Complexo 01 escrita por Melissa Salvatore


Capítulo 5
O garoto esquecido


Notas iniciais do capítulo

*voltei!
*espero que vocês gostem.
*bem vindos ao encontros dos desencontros.



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Assim que a garota terminou de ler a carta, se deixou se jogar na cadeira que aquela parte da biblioteca possuía, não estava abalada, pelo contrário, estava irritada. Teria que participar de um “jogo” se quisesse respostas, era ultrajante pra ela. Enquanto Olivia pensava e remoia sobre a carta, Marcos a lia, não fazia ideia do que a charada dizia, ele sabia o mesmo que a garota, ELE não pretendia parar, pelo contrário Cintia tinha razão, quando disse que a morte dos pais de Olivia eram apenas o começo. Mas resolvendo deixar as suposições pra depois, o garoto resolveu se manifestar.

“Liv oque você pretende fazer, em relação há isso?”

“ELE praticamente me obrigou a jogar, não me importo. Ele quer jogar, ótimo, vamos ver quem cai primeiro.”

A cada palavra que ela dizia seu tom se tornava mais sombrio, e apenas com um olhar ela queimou a carta, era seu modo de dizer que a aceitava o que lhe era proposto.

“Ok, mas pra onde vamos, a charada, VOCÊ QUEIMOU A CARTA SEM NEM RESOLVER A CHARADA OLIVIA”

“CALE-SE MARCOS! E claro que já resolvi. Ele falou do complexo, retorna então para o seu berço, tenho que voltar pra lá. Isso e obvio, só queria saber porque tinha que ser exatamente lá!”

“Você vai, eu vou. Mas oque lhe tanto incomoda lá Olivia, em tanto tempo você nunca gostou de falar sobre la.”

“Passado e passado. Vamos temos que arrumar as coisas, temos uma viagem a fazer.”

Dito isso os dois entraram no carro e foram pra casa, trocaram de roupa, arrumaram as malas e se desmaterializaram só pra então aparecem no complexo, deixando as borboletas roxas no quarto da casa, antes habitada, agora vazia.

 

“O passado persegue, ele não reconhece seu lugar. E preciso aprender a lhe dar com as memorias e com as mudanças, ou então serás para sempre atormentado.”

 

Quando chegaram ao telhado do complexo tiveram a chance de ver uma bela vista. Bom para Marcos era bonito, para Olivia era apenas mais uma imagem que tumultuava suas lembranças, não entendia porque tinha que ir logo para aquele lugar, mas faria de tudo para sair o mais rápido dali.

“Você nunca disse que o complexo era rodeado por uma floresta.”

“Não é como se eu gostasse de relembrar as coisas daqui, Marcos.”

Dito aquilo o silencio permaneceu. Enquanto Marcos se perguntava pra onde iriam agora, e aonde estavam, Olivia já sabia exatamente quais seriam seus passos. Antes que o rapaz percebesse, Liv já estava abrindo uma porta, mais precisamente o elevador, se ia procurar pistas, que começassem pelo lugar mais óbvio: seu quarto.

Desceram 7 andares e apenas o barulho do elevador funcionando que preenchia o silêncio. Quando as portas abriram, no andar 3, Olivia caminhou sem medo pelo corredor, e Marcos a seguia. Quanto ela caminhava, ele a observava. Estava séria, perigosa, determinada, seus passos eram confiantes, altivos, ela estava na visão dele, deslumbrante.  Quase não percebeu quando a garota parou em frente a uma porta do lado esquerdo do corredor. Estava estática.

“Liv, querida, o que há?”

“Eu... Esse era meu quarto, se queremos descobrir algo sobre ‘ELE’ comecemos por aqui.”

Na breve pausa que Olivia fez, o rapaz percebeu que ela esta no mínimo apreensiva, com medo, afinal a maior parte de sua vida foi ali, e não se podia dizer que fora um período agradável.

A porta estava destrancada, uma surpresa. Entraram tudo estava do mesmo jeito, a cama estava feita, com os lenções em cores de vinho, o armário parecia intocado, o espelho límpido, a cômoda do mesmo jeito, tudo limpo, tudo como se ela ainda morasse ali. Pra Marcos era tudo novo, pra Olivia era tudo um pouco assustador.

“Olivia, o que você está procurando?”

“EU. NÃO. SEI. Me deixa pensar ta legal, não é como se eu estivesse feliz por esta aqui.”

E nesse momento, algo aconteceu, uma luz apareceu no quarto, era como se o mundo tivesse parado. Ele estava lá, então. Sentado na cama, sorrindo, como há anos atrás, mas ele estava mais maduro. Olivia estava de costas para a cama quando tudo aconteceu, mas podia sentir a presença dele, então em menos de segundos depois, ela ofegou, não admitiria, mas no fundo sempre pensou que nunca mais o veria, e se sentia um pouco culpada, não se despedira afinal.

“Achei que não voltaria mais”

Ela lentamente virou, a voz era mais madura, encorpada, um tom mais misterioso. O rosto dele era mais rígido, linhas mais definidas, porem os olhos castanhos eram o mesmo, o sorriso que ostentava, mostrava dentes tão brancos, mas compunha o retrato perfeito. O cabelo castanho caindo na testa, lhe dava um ar  juvenil. Tudo era diferente, mas tudo era igual. Aquele era o Ethan.

“Pois bem parece que você errou!”

“Esta diferente Olivia, e como se não fosse você”

“Já se passaram três anos Ethan, as pessoas mudam, não é mesmo?!”

Marcos estava o tempo todo encostado no armário, tudo aconteceu tão rápido que não conseguiu se habituar, mas as perguntas ainda estavam lá: quem era ele, como sabia que ela era a Olivia, e porque tanta intimidade com ela?

“Três anos... E tem razão, muito tempo”

“Ethan eu sei ok, mas você pode me dizer uma coisa? Alguém esteve aqui depois que sai?”

“Não, ninguém, a porta estava trancada”

“Como assim trancada, ela estava aberta Ethan”

“Não estava... Espere se estava aberta quando você veio, quer dizer que alguém mexeu Olivia. Oque há?”

“Não há nada, Ethan”

E do mesmo jeito que ele apareceu, Ethan se foi, deixando apenas um bilhete na cama, que antes mesmo que Marcos pensasse em pegar, Olivia já o tinha nas mãos. E quando tudo aquilo acabou Marcos finalmente saiu de transe, estava agora do lado de Liv.

“Quem é ele Olivia?”

“Ele, Marcos, é a pessoa que me ajudou a fugir, ele é o garoto que aparece nos meus sonhos”

Diante daquilo, Marcos se calou. Ao longo dos três anos, Olivia sofria de sonhos realistas, sempre acordava suada e ofegante, e quando ele perguntava oque era ela simplesmente falava “passado Marcos, volte a dormir, sim?!”. Então agora ele sabia. Não era só o passado, era alguém do passado. Alguém capaz de permanecer em seus sonhos por três anos.

Olívia sabia que o que falara causaria tal reação, e por isso o fez. Não queria magoar Marcos. Apenas queria silêncio, e sabia que ele não pararia de perguntar as coisas, agora ela tinha dado algo em qual ele iria pensar pelo resto do dia. Consolidado o silêncio, Liv pegou o bilhete e o leu,  ao final deu um pequeno sorriso e o queimou.


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Notas finais do capítulo

*não vou demorar pra postar, mas não farei promessas!
*postado 07/03/2019



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