Meu Pequeno Anjo escrita por Lelly Everllark


Capítulo 9
Fofocas e falta de educação.


Notas iniciais do capítulo

Oiiie voltei, e cá estou eu com capítulo novo!!
Espero que gostem e boa leitura :D
PS: Se tudo der certo, TALVEZ, eu disse talvez, até amanhã saia capítulo novo da Lisa e do Tony em Laços de Amor, mas nada confirmado, Ok? Só vai sair se eu conseguir terminar .-.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756351/chapter/9

Izzie

  Ele me viu nua.

  É tudo o que penso enquanto caminho para a lanchonete, isso mesmo, caminho. Por que saí cedo de mais e não parava de pensar que Connor tinha me visto nua. Ok, tudo bem não foi nua, foi de toalha, mas ainda assim é constrangedor. E o pior de tudo é que ele nem falou nada, nem bom, nem ruim sobre a infame situação, só ficou lá com cara de bobo.

  Agora o que quer que eu pense? Um cara gato me viu de toalha e nem sou interessante o suficiente para ser comentada e olha que ainda nem estou do tamanho de um ônibus. Quase tive uma crise de choro no meio da rua, mas consegui me conter. Cada minuto que passava eu percebia que estava mais difícil esconder essa gravidez. Já até conseguia ouvir a voz de Gwen dizendo “Eu avisei que isso era uma péssima idéia”. Daí ela ia começar a fantasiar que eu tinha me apaixonado e estava ferrada. E ela tinha razão, não sobre a paixão, essa eu esperava que nunca aparecesse, mas sobre o quão ferrada eu estava, só tinha dois dias e eu já tinha me apaixonada por Angie e sido vista de toalha por Connor. Dois dias. Eu nem queria ver o que aconteceria até chegarmos a uma semana.

  Quando cheguei à lanchonete Ryan já estava sentado na calçada esperando o Sr. Braga aparecer para abrir as portas. Verifiquei as horas, e ainda faltavam quinze minutos para as oito. Me juntei a ele na calçada, o moreno sorridente me abraçou e beijou minha cabeça.

  - Oi florzinha, como está? - ele perguntou sorrindo.

  - Enjoada - disse sinceramente. Eu tinha saído de casa sem comer e agora queria colocar o jantar da noite anterior pra fora. - E você?

  - Com sono. Está passando mal?

  - Não, só não comi - garanto sorrindo. - E o David, como está?

  - Espero que no inferno - ele reclama e acho graça.

  - Quem no inferno, gente? - Gwen se junta a nós na calçada aparecendo do nada. - Nós ficamos um dia sem vir trabalhar juntas e já estou perdendo os babados.

  - Dramática - cantarolo e ela revira os olhos.

  - Mas e o inferno? - ela insiste e eu rio.

  - David está lá se eu tiver sorte - Ryan diz sorrindo.

  - Terminaram outra vez? - a morena quer saber e meu amigo gay se faz de ofendido.

  - Como assim “Outra vez”? Dessa vez acabou mesmo, Ok? Estou solteiríssimo. Na pista pra negócio. É oficial.

  - Aham — ironizo. - Como na semana passada? Ninguém mais acredita em vocês Ryan, nem vocês mesmo. Tu e o David ainda vão acabar se casando.

  - Deus é mais, eu casar com aquele encosto? Não obrigado. Estou solteiro.

  - Quem está solteiro? Você Ryan? Até quando? - nosso chefe pergunta abrindo as portas da lanchonete e nós três nos viramos surpresos. O Sr. Braga sorri divertido, até ele sabe do rolo interminável do nosso cozinheiro com o namorado.

  - Até o senhor? - o moreno pergunta indignado enquanto entramos. - Tudo bem, pensem o que quiserem, mas agora acabou mesmo.

  Ryan continua reclamando, mas ninguém mais está prestando atenção, nós seguimos para os fundos da loja para nos trocarmos e encararmos mais um dia. Além do Sr. Braga no caixa, Ryan na cozinha com seu ajudante, Luke, um moreno que gosta de nos lembrar sempre que ele não é ajunte e sim colega de trabalho, tem também as outras duas garçonetes, Holly uma loira baixinha e Katie uma morena com mais furos na orelha que dedos nas mãos. Holly e Luke são um casal a pouco mais de dois meses e gostam de esfregar na nossa cara que podem se pegar no horário de almoço. De modo geral a lanchonete do Joe's é um ótimo lugar para se trabalhar e olha que esse nem é o nome do senhor Braga, ele se chama Phillip, Joe era o seu pai que fundou a lanchonete há vários anos atrás.

  - Adivinha que me abandonou e agora tem um companheiro de apartamento gato? - Gwen dispara meia hora depois de começarmos a trabalhar. Tem apenas dois clientes então estamos todos no balcão. Eu quero matar a morena, mas tenho que admitir que ela até que demorou para abrir o bico. Minha amiga adora uma fofoca.

  - É o que? - Ryan surge da cozinha interessado. aí outro fofoqueiro de primeira.

  - Boy? Mas vocês não moravam juntas até semana passada? A Izzie tem namorado? - Holly me olha curiosa e definitivamente vou matar Gwen. 

  - A gente foi despejada, lembra? Ela nem veio trabalhar sábado, enfim. A Izzie arrumou um apartamento e os donos fizeram uma confusão na hora de alugar, agora para a tristeza dela, ela mora com um loiro alto e de olhos azuis.

  - Cala a boca, Gwen! - já estou para fazê-la comer o bloquinho onde anoto os pedidos.

  - Ai meu Deus! Isso é sério? - Holly pergunta animada, Katie prefere ouvir nossas fofocas a opinar nelas.

  - Tipo um loiro gato que nem o idiota do meu namorado? - Ryan quer saber com os olhos escuros quase saltando das órbitas de curiosidade.

  - Tipo isso - minha amiga responde por mim e depois olha para o moreno. - Ele não era seu ex há meia hora atrás?

  - Isso não vem ao caso agora - ele descarta a informação com a mão. - Mas fala Izzie! Quem é ele? Quantos anos têm? É solteiro? Você está interessada?

  - Eu não sei, Ok? Não sei nenhuma dessas respostas. Eu o conheço há dois dias então não têm como eu saber nada. Fora que ele tem uma irmãzinha e eu não estou interessada.

  - Como assim “Ele tem uma irmãzinha”?

  - Você não sabe o que é uma irmã não, Ryan?

  - Haha, muito engraçadinha você, mas o que o fato dele ter uma irmã tem a ver com a história?

  - Ela mora com ele, e ele comigo, então somos três no apartamento.

  - Como ela é? - Holly pergunta interessada.

  - Loirinha, fofinha e super encantadora. Tem cinco anos. Já apaixonada e vou sofrer quando ela for embora. Mais alguma coisa ou posso voltar a trabalhar?

  - Ui ela estressada - Ryan debochou e eu revirei os olhos saindo dali. Precisava de um momento ou iria chorar. Nem sabia mais por que, mais iria.

  Sempre que eu via a interação entre o Connor e a Angie sorria tanto quanto queria chorar, eles eram lindos juntos e eu queria isso para o meu bebê. Mesmo que o loiro tivesse dito que a situação com ela era temporária, eu não acreditava, não quando via o sorriso dele e os olhos brilhantes dela. Eram uma família e nem tinham se de dado conta disso ainda. A “vovó” que Angie mencionara, tinha razão quanto ao loiro não deixá-la ir. Ele podia só não saber disso ainda. Isso me deixava feliz, por que os conhecia há pouco, mas queria mesmo que fossem felizes, só que por outro lado, quando eles resolvessem ir eu acabaria pior do que estava quando chegaram, por que Angie é uma graça e estar sozinha é uma droga.

  - Mesa cinco, Izzie. Hei! Você está me ouvindo? - Gwen tinha me encontrado em meu esconderijo no canto perto da máquina de café, eu tentei sorrir para ela.

  - Eu ouvi. Mesa cinco. Já estou indo - peguei meu bloco de anotações, balancei a cabeça e melhorei meu sorriso indo até a área das mesas. Não iria pensar em Connor, ou nossa estranha situação, nem em Angie e seu sorriso encantador, nem em meu bebê e no quanto estávamos ferrados, iria só trabalhar e tentar não chorar no meio do expediente, o resto eu via depois.

  Atendi clientes, ouvi as piadinhas debochadas do pessoal e tive dois enjôos ao longo do dia e isso foi bom, pelo menos me fez esquecer o vexame com Connor hoje de manhã. Meu expediente acabaria em menos de uma hora e eu estava feliz, só precisava ignorar o acontecido que nós nos viraríamos bem pelos próximos dias. Trinta e sete minutos, contei. Depois disso um sorvete ou quem sabe um milk-shake e eu iria para casa.

  A sineta da porta tocou e Gwen sorriu passando por mim com dois hambúrgueres em sua bandeja.

  - É seu, boa sorte.

  Estava prestes a perguntar o porquê do “Boa sorte” quando coloquei os olhos na cliente. Uma morena com cabelos de comercial de xampu, óculos escuros, saltos e uma bolsa que deve custar mais que a minha geladeira tinha acabado de se sentar em uma das mesas de madeira antiga e toalha de mesa fora de moda da lanchonete. Por que mesmo que ela entrou aqui? Respirei fundo, coloquei meu melhor sorriso falso e fui até ela.

  - Bem-vinda ao Joe's, eu sou a...

  - Aqui não tem nada menos gorduroso, não? - ela me interrompe de forma mal educada e sorri como se isso fosse normal. Talvez no mundo chique dela seja.

  - Sinto lhe dizer que nosso cardápio é esse - não sinto nenhum pouco, na verdade. Por que ela entrou em uma lanchonete atrás de algo mais saudável que macarrão e hambúrguer?

  - Que seja. Me traga uma água com gás então.

  - Algo mais? - pergunto querendo sair o mais rápido possível de perto dessa mulher cuja educação passou longe e o perfume doce está me deixando enjoada.

  - Vocês têm salada? - a olho sem acreditar, salada? Sério?

  - Não senhorita, não temos. Já disse que o nosso...

  - Uma salada de frutas então - ela me interrompe outra vez revirando os olhos impaciente. - E ponha um limão na minha água.

  A encaro sem acreditar, sua falta de educação consegue ser maior que a sua beleza. Do que adianta uma pessoa ser bonita só por fora?

  - O que está esperando? - ela pergunta ironicamente como se eu fosse idiota e eu quero fazê-la comer meu bloco de anotações. Seu perfume chega até mim outra vez e sinto que se abrir a boca eu provavelmente vou vomitar meu lanche da tarde em seu cabelo bem escovado. - É surda por acaso?

  Serro os dentes e respiro fundo, sem saber o que fazer. Não posso ignorá-la, mas também não posso abrir a boca correndo o risco de xingá-la ou vomitar encima dela, o que vier primeiro.

  - Certo Izzie, seu turno acabou. Vá se trocar. Me espere para irmos juntas, te amo. Agora vai - Gwen aparece ao meu lado me arrastando para longe da mesa e sua ordem disfarçada de pedido é categórica. Não preciso ouvir outra vez antes de lançar um último olhar irônico para a modelo sem educação e sair.

  Alcanço o vaso sanitário do banheiro dos funcionários e despejo ali tudo o que comi durante o dia. Quando finalmente não resta nada em meu estômago é que ele para de se contorcer. Lavo a boca e fecho a tampa do vaso me sentando ali mesmo enquanto tento acalmar a respiração. Mais um minuto e eu teria feio um estrago enorme no vestido caro daquela sem educação. Não sei o que me irritou mais, sua vida que aparentemente é perfeita (ninguém que pareça ser rico deve ter uma vida ruim), ou sua completa falta de noção. Só por que sou garçonete não preciso ser tratada com respeito?

  Lavo o rosto e a boca mais algumas vezes antes de finalmente sair do banheiro. As garotas estão se trocando no vestiário feminino e começo a fazer o mesmo depois de lhes cumprimentar. Quando Gwen aparece elas já saíram e eu estou amarrando o cabelo outra vez depois de ter colocado meu jeans e a camiseta com os quais eu vim pra cá hoje.

  - Você está bem? Não sei se entendi direito, mas você parecia perto de bater nela ou vomitar. Então quis evitar um desastre - ela diz começando a tirar o vestido azul claro ridículo com avental branco que usamos para trabalhar e eu sorrio.

  - Você foi ótima como sempre. E eu ia vomitar em cima dela se tivesse aberto a boca. Então obrigada, sério. Você notou o quão mal educada era aquela dondoca? Meu Deus! Eu já estava para mandá-la pastar.

  Minha amiga riu começando a colocar sua própria roupa outra vez.

  - Ela realmente era uma vaca, então a definição foi ótima. Está a fim de um passeio de garotas ou prefere ir para a casa ver seu loiro dos olhos azuis?

  Só a menção a Connor me faz lembrar do ocorrido hoje cedo e gemer em um misto de frustração e vergonha.

  - Ele me viu de toalha hoje cedo, então vamos sair. Quero sorvete para me esquecer do meu dia.

  - É o quê!? - minha amiga pergunta com olhos arregalados. - Ele te viu pelada e você não me disse nada?

  - Isso, berra mais alto que o Sr. Braga ainda não ouviu. Vamos só ir comer que eu te conto, Ok?

  - , mas vamos logo com isso então - ela diz pegando sua bolsa e começando a me arrastar pra fora do vestiário. Gwen para de súbito e me encara quase nos fazendo esbarrar. - Mas é sério que o Connor te viu pelada?

  - Gwen - digo seu nome como um pedido e ela ri.

  - Mas o que ele disse? - ela quer saber assim que alcançamos à calçada.

  - Nada.

  - Como assim nada?

  - Nada de nada mesmo. Ele só ficou lá me encarando. Foi uma droga e bem constrangedor. É errado da minha parte querer bater nele?

  - Eu quero bater nele também, então acho que não. Mas me conta mais. Quero detalhes.

  Reviro os olhos, mas estou sorrindo. Sei que a morena fofoqueira não vai me deixar em paz se eu não falar, então só me resta contar. Nós andamos pelas calçadas, trocando informações da primeira noite em apartamentos diferentes e sorrio com Gwen reclamando do péssimo hábito do namorado de não levantar a tampa da privada antes de fazer xixi. Será que vou ter que conversar com o Connor sobre isso? Quando dei por mim já estava divagando sobre o loiro outra vez. Eu já estava muito ferrada, só não tinha coragem de admitir.

  Paramos em uma sorveteria e eu finalmente consigo meu sorvete de chocolate e Gwen o seu de morango. Estou quase indo embora quando decido levar um sorvete de chocolate para Angie também, não consegui não lembrar dela quando vi o doce gelado. Chocolate nunca mais seria só chocolate, ele sempre me lembraria daquele anjinho loiro de agora em diante.

  - Amor o nome disso - minha amiga debochou depois que eu guardei o sorvete da pequena na bolsa, ele provavelmente iria derreter, mas o que vale é a intenção, certo? - Você sabe que ela vai embora, né? Tipo, ela pode ir amanhã, ou ter ido hoje, você tem consciência disso Izzie?

  - Tenho - digo suspirando. - E tenho consciência de que vou sofrer quando isso acontecer. Mas quer saber de uma coisa? Eu não me importo, se eu puder fazer aquela garotinha feliz nem que seja um pouco eu vou fazer. Mesmo sem perceber ela deu um pouco mais de alegria pra mim, então não me importo em retribuir o favor.

  - Eu sei, eu sei - ela sorri e depois me encara. - Amor - volta a cantarolar e eu reviro os olhos a deixando pra trás enquanto ouço sua gargalhada as minhas costas.

  Seja o que for que acontecerá de agora em diante, eu já não ligo mais de me magoar, não se eu puder ver um sorriso naquele rostinho lindo do qual eu já estou com saudades. Como é possível?

  Quando chego ao meu apartamento depois de me despedir de Gwen duas quadras antes, já não tenho ideia nenhuma do que dizer ou como me comportar com Connor. Ok, ele ter me visto de toalha não foi exatamente o fim do mundo, o fim do mundo mesmo foi ele não ter dito nada, será que eu não sou mesmo o tipo dele?

  Tudo bem, isso não importa, não é como se eu quisesse que ele gostasse de mim ou coisa parecida, não preciso de mais problemas. Somos adultos e isso não é nada, vamos só fingir que nada aconteceu, simples assim.

  - Sobre hoje de manhã podemos só fingir que nada aconteceu – vou dizendo antes mesmo de entrar em casa – Somos adultos e... Você!? – paro meu monólogo sem acreditar em quem está sentada em meu sofá.

  - Olha se não é a garçonete sem classe de mais cedo – a super modelo sem educação debocha e pisco sem entender. Mas que merda está acontecendo aqui?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E foi isso, o que acharam? Quero opiniões!!
Beijocas e até!! :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Pequeno Anjo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.