Inclinados a Amar escrita por Lauriana


Capítulo 2
Capitulo 1 – Anjos


Notas iniciais do capítulo

Está aqui como prometido o capítulo. Até quinta que vem volto com o próximo. Espero que gostem.
Beijos pessoinhas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756104/chapter/2

Mamãe e papai me chamam da sala, largo minhas bonecas espalhadas pelo quarto e corro até eles me sentando no meio dos dois no sofá, estão um pouquinho sérios, mas parecem felizes com algo. Mamãe começa falando.

— Filha lembra quando a tia Marta estava com um bebezinho dentro da barriga? – Balanço a cabeça em confirmação, foi muito legal quando meu priminho chegou para brincar comigo, ele e um pouquinho menor que eu, então quando estamos juntos ajudo a tia cuidar dele e nos divertimos bastante.

— Agora a mamãe está com um bebezinho na barriga dela, o seu irmãozinho filha. – Completou papai.

Acho que é legal ter um bebe na barriga, mas não na da minha mãe, será como isso? Eu não vou ser mas a filha dela? E vão me esquecer, eu não quero isso, mas como faz se ele já está lá? Levanto do sofá assustada e saio correndo porta a fora, sinto as lagrimas descendo, eu vou ficar sem mãe.

Corro o máximo que posso, até não ouvir mais eles me chamando e quando resolvo olhar ao redor, não sei mais onde estou, é uma rua escura e feia. Me encolho e um canto e começo a chorar de novo, eu quero sair daqui, mas não sei como e estou com medo, chamo pela mamãe e o papai mas acho que eles não me ouvem. Ouço um barulho e então uma luz bem forte mesmo e não vejo nada, e depois aparece um homem bem bonito loiro e de olhos azuis, e o mais legal: com enormes asas em suas costas, brancas e cheinhas.

— Um anjo... – deixei escapar e já nem lembrava mais por que estava chorando.

— Oi pequena, está perdida? – Ele perguntou se agachando para ficar um pouco perto do meu tamanho.

Confirmei com a cabeça. – Eu estava correndo da mamãe e do papai e acabei me perdendo... To com medo – Digo fazendo bico.

— Calma pequena. Vou te levar de volta ok? – Confirmo novamente com a cabeça, ele me estende a mão que pego, e logo vamos saindo daquela rua escura. - Que tal me contar por que fugiu da mamãe e do papai mocinha?

— E que ela tá com um bebezinho na barriga e não vai me querer mais, então fiquei muito triste, e corri.

 - Sabia que um bebe na barriga e um anjinho que você vai ajudar sua mãe a cuidar? E além disso a mamãe pode amar os dois, amor de mãe e infinito sabia?

Penso um pouquinho e acho que é verdade, a mamãe sempre me amou um montão, e tia Jane tem dois filhos e ama os dois iguais, eu fui muito boba mesmo.

— Acho que é verdade. Mas ele e um anjo que nem você? – Falo sorrindo para o moço.

— Um pouquinho diferente.

De longe já vejo minha casa, o moço para e fica de frente para mim, e depois agacha assim como antes.

— Cuida bem do seu irmãozinho e não foge mais tá bom pequena, eu sempre vou estar para te ajudar ok?

Confirmo com a cabeça, o abraço e saio correndo para casa, encontro mamãe e papai no portão muito preocupados e ainda me procurando. Corro e abraço mamãe.

— Onde estava meu amor? A mamãe ficou muito preocupada.

— Desculpa mamãe, eu tava com medo de vocês gostarem mais do meu irmãozinho, mas ele e um anjinho e vou ajudar a cuidar dele não é?

— E sim meu amorzinho, que ideia e essa a mamãe ama os dois iguais. Nunca mais faz isso.

— E o papai também. - Disse meu pai chegando por trás e me levantando lá no altão.

— Prometo mamãe.

Depois de um tempão meu irmãozinho nasceu, eu que dei o nome dele, um nome de anjo, Gabriel, ele e tão bonitinho, mas pequenininho e tem que tomar um monte de cuidado com ele, ele e meu anjinho mais fofo.

—-----------------------------------------------------------------------------------------------

Já faz 14 anos em que “conheci meu anjo”, e desde aquele dia não sei se foi fantasia de uma criança de 5 anos, imaginação ou realidade, só sei que não o esqueço nunca, e sonho quase sempre com ele, não vejo o seu rosto direito, mas sei que e ele pelo calor e segurança que mesmo em sonho me proporciona.

Bom estamos no começo do ano, o ano novo aqui na cidade para a qual me mudei e sempre lindo, festejam sem parar, são muito animados, afinal os goianos são festeiros, e por ser uma cidade histórica, a mais velha de Goiás, junta com as festas religiosas e fica tudo lindo. Não sou de nenhuma religião em especifico, acredito em quase tudo, mas ver a fé de cada um à sua forma e realmente lindo.

Tem do dia 1º à 6 a Folia do Santos Reis, em que comemora a bravura dos Três Reis Magos que partiram à procura do menino Jesus para dar presentes e prestar homenagens, nessa festa se sai as ruas dançando e passando de casa em casa com muita cantoria e alegria, depois do dia 6 até mais ou menos dia 21 comemora a festa de São Sebastião em várias partes da cidade e fora dela.

Me mudei para Pirenópolis a um ano em busca de calma, já que São Paulo minha cidade natal nunca para, apesar dos meu pais não terem gostado muito, eles me apoiaram como sempre. Moro na Rua Nova, um pouco longe do centro em uma casa pequena, com a sala que tinha um sofá grande no centro, uma tevê na parede, uma poltrona e cozinha com fogão e geladeira ao lado, uma mesinha pequena no centro e quatro cadeiras, a pia onde ficava minha cafeteira, liquidificador e batedeira, virando tem o meu quarto com minha cama de casal, um tapete redondo ao pé da cama e cortinas roxas, e uma mesa onde ficava meu notebook e alguns cadernos, a cadeira e minha preciosa estante de livros e ao lado o banheiro. A casa toda é em tons de branco e lilás, particularmente a acho bem bonita.

Olho no espelho já pronta para o primeiro dia de faculdade, meu cabelo para variar havia amanhecido rebelde, então o prendi em um rabo de cavalo alto, passei um lápis de olho e um batom claro, estava jeans escuro e uma blusa azul clara de mangas, estava apresentável, os olhos castanhos claros ficaram destacados pelo lápis, meu pequeno rosto estava corado razoavelmente e meus lábios rosados pelo batom.

Depois de ficar um ano sem estudar, acho que estou um pouco mais nervosa que o normal. Desço para cozinha, faço um copo de café, tomo e saio para faculdade, para em frente à casa da minha amiga de infância Beatrice, que mora a duas ruas a frente da minha na Rua Prata, e no fim da rua fica a feirinha de domingo. Ela como sempre me acompanhou nessa loucura de conhecer novos ares, mesmo que os pais sejam contra, a conheci no jardim de infância quando duas garotinhas invejosas a importunavam por ela ser melhor de vida que elas, então como odeio injustiça a defendi (o que me custou uma detenção de 3 dias por bater nas meninas) e desde então somo inseparáveis.

Chamo ela e logo ela desce toda linda, com os cabelos loiros ao vento, e logo seguimos juntas para faculdade, nos despedimos no portão, pois eu cursaria fisioterapia no prédio três, e ela psicologia no prédio 6, do outro lado do campus.

O primeiro dia de faculdade são apresentações e mais apresentações, tanto das matérias, quanto de professores. A primeira aula foi com uma professora baixinha e aparentemente de uns 25 anos, estava num salto preto enorme, e vestia uma saia longa com uma regata, tinha longos cabelos pretos, seu nome era Laura e ela parecia ser bem rígida, mas legal, e para minha tristeza teríamos seminários dela (e acho que infelizmente e todos os outros professores da faculdade), terminando de se apresentar ela já partiu para matéria.

— Embriologia e a ciência que estuda o desenvolvimento embrionário, já a Histologia estuda os tecidos biológicos desde sua formação, estrutura e funcionamento...

Depois dela veio uma outra chamada Camila, que ministraria a aula de bioquímica, ela parecia ter uns 35 anos, e apesar de rígida era bem engraçada, era alta, e com cabelos curtos de um tom alaranjado, usava jeans e uma regata branca. E a terceira aula foi com um professor baixinho, meio careca e barrigudinho, era bem legal também, se chama Wesley, e ministraria Anatomia nível 1, estava de blusa social meio larga, jeans e tênis. E finalmente fomos para o intervalo.

Encontrei Bia já na cantina e seguimos juntas para fila, peguei um suco de laranja e um sanduiche natural e ela pegou um salgado e refrigerante, nos sentamos e uma das muitas cadeiras com mesas que tem por lá e comemos enquanto fofocávamos e discutíamos as matérias que cada um tinha e professores que tínhamos em comum, que no caso por enquanto era só o Wesley, falei para ela também que a casa ao lado da minha estava para alugar, pois e sempre bom ficarmos o mais perto possível.

Voltamos para sala depois de um tempo, tive mais uma aula de Anatomia nível 1, que foi bastante legal, dessa vez começamos a ver alguns sistemas, em especial o sistema esquelético. Depois foi a aula de Citologia e genética, com a professora Patrícia, que pareceu ser bem simpática e é mais na dela. Quando sai encontrei Bia me esperando no portão e seguimos juntos até a casa dela.

Cheguei em casa, almocei e me arrumei para ir para o serviço, tinha uns 5 meses que trabalhava no Supermercado Moreira, que fica no centro, não muito longe da minha casa, vesti o uniforme e fui para lá. Trabalhava lá só eu e a Sophia (eu realmente amava esse nome) que era muito simpática.

Como sempre fico sozinha no mercado até o meio da tarde quando Sophi chega, e como hoje estava calmo peguei o Corcunda de Notre Dame e continuei lendo de onde tinha parado. Pouco depois Sophi chegou e enquanto ela ia para o caixa, fui arrumar algumas coisas no estoque e nas prateleiras.

Perto da hora de fechar o Senhor Moreira chegou e pediu para fecharmos mais cedo. Coloquei o lixo lá fora e fechamos o estabelecimento. Ele pôs-se a nossa frente e falou:

— Como vocês sabem o financeiro do mercado não anda dos melhores, por isso hoje fiz uma reunião e decidimos cortar o máximo de gastos possíveis. Incluindo os funcionários, e como a Sophia e mais velha aqui, só nos resta você Ayla, eu sinto muito, você sempre foi uma ótima funcionaria. – Fiquei sem ar por um momento, e agora minha faculdade? – Aqui está o dinheiro do seu mês e dos seus direitos.

Me despedi do senhor Moreira e de Sophi, a qual ia sentir muita falta e segui para casa vagarosamente.

As vezes o céu nos diz tantas coisas, com sua luz grande e brilhante, nos dias chuvosos em que os relâmpagos rasgam o céu com seu clarão de uma forma única, ou apenas na imensidão das estrelas, e pensando nisso parei numa pracinha para contemplar o céu e pensar na vida. Na falta que sinto da minha família, apesar de aqui ser muito bom, das dívidas que esperam para serem pagas, do vazio que as vezes sinto em meu peito e tantas outras coisas, nem me dei conta que já estava chorando.

— Oi pequena, sabia que não é bom chorar na rua? Além de ficar podendo chegar qualquer estranho e te fazer algum mal. – Quase caí do banco com o susto dessa voz tão perto de mim, não percebi quando chegou.

Olhei para cima e com a luz dos postes em seu rosto, por um momento pensei ver um anjo, só podia estar louca.

Assim que foquei em seu rosto sem as luzes, perdi o ar e a noção de quanto tempo fiquei encarando ele quem nem boba. O homem a minha frente era incrivelmente lindo, de cabelos castanhos claros, quase loiros, lisos e todo desalinhado de um jeito charmoso e natural, olhos de um azul profundo, uma boca linda e uma pequena barba por fazer que só o deixava mais lindo, braços musculosos (não aqueles exagerados, mais mesmo assim fortes), provavelmente a barriga dele era daquelas que tem até gominhos mais isso não deu pra ver pois ele estava com uma grossa camiseta branca, uma calca jeans escura e um tênis, ele era bastante alto deve ter uns 1,80 de altura.

— Tipo você? - Falei ironicamente, e limpei as lagrimas que agora cessaram.

— Eu não lhe faria mal. – Disse ele sorrindo, e se sentando ao meu lado no banco. – Mas porque está chorando?

Pensei se falava a verdade ou não, mas decidi que era bom ter alguém para desabafar, ainda mais se esse alguém você nunca mais veria de novo.

— Sei lá, um pouco de saudades de casa, das pessoas e fui demitida sendo que estou cheia de conta.

— Você consegue algo logo, tenha fé. – Disse ele e depois de um suspiro continuou. – Mas não vou deixa-la aqui nesse estado. - Disse ele se levantando.

— Como nos conhecemos um pouco acho que já está tudo bem fazer isso. – Disse ele pensativo.

— Fazer o que? Não sei nada sobre você e já maior de idade e ...

Sem me deixar terminar ele me pegou pelo braço e me levou (arrastou no caso né) até uma moto preta, me pôs um capacete na cabeça, subiu na moto e se virou para mim.

— Onde você pensa que eu vou com você? Eu nem te conheço. – Falei o obvio tirando o capacete, o qual ele impediu e logo depois me pegou e pôs em sua garupa, arrancando com a moto logo depois.

— Segure firme pequena. – Disse me ignorando por completo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai pessoal, digam o que acharam, e se precisa melhorar algo.
Obrigado por lerem e até mais.
Amo vocês.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Inclinados a Amar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.