Créditos do edit para nossa leitorinha fofa de mais Fourtris Forever.

Olha aí minha gente, agora me digam se esse menino não tá tentando nos matar? Bora pra história povo kkk

—Arya on-

Aquela semana passou mais rápido do que o esperado.

Estou sentada na cama tremendo de nervosismo e esperando ansiosamente Nara voltar com o vestido.

Quando ela finalmente chega, perco completamente o ar.

—Nara... é maravilhoso! – Arregalo os olhos.

—Ah, eu sei. – Ela ri se achando.

—Deixa pra lá, é horrível esse vestido. – Brinco.

—E... – Ela faz um suspense. – Eu trouxe uns saltos mais baixos, não conte ao senhor Jimin.

—Eternamente agradecida. – Digo tocando no peito de forma dramática.

Visto o vestido e, por incrível que pareça, ele é leve o suficiente para que eu tenha o mínimo de equilíbrio necessário para não tropeçar. O salto mais baixo também é uma benção.

—Jungkook on-

Tudo está muito corrido, o baile, a roupa, os assuntos do Namjoon...

—Príncipe Calore. – Alguém me tira de meus pensamentos. – O rei deseja falar com o senhor.

Apenas assinto com a cabeça.

Vou até o escritório e encontro meus pais. Tento me lembrar de algo que fiz errado. O que será?

—Jungkook. – A voz de meu pai ecoa pela sala. – Você sabe o que estou fazendo? – Ele pergunta.

Penso um pouco. Não?

—Não, senhor.

—Lembra-se que você me pediu qualquer cargo? – Confirmo. – Estou te testando, se tudo no baile ocorrer bem, você terá minha escolha.

Quase não consigo conter a alegria. Finalmente, depois de tanto tempo esperando por um talvez, eu consegui. O que será? Eu vou liderar um exército? Ou... o que?

—Nada me deixará tão feliz quanto ter um filho diplomata. – Minha mãe me abraça. – Quero dizer, se tudo der certo. – Ela pisca.

O que?!

—Diplomata? – Pergunto engolindo em seco.

—Sim, um ótimo trabalho. – Meu pai responde. – Aliás, você pegou tantos livros sobre assuntos de nosso reino na biblioteca semana passada, achei que era isso que esperava.

 Livros?... mas que livros?... ah, sim!... mas não era para mim, e agora? O que eu faço?

—C-claro, por que não? – Abro um sorriso amarelo. – Obrigado, senhor. – Faço uma reverência e saio de lá.

*

Calma Jungkook, você só vai precisar negociar com outros países, não é como se tentasse promover a paz na guerra contra Lakeland. Tento controlar meus pensamentos enquanto sento desconfortavelmente ao lado de meu irmão.

—Se acalme. – Ele sussurra para mim de forma rude. Não é como se fôssemos próximos, mas a ordem dele me conforta e finalmente posso sentar direito.

O baile já começou e em breve eu e meu irmão teremos que nos misturar para cumprimentar as pessoas e, quem sabe, dançar um pouco.

—Vai dar tudo certo, querido. – Minha mãe sorri para mim.

Concordo com a cabeça educadamente e passo os olhos pelo local procurando por meus amigos. Localizo Jin, ele está em seu posto próximo à porta lateral. Mesmo estando em trabalho ainda está elegante como sempre em um sofisticado terno branco, a cor da casa Arven.

Jimin está conversando com o primo, quando percebe que estou olhando ele lança um sorriso e discretamente faz um sinal de positivo.

Namjoon e Yoongi estão ocupados conversando entre si e ignorando os olhares temerosos que recebem. Sorrio ao pensar no quão ignorantes são essas pessoas, Yoongi hyung pode ser um murmurador, contudo não faria mal algum a alguém inocente, talvez não tivesse o melhor humor do mundo, mas era atencioso da maneira dele.

Respiro fundo já sentindo a ansiedade quase ir embora. Olho para a porta principal exatamente no momento em que Hoseok e Taehyung chegam, cada um apoiando um dos braços de Arya. Ela, por sua vez, está maravilhosa e quase não dá para perceber o leve desequilíbrio dela.

Jimin sorri orgulhoso ao vê-los entrar e algumas garotas dão um suspiro revoltado.

—Se ela quisesse vir com um deles, tudo bem, mas como ela ousa vir com os dois?! – Ouço uma garota dizer, aparentemente uma curandeira de sangue da casa Blonos.

—Quem é aquela? – Meu irmão pergunta para mim.

—É uma curandeira de pele...

—Skonos? – Ele interrompe. Odeio quando ele faz isso. – Com certeza não é uma Skonos, ela não parece nobre, olhe o jeito como desequilibra no salto, a postura também não está correta e ela está visivelmente nervosa.

—Terminou? – Pergunto sem paciência.

—Que grande diplomata você será hein? – Ele ironiza. – O que ela passou no rosto?

—Será que dá para...

—Você devia pensar bem antes de convidar pessoas aleatórias para seu baile, vai parecer que está desesperado.

Meu irmão volta sua atenção às pessoas que enchem o salão e solta alguns sorrisos. Sinto a mão de minha mãe apertar um pouco meu braço e logo trato de fazer o mesmo que ele.

—Arya on-

—Cuidado para não tropeçar na pedra invisível ali na frente. – Hoseok brinca.

—Estou andando tão mal assim? – Pergunto.

—Não. – Taehyung responde. – Talvez só um pouquinho.

Eu realmente achava que estava indo bem naqueles saltos, mas eu devo estar bem enganada.

—Eita, eita! – Exclamo ao sentir meu pé virar, mas Tae é ágil e me segura firme sem deixar transparecer tanto meu desequilíbrio. Por um momento fico me perguntando se não é por causa dele que ainda estou de pé.

—Seu traje não faz nenhum sentido. – Yoongi diz assim que nos aproximamos.

Apenas reviro os olhos.

—Isso é verdade. – Jimin ri chegando mais perto. – Olhe ao redor Arya.

Faço o que ele manda e logo percebo olhares nada amigáveis de alguns nobres.

—O que tem? – Pergunto sem entender.

—Um detalhe importante. – Ele continua e estende para mim um objeto que, a princípio, não consigo identificar. – Isso é um baile de máscaras.

Seguro a máscara dourada que ele me estende, tão preocupada em não chamar a atenção acabei nem notando as máscaras nos rostos das pessoas ali.

—Vou lhe ajudar com isso. – Diz Yoongi se posicionando atrás de mim para amarrar o laço e então começa a falar mais baixo – Agora ouça bem: não se machuque, seja uma prateada, ande graciosamente e de cabeça erguida, mas não encare ninguém. Se falarem com você seja cortês e, por tudo que é mais sagrado nesse mundo, não caia.

—Fácil falar. – Murmuro.

Ele ri. Acho que é a primeira vez que o vejo fazer isso.

—Só tente se divertir, ok? Vou estar aqui cuidando de tudo.

Quero agradecer a ele por isso, mas sou arrastada por Hoseok para dançar. Taehyung logo se junta a nós e sinto que posso realmente aproveitar aquele momento. Vejo um grande sorriso no rosto dos dois e não posso conter o meu. Por tanto tempo tive medo dos prateados, fizeram atrocidades comigo, mas ali estava eu, dançando com dois deles. Eu estou confiando na palavra de um murmurador que sabe sobre meu sangue. A ideia me faz rir, aquilo fazia sentido?

O Merandus observa tudo com atenção, quando olha para mim sinto a necessidade de fazê-lo rir novamente.

—Murmuradores também dançam, não é? – Pergunto para os meninos.

Um lampejo de excitação passa pelos olhos de ambos e eles logo estão arrastando Yoongi para o centro do salão.

—Vamos hyung, é divertido! – Hoseok ri sem se importar com as outras pessoas que estão ao nosso redor.

Depois de algum esforço, Yoongi finalmente cede.

—Esqueceram de nós? – Ouço a voz do príncipe, ele está acompanhado de Jimin e Namjoon. – O que acham de mostrarmos ao Jin hyung o que ele está perdendo?

Jungkook nos guia até a porta lateral, onde Jin está de guarda.

—Uma pena que não pode se divertir, hyung. – O Calore provoca.

—Isso é um desafio? – Jin abre um sorriso de lado.

—Veremos. – É a resposta do ardente e ele logo começa a entrar no ritmo da música.

Não é necessário muito tempo e estamos completamente absorvidos no nosso grupo. Não há mais ninguém ali, não há títulos, não há rótulos ou cores. Não existe um passado e tampouco um amanhã. Só há o agora. Apenas oito pessoas comuns extravasando o estresse com brincadeiras, sem preocupações, sem dúvidas e sem medo.

É um momento maravilhoso e isso me faz perceber tudo o que aconteceu desde que os encontrei. Apenas duas semanas haviam se passado, aquilo era loucura, assim como eu chamar mais sete prateados de “nós”. Era insano, mas era o que me sustentava no momento, era o que fazia com que eu continuasse ali e, com certeza, era o que fazia com que eu vivesse.

*

—Namjoon on-

Percebo que Arya está na varanda e me dirijo até lá, me encosto na sacada ficando quase da altura dela.

—Não está com frio? – Pergunto.

Ela vira para mim e sorri, está segurando uma taça de vinho.

—Eu estou ótima. – Diz.

Arya estreita os olhos e aproxima seu rosto do meu.

—Mas você não parece estar em um dia bom. – Ela conclui.

Involuntariamente solto um suspiro, será que isso está claro ou eu simplesmente acabo baixando a guarda quando estou com ela?

—Aqui. – Arya me estende a taça. – Não é tão bom quanto chocolate, mas é o que temos no momento.

Sorrio ao ver que ela ainda lembra daquele chocolate.

—Você, por acaso, já havia bebido vinho antes?

Arya nega e continua com um sorriso divertido no rosto.

Meu coração dispara quando ela encosta a cabeça em meu ombro, parece ter ficado um pouco tonta.

—Me conte algo interessante. – Sussurra ela.

Seu ar quente bate em meu pescoço e sinto uma paz arrasadora que me toma por completo e faz borboletas dançarem no meu estomago.

—Você me perguntou sobre minha mãe, não é? – Falo baixinho. – Estou tentando descobrir o que aconteceu, acho que estou perto.

—Você é o melhor, Namjoon. – Ela se afasta e levanta os dois polegares.

Seu sorriso doce já está me deixando embriagado sem ao menos ter colocado um pingo de álcool na boca.

—Arya! – Escuto Taehyung gritar estragando o nosso momento. – Vamos dançar?

—Tae, você deve estar cansado. – Falo repentinamente. – Deixe que eu dance com ela dessa vez.

—Ok, hyung. Mas só desta vez. – Ele sorri.

 Vamos até o salão.

A música agora é lenta e talvez – se ninguém resolver incomodar – eu possa dançar com Arya. Mas como nem tudo são flores... ela está meio tonta e não consegue se equilibrar direito.

—Quer uma ajudinha? – Pergunto a puxando para perto.

Mando que ela suba no meu pé para que fique mais confortável e ela faz o que falei.

—Obrigada de verdade. – Suas palavras saem um pouco emboladas.

Começo a seguir o ritmo da música e Arya apenas balança a cabeça.

—Com licença. – Alguém me chama.

Me viro para ver quem é e me deparo com o príncipe Tiberias, rapidamente faço uma saudação.

—Posso ter a honra? – Ele entende a mão para Arya.

Decido me afastar, eu e o príncipe não temos uma boa relação.

*

Já é muito tarde quando caio em minha cama. O cansaço me domina, mas meus pensamentos se voltam para Arya. Durante toda essa semana foi impossível ter um tempo juntos, ela estava ocupada se preparando para o baile e eu estava ocupado passando todo o tempo possível lendo os livros que Jungkook pegou.

Não achei que eu poderia sentir falta dela, mas foi exatamente isso o que aconteceu e, infelizmente, nosso momento no baile foi interrompido. Depois daquilo não a vi mais.

Puxo o cobertor até minha cabeça e fecho os olhos tentando guardar pensamentos bons antes de dormir, quem sabe isso me ajude.

Passam-se dez minutos em total escuridão e silencio, viro diversas vezes na cama sem conseguir descansar, nada que eu faça adianta.

Ouço a fechadura da porta girar, para variar eu havia esquecido de pedir que arrumassem.

—Namjoon? – Uma voz sussurra.

—Arya?

A garota entra no quarto, fecha a porta atrás de si e deita na cama ao meu lado.

—O que você está... – Começo, mas ela me interrompe.

—Eu estou com medo. – Ela responde baixinho. – Estou com muito medo. – Sua voz está embargada. – Você disse que ia me proteger por que eu te salvei. Por favor, posso...

—Tudo bem, Arya. – Falo tranquilizando-a. Pego o outro cobertor que está no canto da cama e entrego a ela.

*

          Jhonan se ajoelha em minha frente, sinto minhas mãos suarem segurando a espada. Rapidamente olho para meu pai, ele assente, seu olhar diz que está tudo bem, mas não me sinto dessa forma.

          Meus olhos se voltam para o rei e ele dá o sinal. Ergo a espada, mas hesito por um instante. Jhonan olha para mim e cometo o erro de olhar para ele também.

          “Está tudo bem Namjoon, prefiro que você faça isso” ele sussurra.

          O rei começa a ficar impaciente, assim como meu pai.

          Respiro fundo com lagrimas nos olhos, não posso deixar que elas rolem, não agora. Forço-me a desviar o olhar e então desço a espada no pescoço de meu amigo. Seu sangue quente respinga em meu rosto e lentamente começo a sufocar.

Acordo completamente suado e sem ar, Arya está me chacoalhando assustada.

—Você está bem? – Ela pergunta.

—Vou ficar bem. – Sento na cama tentando controlar minha respiração, aquelas malditas lembranças nunca vão embora.

—Você teve pesadelos como da outra vez?

Não respondo, é impossível saber como ela reagiria a isso.

—Está tudo bem Nam. – Ela diz carinhosamente. – Foi apenas um pesadelo.

—Foi uma lembrança. – Sussurro tentando esquecer da expressão de Jhonan pouco antes de morrer. Eu precisava cumprir as ordens do rei, mas aquilo não fazia com que eu me sentisse menos culpado.

—Seja o que for, isso não define quem você é, ok?

—Eu não tenho certeza. – Confesso voltando a deitar. – Será que alguém com o passado como o meu merece descanço?

Com a fraca luz que vem da janela, num instante, parece que os olhos de Arya estão marejados.

Rapidamente, sem que eu espere, ela aproxima seu rosto do meu e me dá um beijo. O momento é tão rápido que mal tenho tempo de me surpreender.

Num impulso, puxo-a para mais perto e a beijo novamente. Passo os dedos por seus cabelos macios e sinto o calor de seu corpo contra o meu. Quero que aquele momento seja eterno.

Contra todas as minhas vontades termino o beijo e afasto nossos rostos. Arya está sorrindo e cobre o rosto com as mãos um tanto envergonhada. Abraço-a apertado.

—Estou ouvindo seu coração. – Ela ri baixinho. – Só espero que o meu também continue batendo.

Não consigo conter uma risada.

—O que?

Ela não responde, apenas ri novamente e se aninha em meu peito. 

O sorriso ainda não havia saído do meu rosto quando enfim consigo dormir novamente.