Entre Amores e Conflitos, Descobertas escrita por Gabuh


Capítulo 10
Capitulo 10 - O Inferno


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Um barulho irritante e esquisito me acordou. Aos poucos fui retomando a consciência, ainda tinha uma leve esperança de tudo ser um pesadelo.

O sino tocou outra vez e comecei a pensar que horas seriam. Sentia-me tão cansada como se mal houvesse dormido 1 hora. Mas isso não era uma mentira. Tinha passado a noite toda rolando na cama, agitada. Não consegui dormir direito. Tanta coisa se passava pela minha cabeça.

Abri o olho devagar.

Uma garotinha loira de cabelo bem liso dormia ao meu lado. Pelo seu tamanho e pelo que me lembrava de sua voz devia ter no máximo 5 anos.

Outras três meninas estavam no quarto, já de pé. As três me fitavam, esperando algo que eu não sabia o que era. Talvez só um oi, ou uma explicação.

Clarisse, Kayla e Alex, eram seus nomes. 9, 13 e 15 anos, respectivamente.

Acordamos Clara e seguimos para o banheiro juntas.

O banheiro era muito desarrumado e sem vida. A pintura era velha e mal acabada. Morto, como tudo ali dentro. A água era fria e eu podia ouvir as outras meninas reclamando ao abrir o chuveiro, por mais que já estivessem acostumadas.

Depois do terrível banho fomos pro refeitório. Tinham três mesas grandes no salão e, ao que parecia, as meninas evitavam sentar na do meio.

Nem precisei perguntar por que, foi só esperar mais uns minutos e olhar quem entrava pala porta.

Waleska.

Se aquilo parecia um inferno, agora estava pior.

Ela entrou com um tom autoritário, com um sorriso falso, assim como o da noite anterior, e sentou-se a mesa do meio.

A comida parecia ter sido tirada do lixo. E eu odiei ainda mais Débora ao saber que teria que comer ali por uma semana e meia.

Esse pensamento me fez tremer. Um calafrio rápido.

Eu só ficaria por pouco mais de uma semana, mas... e as outras? Que passaram a vida toda ali, e que provavelmente não vão experimentar algo diferente durante algum tempo?

Deixei a comida de lado e levantei da mesa.

Pouco me importava agora as regras inúteis que possuíam naquele lugar.

Acordar as cinco, estar no refeitório as seis, só sair depois do sinal, ir diretamente pra aula, voltar pro refeitório, almoçar, fazer as atividades, tomar banho as seis e voltar pro refeitório as sete, arrumar e limpar tudo até as nove, dormir as 10 e repetir tudo no dia seguinte.

Eu não sei que tipo de lugar era esse, mas certamente não era ali que devia estar às crianças de 0 a 18 anos.

Um lugar onde não existe infância, onde não existe cor, e aonde não existe liberdade.

O que Waleska pensava que estava fazendo?

- Sakura, aonde pensa que vai?

- Vou pro quarto. Não preciso dessa comida horrível e das aulas mal dadas, por professores mal pagos e maltratados.

- Sente-se

- Me recuso a ficar um só minuto olhando sua cara.

Waleska se levantou com uma expressão de dar medo, mas nada que ela fizesse seria comparado ao que Liam já tinha feito.

Sai do refeitório tendo a certeza de que ela estava atrás de mim, por isso não me surpreendi ao ser pega pelo braço de uma maneira agressiva.

- Há regras nesse lugar e você vai cumpri-las a risca se não quiser sofrer punições.

- Qual das punições? O tempo da palmatória, do milho e da solitária acabou! Por que você ainda usa isso Waleska? Por acaso não sabe dominar as meninas daqui pela conversa? E tem mais, eu não tenho medo de “sofrer punições” se for por algo justo. Eu não vou te obedecer, por que você é uma criminosa. Ta fazendo desvio de verba, ta maltratando de crianças e adolescentes e ta abusando do seu poder.

- Como sabe disso?

- ... eu não passei minha vida toda aqui sendo enganada por você. Esse lugar ta acabado, as meninas tomam banho frio e cada uma tem cuidar da limpeza do que usa. A comida é péssima e não há um brinquedo por aqui. Quer me dizer que investe tudo o que recebe nelas?

- Só não é o suficiente...

- A Clara tem marcas por todo o braço e ela me disse que... – parei de falar antes que pudesse comprometer a Clara por qualquer coisa que ela tivesse me dito, mas já era tarde.

- O que a Clara disse?

- Nada. Mas isso pouco importa. Isso tudo é ridículo e eu não vou me submeter...

Subi sem ouvir qualquer resposta que ela tivesse pra me dar, mas ela pouco pareceu se importar comigo, voltou para o refeitório e só tinha um motivo pra ela voltar ali sem me levar...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Beijosss



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