deitado da cama antes de dormir, Marcos abaixou o livro que estava lendo.

— Eu falei que era um amigo de infância, nós nos encontramos um dia, ele foi assistir uma das minhas palestras na universidade – Marcos explicou, sem dar muita importância – Não me diga que ainda está com ciúmes dele?

— Não é isso. Foi você que o reconheceu ou foi ele? – Ramon perguntou, intrigando, era um sentimento estranho que havia algo de errado com aquele cara.

 — Foi ele – Marcos respondeu, voltando a sua leitura.

— E você se lembrou dele?

— Para falar a verdade, não, mas então ele começou a falar da nossa infância do colégio onde estudávamos, de amigos em comum.

— Sabe o sobrenome dele?

— Acho que é Perez. Mas, porque esse interrogatório?

— Por nada, querido – Ramon se voltou para dar um rápido beijo nos lábios do seu namorado – Boa noite, vou dormir – Virando se do lado, porém não conseguiu fechar os olhos, pensativo e resolvido, que amanhã faria uma pesquisa sobre esse tal de Rafael Perez.

— Que lugar é esse? Para onde você está me levando? – Cynthia indagou, preocupada, quando desembarcaram do táxi, na frente de um hotel de aparência sórdida em uma ruazinha deserta, no centro da cidade.

— Vamos passar a noite aqui, até que eu decida o que faremos – ele respondeu, a segurando pelo braço, para entrar no hotel.

— Mas, aqui? – Ela questionou, com cara de nojo.

— Esse é o lugar perfeito para um casal sem bagagem passar a noite, sem registro e sem perguntas

Pararam na frente de pequeno balcão, na recepção velha e suja, onde um homem magro de cabelos sebentos veio atendê-los.

— Um quarto para essa noite, por favor.

Edward colocou com as mãos nas costas de Cynthia para evitar sua fuga. Ela pensou em pedir socorro, por leitura labial, mas o homem não olhou para eles, acostumado em ser discreto.

— Pagamento em dinheiro e adiantado – o homem comunicou, Cynthia pensou que seria a sua chance para tentar fugir, quando a soltasse, mas ao pegar a carteira Edward fez questão de deixar a sua arma bem à vista dela. Ele pagou e recebeu em troca uma chave com o número do quarto.

— Vamos, querida! — Ele a segurou pelo braço e, sutilmente, puxou-a em direção ao pequeno e antigo elevador, que ascendeu com sons dolorosos.

— O que pretende fazer se Julie não aparecer, me deixar presa para sempre? Me matar? – Ela indagou, em um tom desafiador.

— Por enquanto, você ficará comigo. Talvez, se sua namorada gostar um pouco de você, ela apareça – ele afirmou, abrindo a porta do quarto, cheirando de mofo e cigarro barato. – Sente-se! – ordenou apontado, a velha cama forrada por uma colcha colorida, que já viu dias melhores, trancou a porta e guardou a chave no bolso, ela obedeceu. – Agora, ligue para Julie e deixe um recado, dizendo que você chegou em casa e encontrou tudo destruído, que está preocupada e precisa que ela entre em contato. Mas, atenção! Fale só o que eu mandei mais nada – ameaçou, entregando-lhe o telefone dela, que ele havia guardado, ela fez exatamente o que ele mandou. — Agora, vamos esperar.

Edward tirou o paletó, deixando arma guardada no coldre bem à amostra, sentou-se na pequena poltrona, descalçou os sapatos e colocando os pés sobre a cama.

Cynthia se encostou na cabeceira da cama, com o seu telefone bem à vista, sem a mínima ideia de que tinha acontecido com Julie. Será que alguém a encontrou e a sequestrou? Mas quem? Se Edward disse que trabalhava para o banco, quem mais teria interesse em Julie?

— Você já considerou a hipótese que sua namorada a abandonou e fugiu com toda grana? – Edward questionou, como se adivinhasse seus pensamentos, aquelas palavras acendeu a desconfiança no coração de Cynthia, imaginado se Julie seria capaz de abandoná-la à própria sorte.

 — Edward, você não vai me matar, não é? – Cynthia começou com a voz suave, seria sua última cartada. – Mesmo depois do que aconteceu entre nós dois, naquela casa. Sinto falta do Sam, daqueles momentos na despensa – ela continuou, provocadora.

— Também, não posso negar que sinto falta da Alicia, tão sensual e quente, pronta para uma boa transa. Mas, Alicia e Sam não estão aqui nesse momento, quem estão nesse quarto são Edward e Cynthia, que nunca tiveram e nunca terão nada a ver um com o outro, além de um roubo de milhões de dólares – ele respondeu de modo frio e objetivo.


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