Heart and Soldier escrita por Sapphirah


Capítulo 2
Capítulo 2 - Ruínas




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Recobrando a visão aos poucos, Frisk estava recuperando sua memória após acordar, colocando sua mão sob sua testa, ela se sentou pensando se estava morta ou não. Porém ela se deparou com um pequeno jardim de flores douradas ao redor, como se tivessem amortecido sua queda, Frisk notou também que havia um caminho largo a frente e vários pilares em volta do pequeno jardim. Era impossível reconhecer onde ela estava.

Frisk: Onde eu estou?

Quando se deu conta do que aconteceu antes, ela se lembrou da pequena luz vagante que a guiou até ali, Frisk olhou para todos os cantos procurando-a, mas não havia sinal algum, deve ter desaparecido. Ela se sentiu inconformada e esperava que isso não fosse um sonho.

Olhando para cima, ela viu o abismo por onde caiu e certamente era alto demais para tentar subir. Como ela tinha que achar um jeito de sair dali, ela começou a andar em frente. Adiante havia outro portão com pilares semelhantes, ela viu a mesma runa apoiada acima dos pilares. Frisk estava curiosa em ver o que estava atrás daquele portão. Ela empurrou como fez anteriormente e ela viu um esplendor de luz do outro lado, se dissipando aos poucos até deparar-se com um jardim, cheio de flores douradas que exalavam um aroma suave, esse lugar parecia confortável. Dando poucos passos à frente, uma flor incomum nasceu no meio do jardim e virou-se para ela, seu miolo tinha um rosto aparentemente alegre e amigável, falando diretamente com Frisk.

Flowey: Olá, como vai?

Frisk se assustou ao ouvir a flor falar, aquilo era incomum demais, ela não a respondeu.

Flowey: Sou eu Flowey, Flowey a flor. Você é nova por aqui não é?

Vendo que a flor estava de fato falando, Frisk somente concordou com a cabeça, mal podia acreditar que uma flor era capaz disso.

Flowey: Você está perdida não é? Parece que o velho eu terei que ensinar como funcionam as coisas por aqui. *ho-hum*

Flowey se vira e prepara algo para Frisk, não deu pra saber o que ele fez, rapidamente ele se virou novamente sorrindo naturalmente.

Flowey: Este lugar está repleto de monstros, se você quer sair daqui terá que passar por eles. Monstros odeiam os humanos então... Para você ficar forte você precisa derrotá-los. Quando você os derrota, eles derrubam essas balinhas da amizade que tenho aqui, eu não uso então eu vou te dar elas, vamos, vá em frente e pegue.

Flowey lança sementes brancas que voam na direção dela lentamente. Mesmo vendo que a flor esteja fazendo uma atitude amigável, isso parecia suspeito demais. Quando as sementes chegaram perto, Frisk se desviou. Flowey viu as sementes caírem no chão e ficou bravo por vê-la se desviar.

Flowey: O que você fez? Eu falei pra pegar!

Frisk olhou desconfiada para a flor, por que ele iria ajudar um humano depois de dizer que os monstros os odiavam? Era um motivo válido para não aceitar, e mesmo ciente do que a flor falou, ela não queria lutar, ela não acreditava que a violência era o melhor caminho para conseguir a paz. Frisk encarou a flor de volta.

Frisk: Desculpe, mas eu não pedi balinhas de amizade.

Flowey fica estupefato por um momento encarando-a, ele mal pode acreditar no que ouviu e retrucou.

Flowey: Vai se arrepender de ter desperdiçado essa oportunidade.

Frisk: Olha, eu não sei o que está acontecendo aqui e não tenho intenção de lutar, nem sei por que eu caí aqui. Eu não quero causar uma guerra, eu quero sair daqui viva. Desculpe se causei algum mal-entendido e eu agradeço por tentar me ensinar, com licença.

Ela foi relutante e desviou o olhar de Flowey, passando ao lado dele sem olhá-lo, porém Flowey não tinha intenção nenhuma de deixar Frisk passar.

Flowey: Você não vai a lugar algum...

Sementes brancas voaram acima dele em direção a Frisk em velocidade alta, atingindo-a pelas costas como se fossem pedras. Ela sentiu o golpe e caiu ajoelhada de dor. Flowey exibiu um sorriso sinistro quando a viu cair e Frisk olhou para a flor assustada, de fato aquilo não era um sonho.

Flowey: Essa é sua punição por tentar passar a perna em mim. Eu vou te avisar como funcionam as coisas por aqui: nesse mundo... É MATAR OU SER MORTO...

Flowey prepara várias sementes espalhadas pela sala, apontando para ela enquanto a flor soltava uma risada malévola. Frisk mal podia se levantar pelo golpe que levou.

Flowey: MORRA...!

Frisk cobriu seu rosto com as mãos, aflita, ela não sabia mais o que fazer, supostamente era ali que iria morrer naquele instante. Repentinamente, antes que qualquer semente atingisse-a, elas pegaram fogo e viraram cinzas, alguém apareceu atrás da próxima porta para deter Flowey. A pessoa estava cercada de bolas de fogo que pairavam ao redor dela esperando seu comando.

?: Suma criatura maligna!

Flowey rosnou e gritou para todos que estavam na sala, indignado em ver que ela havia chegado a tempo.

Flowey: ISSO AINDA NÃO ACABOU!

Ao comando dela, as bolas de fogo voaram para atingir Flowey, antes que conseguissem alcançá-lo, Flowey fugiu e as flores do jardim que estavam no local murcharam e desapareceram juntamente, a sala se tornou vazia e escura. Imediatamente aquela pessoa que atacou a flor correu ao encontro de Frisk, preocupada.

?: Você está bem? Está ferida... Desculpe-me pelo acontecido, deixe-me te ajudar...

A pessoa pegou algumas faixas e se ajoelhou para cobrir seus ferimentos, inicialmente Frisk estava relutante em aceitar a oferta, mas ao perceber que a pessoa que se ofereceu para ajudar transmitia uma aura confiável, Frisk não reagiu, no momento em que sentia a ferida ser tocada, ela sentiu mais dor e gemeu.

?: Não se preocupe, vou curar você.

Frisk: ... Obrigada por me ajudar.

Surpresa, a pessoa olhou carinhosamente para Frisk. Quando ela terminou de enfaixar as feridas, Frisk se levantou com a ajuda dela e a olhou para conhecê-la. Para a sua surpresa, ela tinha a cabeça de uma cabra com um corpo humanoide e vestia um vestido longo roxo escuro, em seu peito havia uma estampa do mesmo desenho que Frisk viu acima do portão. Ela tinha um olhar sereno. Frisk tentou manter a compostura, escondendo o espanto.

Toriel: Meu nome é Toriel, sou a guardiã das Ruínas, irei mostrar o local para você, por favor, me acompanhe.

Ela se virou e começou a andar e Frisk a seguiu para dentro da construção. O local era repleto de tijolos e ladrilhos roxos e era cheio de engrenagens dentro, como se fosse uma masmorra. Frisk olhou ao redor espantada e Toriel começou a falar.

Toriel: Faz muito tempo que humanos não chegaram até aqui, como conseguiu chegar?

Frisk: Eu... Estava explorando e caí.

Toriel: Estou surpresa, esse lugar é bem escondido dos humanos.

Frisk: Vocês... vivem aqui?

Toriel: Existem outros lugares além da aqui, o subsolo está repleto de monstros.

Frisk ainda parecia confusa com o que estava acontecendo, porque Flowey falou que os monstros odiavam os humanos? E porque Toriel mostrou discordar da afirmação dele? Será que ele realmente mentiu? Ou ela estava fingindo ser boa naquele momento para agradar Frisk? Eram muitas perguntas e Frisk se sentia inquieta.

Frisk: Eu não entendo... Por que os monstros odeiam os humanos?

Toriel: Há muito tempo, houve uma guerra entre humanos e monstros. Nessa guerra, os humanos foram vitoriosos e eles tiraram tudo de nós, nosso lar, famílias foram dissolvidas... e por fim, eles exilaram-nos e fomos selados com uma barreira mágica...

A guardiã para e respira fundo, ela parecia triste e sua voz começa a enfraquecer, Frisk tentou ouvi-la.

“Tal barreira só pode ser quebrada por uma magia poderosa, daquele que vem do alto”.

Toriel logo recompôs sua postura e olhou sorrindo para Frisk, já ela se sentiu triste pelo que os humanos fizeram a eles, vendo que eles tinham razão para odiá-los. Refletindo sobre o que ouviu, Frisk se perguntava por que ela ajudou-a contra a flor, porém ela decidiu não perguntar mais nada.

Frisk: Eu não sabia... me desculpe.

Toriel: Tudo bem... Os monstros podem ser hostis ao ouvir sobre os humanos, mas eu prefiro acreditar que ainda existe amor na alma de cada um de nós.

Frisk ficou surpresa ao ouvir tal afirmação e continuou seguindo-a. No caminho, ela se perguntou como ela iria sair desse lugar seja através dessa barreira ou não. Repentinamente ela se depara com um pequeno sapo que atravessou seu caminho, o monstro viu Frisk se aproximar e começou a agir ofensivamente, parecia intimidado com a presença dela. Ao ver o monstro agir dessa forma, Frisk ouviu uma voz estranha que a alcançou.

“É a hora de você escolher seu caminho, a partir desse momento, sua escolha definirá seu destino.”

Ela viu duas opções, uma faca e uma estrela, cada objeto estava em cada mão.

“Você escolhera lutar e sobreviver? Ou decidirá não lutar? Olhe para dentro de você e faça sua escolha”

Frisk volta a olhar para o sapo, ele estava esperando seu movimento e agindo defensivamente. Antes que decidisse escolher, Frisk se lembrou do que Flowey falou e vendo aquela criatura que parecia fraca e inofensiva, ela tinha a escolha de lutar, mas esse não era o desejo dela, não era justo tirar a vida de alguém por ser diferente ou fraco.

Frisk: “Será por isso que os monstros veem os humanos como uma ameaça? E se eu os ajudasse? Isso mudaria a opinião deles? Mas... quem vai acreditar em mim?”

Uma dúvida havia plantado em sua mente, ela não conhecia os monstros a ponto de ter certeza de sua escolha de poupá-los. Porém a lembrança de Toriel ajudando-a após Flowey tê-la machucado a fez pensar outra vez, Toriel não a discriminou por ser humana, dando a entender que nem todos os monstros eram ruins com os humanos. A escolha de continuar ou não depende apenas dela e Frisk esteve disposta a seguir com sua escolha.

Frisk: “Talvez... Eu deveria acreditar em mim mesma. Eu quero acreditar que existem monstros que vão me ajudar.”

Com um sorriso singelo e determinado, Frisk decidiu optar pela piedade, fechando a mão que tinha a faca, ela desapareceu imediatamente a estrela que estava na sua mão direita brilhou mais uma vez até se apagar. Voltando a olhar o pequeno sapo, Frisk decidiu voltar um passo atrás e disse com ternura.

Frisk: Desculpe, não quis atrapalhar seu caminho.

O sapo não entendeu o que ela havia falado, mas ao ver seu semblante, ele olhou para Frisk envergonhado e se virou para trás, pulando de volta de onde veio. Toriel olhou para trás e viu o que Frisk havia feito, ela olhou admirada por sua ação gentil e ela logo começou a se perguntar.

Toriel: “Será ela...?”

Frisk olha de volta para Toriel e percebeu sua reação, logo Toriel voltou a olhar com ternura para ela.

Toriel: Você é uma boa criança.

Ela se sentiu envergonhada ao ouvir de Toriel seu elogio, ela sempre ouviu algo sobre ser inteligente nos estudos, mas não sobre sua gentileza.

Frisk: Obrigada...

Toriel: Ah, antes que eu me esqueça... Você gosta de caramelo ou canela?

Frisk: Caramelo.

Toriel: Mas... você odeia canela?

Frisk: Não... Por que?

Toriel: Nada não...

Toriel parecia inquieta após ouvir a resposta, Frisk estranhou a pergunta, mas resolveu deixar de lado sua preocupação. Um pouco mais adiante, elas passaram ao lado de uma árvore grande e sem folhas, logo a frente havia uma casa e Toriel abriu a porta para mostrar a Frisk a decoração e as cômodas.

Toriel: Aqui é minha casa, sinta-se à vontade. Irei te mostrar o seu novo quarto.

Andando até o corredor havia uma porta de madeira e Toriel parou na frente dela e abriu-a, havia uma cama, um guarda roupa e uma caixa de brinquedos a vista, além de outras decorações, Frisk entrou ali e viu que a cama era pequena, mas não reclamou, oferecer uma estadia foi uma atitude muito generosa da parte dela.

Toriel: Bem, qualquer coisa pode me chamar, por agora sugiro que descanse para se recuperar.

Frisk: Muito obrigada.

Ela se sentou na cama e esperou Toriel sair dali. Frisk começou a pensar nas coisas que aconteceu desde que ela caiu no subsolo. Mesmo depois do que Flowey falou, ainda havia uma duvida: Será mesmo que Toriel foi tão amável com Frisk a ponto de querer cuidá-la? Ou será que ainda há algo por trás disso? Cansada de tentar achar alguma resposta, Frisk se deitou e dormiu. Ainda havia muita coisa a ser explicada.


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