Humanidade: A Queda escrita por Daniel A Soares


Capítulo 16
(Parte II) Capítulo 7 - Espera


Notas iniciais do capítulo

Uma terça e aqui estou eu haha já não sei o que dizer aqui, é o último capítulo e já estou no clima de despedida. É uma sensação ótima poder compartilhar essa minha história com vocês espero que até aqui eu tenha conseguido manter a atenção de vocês e que a história tenha seguido as expectativas. Vamos ao último capítulo, estou ansioso para mostrar o desfecho dessa história e toda a reviravolta final. Se preparem. Até nas notas finais :3



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Capítulo 7 — Espera

"A vida é toda feita de esperas. Pessoas esperam o tempo todo por coisas que querem. Existem pessoas que esperam a vida toda por algo, existem pessoas que esperam o momento certo para agir." SOARES, Daniel

Assim que o comboio de Thaís se aproximou e viu aqueles três sobreviventes, inicialmente foi tomada por uma ótima sensação ao encontrar pessoas vivas, mas a sensação se tornou melhor ainda quando viu que Pedro estava entre os sobreviventes. Ela e seus amigos recém-encontrados comemoraram o reencontro com Pedro, tudo ficaria perfeito se ele não mencionasse a volta de Milena.

— Mas nós não a encontramos. — Ale comentou preocupado.

— Nós não podemos voltar. — Thaís comentou com um pesar na voz. — Se a gente voltar é o mesmo que cometer suicídio.

— Eu vou sozinho. — Thalisson falou decidido. — Eu não estou pedindo, nem nada disso. Não quero ninguém me seguindo, eu vou sozinho atrás dela e vou trazer ela de volta, assim como fiz quando resgatei ela na primeira vez.

— Mas aquela situação foi diferente. — Ale tentou argumentar.

— Qual a diferença? Um bando de pássaros zumbis? Não! Isso não vai me impedir. Eu já disse e não vou repetir. Eu vou voltar. Encontro vocês depois.

Ninguém tentou argumentar depois de Ale. Thaís cedeu uma moto e uma submetralhadora para seu amigo e deu um forte abraço nele enquanto desejava sorte. Fechou os olhos brevemente ao vê-lo partir, a vida agora seria sempre assim, muitas partidas e a maioria sem um adeus definitivo. Respirou fundo e voltou para o jipe, precisava levar aqueles sobreviventes para um local seguro.

°°°°

Me aproximei de Luís Arthur e ele jogou as armas dele no chão, meus zumbis ficaram para trás, eu realmente não precisava disso para o que eu pretendia fazer. Dei um soco forte no rosto dele, que virou o rosto com o impacto, assim que senti meu pulso doer, eu desliguei as sensações nas terminações nervosas da área. Luís se ergueu e cuspiu um pouco de sangue, sorriu para mim, um sorriso... vitorioso?... Ergueu a mão e tinha algo parecido com um detonador enquanto se aproximava de mim.

— Está bem agressivo. Mas parece que caiu na minha armadilha né? — balançou o detonador na minha frente e se aproximou passando o braço ao redor do meu ombro. — Se tentar algum truque nós dois explodiremos. — dei um meio sorriso (isso era interessante) — E se tentar me matar é pior. Bomba ligada a batimentos cardíacos.

— Droga!

— A ciência faz maravilhas.

Fechei minha expressão, eu não podia ter caído nessa. Eu podia tentar matar ele, mas qual era a chance dessa bomba existir? Eu tinha muitas possibilidades, mas é lógico que ele não deixaria eu pensar em nenhuma, pois logo continuou a falar.

— Soube que visitou o laboratório secreto de São Luís. Deve ter encontrado lá o chefe de pesquisas principal contratado pelo Grande Cientista.

— Chefe de pesquisas? — algo estava errado.

— Parece que tudo foi pelos ares. Então, como você sobreviveu?

— Adapatação. Eu sou um vírus mutante, lógico que não morreria tão fácil com explosões.

— Podemos fazer um teste então. — ele me puxou ainda mais contra si, apertando o braço que rodeava meu ombro.

— Eu fiquei em uma sala de contenção e depois Clicia me tirou de lá.

— Chega de conversa besta. Eu quero Daniel agora. — falou arrogante.

— Daniel está morto. — falei em voz alta tentando convencer a mim mesmo.

— Não. Daniel não está morto. — ele falou maldoso. — Posso ver em seus olhos. Posso sentir nas suas reações. AGORA ME TRAGA DANIEL ANTES QUE EU EXPLODA NÓS DOIS.

Vi uma veia saltar no pescoço dele com a fúria repentina. Pela primeira vez fui tomado por uma sensação que acho que posso descrever como temor. Eu não podia ser destruído, eu sou a evolução. Fechei os olhos derrotado. Daniel estava morto, eu não podia fazer nada.

— Não darei outra chance. — ele estava certo do que faria. — Fernando não se orgulharia de saber que fez pouco caso do sacrifício dele.

Fernando?... O que significa... Rebeca?? Luís Arthur... Ah! Meu Deus! Meu Deus! Caramba, não acredito. Eu voltei! Eu voltei? Eu achei que tinha conseguido morrer e matar meu corpo junto. Que inútil eu sou! Que idiota, tem tantos zumbis, até pássaros zumbis tem aqui. O que eu deixei o vírus fazer comigo? Fecho os olhos confuso e irritado. Luís Arthur está ao meu lado e me encara ansioso. Tento ser sutil.

— Mano.

Assim que falo sou atingido por um forte tapa na face, um segundo tapa me atinge a outra face e logo em seguida um soco atinge meu estômago me fazendo cair de joelhos no chão.

— Eu deveria socar essa sua cara idiota até ficar irreconhecível, mas eu não ganhei essa permissão. — um novo tapa me atinge a face e ele me ergue no ar pela gola da camisa.

— Luís. — falo com dificuldade, sinto o ar ir embora e peço o que seria um presente naquele momento. — Me... mata.

Luís me segura com força e de repente me larga no chão enquanto sorri. Aponta para os zumbis e fala com arrogância.

— Mande todos esses zumbis para dentro do batalhão. Todos.

Após minutos intermináveis de tentativas e socos no estômago, eu consigo e faço todos os zumbis (humanos e pássaros) entrarem no batalhão. Nos afastamos bastante, acho que mais ou menos meio quilômetro quando ouço a explosão. Posso sentir o calor e o cheiro de podridão misturado a cinzas. Luís se vira para mim apontando uma arma em direção à minha perna e sei que não suportarei ser torturado.

— Sua mãe. — falo com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas. — Ela está viva e eu sei onde ela está.

°°°°

Clicia caminha de um lado para o outro assustada. A mãe de seu amigo está num quarto ali perto e ela não sabe o que fazer, por dentro está completamente dividida. Sabe que qualquer ação trará consequências terríveis para ela, em seu interior tem medo de que esteja fazendo as escolhas erradas. Mas que escolha ela tem? Tendo sua mente a mercê de um vírus maldito que a controla e a obriga a fazer o que ele deseja.

Clicia sente algo se mover atrás de si e golpeia o desconhecido que é lançado até uma parede do outro lado do aposento.

— Milena?! — Clicia pergunta confusa enquanto se aproxima.

°°°°

Eu andava à frente de cabeça baixa, Luís mantinha a mão firme em meu pescoço e eu tentava lembrar o caminho para chegar onde a mãe dele estava. Algo me incomodava mais que tudo, a ausência da tomada de controle do vírus e eu não sabia o que isso significava, tinha medo de descobrir.

Andei pelo que pareceram horas, parecia que o destino estava se afastando de mim, para que meu amigo psicopata tivesse mais motivo para me torturar.

— Bora, anda logo. Se eu descobrir que você está mentindo vai se arrepender de ter nascido. — Luís falou cruel.

Andei tentando manter a calma, estava na praça da Deodoro quando tropecei e antes que eu caísse de cara no chão fui amparado por um braço. Não me surpreendi com o repentino ato, não me surpreende com o fato do meu algoz ter impedido uma simples queda, apenas duas coisas me surpreenderam: o fato de que não havia nada além de músculos por trás do tecido da camisa, eu teria sentido se tivesse explosivos ali e lembro dele ter mencionado eles, a segunda coisa que me impressionou foi o fato do meu pé ter simplesmente travado, ocasionando meu acidental tropeço, foi então que tudo fez sentido. O vírus estava me manipulando mais uma vez.

Me virei com uma fúria repentina, um desejo animal no meu corpo, senti as lembranças flutuando, empurrei Luís com força e apontei o dedo furioso para ele, eu estava perdendo o controle sobre mim mais uma vez.

— Seu mentiroso! — minha voz soava de forma horrível — Vocês humanos são a escória da Terra! TODOS IRÃO MORRER!

Senti meu corpo liberar algo, eu estava fora de mim, meu desejo era criar um exército de zumbis maior que o anterior. Eu gritei o mais alto que pude e quando tentei focar Luís através da cortina vermelha que manchava minha visão ouvi o barulho.

Um tiro solitário que percorreu seu caminho até encontrar o destino: meu peito. Caí de repente sem forças, minha mente oscilava, o vírus trabalhando em minha mente, tentando compreender o que tinha ocorrido com meu corpo. Luís olhou para o alto de um grande prédio azul e segui o olhar dele para ver longos cabelos castanhos que provinham da atiradora. Meu amigo psicopata tentou sacar uma arma, mas um segundo disparo o impediu, fechei os olhos enquanto esboçava um sorriso contente, eu finalmente me livraria disso tudo e o mundo estaria livre de um monstro. Na verdade estaria livre de dois monstros, pensei ao lembrar que Luís também tinha sido atingido. Fechei os olhos a espera do fim, a única coisa que poderia aliviar todo o sofrimento causado por esse vírus. O fim.

°°°°

Milena se aproximou dos dois corpos caídos no chão, olhou triste para os dois. Ela tinha treinado tiro à distância com Luís, embora ele não tivesse essa memória e ela não fizesse parte do time de soldados. Sabotar o soro dele, vigiar, tentar a aproximação e agora matá-lo. Tarefas que foram dadas e cumpridas por ela, com um certo pesar, afinal, mesmo diante de um Luís transformado pelo vírus, ela não podia deixar de lembrar que ele fora um grande amigo. Fechou os olhos dele e observou que Daniel já estava com os olhos fechados e um lindo sorriso no rosto. Ele parecia feliz, talvez a morte o tivesse livrado de mais sofrimento.

— Atenção. — Milena falou em um pequeno aparelho. — Estou com a cobaia número 17 e com o super imune aqui na praça Deodoro. Tem mais duas cobaias escondidas em um prédio aqui perto. Relatório final: três mortos e um ferido.

Milena se afastou um pouco dos corpos, precisava manter guarda sobre eles, quando um barulho de moto chamou sua atenção e Thalisson desceu apressado. Ela não esperava por aquilo, largou o rifle no chão, mas somado aos dois mortos próximos, a cena dizia tudo.

— Milena você...

— Eu precisei fazer isso. — ela tocou o rosto dele sentindo de novo uma tristeza a preencher.

— Eu vou tentar entender. Mas por favor volte comigo. Eu estou aqui por você.

— Não posso. Você não entenderia. Eu fiz coisas ruins, não posso continuar com vocês. Você definitivamente não deveria ter voltado. — ela falou agitada notando que Thalisson estava próximo demais de uma verdade que ele jamais deveria saber. — Eu não queria ter que fazer isso, mas você...

— Para com isso Milena, vo...

Milena o interrompeu com um beijo, apesar de tudo foi sincero e tinha algum sentimento envolvido. Ao primeiro sinal de um helicóptero, Thalisson tentou fugir do beijo, mas assim que se soltou foi surpreendido por uma pontada que atravessou seu peito. Milena se afastou chorando de Thalisson enquanto via a faca que ela mesma tinha cravado no peito dele.

— Me desculpa. — ela sussurrou entre soluços. — Você deveria ter ficado com eles.

— Pelo menos foi por suas mãos. — ele apontou para a faca e caiu no chão.

Milena se aproximou dos dois corpos enquanto o helicóptero se aproximava. Enfim poderia voltar para a segurança, deu uma última olhada para o corpo caído de Thalisson e se despediu mentalmente.

— Você fez a coisa certa. — o doutor tocou no rosto dela que desviou.

Milena olhou para o horizonte, tudo parecia tão pacífico ali do alto, mas dentro dela tudo era um turbilhão. Ela sabia que mais tarde provavelmente se arrependeria de todas suas atitudes, sabia que a culpa iria corroer sua consciência aos poucos, mas no momento a única coisa que preenchia seus pensamentos era a esperança da cura para sua família, eles eram a única coisa importante naquele mundo caótico e no final ela teria que lidar com a culpa se quisesse tê-los de volta.

°°°°

2 MESES DEPOIS

Thaís estava preocupada, até chegar em Barreirinhas tinha encontrado uns 15 sobreviventes no caminho, mas assim que chegou na base de sobreviventes de lá, foi surpreendida por uma massa grande de zumbis que acabou reduzindo pela metade o contigente de sobreviventes que estavam ao lado dela. O posto de sobreviventes de lá estava vazio, tinha uma grande pichação no muro que dizia que os poucos sobreviventes tinham seguido viagem para Fortaleza e era para lá que ela seguia com 22 sobreviventes ao seu lado, entre eles Ale que era seu braço direito, Pedro que mesmo aleijado sabia se defender e tinha aprendido a ser um bom estrategista, a garotinha Kelly e sua tutora que se recusava a falar seu nome, mas que tinha ganhado o apelido de Ice por sua frieza característica. Thaís não estava contente com a situação, mas todos que estavam ali estavam dispostos a lutar, todos buscavam um lugar seguro, todos desejavam sobreviver e era isso que os motivava a seguir em frente e os desejos em comum uniam aquele pequeno grupo. Thaís se sentia em família e isso era algo raro de se ter em tempos de crise.

°°°°

Em alguma ilha próxima de São Luís

O doutor estava em uma sala secreta de sua base. Observava o corpo de sua filha inerte e conversava com a mesma, sem se importar com os corpos de Daniel, Luís e Clicia que se encontravam em grandes tubos preenchidos por um líquido espesso.

— Filha. O papai vai descobrir um jeito de trazer você de volta. Eu vou achar uma cura para os zumbis e vou dar um jeito de trazê-la de volta.

Ele tinha feito tantas coisas das quais se arrependia. Olhou para Luís e lembrou da alteração que ele fez no soro, lembrou da evolução do vírus de Clicia que ele ajudou a criar, lembrou do grande cientista que era seu irmão. Se ele tivesse sido mais presente, talvez seu irmão não tivesse buscado ganhar dinheiro com aquelas pesquisas que deveriam ser dos dois. Se aproximou da saída da sala secreta, colocou a mão sobre o interruptor e respirou fundo. Não notou o leve tremor nos olhos de Daniel, que se propagou para todos os corpos ali presentes.

Desligou a luz e saiu da sala, os mortos precisavam descansar em paz.


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Notas finais do capítulo

"Os mortos precisam descansar em paz." Assim termina a primeira parte dessa incrível história. Muitos zumbis, tecnologia, e claro, muita ficção científica. Gente, espero que tenham gostado dessa história, foi bem divertido postar até aqui e compartilhar com vocês esse livro que eu fiz com tanto carinho para um amigo que não gostava muito de ler. A história acabou, mas poderá ter uma continuação o final é meio aberto a ideias, eu estou planejando outro volume que vai finalizar a história, mas estou produzindo aos poucos pois estou com pouco tempo por conta da faculdade. No mais, se eu voltar para postar o segundo volume eu espero poder contar com o apoio de todos vocês comentando a história e compartilhando *-* Foi uma sensação maravilhosa escrever aqui. Bjs e até a próxima :3
Em caso de apocalipse zumbi procurem a saída de emergência mais próxima.



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