Inclinados a Amar escrita por Lauriana


Capítulo 6
Capitulo 5 – Uma parte boa


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas! Desculpa a demora, acabei atrasando, mas vou compensar vocês com um capitulo amanhã ou o mais tardar na quarta. Espero que gostem! Beijos.



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Acordei de madrugada para acompanhar meus pais a rodoviária e me despedir, mamãe me passava milhões de coisas para fazer: alimentar direito, dormir bem, tomar cuidado a noite, trancar tudo, entre tantos outros mil conselhos de mãe, acho que ela se esquece que moro sozinha a um ano já, papai me abraçou apertando transmitindo tudo o que não falou, e Biel me abraçou forte e disse:

— Não esquece que se algum daqueles dois te magoa, eu venho quebra a cara deles e só me falar.

— Pode deixa pirralho. – Disse bagunçando seus cabelos e segurando as lágrimas, esse menino já estava quase maior que eu, e era meu anjinho da guarda desde que nasceu. Esperei até eles entrarem no ônibus e partirem.

Segui direto para faculdade já que estava atrasada, levei uma leve bronca por atraso da professora e sentei no meu lugar. As aulas se arrastaram, eles despejavam muita matéria em cima de você e você tinha que correr atrás se quisesse um resultado favorável, na hora do almoço nem fui em casa e comi na Bia, fizemos juntas um macarrão com bacon, milho, presunto, queijo e creme de leite, e ficou uma delícia, acho até que comi demais, ela fez questão de me acompanhar até o serviço e na porta damos de cara com um Cain mal-humorado.

— Bom dia Cain, essa e minha melhor amiga Bia, Bia esse e Cain, meu colega de serviço. – Digo apresentando-os. Cain pega a mão de Bia e beija, lhe mandando um olhar galanteador.

— Prazer linda.

— Oh prazer e todo meu gato. – Disse Bia para frente.

Depois de uma piscadinha para Bia, eu e Cain entramos e começamos a trabalhar. Ezequiel chegou do almoço logo depois, e desse momento em diante eu não tive mais paz, eles estavam piores do que nunca hoje, não paravam de brigar um segundo, estava faltando serviço aqui, porque senão os dois estariam ocupados, será que sou eu trabalho a aqui? Passaram o dia todo assim e o humor de Cain parece que só piorava ao passar das horas. Depois que Cain foi embora eu fiz questão de ignorar Ezequiel como um castigo pela brigaiada dos dois.

— Vai mesmo ficar assim comigo? – Perguntou ele divertido.

— Vou, e não tem graça nenhuma.

— Logico que tem, você nunca conseguiu ficar brava comigo por muito tempo. – Disse ele convencido, veremos foi o que pensei.

Na hora de fechar a loja, eu fechei rapidamente e nesse dia fui para casa sozinha, cheguei e fiz um chá para me acalmar, depois tomei um rápido banho e cai na cama exausta.

No dia seguinte mal prestei atenção nas aulas da faculdade pensando no que fazer com aqueles dois, não dava para continuar assim, na hora do intervalo, peguei um suco de laranja na cantina e sentei numa das mesas com Bia.

— Aqueles dois estão me matando. – Disse deitando na mesa.

— Também lindos do jeito que são, eu teria um mini enfarto toda vez que os visse. – Revirei os olhos para ela enquanto levantava e abria meu suco.

— Fala sério pelo menos uma vez na vida Bia. Não e sobre isso, eles não param de brigar um segundo, parecem cão e gato, nem consegui prestar atenção nas aulas hoje, pensando no que fazer.

— E fácil gata, conversa com eles e põe cada um no seu lugar. - Até que Bia tinha uns conselhos bons as vezes.

— Acho que vai ter que ser assim mesmo. Vou falar com Cain, ele e o mais difícil, o Ezequiel só revida.

— Já está tomando lado, sei não. Aposto em você é Ezequiel, quem sabe não fisgo o Cain, sabe que adoro um garoto problema.

— Só você mesmo Bia, não duvido nada se tratando de você. Vamos voltar pra sala que já está na hora.

O resto das aulas eu já estava melhor então consegui prestar a devida atenção, e atualizei as matérias que tinha perdido com Priscila. Fui para casa e esquentei o almoço e fui decidida para o serviço, de hoje não passava essas brigas nojentas.

Como era de se espera hoje continuava a mesma coisa de ontem, eu e Lara já estávamos cansadas de toda aquela nojeira, até os clientes já estavam percebendo e prevendo que os dois sairiam aos murros resolvi interferir.

— Vou fazer esses dois pararem que ninguém merece trabalhar num ambiente assim Lara.

— Boa sorte. – Disse ela olhando os dois e depois para mim. – Vai precisar.

Fui até lá e me meti entre os dois.

— Agora chega né, desde ontem. Vocês estão no serviço, pelo amor de Deus né, os clientes estão notando já. Cain vem comigo lanchar, e Ezequiel fica aí trabalhando que depois de nós você vai, e vê se esfria a cabeça, que a desse daqui eu vou dar um jeito, nem que precise tacar um balde de agua fria. – Falei firme, e sai puxando Cain pelo braço até os fundos da loja onde havia uma salinha para lancharmos, assim que entramos larguei seu braço.

— O que foi com você essa semana? Desde ontem nesse mal humor danado.

— Isso não é da sua conta. – Disse ele me dando as costas.

— E da minha conta sim, da hora em que começou a atrapalhar o meu desempenho no serviço e até na faculdade passou a ser da minha conta. Até a pobre da Lara não aguenta mais. – Digo brava e espero ele falar algo, mas não sai nada. – Ok, não quer falar não fale. Mas pelo menos se controle. - Falei e fui atrás de comida ignorando-o. Sentei para comer um pão beber um golinho de café, e logo ele sentou-se à minha frente.

— Desculpa não ando muito bem... – Meu celular apita. Olho e é uma mensagem de mamãe falando que a viagem vai bem e assim que chegar me liga. – São seus pais?

— Sim, minha mãe, como sabia?

— Você sorriu. – E com sua resposta acabei sorrindo de novo. – Você ama muito eles. – Constata ele.

— Sim, amo, são a melhor família que podia ter.

— Bom que tem uma boa família. – Diz ele amargo. – Minha mãe morreu no parto e nem cheguei a conhece-la, e a pessoa que me criou não pode ser chamado de pai, afinal e por conta dele que vivo no inferno agora. O engraçado e que aquela frase clichê “que quem foi magoado, magoa” e a mais pura verdade, as vezes até sem perceber, acho que se torna um habito no final das contas. Eu também já fui um inocente, uma vítima, não mais agora obviamente.

— Eu sinto muito Cain, mas sempre e hora de levantar e sair do buraco.

— Acho que não gracinha, eu já aprontei demais. No começo foi por causa do meu pai, um bêbado que me batia, e me fazia sair pela rua fazendo o que fosse preciso para arrumar dinheiro e sustentar o seu vício, nem uma escola frequentei. E depois que ele morreu eu já estava fodido mesmo, então meu pacto com o diabo já estava feito, literalmente.

— Para de falar besteira Cain, confia em Deus que ele te ajudará.

— Acho que não. Você não tem ideia das coisas horríveis que já fiz. – Disse ele rindo amargamente.

— O mundo é banhado de pessoas ruins Cain, pessoas que buscam fazer o errado. Mas se você fizer sua parte, fizer o certo pode esperar que não irá resultar em nada para elas, apenas para você e as pessoas a sua volta. Então reflita e mude, e por favor sem mais brigas. – Disse e fui para pia lavar o copo que havia usado.

— Vou tentar. – Disse ele tão baixo que não sei se ouvir certo, mas decidi não cutucar mais, se continuasse teria que ver outra solução.

Voltei para dentro da loja.

— Esqueça nossa conversa. – Disse Cain serio ao passar por mim. Cheguei no meu lugar nos caixas e Lara veio até mim.

— E aí? – Perguntou ela.

—Falei séria com Cain, vamos ver se vai resolver, tomara que sim, ando tão cansada.

— Tomara mesmo. – Disse Lara e logo voltamos ao serviço.

Pelo resto do dia não consegui parar de pensar na minha conversa com Cain, me dá um aperto no coração só de imaginar o que ele já deve ter passado. Parece que afinal todo mundo tem uma parte boa, e uma má.

Lá para as sete horas da noite mamãe me liga avisando que chegou todo mundo bem, e que já estavam com saudades, mandou um beijo para Ezequiel e eu repassei o recado. A noite passou tranquila, os dois pararam de brigar, mas mal se olhavam e pareciam duas criancinhas brigadas, também não voltaram a falar mais do que o necessário comigo, e eu e Lara só conseguíamos achar graça na atitude deles, chegava a ser bonitinho. Fechei a loja e peguei carona com Ezequiel, ao descer na porta de casa dei tchau a Ezequiel que num ato inesperado me abraçou forte, colocando a cabeça no meu ombro.

— Não gosto de quando esta brava comigo, sinto que posso te perder a qualquer momento, não me abandone de novo. – Falou em meu ouvido e o abracei também.

— Não vou a lugar algum Ezequiel. – Falei. Nos soltamos e foi cada um para sua casa.

Coloquei um fone de ouvido baixinho depois de ter tomado um banho demorado e não demorei a dormir.

A faculdade na quarta estava uma loucura, o povo já estava todos animados para o carnaval que seria semana que vem, eu estava feliz mesmo era com o feriado que iria descansa, já Bia fazia vários planos como sempre e tentava me incluir. Avistei Priscila sentada sozinha e depois de falar com Bia, convidei-a para sentar com a gente. Conversamos sobre a faculdade e Bia já foi botando ideias na cabeça da garota que eu gostava de Ezequiel e contando mil coisas, eu ainda esganava a Bia. O sinal bateu me salvando e eu e Priscila nos despedimos de Bia e seguimos para sala. Foi uma surpresa quando vieram me chamar na sala dizendo que tinha alguém querendo falar comigo, eu não lembrava de aprontar nenhuma e afinal não estávamos mais no fundamental.

Segui o porteiro até na entrada da faculdade e encontro ninguém menos que Ezequiel, com cara de cachorro perdido encostado no portão, e Deus como ele estava lindo.

— Oi Ezequiel, aconteceu algo? – Perguntei, enquanto o porteiro nos deixava a sós.

— Oi pequena, desculpe vim te incomodar aqui, mas eu precisava ver você e não deu para esperar até o serviço. – Minhas pernas ficaram bambas ao ouvir o que ele falou e senti meu rosto corar, e fiquei sem saber o que dizer então esperei ele continuar. – Já disse isso, mas você não me escuta. – Disse ele parecendo angustiado.

— O que? – Não gostava de vê-lo assim.

— O Cain e perigoso, fique longe dele...

Antes dele continuar eu não aguente e o interrompi.

— Não fala assim dele, ele tem motivos para ser assim e precisa e de amigos para ajudá-lo a sair dessa e não mais julgamentos. Ele não e de um todo ruim, ainda tem uma parte boa, basta procurarmos fundo. – Alguém tinha que defender Cain, não é?

— Sério isso que está me falando? Ele e realmente perigoso. E se você se machucar ao entrar fundo para procurar essa parte boa? – Disse ele se exaltando.

— Eu faria o mesmo por você Ezequiel, vocês dois são importantes para mim, eu não sei porque, nem faz muito tempo que os conheço, mas são, então desculpe se te decepcionar, mas eu preciso tentar. – Disse tentando explicar o modo como via os dois, eles já eram tão importantes para mim.

— Eu vou ficar louco. – Disse ele passando as mãos pelo cabelo. Pareceu refletir sobre algo dentro de sua cabeça e a balançou em forma de negação depois de um tempo, se virou e foi embora me deixando plantada sozinha ali no portão.

Demorou um tempo até recuperar o controle das pernas e voltar para sala, e as aulas passaram em um borrão para mim que não consegui assimilar nada.

Na saída encontrei Bia no portão e despejei tudo.

— Bia, Ezequiel e eu brigamos, eu acho. – Disse tentando segurar as lágrimas.

— Calma amiga, o que aconteceu? – Perguntou ela tentando me acalmar.

— Depois do intervalo eu segui para sala e logo o porteiro veio atrás de mim falando que tinha alguém querendo falar comigo. Cheguei aqui no portão e encontrei Ezequiel, e ele foi tão fofo disse que não podia esperar para me ver no serviço, daí do nada ele passou a parecer preocupado e falou que já tinha me avisado, mas eu não escutava que o Cain era perigoso e que devia ficar longe dele, e bem eu não aguentei e defendi o Cain, ele não de um todo mal e você sabe como sou né Bia?

— Sempre vê algo bom nas pessoas. – Falou ela.

— Então, mas ele teve uma vida difícil e não e assim por que quer, enfim eu o defendi e ele disse que ia ficar louco e saiu me deixando sozinha.

— Sinto muito amiga, eu não sei direito sobre Cain, mas também acho que ele esconde muita coisa, inclusive algo de bom naquela mascara dele. E logo logo vocês se acertam.

— Tomara Bia.

Fui para casa de Bia, não queria ficar sozinha, estava sem fome então nem almocei e deitei no seu sofá esperando dar a hora de ir pro serviço e ter que ver as duas pessoas que menos queria ver agora.


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Notas finais do capítulo

Capitulo revelador nê pessoal? Digam o que acharam, opiniões, criticas, tudo e bem vindo.
Obrigado a todos, favoritem, comentem e indicam para amigos a fic.
Beijos e amo vocês.



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