Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 1
I.




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O tiro soou baixo naquela madrugada e o corpo do homem caiu inerte no chão do escritório. A pistola de bolso girou entre os dedos da garota e, a guardando-o, ela sorriu. Caminhou lentamente até o homem fazendo seu fino salto chocar-se contra o piso de madeira em um som agudo.

Quando se agachou próxima ao mesmo soltou um longo suspiro e com cautela retirou um minúsculo microchip do bolso de seu paletó.

— Você foi tão fácil – balbuciou observando o item em suas mãos – esperava mais de você.

Com essas palavras e lançando um olhar de pena para o corpo no chão, ela levantou e guardou o microchip entre os seios. Sorrindo correu até a janela e apoiando-se nesta segurou o cabo grosso que a esperava do lado de fora.

O helicóptero, que mantinha o cabo, alçou voo logo em seguida puxando consigo a garota. Os olhos esverdeados da mesma caíram sobre a janela aberta e observando o homem caído no chão ela não controlou sua expressão quando ela se fechou. Era mais um. Mais uma morte.

O vento bateu forte contra seu corpo e balançando no cabo ela se sentiu ser erguida junto ao mesmo. A poucos metros da aeronave o coque de seu cabelo caiu lançando em cascatas seus longos cabelos ondulados contra o forte vento. Ainda com fios dentro de sua boca a mesma chegou ao helicóptero, sendo recebida por sua mãe e irmãs.

— Foi incrível – parabenizou sua mãe, ajudando-a a entrar.

Ela era uma mulher alta, com um sorriso simpático no rosto. Sua aparência era contrastante a da filha mais nova, que puxara ao progenitor. A mesma era dona de longos e lisos cabelos loiros que lhe clareavam ainda mais a pele branca, realçando também as poucas rugas que já surgiam em seu rosto.

A jovem recém chegada sorriu, satisfeita, e tentou inutilmente reorganizar seus cabelos. Sua irmã mais velha trotou até a parte em que ambas se encontravam e sorriu de orelha a orelha, saudando-a com uma garrafa imaculada de champanhe em mãos.

Ela possuía um físico atlético e esbanjava altura com seu salto alto. Os cabelos, tão loiros quanto os da mãe, jaziam postos em um desarrumado rabo de cavalo que cobriu momentaneamente a segunda irmã que a seguia.

Esta, por sua vez, diferenciando-se das outras possuía as madeixas loiras e curtas, alcançando com dificuldade o ponto acima de suas orelhas. Sua vestimenta era mais casual, quase como se tivesse sido pega de surpresa para estar ali, o que poderia ser comprovado verdadeiro se alguém houvesse ousado lhe perguntar.

Ambas cumprimentaram a irmã e a do meio balançou em mãos taças para o brinque que iria se seguir. E não demorou muito até a mais velha, após bastante lutar, abrir a cobiçada garrafa de champanhe.

— Mais um maninha. Está quase me superando! – brincou a mais velha.

A outra riu e inclinou sua taça, que logo foi preenchida pela bebida.

— Na sua idade eu também era assim – disse a mesma orgulhosa.

A jovem riu de suas irmãs e aceitou uma taça. As três brindaram e rindo entornaram a bebida. A mulher mais velha, mãe das garotas, após uma saída estratégica voltou e se uniu as mesmas logo em seguida.

Ao final da comemoração todas se acomodaram na aeronave ainda bebendo e conversando animadamente. Era um momento único de reencontro.

— Ouvi dizer que meu próximo trabalho vai ser em Roma, estou tão animada! – comentou a do meio tomando mais um longo gole.

— Sorte a sua, parece que vão me mandar para o Alasca – fez uma careta a irmã mais velha.

— Falando em próximo trabalho – o olhar da mãe lançou-se sobre a filha mais nova – o seu já está decidido.

Os lábios da garota tremeram brevemente e ela sorriu. Era uma das mais novas e melhores em seu trabalho, prodígio era como costumavam lhe chamar, e nunca lhe faltavam missões. Era sempre assim.

Deslizando no banco para ficar mais próxima sua mãe, ela cruzou as pernas.

— E então? Qual vai ser o alvo?

A loira remexeu numa grande mala ao lado de seu banco e de lá tirou um ipad. Com dedos ágeis encontrou a ficha do novo alvo. A irmã do meio, que se encontrava ao lado da mesma, riu às gargalhadas após olhar para tela, intrigando a garota ainda mais.

— Sério isso? – perguntou a mais velha toda apoiada sobre a do meio para enxergar.

A garota tomou o ipad da mão da mãe e encarou a tela deixando uma expressão de confusão se formar em seu rosto.

— Vocês estão brincando comigo?

— Estamos muito sérios – a mulher a fitou sem demonstrar qualquer vacilo.

— Ele ainda está na escola – argumentou perplexa sem tirar os olhos da tela.

— Sua próxima missão vai ser de babá – brincou a mais velha levando a outra irmã consigo.

— Não brinquem com isso meninas – advertiu a mulher voltando-se em seguida para a garota – ele é suspeito de hackear nosso contratante e extrair informações confidenciais. É um caso bastante sério.

A garota encarou mais uma vez a tela e a foto do rapaz, suspirando em seguida. Com um maneio da cabeça ela lançou seus cabelos para trás e fez seu melhor sorriso de sedução.

— Gosto mesmo dos novinhos.

Suas irmãs riram alto e se lançaram sobre ela, zoando-a pelo trabalho. A conversa foi animada durante todo trajeto, até o helicóptero pousar sobre o prédio da empresa. O trio se entreolhou e uma por uma desceram.

A mais velha desceu desajeitada, ainda com a garrafa, agora já quase vazia, de champanhe em uma das mãos. A irmã do meio pulou para o chão e a jovem delicadamente deslizou para fora, carregando os saltos finos em mãos, permitindo aos seus pés novamente respirarem.

Fora da aeronave houve um abraço em trio e entre risos e beijos melosos na testa e na cabeça a irmã mais velha se despediu, intimando-as a manter contato. A irmã do meio, antes de sair, bateu constrangida punho com punho junto a garota e convidou a mesma para passar férias junto de si, lá na Europa.

Ao final, além do piloto que organizava o helicóptero, sobraram apenas ela e sua mãe.

— É sempre um momento triste, não é? – a mão da mulher acariciou os cabelos da jovem.

A mesma sorriu concordando com a cabeça.

— Essa aqui vai ser você – entregou-lhe uma carteira – e tudo que precisa vai estar na sua nova casa – de um bolso tirou chaves pondo-as na mão da garota.

A jovem observou os objetos e assentiu novamente. Sabia o que viria pela frente.

— Se cuida – a mulher beijou o topo da cabeça da garota e saiu, descendo as escadas a sua frente seguida do piloto.

Sozinha ela soltou um longo suspiro e encarou a carteira em sua mão. Essa seria sua nova identidade. Sua nova vida.

— Arabella – leu em voz alta o nome no documento – soa legal.


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Notas finais do capítulo

Só para dar aquela esquentada! Hehe.



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