Meu Pequeno Anjo escrita por Lelly Everllark


Capítulo 8
Sopa, penteados e conversas deprimentes.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voooltei!!
E com capítulo novo narrado pelo Concon ♥
E eu só queria dizer que, eu em mais uma das minhas loucuras resolvi escrever alguns contos com os personagens tão malucos e inesquecíveis de Contrato de Amor, vão ser capítulos únicos e independentes, mas sempre com o toque de falta de sorte e comédia da protagonista mais maluca de todas (Elisa, eu tô falando de você mesma u.u) kkkkkk
Espero que gostem da ideia e quem quiser, fique à vontade para ir lá dar uma olhadinha!! ♥
https://fanfiction.com.br/historia/758911/Lacos_de_Amor/
Enfim é isso, BOA LEITURA!! :3



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   Connor

  Enquanto eu ajudava Angie com o banho e ela me molhava todo repassei os acontecimentos do dia. Acordei pensando que eu e apequena teríamos paz e sossego e lago de cara ganhei uma colega de apartamento e Stu uma nova melhor amiga, já que assim como Angie, ele tinha se apaixonado pela Izzie. E a pequena tinha ganhado também amigas da sua idade.

  Era muito louco pensar nisso tudo, e eu já estava até com medo do que a minha mãe ia fantasiar assim que soubesse que eu estava morando com uma garota bonita. Dona Vera não era e nunca foi a pessoa mais discreta do mundo e eu tinha certeza de que ela já estava sonhando em como e quando eu adotaria Angie. Mas não era fácil assim, não tinha como ser.

  Eu tinha uma vida e um emprego que já havia parado por causa dela, nem teria com quem deixar Angie amanhã se minha mãe não pudesse ficar com ela. Então como dona Vera poderia sonhar que eu ficaria com a pequena se nem de mim eu estava cuidando ultimamente?

  - Con, você ainda vai passar muito xampu em mim? – Angie me tirou dos meus devaneios ainda de olhos fechados enquanto eu passava xampu em seu cabelo. – Já posso abrir o olho?

  - Não – eu ri. – Espera só mais um pouquinho.

  - Tá — ela respondeu simplesmente e não se mexeu mais. – Con? – Angie chamou um minuto depois ainda de olhos fechados.

  - Oi.

  - A Iz vai voltar?

  - Vai sim, ela só foi ao mercado.

  - E você, vai embora?

  - Não – respondi sem entender. – Não vou a lugar nenhum. Por quê?

  - Por que meus pais sempre iam e eu ficava sozinha com aquelas mulheres malvadas. Não quero ficar mais sozinha, você vai ficar pra sempre, Con?

  Sua pergunta me pega de surpresa, não posso dizer a ela que sim, por que não sei o que vai acontecer, não tenho nenhuma certeza para lhe dar. Mas tão pouco posso simplesmente dizer que não. Como digo a uma garotinha tão inocente e de sorriso encantador que nem mesmo sei até quando ela vai ficar comigo?

  - Enquanto você ficar aqui eu não vou embora - digo por fim. Não respondo sua pergunta, mas também não minto, por que é verdade que enquanto ela estiver comigo não pretendo deixá-la só.

  - Então eu não vou embora! - ela diz animada em sua simplicidade ainda de olhos fechados. Eu só consigo sorrir sem ter coragem de dizer a ela que ela provavelmente vai embora em algum momento.

  Terminamos o banho e depois de ajudar Angie com o pijama nós entramos outra vez na crise de pentear os cabelos. A pequena se sentou na cama sorrindo pra mim e esperando que eu fizesse alguma coisa. O problema não foi nem desembaraçar o cabelo da pequena, o problema mesmo veio depois, como as mães conseguem deixar o cabelo partido em linha reta? O partido do cabelo de Angie ainda estava completamente torto quando ouvimos a chave na porta. A pequena saiu correndo em direção à sala e eu sem muita alternativa a segui.

  Izzie entrou no apartamento cheia de sacolas e deu um sorriso divertido ao ver o cabelo dela.

  - Quem penteou seu cabelo, Angie? 

  - Foi o Con. bonito?

  - Muito - a morena disse fazendo um esforço visível para não rir. - Mas posso ajeitar só um pouquinho?

  - À vontade - resmunguei lhe estendendo o pente. Izzie gargalhou depois de deixar as compras no chão e fez Angie se sentar no sofá para arrumar seu cabelo.

  - Por que não faz um penteado nela? Uma maria-chiquinha, uma trança?

  - Você acha mesmo que eu sei fazer algo como isso?

  A morena olhou para o cabelo da pequena e riu.

  - Não.

  - É verdade Iz, o Con não sabe fazer como a mãe das meninas chatas lá da creche. Elas sempre iam com o cabelo bonito e diziam que minha mãe não gostava de mim, por isso não arrumava meu cabelo.

  O relato da pequena me pega de surpresa. Como crianças pequenas conseguem ser tão más? Eu não sei o que dizer, nem sei se Izzie entende muito bem o que está acontecendo, mas mesmo assim ela é a primeira a se mexer. A morena se abaixa para encarar Angie e sorri.

  - Aposto que elas só diziam isso por que tinham inveja do seu cabelo bonito. E não acredite nelas, Ok? Aposto que sua mãe amava muito você.

  - Não sei. As moças que cuidavam de mim diziam que minha mãe não gostava de mim - Angie dá de ombros sem parecer realmente se importar e eu sinto nojo do que estou ouvindo, mas não consigo me mexer ou falar qualquer coisa, só continuo as observando. - Como é o amor de uma mãe, Iz?

  Izzie aperta o pente que tem nas mãos e vejo seus olhos escuros marejarem.

  - Muito grande. Uma mãe te faz carinho, te faz cócegas, protege você. Cozinha o que você gosta de comer e te leva pra passear, ela também briga com você quando faz coisas erradas, ela... Ela... - Izzie se interrompe e percebo que está chorando, ela tem uma mão na barriga e outra nos cabelos de Angie. - Mãe é aquela pessoa que cuida de você sempre e independente de qualquer coisa.

  - Minha mãe não era assim. Mas não chora, Iz. Eu posso arrumar outra, não posso? A Elle disse que eu podia - Angie diz consolando Izzie e eu levo um instante para perceber que Elle é Helen a assistente social.

  - Aposto que pode - Izzie sorri limpando o rosto. - A melhor que tiver. Eu te ajudo, posso?

  - Pode! Mas não precisa chorar, agora eu tenho a vovó e o vovô, o Con e você. Não mais sozinha - as palavras da pequena tão simples e sinceras me fazem sentir ainda pior por toda essa situação. Por não saber o que fazer e ainda por cima envolver Izzie, uma pessoa que não tinha nada a ver com essa coisa toda, nessa história.

  - Certo - digo por fim. - Que tal fazermos o jantar, está tarde e todo mundo vai acordar cedo amanhã.

  - Macarrão! - Angie comemora como se a conversa de dois minutos atrás não tivesse acontecido.

  No fim não é macarrão, Izzie faz sua sopa que não fica tão ruim, eu é que realmente não gosto muito de sopa. Eu e a morena comemos em silêncio, mas Angie continua tagarelando sobre passar o dia com a “Vovó” sem perceber o clima que suas palavras criaram.

  Menos de dez minutos depois de escovar os dentes e deitar no sofá a pequena dormiu. A pego no colo e sorrio, seu rosto tranquilo me faz querer proteger essa expressão de felicidade. A coloco em minha cama ainda me perguntando por que meu pai e a esposa tiveram Angie se não tinham intenção de cuidar dela.

  Volto para a cozinha e encontro Izzie encarando a pilha de louças sujas sem parecer realmente vê-la, ela está muito longe.

  - Tudo bem? - pergunto me aproximando e ela me olha triste. Eu não tinha notado ainda, mas a morena sempre parecia triste, ela sorria, brincava, brigava, só que sempre parecia terminar com uma expressão de tristeza no rosto.

  - Quem são os pais da Angie? - ela pergunta sem rodeios adotando uma expressão de raiva. - Por que faziam isso com ela?

  - Izzie, olha, eu não quero ser indelicado, mas isso não é da sua conta - e não era. Falar sobre o quão desnaturado era o meu pai, não estava no meu top três de coisas para se fazer com uma estranha. - Eu não sei o quanto você entendeu, mas só o que precisa saber é que os pais dela estão mortos e que essa situação comigo é temporária.

  - Temporária?

  - Só até a assistente social que está cuidando do caso de Angie achar uma nova família pra ela.

  - Ah, entendo... - ela suspira parecendo desapontada e não gosto da sensação que seu desapontamento me causa. - A tal Elle que Angie falou?

  Sorrio sem conseguir me conter.

  - Helen, o nome da assiste é Helen.

  Izzie sorri também e logo em seguida me estende a esponja que estava em cima da pia.

  - Eu cozinhei então você lava - diz divertida apontando para a louça suja e logo em seguida saindo da cozinha. - Boa noite, Connor.

  - Boa noite... - me viro para responder, mas ela já foi. - Izzie.

  Lavo as louças em silêncio sem saber mais o que esperar dessa louca situação. Como Stuart disse depois que lhes contei o que tinha acontecido, numa tacada só eu havia ganhado uma mulher e uma filha. Eu ri do seu comentário, mas a julgar pelo nosso jantar, realmente se parece com algo assim. Mesmo que seja só uns poucos dias. Estremeço só de pensar o que minha mãe vai inventar, por que sei que assim que deixar Angie com ela amanhã, a pequena vai contar da “Moça bonita” e mamãe vai começar a fantasiar que somos uma família grande e feliz.

  Acordo com o barulho do despertador sentindo uma mãozinha espalmada em meu rosto. Abro os olhos e sorrio, Angie está toda torta na cama com a coberta muito longe, se estivesse na beirada, provavelmente tinha caído.

  - Angie, vamos, temos que levantar - chamo a balançando de leve e ela faz careta quando abre os olhos.

  - Não quero levantar, Con.

  - Mas precisa. Você não queria ir ver a vovó?

  - Verdade, eu vou pra casa da vovó! - ela diz animada arregalando os olhos e ficando de pé e depois descendo da cama toda descabelada. - Vamos Con, se não a vovó vai pensar que eu não vou mais!

  Eu sorrio a seguindo.

  - bom, só não corre, por... - me interrompo piscando surpreso. Izzie está parada em frente à porta do banheiro enrolada só em uma toalha, os cabelos escuros estão molhados e os olhos tão escuros quanto se arregalam ao me ver.

  Eu não consigo não olhar, suas pernas bem torneadas, as gotas d'água escorrendo em seu pescoço, o rosto vermelho por causa da situação. O momento é constrangedor, sobretudo pra ela, mas nenhum de nós se mexe.

  - Eu é... Não sabia que você estava acordado - ela diz com o rosto ficando cada vez mais vermelho. - Eu vou é... - ela sai correndo em direção ao seu quarto antes mesmo de terminar a sentença.

  - Con, você me ouvindo? - a voz de Angie chega até mim e me faz desviar os olhos da porta pela qual Izzie acabou de passar. Olho a pequena e ela está me encarando com curiosidade.

  - O que você disse?

  - Que distraído você, Con! Nunca me escuta. Eu tava perguntando por que a Iz não falou comigo.

  - Por que ela estava tomando banho e foi se vestir. E agora vem que é nossa vez e estamos atrasados - levo a pequena para o banheiro e corto o assunto antes que eu me lembre do quão bonita e perigosa é a visão de Izzie só de toalha.

  Eu provavelmente ficaria louco até essa situação toda terminar. Eu não tinha mais duvidas de que tinha me metido na maior confusão.

  Não vi mais Izzie depois disso. Estava tentando partir o cabelo de Angie, outra vez, quando ela gritou um “Tchau Angie!” da sala e saiu. Eu não sabia onde ou em que a morena trabalhava, mas tinha certeza de que não estava atrasada ainda. Eram sete horas quando ela saiu e eu estava começando a achar que era pra me evitar. Por que será, né? Eu vi a garota seminua e nem consegui falar nada. Mas o que eu diria? Linda toalha? É, não daria certo. Ela ter saído realmente foi o melhor.

  Terminei de arrumar Angie e me arrumar, nós comemos cereal, como sempre, e seguimos para a casa da minha mãe. A essa altura ela devia ter comprado metade de uma loja de brinquedos para a pequena, mas eu não conseguia não ficar feliz com isso, Angie realmente não tinha muito com o que se distrair.

  - Finalmente, Concon! Achei que não viriam mais, já estava com saudades da Angie! - dona Vera diz exagerada assim que saímos do carro em frente a sua casa. A loirinha é a primeira a abraçar minha mãe.

  - Como foi a mudança?

  - Legal vovó. - Angie me corta antes que eu possa responder. - Agora eu e o Con não moramos mais com o Stu e o Jay, a gente mora com a Iz. Ela é bonita, tem um montão de cabelo preto, mas tem um pedaço que é azul e a amiga dela a Gwen, tem cabelo roxo e olho verde igual a Hannah e a Agatha. A gente vai fazer bolo, vovó? Por que a Iz não fez por que tinha que fazer a sopa.

  Eu e mamãe olhamos para Angie incrédulos a pequena falou tanto e tão rápido que não sei como entendi tudo. Mas minha mãe aparentemente não teve a mesma sorte, por que ainda está piscando confusa. Ela finalmente me olha com um olhar acusador.

  - O que está acontecendo aqui, Connor Scott? - ela pergunta e essa é a minha deixa para dar dois passos para trás e dizer que estou atrasado.

  - Depois te explico, tenho que ir mãe. Volto no fim da tarde para buscar Angie. Te amo.

  - Connor! - ela insiste, mas eu já entrei no carro sorrindo da sua cara indignada. Mamãe odeia ser a última a saber das coisas.

  - Tchau mãe, tchau Angie!

  - Tchau Con! - a pequena se despede e minha mãe me olha feio uma última vez.

  - Quando vier buscar Angie você não me escapa, está ouvindo Connor?

  - Sim mamãe, tchau!

  - Tchau - ela diz por fim ainda contrariada e acena para mim junto com Angie da calçada.

  Sorrio e buzino pra elas antes de virar a esquina e deixar de vê-las. Mal uma das mulheres que entrou na minha vida recentemente sai da minha cabeça e a outra entra. Não tenho por que pensar em Izzie de toalha, nem em como ela fica bem assim, na verdade isso não é nem da minha conta. Primeiro penso em resolver a situação de Angie, depois vejo outras coisas, como, por exemplo, a garota bonita que mora comigo e dorme a uma porta de distância de mim. É, eu estou muito ferrado.


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Notas finais do capítulo

Eai, gostaram? Quero opiniões!!
Beijocas e até ♥



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