Lágrimas da Realeza escrita por ShinySaturn


Capítulo 11
Capitulo 7: A falta que você me faz


Notas iniciais do capítulo

Depois Jaspe ajudar uma amiga, e dela alimentar seu animal de estimação, Hessonite decide proceder a um pequeno e calmo dialogo.



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Jaspe entrou naquela sala, pouco tempo depois, para verificar o estado em que Pérola se encontrava, para ver se esta finalmente se havia regenerado. Rasgou um sorriso em sua face ao reparar que ela já estava de volta, e mais importante, já estava bem, porém, seu sorriso caiu quando viu que a mesma chorava profundamente.

Não hesitou, e correu até o local, observando com cuidado cada detalhe do corpo da empregada, que se sentiu mais segura com a nova presença, limpando suas lágrimas. Os olhos da guerreira reflectiam tudo, reflectiam imensa preocupação, e Pérola conseguiu apreciar os mesmos, de forma surreal, como se tal majestoso olhar fizesse parte de todo aquele processo de superação. E na realidade. Fazia.

— Ainda bem que voltou e estás bem – Pronunciou num grande alivio – Eu estava preocupada…

Pérola não respondeu, suas palavras eram um mistério que ninguém por agora iria sequer conseguir ouvir, ela apenas movimentou a cabeça entre vários soluços, moveu a mesma de forma afirmativa. Jaspe então continuo a verificar o estado do corpo dela, tentando perceber se já estava bem ou se ainda necessitava de mais tempo.

— Ainda sem palavras… - Jaspe realizou uma pequena gargalhada, mas ainda entristecida ao pronunciar tal.

Pérola começou a esfregar a água curativa nos seus braços, já se apercebera que aquilo lhe iria fazer bem, e sentia-se refrescada a cada punhado de água que colocava, ao sentir o mesmo liquido frio e purificador a escorrer por todo o seu corpo. A guerreira então decidiu ajudar um pouco, ao passar em todas as partes do corpo que lhe fossem possíveis.  Evitou  os lugares mais íntimos, esfregando somente naqueles que Pérola se sentia mais segura em alguém estrangeiro lhe tocar, tais como a parte superior dos braços.

Como tentativa de chegar e ajudar a lavar os locais um pouco mais difíceis, Jaspe aproximava seu corpo cada vez mais da nobre empregada, que não rejeitou, muito pelo contrário.

Pérola Rosa estava tímida com toda aquela aproximação, mas ao mesmo tempo, sentia-se segura, ainda mais e mais. Jaspe passava a tal água curativa em suas costas, de seguida, até os braços, e ombros, esfregando tais zonas igualmente em massagens relaxantes que ajudariam tal corpo de luz a se recompor. Seus gestos calmos reflectiam bastante ternura, e a nobre empregada graças a tal boa sensação, deixou de derramar suas lágrimas de vez, e se sentia cada vez mais, novamente bem. Acabou num estado de espírito natural.

A guerreira abraçou-a pelas costas, durante leves momentos, e sussurrou-lhe algo no ouvido.

— Não te preocupes, estarei aqui sempre para te proteger – Murmurou com calma e paixão no seu tom de voz.

Afastou-se, dando espaço a Pérola Rosa logo em seguida, não queria que a pobre envergonhada acabasse explodido em vermelho, num estado maior do que aquele que ela já se encontraria em tal instante. Jaspe então movimentou uma parte de tal banheira magica, e tocou numas configurações, Pérola sentiu-se mais refrescada quando nova água fora criada e substituiu a antiga parcialmente. Suas feridas, e, principalmente, sua Jóia quase fragmentada pareciam curar mais rapidamente com tal renovação do milagroso liquido.

— Vou desligar – Jaspe começou de forma serena – Esta maquina gasta muita da nossa energia dos motores principais da nave… Terás que ficar ai dentro nessa água até ficares totalmente regenerada, mas como a água a partir de certo ponto deixará de ser fresca e perder parte de suas propriedades magicas, será um processo meio doloroso.

Ao ouvir aquilo, ela pareceu mais ansiosa do que o comum, não queria sentir, e mesmo não estava pronta, tanto psicologicamente como fisicamente, para enfrentar novas dores, em tal perturbado instante, pois tinha acabado de sair de uma situação traumática. Ela apenas precisava de tempo...  Ela apenas tinha que descansar um pouco mais para voltar totalmente a ativa. Jaspe apercebeu-se daquilo, então decidiu aliviar a situação, meio que disfarçando suas recém pronunciadas palavras.

— Não te preocupes, a dor que sentirás não é algo muito grande, consegues superar facilmente – Contrariou-se então, deixando a empregada um pouco mais leve, esboçando um pequeno sorriso em seu rosto, a medida que baixava a  cabeça e analisava seu próprio corpo, enquanto encarava seu reflexo pouco nítido naquela água, como se fosse um espelho.

Então, a guerreira segurou uma alavanca, e puxou. Aquela banheira especial, assim, cortou sua ligação com a fonte de energia principal da nave, consecutivamente deixou de criar a tal misteriosa e curativa água nova, mas a antiga ainda permaneceu no interior da mesma.  Foi um pequeno alivio deixar de ouvir o motor de tal maquina dentro daquele quarto, constantemente puxando e gastando energia para se manter, agora estava silencio total. Uma paz tranquila invadia os ouvidos da dupla, e tal, parecia bastante refrescante, apesar de de vez em quanto, o fino alarme da base ecoar pelos corredores alertando as ali existentes habitantes, que o planeta iria expelir mais uma vez seus gases venenosos. Mas tal, não parecia grande incomodo para ambas. A água parecia proteger Pérola ainda mais do veneno do planeta, Jaspe aguentava firme, como a guerreira que era e sempre fora.

Então, Pérola permaneceu bem mais calma agora, com a presença da guerreira, portanto, olhou o redor. Não sabia quanto tempo passou, mas já devia ser de dia, devido a sala não contar com nenhum interruptor de luz que estivesse ligado, mas ter claridade suficiente para se observar o que lá dentro na mesma existia. Era uma sala grande, sem janelas, não devia contar com pouco mais do que com a tal banheira inabitual, e um saco de pancada perto de uma das paredes, mais distantes. Suas paredes eram tão comuns como as das restantes da base, construída da mesma forma como todas as outras, com os mesmos materiais e técnicas de proteção. De relance, todo o espaço parecia vazio e triste, como um campo de batalha.

Jaspe afastou-se ainda mais, para tirar proveito da pausa que iria realizar em seu quarto, pelo menos, até Pérola estar curada, ou novas ordens de Hessonite do dia, a não ser que ela fosse chamada. O pequeno saco de pancada, notoriamente quase desfeito, estava na outra extremidade do quarto, ela dirigiu-se a ele.

— Pérola. Irei treinar – Pronunciou enquanto caminhava – Sinta-se á vontade. Se quiser algo, pode me chamar, se quiseres falar alguma coisa para mim, claro.

E então, começou a praticar as mais diversas técnicas contra tal coisa.  Pérola observava atenciosa, ao longe cada um dos movimentos cuidados da companheira, Jaspe procedeu ao usou de inúmeras armas, desde espadas, a lanças e machados, encontrados devidamente guardados num compartimento especial que ali perto existia. Conseguia destruir por completo o boneco pelo qual praticava, reflectindo suas poderosas habilidades de forma incrível.

Pérola ficou impressionada, ver uma guerreira de alto estatuto dar tudo de si num treinamento, demonstrando tanto potencial, não era de admirar tal guerreira ter conquistado tudo o que continha até hoje.

O saco de pancada automaticamente se regenerava  sempre que explodia ou se partia, não era de forma total, mas ficava em qualidade decente para novos e constantes treinos. Parecia ser algo enfeitiçado, mais uma inovadora tecnologia das Jóias. Um saco de pancada quase indestrutível, perfeito para longos treinamentos.

O saco, também parecia conseguir mudar de forma para o que quisesse, se fosse devidamente programado, Jaspe assim o fez, mudando, durante vários seguidos minutos, para inúmeros níveis de dificuldade, através de um interruptor próprio que ele contava em uma das extremidades.

 E a nobre empregada, sempre observando, o corpo já desgastado e os músculos físicos e poderes mágicos sendo trabalhados da guerreira. A maquina atingia níveis de poder incríveis, utilizando proveito de todo o espaço e recinto livre. Ela também parecia estar programada para analisar o espaço envolvente, o que possibilitava ela perceber, e embater no que devia, e não devia embater. Pérola estava de boca aberta ao ver a tal tecnologia em acção, tentando sempre bloquear e derrubar Jaspe, quase como se fosse uma outra guerreira ali, em pleno combate. Com movimentos e técnicas magicas extremamente realistas. Estava a ser um treinamento surreal

Porém, foi Jaspe que mais chamava sua atenção. A sua expressão facial. Pérola não sabia em exato, no que Jaspe pensava, a dada altura, viu raiva em seu olhar, e em outros momentos, tristeza. E tudo parecia ser reflectido na força e rapidez dos seus golpes. Não sabia, não tinha a mínima ideia, do que ela pensava para a influenciar assim. Memorias percorriam sua mente. Recordações a incomodavam, tristes, neutrais, e felizes, a faziam mover e seguir em frente nos golpes contra  a maquina. Por vezes, Jaspe parecia até mesmo dar gargalhadas sem noção, e outras, deitar lágrimas de imensa tristeza que, tendo em conta o que Pérola já conhecia sobre ela, parecia que só lamentavam a perda dos antigos companheiros.

Até um momento em que uma das formas que o saco adotou encravou, e parecia não querer se reiniciar. Estava a ter certas dificuldades técnicas. Era lógico, depois de tanta porrada que sofreu, mesmo sendo resistente, já sofrera com muita destruição ao longo dos tempos que servia para os treinamentos de tal guerreira astuta.

— Já está a ficar meio avariado – Jaspe comentou, dando uma gargalhada, ao reparar no olhar fixo e curioso da sua única espectadora ali presente.

E nesse mesmo instantes, pareceu se esquecer em tais pensamentos que tanto a atingiam na mente durante tal duradouro treino. Jaspe continuo mais algum tempo, depois de reparar o saco especial de luta e este voltar ao seu funcionamento normal.  Até encarar os olhos curiosos da Pérola Rosa, sempre com bastante atenção lá na outra extremidade longínqua do seu quarto, mais uma, e outra vez

A guerreira parou então. Tinha algo em mente, mas não sabia como começar, já que era algo meio considerado, proibido?… Mas afinal, porque não tentar? Pérola parecia bastante atenciosa e com interesse para tal. No final de contas, só elas duas se encontravam ali dentro e mais ninguém, ninguém mais saberia daquilo. E assim foi.

Pérola, só ouviu seu nome ser pronunciado de forma estranha nunca antes ouvida por si, o que a fez ganhar uma reacção inesperada ao ouvir o pedido seguinte que lhe fora feito.

— Eii Rosinha! Queres aprender a lutar? – Questionou Jaspe com um sorriso no rosto ao cruzar seus braços.

Pérola de imediato disse não. Afinal, ela não servia para aquilo. A maquina permanecia ali parada, esperando nova programação para iniciar um novo treino.

— Então, pretendes continuar como uma Pérola genérica? – Jaspe realizou uma pequena gargalhada em seguida – Por um lado, de genérica, não és tão genérica assim.

Aquelas ultimas palavras de forma estranha despertaram o interesse de Pérola, mis interesse do que observar a maquina e a Jaspe a suarem de tanto lutarem, e assim ela moveu logo a cabeça para o lado, olhando seria para a guerreira, sem entender nada, esperava uma resposta. Sabia que Jaspe a daria, pois sabia que tal guerreira já conhecia sua linguagem corporal sem palavras, apesar do pouco tempo em que estiveram juntas, e apesar dos poucos momentos em que permaneceram sozinhas para se conhecerem melhor fisicamente e psicologicamente.  Talvez, tais pequenos momentos foram os suficientes, Pérola também conhecia uma boa parte do modo sentimental de pensar de Jaspe, estava mais da hora de aprofundar tudo isso.

 - Então… - Começou, tomando uma aproximação da banheira, depois de desativar o saco de pancada por completo – Queres saber porque não és tão genérica assim, certo?

E Pérola afirmou ao movimentar sua cabeça, sempre um pouco tímida com a pergunta lhe realizada, durante todo o tal processo.

— Porque és uma Pérola Perfeita. Queres saber porque te chamam de Pérola perfeita, não é?

Pérola já ouvira varias vezes Jóias por onde passava lhe entregarem aquele nome, não entendia, nunca entendeu os motivos. Finalmente, uma das coisas que assombrava sua jovem vida seria revelada. Jaspe deu um suspiro, prosseguindo então, pais já sabia, lógico, que Pérola já queria saber a resposta de tal, a muito tempo, apesar de não parecer.

— Porque supostamente, era para seres perfeita – Ela cuspiu as palavras, Pérola reparou no ar estranho pelo qual tal explicação pairava no ar. Principalmente quando a palavra ‘’Perfeita’’ saira de seus lábios.

Realmente foi uma tonalidade estranha, mas não questionou, e continuo a ouvir a explicação, bastante atenta a cada coisa que seus ouvidos conseguiam captar.

— Depois de morte de Diamante Rosa, a Era 2 de nossa sociedade se iniciou.  E com ela, as homenagens por parte das outras Diamantes aquela que elas tanto amaram, e que perderam… - O tom agora das suas palavras, adotou um tom triste, muito triste.

Pérola começou, por algum motivo, a se sentir mal por isso, sua expressão facial, novamente se desvaneceu a tristeza.

— Os membros da Elite, ou seja, Jóias guerreiras antigas que conseguiram ganhar um alto estatuto e influencia na sociedade devido a seu desempenho ao longo de séculos, começaram a receber Pérolas Rosa como parte dessas homenagens. Pérolas que continham uma aparência bem semelhante a Diamante Rosa – Jaspe aproximou-se da banheira, e começou a acariciar os cabelos cor magenta de Pérola, com um pequeno sorriso e olhar sincero, que fizeram a coitada corar ainda mais - Além do visual mais bonito e cuidado, essas mesmas Pérolas também foram modificadas de modo a acabaram mais habilidosas e trabalhadoras – E concluiu, se afastando – Dai, Pérolas perfeitas é um dos seus nomes, porque vocês atingiram um nível superior a qualquer outra Pérola vulgar que serve as Joias que não são da Elite, depois da Era 2.

A nobre empregada, não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. Parte de sua existência era basicamente, honrar alguém amado, que as grandes soberanas do mundo dos cristais tinham á muito tempo perdido. De certa forma, sentiu-se culpada de tudo em tal instante. Revelações, informações simplórias assim, as vezes, contavam com tal impacto, apesar dela originalmente não ter culpa de praticamente nada que acontecera nos últimos milénios por ser alguém extremamente novata.

Jaspe analisou melhor o corpo da hóspede do seu quarto por uma ultima vez, e então, apercebeu-se que Pérola já se encontrava totalmente curada. O treino, distraíra Pérola, e ajudara a mesma a superar a dor que iria sentir quando a regeneração em todo aquele tempo, fosse sendo efetuada lentamente pela tal água, agora, pouco fresca e magica. Removeu então a água restante da banheira por um tubo que levou até um compartimento da própria maquina, que a iria purificar para deixar novamente fresca e pronta para ser usada mais tarde.

Pérola sentiu um estranho calafrio com tal, mas tentou aguentar a pequena dor, impressão que sentia, que logo, superou.

— O tempo passou a voar, agora, não é mesmo? – Jaspe comentou, ao ajudar a Pérola erguer seu corpo.

Suas mãos tocavam nas dela, e quando estava totalmente fora da maquina estreita, Jaspe não largou os dedos delicados da frágil jóia. Continuo aguentando as mãos dela, esfregando seus dedos na pele rosada com carinho.

— Teu corpo agora renovado, está bem mais macio – Comentou, fazendo a Pérola Rosa corar ainda mais, e quase instintivamente, afastou-se, removendo de imediato suas mãos das mãos dela.

Jaspe respeitou sua decisão, e igualmente se afastou, mais uma, e outra vez.

— Vamos, antes que dê um tareco á Hessonite – Afirmou de forma ríspida, dirigindo-se até a saída da sala, e indicando a Pérola igualmente tal caminho.

Pérola caminhou atrás, seu corpo estava enervado. Não saberia se conseguiria olhar novamente para Hessonite depois do que acontecera. Estava mais calma, sim, mas a ferida sentimental daquilo ainda demonstrava-se bastante aberta, e sangrando rios de água vermelha como os seres orgânicos. Deixou uma lágrima escapar, enquanto as recordações do que acontecera passavam em sua mente como um longo e terrível filme.

Acabou parando, e baixou a cabeça, encolhida, enquanto Jaspe já se encontrava no meio do local da porta. A guerreira, então, ao aperceber-se de súbita paragem, cruzou os braços e encostou-se a um dos beirais da mesma, observando a Pérola ao longe, seriamente.

— É assim que vais enfrentar teus problemas, como uma cobarde? – Comentou, elevando a voz – És nova, e tens uma longa vida em frente, esta não será a ultima vez. Sofrer é uma das coisas mais comuns da nossa sociedade.

Jaspe então aproximou-se.  Pérola ficava em metade do tamanho da guerreira, encarando o olhar, sério, desafiador, poderoso dela. E ela, até pareceu aproximar-se até demasiado.

— Enquanto eu estiver aqui, nada significará nada, porque eu irei te proteger – Pronunciou então.

Jaspe agarrou Pérola pelos braços, sacudido um pouco do seu corpo, de forma brusca, mas com o devido cuidado para não a magoar. Forma simbólica de fazer Pérola acordar para a realidade. De seguida, apenas, abraçou-a. Pérola entre os seus grossos, musculosos braços, conseguiu sentir a energia, poderosa, emanando dela e de sua brilhante e resistível jóia.

Um calor apropriado que a confortou ainda mais. Pérola, começava a se sentir pronta, e em certo momento, para ela, pareceu que tudo fora algo estúpido, sem sentido algum para ela se sentir assim. Pérola ao ouvir tais palavras, estava se sentindo pronta e melhor para tudo o que ai vinha.

— Existe injustiças, sim, mas podes aprender com elas. Os erros são normais. E quando estiveres clama, vais te aperceber, que, por vezes, nada daquilo que aconteceu, significará nada – Continuou, e, de certa forma, tais palavras pareciam ter algum sentido para ela, agora, naquele preciso momento.

Pois tal, era uma das descrições do sentimento de superação. Depois de aceitar o que acontecera, por vezes, não fazia sentido alguém ter se sentido de tal forma. Ficava a frase ‘’Nada daquilo significava nada’’ sempre no ar, e, por vezes, significado sempre existia, mas tudo parecia extremamente idiota para novas lágrimas derramar.

Sentimentos eram difíceis… Pensamentos, ainda mais complicados. Pérola já começava a sentir-se racional sobre o tanto que sofrera, vira, pensara, sentira, durante o pouco tempo que ali se manteve sempre viva.  Descrições sem sentido as vezes lhe invadiam a vida. As palavras de Jaspe foram bastante importantes para ela se sentir bem melhor em tal instante.

Nada significava nada…

Foi quando, ambas se mantiveram sempre, e mais sempre, abraçadas, aconchegadas uma na outra, Jaspe então passou sua mão com leveza no corpo frágil da empregada, percorrendo seus cabelos, penteando os mesmos com leveza, até chegar ao pescoço, e encarou-a, agarrando na sua cabeça, olhos nos olhos agora, durante meros segundos que pareciam uma paradísica eternidade.

Uma visão apaixonante parecia hipnotizar a empregada, que sem razão alguma que lhe fosse aparente, estava atraída por tal gesto.

Leve, começaram a se aproximarem ainda mais. Pérola começou a sorrir. Jaspe segurou a cabeça dela com carinho, acariciando uma das bochechas coradas da nobre empregada.

E começou a aproximar sua face…

A aproximar a sua face na face dela…

E seus lábios…

Quase tocando…

Nos lábios dela…

Pérola fechou os olhos, sentia-se extremamente bem, estava tão feliz, e sem saber como lidar com aquele sentimento forte que a invadia, e que, para ela, era totalmente novo, apesar de já saber que era errado, começou a se deixar levar, a se deixar levar cada vez mais pelo apaixonado momento…

Até que…

Pressentiram algo….

Pressentiram….

Alguém…

Afastaram-se uma da outra de imediato, quando começaram a ouvir uma voz poderosa a emanar do corredor, no outro lado, fora da entrada, para o quarto.

— O, que, vem, a, ser, isto?! – Era a pessoa que ambas menos queriam ver no momento, que pelos, vistos, já estava ali fixa, a muito tempo, e apenas não conseguia acreditar no que vira, não conseguia acreditar em toda a cena, não conseguia acreditar, apenas… Não conseguia.

Hessonite até levou a mão á cara, de tanto perturbada, de boca aberta, com aquilo. Tapou os olhos com uma das suas mãos, encolhida, durante algum tempo, até se recompor. Tentava rir, mas não sabia se devia. Os lábios de ambas não chegaram a se tocar, tudo fora muito rápido. Ela tinha interrompido a cena, mesmo a tempo de se transformar em alguma coisa de proibição extrema. Contava com o desejo de sair dali e fechar a porta, fugir para longe, de tão perturbado que tal foi. Mas conteve-se.

A dupla, com ar de apanhados, formaram de imediato o símbolo das Diamantes sobre o seu peito, para honrar a grande presença ali em frente e disfarçar o que estava acontecendo de romântico ali dentro. Hessonite não parecia nada satisfeita com o que estava a ver em frente, agora que se encontrou num estado mais calmo. Seus olhos agora, depois de deixarem de estar reprimidos, perplexos com aquela aproximação, pareciam furiosos com toda aquela aproximação.

— Agora que aparentemente está tudo bem… Voltem aos seus postos, JÁ! Vocês já sabem o que tem a fazer… – Gritou, com as presentes, ao apontarem para a sair da sala, depois cruzou os braços, adotando mais uma vez, um ar incrédulo –Vamos tentar esquecer isto. Tentar esquecer o que aconteceu…

Pérola, de forma tanto confusa como desajeitada, então correu em direção a tal sala onde as peças se encontravam, para continuar a construir as mesmas. Fora a primeira a sair, mantendo um estranho sorriso nos seus lábios enquanto corria pelos corredores, seguida pelos passos calmos de Jaspe. Quando a guerreira parrou ao lado da poderosa general, sentiu palavras leves, frias, em um murmúrio lento e assustador, invadirem os seus ouvidos.

— Não quero que isto volte a acontecer nunca – Comentou Hessonite, o que perturbava tanto Jaspe enquanto esta passava – Lamento informar, mas… Ela, é, minha. Sempre foi.

Foi então, que parou de súbito. E virou-se de súbito. E assim subitamente, Hessonite recebera um bom soco na sua cara. Não se moveu, permaneceu estática. Jaspe parecia satisfeita, muito satisfeita com a sua manifestação de raiva, mas manteve-se firme, sem demonstrar qualquer simpatia.

— Então… É assim não é? – Começou a general, reflectindo um pouco – Então…

Hessonite analisou o olhar furioso de Jaspe, realmente esta pareciam satisfeita com seu gesto brusco e com o simbolismo que este continha, com o significado que dará, a forma que ela se manifestou para se proteger, a ela, e ao que ela sentia.

— Então… Faz como quiseres! – Hessonite concluiu suas palavras, um pouco irónica – Preciso de ti ao lado dela, de qualquer forma.

— Parece que afinal te preocupas comigo e com o que eu sinto – Jaspe deu uma pequena gargalhada sádica após ouvir aquilo.

— Não. Estou a seguir o teu exemplo de pensamento, entendes?– Ela deu um sorriso no canto da boca, um tanto forçado - É como dizes, em tempos de crise, eu não posso sair por ai a despedaçar a tua cara, e a de tantas outras. Porque achas que eu não acabei totalmente com a vida daquelas tais miseráveis que eu apanhei no meio do corredor a fazer porcaria? – E ela, aproximou-se mais de Jaspe, serrando negativamente suas palavras, ainda mais -  E porque achas que depois desta coisa que eu acabei de ver tu, ainda, estás, aqui.

Jaspe pareceu arregalar seus olhos com aquilo. Hessonite continuou.

— Irás ajudar a minha querida Pérola no trabalho dela – Ela disse tais palavras de forma meia irónica – Mas não quero troca de palavras entre vocês, nem aproximações demasiadas como esta. Para fazer algo, não precisam de conversas sequer.

— Mas… - Jaspe começou, até ser interrompida logo de imediato a uma velocidade e tom surreal nas palavras frustradas da general.

— MAS NADA! Eu irei continuar os preparativos para explorar o subsolo, e da nossa própria fuga do calhau estúpido deste horrível planeta, se eu necessitar de algo, irei chamar por ti através de meu comunicador – E a general, deu um suspirou bastante longo, quando estava prestes a terminar em um tom firme e confiante, que irritou bastante a guerreira, e tal, pareceu ter sido um tom proposital por parte da Hessonite – Eu irei estar de olho em ti, e em cada passo que deres, em cada gesto que dares… Se colocares um dedo na minha Pérola, posso garantir-te que, apesar das nossas faltas com mão de obra aqui dentro, vais acabar em estilhaços pior que Diamante Rosa. Assim será, e por agora não temos mais frases com que trocar. Não conversaremos nunca mais sobre isto, principalmente sobre o que eu acabei de ver.

Jaspe continuou, apertando seu punho em fúria, estava quase mais uma vez a explodir, porém, tentou disfarçar quando várias outras guerreiras que estavam ali perto em outra sala da base passaram no corredor. Então, aproveitou a deixa para continuar caminhando em frente. Fora até a sala para ajudar Pérola Rosa, apesar de ter que estar distante dela. Jaspe não arriscou desta vez, e seguiu o que sua Hessonite mencionou. Colocando-se longe de Pérola na outra extremidade, para ajudar a construir aqueles bichos parasitas que controlavam mentes de seres orgânicos.

Hessonite cruzou os braços, observando-a, até desaparecer junto com a companhia das outras por completo. Moveu a cabeça negativamente, sinal de discórdia.

— Ela não vai aprender tão cedo… - Hessonite colocou a mão na cara, mais uma vez incrédula, ao pronunciar tal estranha afirmação para si própria – Eu pensava que sim, mas… Ela nunca aprendeu… - D repente, olhou para o lado, para dentro do quarto, e comentou de forma um tanto cómica - O que foi visto, não pode ser desvisto…

Jaspe passou no corredor. Tinha sido chamada por Hessonite. A guerreira trabalhava numa maquina especifica, parecia um instrumento. Ela estava na mesma sala, onde o seu animalzinho de estimação se localizava.

Sem grandes palavras, entregou a coisa que Hessonite lhe tinha pedido por mensagem através de um comunicador especifico, momentos atrás. Era uma das peças que Pérola tinha limpado, com um formato e propriedades determinadas. Peça esta que Hessonite logo instalou na nova maquina que criava ma receberam em suas mãos.

— Hey, Hessonite, ai está o que querias… E agora? – Jaspe entregou um estranho sorriso de sacanagem - Queres que eu supervisione e ajude novamente os movimentos de Pérola Rosa na construção e limpeza daqueles objectos? – Questionou sem longas mais frases.

— Já sabes que sim. Depois do que aconteceu com os dispositivos anti corrosivos mal instalados, e as outras coisas que tu sabes, eu não quero deixar a Pérola totalmente sozinha nessas importantes tarefas – E parou para refletir um pouco - Apesar de que ela fez um incrível trabalho na primeira peça que criou.

— E eu pensava que os teus motivos eram outros. E que depois daquilo, não me querias vez próxima dela – Jaspe deu um sorriso, sem encostando na beira da porta, provocando Hessonite propositalmente – Querida realeza, és tão controversa…

— Eu tenho vários motivos para minhas decisões, não sou obrigada a explicar todos quando quero cumprir uma tarefa ou objetivo. Se fosse, eu escreveria então um testamento – Hessonite elevou o corpo, olhando para os olhos de Jaspe com cara ameaçadora, começou a adotar assim, um tom bem irónico nas suas palavras cheias de razão - …  A não! Espera? Eu já faço relatórios! Porque achas que eles saem enormes?! Afinal não é assim tão simples. 

— Bom… Só quero saber porque, depois do que aconteceu, entregas coisas assim a ela? É tão difícil de explicar?

Hessonite suspirou, dando uma nova expressão facial meia difícil de explicar. Ela então, decidiu prosseguir.

— Tenho poucas jóias funcionais. Mais uma mão extra é preciosa, não quero que outras jóias com outros importantes propósitos não gastem seu tempo com uma tarefa daquelas, enquanto, ainda tenho outras menores fases da missão para cumprir e coisas para nosso plano de evacuação a fazer. Já informei cada Jóia da nave em relação a suas tarefas, enviei um pequeno grupo para cumprir outras partes da missão, e até agora, o ritmo está otimo. Daqui a nada, depois de confirmar a maquina, só resta esperar pelo plano dos Chupa-Pedra em quererem recuperar o seu ovo para iniciar nosso plano de fuga.

— E se algo correr mal? – Jaspe cruzou novamente os braços.

— Penso que eu já disse, e voltarei a repetir,  irei inspeccionar tudo a fundo, bem cautelosamente, desta vez.  Meu controlo está rigoroso. Não se preocupe com essa parte… - Hessonite então, piscou o  seu olho, de modo provocativo – Preocupe-se mais em se afastar da minha Pérola!

Depois de acabar com sua distracção, comer a grande quantidade de alimento lhe oferecida, antes de Jaspe chegar ali na sala. Foi então que o Gota-de- Ave de Hessonite tomou atenção ao ambiente envolvente, já que se manteve sempre comendo durante todo o tempo, enquanto sua dona realizava tais preparativos e conversava tudo o que tinha a tratar com Jaspe. Espécime 51 pareceu observar Jaspe, e começou a abrir o bico, e a bicar nas barras da jaula, um comportamento um tanto estranho e hostil para alguém controlado pelo dispositivo.

— Tens que controlar melhor ai o bichinho… E é melhor ir pedir á Pérola para reforçar um pouco mais o sistema da Maquina Parasita. Talvez?...

— A configuração atuais? Não, o dispositivo está otimo – Hessonite cortou o que Jaspe pronunciava, e deu um pequeno sorriso no canto da boca, glorificando novamente o trabalho da sua Pérola na tal maquina que agora controlava o animal – Mais provável ele estar com medo ou raiva de ti depois da porrada que ele levou dos teus poderes. Se bem que… É facto que o dispositivo não consegue controlar tudo o que o animal sente e o modo como age a meus pedidos, só a maior parte.

— Tudo bem… Então… - Jaspe não deu uma boa cara, e saiu então dali, sem mais delongas. Pretendia voltar ao trabalho que se havia começado anteriormente.

Hessonite observou com bastante curiosidade o comportamento natural do seu Gota-de-Ave…  Depois, um dos tais dispositivos, no seu braço, e a forma como ele emanava a energia que saia do animal, e sua mente, demonstração dele, sendo controlado. O bicho, pareceu bem mais calmo,  quando Jaspe saira totalmente dali, fazendo tal energia exposta nos circuitos e luzes da pequena maquina desaparecer, sendo substituída por uma mais leve, calma, menos cintilante.

Era notória que a Maquina Parasita ainda estava ativada, bastante funcional, não contava com nenhum problema que fizesse o bicho agir com aquele jeito selvagem… Hessonite ativou seu óculo visor, que também lhe permitia analisar sentimentos e pensamentos de forma bem superficial, e focou os olhos em Espécime 51. De seguida, observou a entrada, o corredor e seu longo total, e, principalmente, o sitio exato onde Jaspe havia parado segundos antes.

O olhar de Hessonite, assim, adotava certa desconfiança em instantes longos…

— Sim… De facto… Algo não está certo – Murmurou de modo estranho… Logo depois de ver  e se certificar que Jaspe desapareceu de vista ao longo do tal estreito corredor sombrio.

Hessonite de seguida, focou o olhar no pelo do seu animal. Esverdeado… Aquilo, lhe fazia lembrar alguém…

— Esmeralda… - Murmurou, tendo a mente invadida por estranhas e constantes recordações – A falta que você me faz…


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