Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 9
IX.


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo maiorzinho pra compensar o tempo longe ♥



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Na manhã seguinte Alex acordou cansado e arrastando-se saiu da cama ao som do terceiro despertar do celular. Após o banho o mesmo desceu, já vestindo seu uniforme, para o café da manhã e à mesa avistou sua pequena irmã que sorriu agitando os braços ao também vê-lo.

— Ela perguntou tanto por você ontem quando chegou – comentou Sofia voltando da cozinha – mas você dormiu cedo. Algo aconteceu?

— Sim – ele sentou-se a mesa ao lado da irmã e afagou o cabelo da mesma – usei muito meu cérebro ontem.

— Que bom ouvir isso – a mulher sentou-se de frente aos mesmos – Arabella está indo bem?

— Pode-se dizer que sim.

Alex levou ao prato dois grandes pedaços de omelete.

 

•••

 

A caminho da escola Alex encontrou Thomas novamente e este o cumprimentou animado.

— Faltam poucos dias para a festa, mal posso esperar!

— É mesmo – murmurou lembrando-se do fato.

— Não lembrava?

— Nem um pouco.

— O reforço tem tomado tanto seu tempo assim?

Alex sorriu de lado recordando-se.

— Não, só tenho coisas demais na cabeça esses dias.

— Isso inclui biologia? Ou alguma professora? – sorriu sugestivo.

— Nenhum dos dois Thomas, nenhum dos dois.

Alex lembrou-se das palavras de Arabella e sentiu o peito apertar. Se ela o via como uma criança como podia ele vê-la como algo a mais? Ela estava pensando no seu futuro e não nele.

— Certo, certo – Thomas levantou os braços em rendição.

Alex sorriu.

— Na verdade, venho me ocupando de um jogo recente...

A dupla engatou uma conversa animada sobre o novo jogo que Alex havia encontrado na internet. Após narrar boa parte da história e dar um discurso sobre a jogabilidade do mesmo Alex e Thomas chegaram ao colégio.

Logo encontraram Brad e Henry, que jaziam rodeados de garotas, e se aproximaram. A conversa era a festa e Alex, que nunca havia ido em nenhuma, não fez nada além de escutar.

Minutos se passaram. O assunto parecia sempre ir de álcool e drogas à sexo, num looping. Brad e Henry se vangloriavam contando suas histórias enquanto Thomas ria e zombava dos amigos quando encontrava alguma mentira nos contos.

— E então, todos confirmados para amanhã? – perguntou Asher se aproximando.

Houve uma grande confirmação geral com risadas e gritinhos femininos. Alex observou o anfitrião da festa e se perguntou por que estava indo, se mal o conhecia. Quando seus olhos pousaram sobre seus amigos ele soube. Devia isso a eles, por tantas vezes que o haviam ajudado.

Após as primeiras aulas veio a de biologia e Alex entrou na sala como quem entra num campo de guerra. Esperara esse "confronto" desde segunda-feira quando havia descoberto que a indicação das aulas viera do professor.

William entrou na sala com ar de superioridade. Alex deitou-se sobre sua banca como de costume, mas ao invés de dormir manteve os ouvidos apurados. 

Durante toda a aula ele lutou contra o sono que o invadia ao ouvir a voz arrastada do professor. Entretanto, pôde perceber que o básico que havia aprendido com Arabella se fazia presente durante todo o discurso dele.

Quando a aula terminou Alex soube que as aulas de reforço estavam dando resultados, ainda que estivesse nas primeiras. O garoto teatralmente fingiu acordar e recebeu mais um olhar desconfiado de William. Ele saiu da sala sem olhar para o homem e sorriu consigo ao atravessar a porta.

Na volta para casa Alex seguiu junto com Thomas e este, antes de se separarem, o recordou:

— Não esqueça de me mandar o link da versão beta do jogo que falou mais cedo.

Alex sorriu animado.

— Será a primeira coisa que farei quando chegar em casa.

— E tente não se esquecer da festa – brincou o amigo já se afastando.

Alex o observou por segundos antes de voltar sua caminhada. Não esqueceria, principalmente porque falaria hoje com sua mãe e esperava atenciosamente que ela aceitasse seu pedido.

Em passos lentos ele chegou em casa. Quando abriu a porta foi recebido por Sofia, que passava o aspirador nos sapatos próximos a porta.

— Olá querido, chegou cedo.

— O último professor faltou – disse o mesmo tirando o sapato – mãe, gostaria de falar com a senhora, posso tomar um pouco de tempo?

Sofia olhou do filho para o aspirador e depositou este segundo sobre uma mesinha de apoio.

— Claro.

Junto a dupla seguiu até a cozinha, onde Sofia separou uma caneca de café para si enquanto Alex sentava numa cadeira qualquer à mesa.

— Está tão sério – comentou a mesma sorrindo – algo ruim aconteceu?

— Não, mas pode – suspirou – o assunto é bem simples, vai ter uma festa no sábado e eu quero ir.

Sofia fez um chiado de compreensão e voltou-se ao garoto com sua caneca em mãos.

— Você quer ir – repetiu a mesma.

— Sim – Alex a fitou – está tudo bem para a senhora?

— Não, não está tudo bem – Sofia depositou a caneca sobre o balcão e caminhou até o filho – após descobrir o que aconteceu na escola não me sinto segura de confiar em você.

— Mas não vai ser nada demais – argumentou – só uma festa de aniversário de um dos garotos lá do colégio, todo mundo vai.

Sofia sorriu e sentou ao lado do mesmo.

— Você não é todo mundo.

Alex bufou indignado. Nunca havia pedido por algo assim e quando o fazia recebia um não. Só podia ser brincadeira.

— É só modo de falar – se explicou – e tem gente muito pior do que eu no quesito displicência dona Sofia.

— Mas não estamos falando deles, estamos falando de você.

— Se a questão é biologia eu já estou indo bem no assunto, não precisa de tudo isso.

— A questão é você ter me enrolado, mocinho. Biologia não tem nada a ver. Se eu puder ver que você está correndo atrás do que perdeu, posso cogitar permitir.

Um pigarro interrompeu a dupla que virou surpresa para Arabella. Ela se encontrava escorada na parede de entrada da cozinha com um sorriso tímido no rosto e ainda com seu sobretudo.

Alex corou de imediato e Sofia sorriu ao vê-la.

— Se quiser ver os resultados, tenho a ideia perfeita – disse a garota tomando a atenção de ambos.

Sofia sorriu ainda mais abertamente e Alex franziu as sobrancelhas. A jovem caminhou até os mesmos e sentou no lado vago de Alex, ficando de frente a Sofia.

— Nesses dois dias ele melhorou muito em comparação a segunda-feira – começou Arabella fazendo Sofia fitá-la com bastante interesse – eu proponho que passemos um teste de biologia para ele, com três assuntos que estejam sendo passados na escola. Se ele tirar uma nota boa é sinal de que está realmente se esforçando.

Alex olhou da jovem para a mãe quatro vezes, ainda aturdido com a sua aparição vinda do nada. Sofia refletiu sobre as palavras de Arabella que a observava sorrindo, convicta de que sua ideia era perfeita. Após olhar para seu filho a mulher sorriu e assentiu, estendendo a mão para a garota.

— Eu aceito a proposta.

Arabella a retribuiu e apertou sua mão.

— Vou me encarregar do teste imediatamente e a senhora o fará junto comigo.

Sofia concordou enquanto Alex soltou um longo suspiro. O que aquelas duas estavam aprontando?

 

•••

 

Uma hora depois Arabella e Sofia se encontravam juntas no quarto do garoto examinando livros e escrevendo perguntas no caderno. Alex, por sua vez, estava sentado no chão frente a mesa dobrável, observando a dupla. 

Após alguns minutos elas sorriram uma para a outra, voltando-se ao rapaz.

Alex respirou fundo. Aquele seria, graças a Arabella, seu ticket para a festa e também para não passar vergonha na frente dos amigos.

— Terminamos – cantarolou Sofia levantando-se da cama – agora é com você querido. Mostre seus conhecimentos.

Arabella imitou a mulher levantando-se e, sorrindo, entregou a folha para o garoto. Alex as fitou derrotado e olhou sem esperança para o papel em sua mão. 

Quando começou a ler ele piscou aturdido. O assunto era idêntico ao que havia lido e feito resumo no dia anterior.

Antes que as mulheres saíssem do quarto ele conseguiu fitar Arabella que piscou para o mesmo fechando a porta em seguida. 

Sem saber muito por onde começar o garoto respirou fundo e curvou-se sobre a mesa, iniciando o teste.

 

•••

 

Sofia e Arabella riram ao descerem as escadas. 

— Sei que peguei muito pesado com ele lá na cozinha – comentou a mulher suspirando – mas ele tem que entender que sou a mãe dele, há coisas que não podem ser do jeito que ele quer.

— Fiz mal ao propor o teste?

— Não, claro que não. Se ele passar será mérito dele – assentiu consigo mesma – e aí sim posso libera-lo.

— Não faz nem uma semana que vim para cá, mas seu filho tem se esforçado de verdade nos estudos. Diferente de muitos outros ele me escuta com atenção e sempre tira suas dúvidas, é um excelente rapaz.

Sofia tapou o rosto com a mão tentando esconder o orgulho que lhe tomava a face. Arabella sorriu para com a reação da mesma e tocou em seu ombro.

— Muito obrigada por ter vindo Arabella – a mulher respirou fundo retomando a postura – sei que você está sendo tudo que ele precisava.

A jovem sorriu constrangida. Sua real missão voltou aos seus pensamentos e internamente a mesma riu com a afirmação da mulher. Ser monitorado e estar sob a mira da organização dela era realmente tudo que ele precisava.

Após a conversação a dupla se alojou na sala. Entre copos de café, bolo e comentários sobre a novela as mesmas passaram o tempo. 

Em um dos intervalos entre a programação uma notícia chamou a atenção da dupla, e ainda mais a da jovem.

A reportagem era sensacionalista, como a maioria, e o tema era voltado aos roubos de uma grande empresa que havia chegado as mãos da mídia e da polícia no início da manhã em um envelope misterioso. Tomando um longo gole de café Arabella não conseguiu controlar o sorriso.

Aqueles documentos eram com certeza os mesmos da noite passada.

Sem perceber Sofia comentou sobre a corrupção existente entre as empresas e a jovem concordou, conhecendo a fundo esse mundo. Afinal, grande parte dos contratantes de sua organização eram empresas.

O tempo passou rápido depois disso e logo ao findar da novela Alex desceu com o teste respondido em mãos.

— Já terminou? – Sofia olhou no relógio – Não faz nem uma hora.

— Seu filho é um gênio – ele piscou para ela.

A mulher sorriu e pegou a avaliação em mãos. Arabella, que jazia calada ao lado de ambos, tomou um longo gole de café enquanto Sofia examinava as respostas do filho. Alex, por sua vez, respirou fundo tentando não olhá-la nos olhos.

Passado cinco minutos Sofia riu e balançou o teste no ar. Em seguida levantou-se e depositou um beijo na cabeça do filho, sorrindo abertamente para o mesmo.

— Você acertou todas, meu filho. Parabéns.

Alex sorriu constrangido, mas assentiu. Ela o abraçou novamente e voltou-se para Arabella orgulhosa. A garota ergueu sua caneca de café e piscou.

— Eu disse.

— Disse o que? – perguntou o garoto confuso.

— Certo, certo – Sofia soltou o filho e entregou o teste a ele – você vai poder ir para sua festa, tudo bem?

Alex não conteve o sorriso.

— Mas agora me dêem licença, tenho que buscar Clara na casa de minha irmã.

A mulher depositou sua caneca sobre a mesa de centro e passou a mão sobre sua roupa, a desamassando. Arabella olhou confusa para Alex e este fez o mesmo com sua mãe.

— E – voltou-se para os dois – não precisa ter aula hoje, o teste foi o suficiente. Podem usar o dia para relaxar – sorriu indicando a televisão com a cabeça antes de marchar até a entrada.

Arabella olhou novamente para Alex que também a fitou e um breve silêncio se instalou entre eles.

— Não sei que horas vou voltar, mas nada antes do anoitecer, fiquem bem, até mais.

Com essas últimas palavras Sofia saiu, deixando a dupla sozinha na sala apenas com o som da televisão ao fundo. 

Arabella remexeu-se no sofá. Até então não havia percebido o quão constrangedor era ficar a sós com Alex, um garoto.

Havia tido poucas experiências com garotos de sua idade e nunca pensara nos que convivia daquela forma. Alex estava incluído nesses até poucos segundos atrás.

— Então – ele cortou o silêncio sentando ao lado dela – o que você disse?

Todos os pensamentos de Arabella se reviraram e ela sorriu, voltando-se para o garoto.

— Que você estava se esforçando nas nossas aulas, o quê mais?

Ele a fitou com clara descrença e a mesma o rebateu. Essa pequena batalha durou longos segundos, mas logo ambos cederam, rindo e relaxando.

— Quero agradecer a você – ele encarou a televisão – sinto que não teria conseguido fazer minha mãe ceder sem você. E sem o seu texto de treze páginas de biologia.

Arabella riu.

— Muito obrigado.

Num impulso ela encaixou sua mão na dele e afundou mais no sofá.

— Depois de ouvir um pouco da conversa imaginei o quanto você queria ir para essa festa.

Seus olhos se encontraram e o corpo de ambos estremeceu. Eles se fitaram com intensidade e naquele momento, nenhum dos dois soube o que dizer. 

Houve um grito vindo da televisão e juntos a fitaram. Arabella riu do que quer que estivesse passando nela e Alex a acompanhou.

Surpreendentemente o clima pareceu mais leve.

— Então eu já vou indo – Arabella levantou-se preguiçosamente.

— Tem algo para fazer? – Alex a olhou curioso.

— Não, nada realmente.

— Então fique – ele bateu no sofá a convidando – será um bom momento para relaxar, eu juro.

A garota riu da expressão do rapaz e ainda que seu cérebro gritasse que ela não deveria, que o mínimo de contato era o ideal, seus pés voltaram lentos em direção ao sofá. Alex sorriu animado e ela o acompanhou.

A dupla passou o resto da tarde vendo filmes e conversando. Arabella adorava as expressões do garoto quando ela se aproximava demais e ficou muito animada ao conhecer a fundo a paixão do mesmo por jogos eletrônicos, que vez ou outra ela também se deleitava.

Nada que ultrapassasse sua nova história de vida foi dito ao jovem e a conversa se desenrolou sem dificuldade. 

Logo o filme havia acabado e enquanto planejavam o próximo a campainha tocou.

Um, duas, três vezes. A porta destrancou seguida da risada de Sofia enquanto a mesma dizia baixo para alguém se acalmar. Alex olhou para a Arabella sorrindo e apontou com o polegar em direção a porta.

— Ela chegou.

Os olhos curiosos da jovem correram até a porta e ela viu a cabeleira escura e cacheada sair de lá. A figura era baixinha e energética, e tão logo viu o irmão sentado no sofá correu em sua direção. 

Ela era parecida com Alex, pensou Arabella, e sua comparação a fez abrir um sorriso inconsciente.

— Maninho!

A pequena se lançou em cima do irmão que a abraçou a apertando contra si, enquanto a chacoalhava. Ela ria divertindo-se. A visão daquela dupla fez uma aura de tristeza passar pela jovem que tinha ciência de que aquela relação amorosa de irmãos nunca havia sido parte de seu passado.

Suas irmãs sempre foram bastante profissionais, ainda que vez ou outra demonstrassem companheirismo e algum pingo de amor, nada ultrapassava a barreira instalada por seu trabalho. Toda a vida forjada delas parecia avidamente interferir na íntima.

Seus pensamentos dissiparam-se quando a voz de Alex soou a despertando.

— Essa daqui é a Arabella.

A garota olhou para a pequena e a mesma também o fez.

— Eu sou Clara – disse embolada.

Arabella sorriu e lhe acenou, num cumprimento. A garotinha abriu um enorme sorriso se jogando sobre a jovem num abraço desengonçado.

Alex riu enquanto, sem jeito, Arabella tentava conter sua irmã. Sofia entrou sem pressa rindo de Clara e Arabella, pendurando suas chaves num chaveiro e depositando algum tipo de compra sobre a mesa da entrada.

— Ela veio quase dormindo o caminho inteiro, um sono imenso – comentou a mulher.

— Imagine se não estivesse – disse Arabella enquanto retribuía o animado abraço.

Alex riu novamente ajudando sua professora com a pequena.

— Arabella – a menina voltou-se para a jovem com um sorriso irresistível, fazendo a mesma corresponder-lhe automaticamente – você é linda e tem um cheiro muito bom.

Todos riram e Arabella corou, encaixando uma das mechas da garotinha atrás de sua própria orelha.

— Você também.

— Agora mocinha, você vem comigo – Sofia puxou Clara para seus braços – você vai tomar banho e ir dormir.

— Eu quero dormir.

— Eu sei – Sofia deu um beijinho de esquimó na mesma – vou lá para dentro, não sei se volto tão cedo – brincou – aproveitem.

Arabella assentiu e Alex afundou mais uma vez no sofá ainda brincando com a irmã nos braços da mãe. Logo a mulher desapareceu pelo corredor e novamente sozinhos a dupla se entreolhou.

— Eu sou linda – brincou Arabella sorrindo e voltando a escolher os filmes.

— É sim – Alex a imitou.

Arabella vacilou no controle remoto sentindo o peito ricochetear com as batidas intensas de seu coração. Imediatamente olhou de soslaio para o garoto. 

Ele não parecia nem um pouco abalado por suas palavras, e pelo contrário já começava a fazer comentários sobre os filmes que passavam na tela.

— Você me acha bonita?

A pergunta paralisou o garoto momentaneamente e ele fitou Arabella sem saber o que falar. Por segundos os olhares se mantiveram um no outro enquanto a expressão no rosto da jovem segurava um sorriso divertido.

Quase a correspondendo no sorriso ele pigarreou.

— Acho sim. Isso é ruim?

Arabella sorriu ainda mais. Bagunçando o cabelo do garoto ela voltou a sua posição relaxada no sofá, buscando esconder os saltos que lhe afligiam o interior. As palavras de Alex começavam a mexer com ela.

— Nem um pouco – ela piscou para o mesmo – e então, o que estava falando dos filmes?

Sem vacilar Alex jogou-se no sofá ao lado da garota e lhe resumiu uma lista de filmes. Ele respirou fundo ao notar que a mesma agia naturalmente e no embalo daquele pequeno jogo de não se deixar abalar eles passaram o resto da tarde.

O findar do dia foi mais silencioso, com apenas alguns comentários sobre o filme e risadas da dupla. Assim que a noite pairou no céu e os créditos subiram, Arabella soube que já havia passado demais da hora de ir.

— O final não foi tão ruim quanto você fez crer que seria – comentou a mesma levantando e se alongando.

Alex a observou sentado e quando ela voltou a fitá-lo ele a respondeu.

— Como não? O início faz um suspense enorme para no final acabar nisso!

— Nem todas as histórias acabam como fazem parecer.

— O que quer dizer com isso?

Arabella olhou de Alex para a televisão e balançou negativamente a cabeça, sabendo que já estava falando demais também.

— Hora de ir – ela caminhou até a porta parando no meio do caminho – não vai me acompanhar hoje? – lhe lançou um sorriso amarelo – ou só o faz quando trago chocolates? Que interesseiro!

Alex riu e levantou num pulo, seguindo-a. Ela imediatamente vestiu seu sobretudo, e após o garoto abrir a porta, pôs-se para fora, parando pouco depois do portal virando para o mesmo.

— O dia hoje foi ótimo.

— A companhia também – ele acrescentou a fazendo sorrir.

— Muito obrigada. Quem sabe possamos repetir.

— Estou às ordens.

Arabella riu novamente pela expressão de cavalheiro do garoto que a acompanhou.

— Então vou indo, até mais.

— Até, Arabella.

A garota virou-se e com os olhos fixos na calçada iniciou sua caminhada sentindo todo seu corpo reagir a voz dele falando seu nome. Os pensamentos viajaram em trezentos e sessenta graus e quando, parada na pista, ela virou-se para a casa lá estava ele lhe acenando antes que pudesse fazer o movimento.

Arabella sorriu e o correspondeu, empreendendo uma longa caminhada pelas ruas frias em direção a seu apartamento com apenas uma coisa em sua cabeça: as lembranças agradáveis daquela tarde.

 

•••

 

Alex ao ver a garota sumir de sua visão fechou a porta e suspirou, ainda sentindo o doce aroma dela no ar. 

Atrás dele ouviu-se um pigarro e Sofia surgiu, sorrindo para o mesmo.

— Vocês estão se dando bem, né?

O olhar de Sofia fez o filho ruborizar-se e com um maneio desajeitado da mão ele seguiu em passos rápidos para o quarto.

— Não viaja.

Alex subiu correndo e, no andar de cima, pôde ouvir a risada de sua mãe, envergonhando-o ainda mais.


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Notas finais do capítulo

Aaaahhhh que desenrolar gostoso...



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