Humanidade: A Queda escrita por Daniel A Soares


Capítulo 13
(Parte II) Capítulo 4 - Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Sentem-se, segurem bem o coração, bebam um copo d'água e leiam com cuidado, esse capítulo está uma loucura, tempestade totaaaaaaal. Depois da calmaria... Vejo vocês nas notas finais.



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Capítulo 4 — Tempestade

"Chuva, raios e trovoadas. De repente a calmaria se transforma e o dia ensolarado dá lugar a tempestade. A calmaria que precede a tempestade pode ser cruel." SOARES, Daniel

— Paaaaaaai. — gritei. — Meu estômago e minha cabeça doem muito.

Em pouco tempo meu pai estava ali me examinando, olhando assim parecia totalmente profissional, com os dedos tocando meu pulso, meu pescoço, examinando meu corpo e finalmente abrindo meus olhos, foi nesse momento que enxerguei o pai que havia ali dentro, naquele olhar de preocupação.

— Eu fui...— minha voz falhou. — Infectada?

— Ainda é cedo pra dizer. — meu pai suspirou pesadamente. — Mas isso não parece muito provável, seu sistema imunológico foi estimulado por minhas experiências ao longo dos anos. Você é a primeira super imune artificial do mundo.

— Experiências? Do que você tá falando papai?

— Eu usei umas técnicas pra tentar estimular seu sistema imunológico e os resultados foram favoráveis. Talvez essa dor seja algo que você comeu. Vou buscar uns remédios.

Meu pai saiu do meu quarto, mas deu pra ver que ele tava esquisito, uma boa filha sabe quando o pai esconde algo. Alguns minutos depois meu pai trouxe uns remédios, ele estava cansado e preocupado, tanto é que nem se lembrou de trazer apenas os comprimidos e vi que aqueles remédios não eram para uma dorzinha de estômago. Fechei os olhos, talvez fosse coisa da minha cabeça.

°°°°

— Alguém ativou o alarme silencioso da sala privada. — minha assistente falou olhando para a tela do computador, segundos antes do primeiro alarme de emergência ser ativado.

— O que foi isso agora? — gritei acima do barulho ensurdecedor.

— São os sensores de fora. — ela falou atordoada tentando acessar as câmeras do lado de fora. — Mas as câmeras não estão captando nada. Está escuro e os sensores de calor também não estão captando nenhuma coisa.

Tentei pensar no que poderia ter ativado o alarme de movimento, algo que não aparecia nos sensores de calor e não precisei pensar muito. A resposta era óbvia, eram as criaturas conhecidas como zumbis.

— Deve ser alguma criatura. Vamos descobrir quantos são para ver se é possível a coleta. Quanto a sala proibida, tranque e depois veremos o que será feito dos intrusos.

°°°°

Thais olhou com ódio para a criatura a sua frente, era uma mulher, ou tinha sido uma mulher antes de virar zumbi. Ela reconheceu como sendo uma das mulheres que estava no grupo que a salvou, aquela mulher devia estar escondendo que tinha sido mordida, Dillan tinha se sacrificado por isso e aquela maldita tinha levado a infecção para dentro da base. Thais viu sangue e viu uma mulher caída no chão atrás da zumbi, uma arma estava ao lado dela, mas a pobre mulher estava morta e sem as mãos. Thais nem pensou em pegar a arma, segurou firmemente a tampa da descarga e quando a zumbi correu ela percebeu que teria que acertar um único golpe mortal.

— Essa é por Dillan sua VADIA!

E deu um golpe certeiro na cabeça da zumbi. A tampa da descarga acertou em cheio a cabeça da zumbi que se afastou atordoada, a zumbi tentou levantar, mas Thais não hesitou e acertou outro golpe com mais força, outro em seguida, outro, mais um, Thais bateu até sentir que não tinha força e apenas a adrenalina a movia. A tampa da descarga quebrou, assim como a cabeça da zumbi.

Thais se afastou um pouco atordoada, juntou a arma do chão, deu um tiro de misericórdia na cabeça mulher que tinha sido morta pela zumbi e correu para descobrir o que estava acontecendo.

°°°°

O clima dentro da delegacia estava pesado. Com a ajuda de Pedro, Ale tentava manter tudo sob controle, mas a pressão parecia que iria deixar todos loucos. João sempre encontrava um jeito de se embriagar e se distanciar daquele mundo, ninguém mais suportava aquela realidade. E ainda era o primeiro dia confinados dentro da delegacia, sendo impedidos de sair por uma multidão de zumbis. Eles não tinham se preparado para aquele tipo de situação, segundo as contas o suprimento acabaria em menos de duas semanas e o número de zumbis lá fora parecia aumentar a cada dia.

Pedro tinha conseguido ir escondido no estacionamento e transferiu todo combustível para duas viaturas, aquele seria o último plano deles, se nada desse certo.

°°°°

Assim que identificamos o número de zumbis lá fora eu imediatamente soube que algo estava errado, era um número absurdamente grande para uma horda, muito grande para a captura de espécimes. O comportamento deles também parecia estranho, meio alterado. Alguns ficam parados sem fazer nada, outros andam de um lado para o outro sem destino, mas eles não saem do perímetro da nossa base subterrânea, parece que estão esperando algo, como soldados esperando uma ordem. Que interessante, preciso documentar tudo isso. Quanto ao intruso da sala dos espécimes, acho melhor transformar ele também.

— Abra as portas da cela. Ele irá virar um espécime ou vai virar comida deles. — ordenei a minha assistente.

°°°°

— Tia! Vou tirar a senhora daí. — Wanderson falou para a mãe de Luís.

— Obrigada meu filho.

Wanderson pensou em perguntar de Luís, mas a voz em sua cabeça aconselhou que ele não perguntasse, afinal, a mulher chorava por seu filho.

Wanderson estava ocupado tentando abrir a cela quando seu corpo todo arrepiou, "PULAAAA!!!". A voz gritou em sua cabeça e ele saltou a tempo de ver um zumbi cair onde antes ele estava. Foi bem rápido, ele viu outra das celas abrir e um zumbi saiu e o olhou faminto, ele deu um chute no primeiro e correu procurando uma saída quando ouviu o barulho das outras celas abrindo. "Não tem nenhuma saída, você precisa lutar", Wanderson ouviu, mas tinha mais de cinco zumbis vindo em cima. Ele foi jogado contra a parede e se encolheu no canto da sala. Nesse momento ele fechou os olhos "Não desista!", a voz soou fraca na mente dele, mas ele não tinha esperança, quando um grito feminino cortante invadiu seus ouvidos. Foi tomado por um instinto heróico, mas teve uma surpresa ao abrir os olhos, a mãe de Luís estava de braços abertos na frente dele e gritando ferozmente.

°°°°

— Cara! Tu tá muito estranho. — João falou de costa pra Luís observando os zumbis lá embaixo. — Aqui em cima desse... dessa delegacia sou... me sinto... hic ...sou o superman.

Luís olhou para João, havia uma luta interna dentro dele, ele estava uns dias sem usar o soro e isso o deixava apreensivo e incerto do que fazer. João sabia demais, mesmo bêbado representava um perigo a estadia de Luís ali com seus outros amigos. Luís precisava se livrar de Milena e ainda precisava neutralizar Thalisson e ele não queria derramamento de sangue, mas agora vendo João ali tão próximo da beirada do prédio e bêbado, Luís se sentiu tomado por um sentimento brutal que ele só podia associar a presença daquele soro no corpo dele, ele sabia o que devia fazer e isso o apavorava e encantava ao mesmo tempo.

°°°°

Milena fugia de um dos homens da delegacia, ela estava na área das celas e o maldito a perseguia falando palavras obscenas e tentando intimidá-la. Milena por um momento lembra do corpo que ela deixou no prédio, o homem são que ela precisou se livrar para se proteger. Milena lembra da assassina que ela carrega dentro de si e tenta fugir disso, se esconde dentro de uma cela que ela tinha inspecionado mais cedo. Alguns segundos depois o homem chega a cela e a encontra vazia.

°°°°

Thais tinha encontrado pelo menos três zumbis dentro da base, de alguma forma eles tinham conseguido entrar ali, mas quando ela parou de correr para respirar e deixou sua mente analisar a situação ela percebeu que os zumbis eram conhecidos. Na verdade ela não os conhecia tão bem, mas reconheceu os rostos como sendo de soldados daquela base, as pessoas saiam de seus dormitórios assustadas, estavam indo para o pátio da instalação. Thais andava com mais calma, observava tudo atenta, foi quando um vulto em um quarto chamou a atenção dela. Thais voltou ao quarto e quando chegou viu uma coisa incomum. Uma criança bem pequena e toda suja de preto estava em cima de um homem, ela emitia uns grunhidos furiosa e mordia o rosto do homem. Assim que Thais sacou a pistola, a criança notou e saltou para cima dela. O hálito horrível, os dentes apodrecendo, Thais tinha certeza que estava cara a cara com a fonte da infecção misteriosa dentro da base.

°°°°

Luís se aproximou lentamente de João, ele não podia deixar que ninguém alimentasse desconfiança em relação a ele, mas matar poderia aumentar ainda mais a desconfiança. O jovem embriagado de repente ficou se equilibrando na ponta do prédio e sorria pedindo silêncio, era a oportunidade de Luís queria.

João nem viu o que aconteceu, bêbado como estava só percebeu que tinha se desequilibrado e estava caindo rumo a morte certa entre zumbis, não viu a mão que o empurrou. Luís viu com certo desgosto uma mão se segurando e ouviu os gritos de socorro que agora atraíam a atenção de vários zumbis.

— Se você me soltar cara eu te mato. — João gritou.

Isso iria atrair a atenção dos demais, Luís puxou João, era questão de tempo até alguém aparecer ali em cima.

— Alguém me ajuda! — Luís gritou.

Luís puxou seu amigo, seu olhar demonstrava uma preocupação genuína e João confiou, soltou a outra mão e conseguiu se erguer. João sentiu o braço de Luís envolver seu pescoço para obter mais apoio e puxar, mas o que aconteceu em seguida sua mente alterada pela bebida não entendeu e jamais poderá entender. Com um rápido movimento Luís quebrou o pescoço de João e empurrou o corpo dele para fora.

— NÃOOOOO! — Luís gritou, mas seu rosto exibia um sorriso cruel sentindo o sangue pulsar cada vez mais quente em suas veias. — Não imaginei que sentiria isso. — começou a sussurrar. — Que saudade eu estava de sentir esse prazer de tirar a vida de alguém em meio a esse caos em que vivemos.

Luís olhou bem a cena, os zumbis devoraram rapidamente João, comeram tudo, arrancaram membros, puxaram órgãos com as mãos e em poucos minutos não tinha mais nada que pudesse associar a João.

°°°°

Pedro chegou a cobertura do edifício e abraçou Luís que chorava.

— O João cara... — Luís soluçou. — Esse bêbado idiota. Não consegui segurar ele.

Pedro ficou assustado, mas não comentou nada, olhou para baixo e viu que não havia mais nada, apenas vários zumbis famintos esperando que mais comida caísse do céu.

— Mano. Não foi culpa sua. — Pedro fechou os olhos, não podia ser fraco, tinha que ser um porto seguro para seus amigos.

Pedro sentiu a mão de Luís deslizando para o pescoço dele, estranhou um pouco, mas não quis atrapalhar o momento de luto. Sentiu uma leve pressão na sua nuca e continuou a consolar seu amigo. Foi quando um grito feminino ecoou lá embaixo, era um grito terrível de dor. Um barulho foi ouvido e Luís se levantou e viu Clicia correndo do lado de fora, gritando com as mãos na cabeça, ela entrou no meio da horda de zumbis e de repente sumiu de vista no meio daquele mar de morte.

°°°°

— Vamos para os carros. Rápido. — Ale gritou alertando todos. — Pedro, carregue Thalisson pra nossa viatura, Clicia lançou ele contra a parede. Juntem apenas o necessário, tem suprimentos nas viaturas.

Do lado de fora os zumbis empurravam, a força era tanta que as paredes estavam começando a rachar, eles precisavam ser rápidos. Correram para fora da casa, Ale, Thalisson, Luís entraram em um carro. Pedro correu para chamar Milena, enquanto os outros dois homens entraram no carro e deram a partida.

Ale partiu, abrindo caminho entre os zumbis, a viatura seguinte veio logo atrás, mas de repente estancou. Os zumbis imediatamente cercaram a viatura e começaram a empurrar e a quebrar os vidros, o carro foi virado e um dos homens tentou sair por cima, mas foi imediatamente puxado e teve o rosto dilacerado nos primeiros 5 segundos, os zumbis puxaram o corpo e devoraram o restante.

— Pedro! Milena! — Ale deixou uma lagrima silenciosa cair vendo a viatura caída.

Luís fechou os olhos, o corte na mangueira tinha dado certo.

°°°°

Pedro correu para a área das celas, gritando por Milena. Ouviu o barulho da porta caindo e percebeu que não tinha mais para onde fugir, entrou em uma cela vazia, trancou a grade e se afastou da entrada quando o primeiro zumbi surgiu no corredor. Viu as paredes e o teto começarem a ruir, poeira caiu em cima dele, mas ele realmente sentiu medo quando uma mão gelada de repente o puxou para trás.

°°°°

De longe Daniel avistou a delegacia ruir, na verdade ele não se importava com a delegacia, isso não era sua preocupação inicial, o foco era uma pessoa apenas e ela estava agora ao lado dele o ajudando a andar. Clicia tinha fornecido uma chave evolutiva incrível para ele, seu corpo ainda precisava entender e mimetizar tudo que tinha ocorrido no dela, mas uma coisa ele já tinha alcançado e estava com muita vontade de por em prática.

°°°°

Thais ouviu um tiro e a criança caiu morta, um soldado a ajudou a levantar.

— Vamos para o pátio. Tem mais dessas crianças zumbis por aí, precisamos nos reunir e pegar as armas para lutar.

Thais seguiu o soldado e chegaram ao pátio. Encontraram algumas crianças zumbis com a cabeça estourada no caminho, chegaram ao pátio e encontraram todos muito agitados. Escutou um barulho vindo do alto e se virou bem a tempo de ver uma criança zumbi saltar.

— Ah não. Não vou vacilar mais uma vez. — Thais falou furiosa e deu um único tiro.

°°°°

Os zumbis começaram a vir em direção a porta da instalação, alguns ativaram armadilhas e explodiram, mas os outros continuaram vindo em direção a porta e fomos pegos de surpresa. A horda era imensa e eles se esmagavam contra a porta, no intuito de derrubá-la. Vários deles foram mortos pelas armadilhas e mesmo assim em poucos minutos eles derrubaram o grande portão. Os soldados abriram fogo e dispararam em todos os zumbis que vinham, de repente um dos soldados se curvou e começou a vomitar, outro de repente paralisou e caiu no chão, outro se curvou aparentemente tossindo sangue. Mudei a câmera e vi o que eu mais queria ver, o super imune.

°°°°

Daniel tinha tirado sua camisa e seu short, andava apenas de cueca, porque algo em seu subconsciente o tinha obrigado a vestir algo. Ele andava tranquilo, seus olhos inexpressivos, seu rosto com uma expressão neutra, seu corpo irradiava algo interessante. Ele podia sentir vários microorganismos próximos, no ar, na terra, nos corpos e nele mesmo. Os microorganismos saiam dele e vinham de outros lados e atacavam quem vinha pela frente, um ataque silencioso, cruel e mortal. A primeira chave da evolução concedida por Clicia era incrível e em breve ele teria mais. Passou andando por cima dos soldados e alguns zumbis se atiraram sobre os corpos para devorar, enquanto outros o seguiam. Daniel olhou para a câmera e sorriu.

°°°°

Ouço os gritos lá fora, os zumbis estão matando meus funcionários. Peço a minha assistente para apertar o botão de emergência.

— Foi uma honra trabalhar com o senhor.

— Eu que agradeço minha cara. Agora tranque-se no banheiro e veja se consegue sair pela ventilação. — falei calmo.

Ela sorriu e correu para o banheiro. Fechei os olhos e a porta abriu, o super imune surgiu bem na frente e antes que eu pudesse pegar a arma, senti todo meu corpo paralisar, enquanto o garoto apontava a mão para mim. Senti meu estômago revirar e comecei a vomitar e tossir descontroladamente.

°°°°

Olhei bem para aquele cientista maldito, sentia uma sensação esquisita, ele merecia aquilo, foi por culpa dele que aquele homem está me perseguindo.

Peguei no queixo do cientista e ergui o rosto dele, sangue jorrou do nariz e sujou minha mão, enviei mais microorganismos através do contato corporal e ele novamente se curvou e começou a tossir até sair sangue e pedaços de coisas, parecia pele, talvez fossem os órgãos. Será que consigo fazer o coração dele sair pela boca? Parece uma boa idéia, talvez eu faça isso depois de destruir a instalação.

°°°°

Clicia esperava fielmente do lado de fora, fazia um bom tempo que Daniel tinha entrado, ela se moveu no intuito de ir, mas uma explosão na instalação a impediu. Talvez aquilo acabasse com o martírio dela. Talvez aquilo desse um fim a tudo. Talvez... apenas talvez.


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Notas finais do capítulo

Não sei nem o que dizer depois desse capítulo, apenas sinto. O que acharam dessa tempestade? Essa reviravolta foi boa? Caraca, só espero que gostem do rumo e saibam que mais surpresas ainda vem :O
Vejo vocês nos comentários :* ♥



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