Fique.

Só… fique conosco.

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Sakura batia o pé impacientemente enquanto Naruto digitava em seu teclado com um foco que faltava na infância.

― Naruto…

― Só… um minuto, Sakura-chan. - ele nem desviava os olhos da tela.

Sakura suspirou alto e cruzou os braços. Seus olhos foram para a paisagem que Naruto tinha às suas costas pela janela da sala do Hokage, a cidade de Konoha em plena atividade. Não se demorou muito nos prédios, pois a porta atrás de si se abriu e a assustou.

― Boa tarde, Hokage. Sakura. - Shikamaru entrou com papeis nas mãos e ar sério. - O Raikage…

― Shimakaru, o que aconteceu com o Sasuke?

― Como? Sasuke?

Shikamaru olhou para Naruto sem entender. Sakura aguardava sua resposta com a impaciência já virando raiva.

― Sakura-chan é muito estressada ― Naruto engoliu em seco assim que terminou de falar. ― Só um pouco mais de paciência que já falo porque te chamei aqui.

― Me diz se é sobre o Sasuke. ― Ela diminui o tom e colocou as mãos abertas sobre a mesa atulhada de papeis e pergaminhos. Seus olhos brilhavam de esperança e súplica.

Naruto olhou para Shikamaru numa conversa muda quando este entregou o que vinha trazendo.

― Sim, é sobre ele. ― O Hokage passou a mão esquerda pelos cabelos loiros, cansado.

― Naruto, por favor… ― Sakura fechava as mãos por cima do tampo de madeira.

Um vento repentino bateu no rosto de Sakura e ela elevou o rosto para a paisagem que vira antes. Mas ao invés de prédios, ela viu seu marido olhando-a. A capa puída voava com o vento, um olho tingido de roxo com seu Rinnegan e o outro com o Sharingan se dispersando. O falcão pousava sobre o braço estendido.

― Sasuke.

Naruto sorriu para o amigo do lado de fora da janela. Ele esperava ver aquela expressão de alívio e felicidade no rosto de Sakura, mas acabou se surpreendendo com o mesmo no rosto de Sasuke.

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― Sarada vai ficar radiante quando o ver! ― Sakura tagarelava desde que chegaram em casa. Já haviam se passado dois anos desde a última vez que vira Sasuke. Se falavam por telefone ou por meio do falcão quando em um lugar inóspito, mas não era a mesma coisa.

Depois que Sarada crescerá, ela pensou em voltar com ele, mas seu amor de mãe era algo surreal demais para poder pensar nessa possibilidade duas vezes. Ela o esperaria, porque sabia que ele ia voltar.

Sasuke despiu a capa que usava e colocou calmamente sobre o sofá. Sakura continuava falando, agitada demais. Ele a conhecia muito bem, sabia que uma tempestade acontecia dentro dela, um tornado de emoções que devastavam a razão e ia deixando uma confusão de sentimentos voando ao acaso.

Sasuke, lentamente andou até ela. Sakura mexia na trouxa de viagem que Sasuke levava, de forma afetada e um pouco trêmula.

― … ela diz que o Boruto… - as palavras dela morreram quando, num movimento de seu único braço, a trouxe para perto e a abraçou contra o peito.

Sem demora, ela o circulou com seus dois braços e não se importou com o cheiro da viagem. A garganta dela estava apertada. Queria chorar, queria sorrir, queria fazer os dois ao mesmo tempo.

― Eu senti tanto a sua falta. ― Ela sussurrou no tecido surrado da camisa branca. ― Por que não me avisou que estava vindo?

Sasuke sorriu com o tom dela se moldando tão rápido a cada sentimento que ela tinha. Apertou a cabeça dela contra seu peito e pousou o queixo nos cabelos cor de rosa.

― Uma vez você disse que Naruto havia feito uma surpresa para Hinata.

― Isso faz mais de um ano, Sasuke! ― Ela riu sentindo as lágrimas se soltarem.

Ele ficou em silêncio, seus olhos rodavam pelo cômodo bem arrumado de sua casa. Viu os porta retratos com várias fotos da Sarada, do time dela, com Sakura… e apenas uma da família reunida. Viu flores em vasos, cortinas delicadas, detalhes em rosa… Uma casa tipicamente feminina.

Havia um pouco das mulheres da sua vida em cada cantinho daquele lugar, até mesmo no cheiro impregnado, era cheiro de mulher.

Ele deu um passo para trás afastando-se um pouco. Queria olhar nos olhos dela, mas assim que o fez, teve seu pescoço puxado com força até que ela alcançasse seus lábios. Deixou o gemido de dor para lá, sentia falta daquilo, sentia muito. A levantou em seu colo e desceu os beijos pelo pescoço. Sentia tanto a falta dela.

Não foi difícil chegar até o banheiro, ainda conhecia seu lar de olhos fechados. Sakura rasgou a roupa de seu corpo e juntos entraram no chuveiro.

A água batia nas costas de Sasuke enquanto a roupa dela era deixado aos pés deles, com seu único braço a levantou e encostou na parede fria, Sakura mordeu-lhe o ombro e sussurrou a saudade que sentia, sussurrou que o amava.

― Eu também, Sakura.

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Já anoitecia quando receberam uma carta do Hokage. Sarada havia saído em missão a contragosto, queria poder ter ido ver o pai antes, e havia um convite de jantar na casa do Uzumaki. Sasuke viu os pingos exagerados de Naruto e soube que havia feito às pressas. Olhou por cima do ombro e viu Sakura olhando dentro de sua xícara pensativa. Pensou que talvez o amigo e a esposa estivessem passando por pensamentos semelhantes.

Deixou o pedaço de pergaminho em cima da mesa e foi até onde a esposa permanecia quieta.

― Sarada saiu em missão. ― ele disse a tirando de algum devaneio distante. Sakura balançou a cabeça um pouco e sorriu.

― Deve estar descontando sua frustração no Boruto à uma hora dessa. ― Riu dando um soco no ar. ― Ela queria ir atrás e você, disse já estar poderosa o suficiente para te ajudar.

Sasuke ouviu o tom da voz dela se encolher.

― Quem sabe?

Sua resposta vaga a fez arregalar um pouco os olhos.

― Não, Sasuke. Não diga isso assim. Ela não… Eu sei que ela consegue, mas…

Sasuke a calou quando deixou que seu sorriso despontasse. Sakura percebeu, só então, que ele estava brincando contigo.

― Temos que conversar, Sakura. ― o semblante tornou-se sério.

― Quando você vai partir?

Sasuke confirmou suas suspeitas e respirou fundo. Aquela era uma pergunta que deveria estar martelando na mente dela desde que ele chegara. Naruto deveria estar com medo de que saísse no meio da noite.

― Eu não vou.

Os olhos cansados de Sakura se arregalaram de leve, e foram crescendo cada vez que a frase era assimilada com mais plenitude.

― Você, vai ficar conosco?

Sasuke balançou a cabeça uma vez e aparou o abraço apertado que Sakura lhe deu. Agora ela chorava, de alívio. Sasuke sentiu seu coração esquentar, aquela sensação de família, de ter alguém que te ama esperando sua volta e almejando sua permanência era muito mais do que ele podia merecer.

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Naquela madrugada, sentaram-se num banco e olharam para o céu. Sasuke contou as histórias sobre as estrelas que ouvira pelas suas viagens, e sobre as vezes que olhara para o céu apenas por saber que ele também chegava até elas.

Sakura sorriu e se acomodou melhor ao lado dele.

― Então acabou? Digo, a ameaça se foi?

― Não.

Sakura levantou a cabeça para olhá-lo, ele ainda olhava para o céu.

― Então…

― Por que voltei? ― Sasuke completou voltando-se para ela. Os olhos verdes aguardavam ansiosos. ― A ameaça continuará mesmo que eu dê minha vida por isso, sozinho não consigo.

Sakura abriu a boca levemente. Falando assim ela conseguia ver a idade nos olhos cansados de Sasuke, na pele bronzeada do sol e nas olheiras proeminentes. Sasuke não falava de fraqueza, a menos que chegasse ao ponto de realmente aceitá-la.

― Você é um dos homens mais fortes que existe no mundo ninja. ― Sakura disse sem hesitar e ouviu um riso rouco vindo dele.

― Há outros tipo de fraqueza, Sakura.

Ela não teve tempo de perguntar sobre o que ele falava, pois atrás de si alguém gritava “Shanarooo” e corri até eles. O abraço de Sarada no pai e a retribuição foram as respostas que Sakura esperava.

Ainda que o mundo precisasse dele, a saudade e a vontade de estar com sua família sempre seriam mais fortes.

betado por MillaSenpai