Nunca pensei que fosse encontrar com Sasuke assim, achei que o veria na vila, ele se redimindo, nós voltando a ser uma equipe, claro, mesmo que eu negasse queria que ele dissesse que amasse, mas não faria disso uma necessidade, aprendi e aceitei que desde que ele volte, já ficaria feliz, mesmo que ele não me quisesse.

Pelo contrário, minha vida anda tomando rumos inesperados, com acontecimentos mais inesperados ainda, e o pior, sinto que ainda terá mais, mais surpreendentes coisas para acontecer ainda.

E depois do que aconteceu na floresta, eu já estava farta de ser uma idiota, hoje eu escreveria mais um conto... Porém não como uma idiota que ainda é apaixonada pelo cara que só a faz sofrer! Preciso extravasar esta raiva, esta dor que estou sentindo, e vai ser no conto da bela e a fera.

Era uma vez...

Uma menina, não... Melhor, uma mulher, linda, inteligente, gentil, delicada e determinada, porém muito diferente das outras moças de sua cidade, ela não queria ficar sentada na praça de sua vila a procura de um bom partido para se casar, ela não queria apenas ficar fofocando sobre roupa, sobre os melhores homens, os mais ricos e belos, sobre bailes, ela não queria ser apenas “normal” como as outras de sua idade, ela queria ser ela mesma, sem restrições, sem padrões, sem regras, ela seria a Sakura Haruno! Que podia ler seus livros e viajar em seus mundos, que fazia o que queria.

Sakura tinha quatro irmãos, sendo duas irmãs que eram Ino, espevitada, desbocada, porem sempre companheira, e tinha a Karin a demonia! Nunca haviam se dado bem, elas apesar de ter o mesmo sangue paterno, elas se odiavam.

Tinha também dois irmãos, O primeiro que era na opinião dela, um panaca completo, só sabia beber e andar com o “gostosão” da vila, o Suigetsu tão esquisito como a Karin, depois vinha o Sai, que só pensava em pintar, era o mais calado e retraído deles.

O senhor Haruno, havia se casado duas vezes, do primeiro casamento, ele tinha a Primogênita Karin, e Suigetsu, do segundo casamento tinha Ino, Sai e a mais nova Sakura, a Senhora Haruno Mebuki havia falecido durante o parto da menor, a qual por não conhecer a mãe recebeu mais atenções do que a primeira filha, gerando ódio, rancor e inveja em karin.

— Sakura querida, vá a vila pegar meus vestidos sim? - ordenou Karin vendo a mais nova cruzar os braços irritada.

— Só vou, pois tenho que irei lavar roupas no riacho. - respondeu pegando uma trouxa de roupas. 

— Então pegue as minhas e lave também. - Falou a ruiva irritando a mais nova.

— O que? Eu não vou fazer isso Karin, não vou, não sou sua escrava!

— Vou falar para o papai.

— Não me importo sua chata. - Deu língua saindo de casa, assim que fechou a porta, caminhou pela vila vendo as pessoas a encarando como sempre, a achavam estranha, tanto pelas roupas que usava, quanto pela tonalidade de seus cabelos róseos. Ao passar em frente da biblioteca, sorriu, viu ali uma oportunidade de pegar um livro para ler mais tarde, ao entrar deixou a cesta no chão, para logo em seguida correr para pegar um livro com o rapaz que fazia a manutenção dos livros, assim que ele a viu lhe sorriu.

— Bom dia Senhorita Haruno.

— Bom dia senhor. - Disse lhe sorrindo de volta..

— Tem algum livro para me indicar?

— Que tal esse. - respondeu lhe entregando um livro de capa azul, Sakura agradeceu e se despediu, logo pegou a cesta de roupa se retirando, voltou ao trajeto vendo a fonte vazia, correu depositando o cesto no chão.

— Sakura - ouviu a voz de seu pai com Karin ao seu lado.

— Oi papai

— Karin veio me falar que recusou a lavar as roupas dela, faça esse favor, sabe que ela não é muito boa em serviços de casa - Sakura mesmo com cara feia pegou as peças da irmã começando a lavar na galeri, seu pai sorriu se virando saindo dali com a ruiva.

Galeri era um riacho enorme que dava para fazer os serviços de casa como lavar roupas e vasilhames.

No final das contas a Sakura acabou por fazer o que a Karin havia dito, e apesar de achar seu pai um tolo por fazer as vontades de sua filha mais velha, ela o amava muito.

— Oi - Ino se aproximou sentando, encarou os olhos verdes da irmã.

— Não ligue o pai às vezes não vê como ela é. -Sakura suspirou dando de ombros pegando o livro começando a ler, Ino abaixou ajudando a irmã com as roupas. Sakura nunca se envergonhou de ser pobre, aliás, ela nem se importava com isso, ela jamais fingiria ser quem ela não era, e isso dava inveja em Karin, pois mesmo ela sempre sendo simples chamava a atenção por sua beleza, enquanto a outra tinha que sempre estar impecável para assim conseguir que lhe olhassem.

— Bom dia Sakura-chan- Disse Daisuke.

— Bom dia, Daisuke-kun.

— Bom dia pra você também, Daisuke-kun. - Disse Ino P

para o rapaz.

— Ah me desculpe Ino-chan. -Sorriu sem Graça o rapaz.

— Só te desculpo por que é uma gracinha viu. - disse Ino fazendo graça, arrancando uma risada sem graça de Daisuke.

— Algum problema? -Perguntou Daisuke ainda corado.

— Ah ô de sempre, Karin sendo Karin. - respondeu a loira fazendo Sakura revirar os olhos.

— Ah sim, posso ajudar em alguma coisa?

— AO menos que saiba lavar roupas, não - Disse Sakura em brincadeira ao rapaz, que levou a sério o que ela disse, se sentando ao seu lado, a ajudando lavar as roupas, fazendo Sakura corar imediatamente.

— N-não precisa! Estava brincando. -disse ela. - Estou falando sério, obrigada de verdade Daisuke-kun mais não precisa, só com sua ação já melhorou meu dia.

— Sério? - Disse o rapaz com os olhos brilhando. Quando ele ia dizer algo a mais, aparece um garoto de recados lhe entregando um papel, após ler o que o garoto havia trazido, levantou-se - Ah perdoe- me Sakura-chan por não ficar mais, preciso ir, e um recado da minha Mãe.

— Ah sim, tudo bem.

— Podemos nos ver mais tarde?

— Ah, eu não sei, acho que sim. -Disse ela corando, fazendo o rapaz sorrir ainda mais, como não gostar de Sakura? Linda, inteligente, sagaz, até mesmo mordaz às vezes, era perfeita em sua opinião.

— Eu passo mais tarde na sua casa, tudo bem? Ai você me da uma resposta. Tchau. - Ele nem deu tempo para ela falar.

— Nossa! - exclamou Ino. - Quem diria que um rapaz tão lindo como esse sabia lavar roupa! - falou Ino gargalhando.

— Está mais que na cara que ele gosta de você.

—O que? Claro que não Ino, a família dele é uma das mais ricas aqui, como ele poderia gostar de mim?

— Às vezes você é muito tola, se não gostasse ele nem estaria aqui, e ainda lavou roupa, se isso não e gostar, não sei o que é então, se fosse comigo não deixaria um rapaz lindo como esse escapar. -

Mesmo que Sakura nunca admitisse a Ino, ela não podia deixar de reparar como o rapaz era belo, com longos cabelos negros, um rosto harmonioso, fazia com que por onde passasse arrancasse suspiros dos garota, até de Sakura, ele que sempre foi gentil e atencioso com ela.

Após terminar as roupas seguiu para casa, começou a arrumar  a casa pensando no livro que acabava de ler, todos a achava estranha por gostar de ler coisa que as damas não faziam, porém ela sequer se importava com isso, ela seria como a mãe dela, seria alguém livre.

— Crianças, irei precisar viajar então logo eu voltarei, preciso que se comportem, ouviu Karin? Nada de importunar seus irmãos. -A ruiva encarou o pai

— E o que vão querer da cidade?  -Perguntou o velho Haruno.

— Quero um vestido novo - Karin disse e o pai anotou. - Tintas e pincéis - pediu Sai. - Quero novos tecidos - Disse Ino, e já anotou sabendo que Sasori iria querer novas adagas - E você Sakura?

— Nada papai

— Diga filha irei trazer - falou acariciando o rosto da mais nova, que lhe sorriu tímida.

— Gostaria de uma flor de Sakura, quero saber como é, pois tanto fala sobre a tal flor.

— Claro meu amor, agora partirei - falou subindo no cavalo vendo os filhos se despedindo e assim seguiu seu destino, Sakura levou a mão no peito nervosa, ela teve um sentimento estranho em relação a viajem do pai, que mais tarde se confirmaria...

...

Tudo havia ocorrido bem na viagem do Senhor Haruno.

"Agora é só andar mais um pouco e comprar os pedidos das crianças" - pensou o senhor pra si mesmo, que estava tão contente que sorria e cantarolava durante o caminho, porém algo inesperado acontece.

— Uma nevasca! – O homem tinha dificuldades de manter o cavalo, pelo vento está muito  forte e a neve intensa dificultava a caminhada, dado um momento, ele acabou errando de caminho e foi em direção a floresta,  caminhou mais um pouco quando deu por si estava em frente a uma ruina de um castelo, sem entender como foi parar ali, o homem correu para entrada do castelo reparou que mesmo em ruinas estava conservada.

Ao entrar pela porta em busca de abrigo ele se se deu conta que talvez o lugar não estava tão abandonada o quanto pensava.

— Ola! Tem alguém ai? Me desculpe por invadir, não era minha intenção. - Ele falou alto para alguém ouvir porém não obteve nada em resposta. - Peço que me deixe passar a noite aqui até a nevasca passar. - dito isso, ainda tudo estava em silêncio, entendendo aquilo como sim, ele se encolheu perto da porta para esperar, e acabou adormecendo...

....

— Sakura! Sakura! Ei sua surda, estou falando com você!

— O que é Karin?

— Quero que faça algo leve para o jantar, não quero engordar. - falou vendo a irmã abrir os olhos irritada tinha deitado um pouco para descansar.

—Ai fica difícil, creio eu que só vivendo do ar você consiga este efeito irmãzinha, agora vá, deixe a Sakura em paz, ela não é sua empregada. - Respondeu Ino, percebendo que Sakura estava estranha.

— Cale a boca sua... sua... Ah! - Karin sai de perto das duas.

— Ei Sakura o que foi?

— Não sei Ino, sinto como tivesse acontecido alguma coisa ao papai.

— Deixe disso Sakura, ele está bem tenho certeza, agora vá se arrumar, o Daisuke-kun ira vir busca-la.

— Ah Ino não estou com cabeça para isso, eu realmente.

— O que? Como assim?! Como você foi convidada pra sair e eu não!-Berrou karin. - Ainda mais por ele, um bom partido, logo você que anda toda feia e desarrumada! você - Karin falou irritada.

— Oras cale a boca karin, sua invejosa! Não fale assim da Sakura-chan! - Karin não podia acreditar, logo Sai que quase não falava , gritou com ela por causa dela.

— O sai está certo, você só está com inveja! -falou Ino empurrando Sakura para o quarto, ela estava determinada a deixar Sakura linda.

— Veremos se ela vai mesmo sair... Veremos. - resmungava Karin.

Após um tempo Sakura já estava arrumada, Ino não precisou fazer muita coisa, pois Sakura tinha uma beleza delicada, não necessitava de muita coisa, ela só colocou o melhor vestido que tinha e arrumou os cabelos.

— Nossa você esta linda!

— Obrigada Sai, o Daisuke já chegou?

— Sim, ele está lá em baixo na sala.

Sakura desceu, ela estava se sentindo nervosa, e nem sabia por que, ao chegar à sala, encontrou Karin aos beijos com ele.

— Sakura não é nada disso que estou pensando, eu...

— Desculpe irmãzinha, fazer o que se eu sou irresistível. - Respondeu karin, com uma cara cínica olhando para Sakura, porém Sakura não ligou, sorriu encarando a irmã.

— Bom como você já beijou ele, pode ir com ele - assim que falou deixou Karin com cara de besta pois achava que a mesma iria revidar, só não esperava que Ino quem lhe sacaria. - Sua vaca - Karin levou a mão no rosto.

— Suas piranhas.- Falou Karin

— Se você disser isso, eu te dou outro tapa - falou Ino. Karin saiu correndo para seu quarto morrendo de raiva de suas irmãs.

— Vão me pagar! - Gritou ela pra porta.

Sakura seguiu Daisuke para fora da casa e durante o percurso foi absoluto silêncio.

— Sakura, eu posso explicar... - Daisuke quebrou o silêncio.

— Não precisa, eu sei que foi ela que forçou aquilo. - respondeu Sakura de costas para ele.

— Você está brava comigo?

―Não, eu não ligo para isso pois não temos nada ... AHHHH. ..Mais karin me estressa...- Falou Sakura

— Olha Sakura-chan sei que não temos nada mais...

— Olha Daisuke-san eu não quero saber de nada disso, quer dizer... que já sei o que vai falar, e agora eu não quero, me desculpe a sinceridade, mas eu não...

— Tudo bem, aprecio sua sinceridade, e isso me faz gostar mais de ti, vou te dar tempo. -falou corado

Depois que Sakura falou tudo o que sentia, eles se despediram e a mesma voltou para casa, pensando no que faria a Karin, ela passou dos limites, mas no fundo Sakura não estava com cabeça para nada, so pensava em seu pai.

Assim que chegou em casa foi direto para seu quarto dormi, era a melhor coisa que ela poderia fazer naquele momento e espera pela chegada de seu pai, são e a salvo.

....

— Nossa! -Exclamou o senhor Haruno ao ver tantas coisas em sua frente.

Depois que ele sentou em um canto aguardando que além tempestade passasse, ele acabou por adormecer, e ao acordar viu vestidos, adagas, tudo de uma excelente qualidade, o que mais o  surpreendeu é que tudo era exatamente os que seus filhos haviam pedido, até da mesma cor, só não havia o da Sakura.

— Tem alguém ai? Oiii? - Ele tentou em vão descobri quem havia feito tudo aquilo. - Obrigado por me ajudar! E por tudo isso aqui! - Falou mais uma vez, por mais que não visse ninguém ele sabia que não estava só.

“Se ele não quer se manifestar para que eu o agradeça de forma mais apropriada tudo bem, fico grato mesmo assim, e respeito usa escolha” Pensou ele.

O senhor Haruno colocou todas as coisas que havia ganhado no cavalo, e agradeceu mais uma vez e foi caminhando até a saída do castelo, ao andar por um jardim que ele só reparou naquele momento, percebeu que no centro, havia uma enorme árvore de cerejeira, e imediatamente lembrou de sua amada filha Sakura.

Ele se aproximou da árvore carregada de lindas flores de Sakura e pegou uma, a mais bela que achou, tudo do mais lindo ele dava a sua pequena e amada filha, e agora não seria diferente... Porém de repente uma fera gigantesca e horrenda apareceu em sua frente e com sua voz que altiva e poderosa que mais pareciam com os trovões da tempestade da noite anterior, o pegou pelo pescoço.

— EU LHE DEI TUDO DA MAIS ALTA QUALIDADE, EU LHE OFERECI ABRIGO EM MEIO A TEMPESTADE, EU LHE AJUDEI, E ESSA É A FORMA COM QUE ME PAGA! HUMANO TOLO! VAI FICAR PRESO AQUI ATE QUE SEUS DIAS SE FINDEM! GRRRRR.

A fera estava furiosa, carregou o senhor Haruno para dentro castelo, e em umas muitas torres do castelo ele o prendeu...

.......

— Papai! - Sakura acordou assustada, havia tido um pesadelo assustador com seu pai, e os gritou por ele em meio ao torpor do sonho. - Cadê você Otou-san... Ela começou a chorar, tinha a mais absoluta certeza de que seu pai estava em perigo, e isso a angustiou ao ponto de fazê-la chorar, levantou vestindo um roupão e seguiu para a cozinha quando ao lado de fora avistou o cavalo de seu pai levando à mão no peito assustada.