No fundo da alma escrita por RosaDWeasley


Capítulo 16
Medo


Notas iniciais do capítulo

Oooooooi gente!

Já venho aqui me justificar pq não sou boa com titulos kkkkkk....

espero que gostem desse capitulo...

boa leitura ;)



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Chegou ao ministério mais cedo aquele dia, estava na sua sala resolvendo uns papeis e lendo uns relatórios, precisava se situar ainda do cargo que ocupava e de todas as mudanças ocorridas em tanto tempo longe. As horas foram passando devagar, fazia uma semana que tinha voltado, era uma sexta-feira, no dia seguinte seria o noivado de Harry e Gina, ela ainda se sentia nervosa ao pensar que voltaria para a Toca e veria Ron, uma batida na porta a tirou de seus devaneios.

— Mi? – Nathan colocou a cabeça para dentro da sala, seu rosto estava dois tons mais claros e os olhos arregalados expressavam medo, Hermione demorou dois segundos para se colocar de pé em sinal de alerta.

— O que foi Nathan? – perguntou alarmada

— O ministro está chamando a todos os chefes...

— OK, estou indo, mas porque você está com essa cara? – em todos os anos de convivência ela nunca havia visto o amigo tão apavorado.

— Estão falando... – ele suspirou profundamente para poder continuar – que ouve uma fuga em massa de Azkaban – ele disparou de uma vez e Hermione sentiu os joelhos cederem e por um momento teve que se apoiar na mesa para não cair, sem dizer nada ela disparou para fora em direção à sala do ministro com Nathan em seu encalço.

A secretária de Kingsley apenas a mandou entrar, quando Hermione abriu a porta o falatório de lá de dentro cessou – Com licença Senhor Ministro, Nathan disse que mandou me chamar – seus olhos vasculharam a sala, dentro dela estavam todos os chefes e seus assistentes ou ‘sub’ chefes se encontravam, dentre eles Harry (chefe dos Aurores), Ron e Bethany, eles a encaravam.

— Não só a senhorita, Hermione, temos um assunto urgente a tratar, ouve fugas em Azkaban – Kingsley disse, e a sala ficou em silêncio.

— Estão dizendo que foi uma fuga em massa, é verdade? – a morena perguntou

— Não, foram apenas 3 fugitivos, o ser humano, mágico ou não tem uma estranha mania de aumentar as coisas – Kingsley disse no seu tom mais irônico se dirigindo a mesa e pegou o papel – Fenrir Greyback; Antonio Dolohov e Rodolfo Lestrange. – o falatório foi geral e Hermione só conseguiu se apoiar ao amigo do seu lado, ela olhou para Harry que a encarava, talvez pensando a mesma coisa que ela, os piores.

— Srº Ministro, com licença – Harry iniciou sendo autorizado por Kingsley – nós iniciaremos as buscas e as investigações, os dementadores não saíram de Azkaban, então acredito que a fuga possa ter acontecido porque alguém lá de dentro ajudou, sugiro que alertemos a população bruxa e trouxa.

— Sim, sim é claro, os chamei justamente para isso, preciso que aumentem a proteção em suas casas – começou Kingsley – e na de seus familiares, Bethany por favor, faça uma nota no jornal e libere-o o quanto antes, todos têm que estar alerta, aqui estão as fotos dos fugitivos – ele estendeu as fichas para a loira.

— Sim senhor Ministro. – a moça pegou as fichas e se manteve na sala ao lado do noivo para as próximas orientações.

— Hermione, sinto ter que pedir mais uma vez pra você algo dessa proporção, mas necessito que fale com o primeiro Ministro inglês sobre a fuga e que os trouxas correm perigo. – ela assentiu – se for do seu desejo o ministério deixará chaves de portal para qualquer lugar do mundo, caso queira proteger sua família.

— Obrigado Srº, peço a sua autorização para falar com o primeiro ministro hoje e para usar as chaves de portal também.

— Só peço uma coisa – ele virou também aos outros presentes – nós não sabemos as próximas ações deles, todos que tem família em outro país poderão viajar para protege-los, mas existe uma condição, um de nossos aurores terá que ir junto. – ele disse e todos assentiram.

— Bom, por enquanto é isso, caso haja mais alguma informação será imediatamente repassada a todos vocês, por enquanto é só – todos começaram a se movimentar para a saída – caros, só lhes peço uma coisa, tomem muito cuidado.

Um a um eles foram saindo da sala, Harry fez sinal para Hermione aguardar onde estava, Nathan permaneceu ao seu lado, tão assustado quanto um coelho acuado, ele era mais novo, não havia participado ativamente da ultima guerra e tudo que fez na Batalha de Hogwarts fez tentar se proteger e proteger seus amigos, o pânico daquele dia parecia ter voltado a sua mente.

Quando todos saíram e o trio e Nathan permaneceram, Harry se dirigiu ao ministro. – Quim, alguma suspeita de quem os ajudou e o que eles querem?

— Você realmente não suspeita Harry? – O mais velho arqueou a sobrancelhas para o jovem a sua frente.

— Vingança, mesmo? – Harry não queria acreditar.

— Sim Harry, principalmente de Rodolfo Lestrange, pela Bellatriz estar morta. – o três se encararam em silêncio, mas quem quebrou foi Hermione.

— Harry, o que você tem em mente? O que faremos? – ela se sentia aflita, mas pronta pra passar por tudo novamente desde que o resultado fosse o mesmo, trazer a paz ao mundo.

— Estou desde o momento que eles fugiram investigando já Mione, já temos aurores nas ruas e nos países próximos, mas agora, antes de mais nada, precisamos proteger nossa família – ela assentiu.

— Bom, vamos para a Toca? Papai já deve ter chego para o almoço, estão todos em casa para o aniversário amanhã Harry – Ron parecia mais nervoso do que ela se lembrava na guerra, a ideia de bruxos querendo vingança assustava.

— Estão dispensados, tudo será autorizado, tire a sua família da Europa Hermione – ela assentiu e saiu sendo seguida pelos homens, seu coração aos saltos, a mente a mil, precisava sair do ministério e se comunicar com a família.

— Hermione, vamos almoçar conosco na Toca, lançamos o feitiço e depois você pode se encaminhar para a sua família. – Harry a convidou, mas ela não estava tão inclinada a aceitar.

— Eu acho que não posso Harry, preciso falar com o primeiro Ministro e tentar ver onde todos estão.

— Pode sim, vamos com você até o primeiro ministro e depois você vai conosco, até porque leva um tempo para preparar as chaves de portal e eu preciso encontrar um auror que possa ir com você. – ela assentiu sem escolha, mas não deixou de reparar no brilho que apareceu no olhar de Ron.

— Nathan, vá para a sua casa, lance todos os feitiços de proteção que eu te ensinei, está dispensado, mas não saia de casa e sob qualquer suspeita nos mande um patrono e fuja – ela encarou o moreno que encarava o chão, as mãos tremendo, ela pode ver que o pânico o tomava, ela segurou as mãos dele o fazendo olhar pra ela – Ei, vai ficar tudo bem, estamos aqui por você, ok? – o moreno a olhou com carinho e a abraçou se despedindo dela e agradecendo foi para casa.

Ela, Harry e Ron se encaminharam ao ministério trouxa, com muita sorte conseguiram falar com o primeiro ministro, prometendo toda ajuda nas proteções dos trouxas, a noticia não foi bem recebida, mas o recado havia sido dado, Hermione estava em paz, tinha coisas mais importantes para se preocupar. Enquanto o trio procurava um lugar para aparatar, Hermione tentava falar com a família, sem sucesso.

— Hermione aqui! – Harry a chamou e eles entraram em um beco, um dejavú passou por ela quando os três deram as mãos, se lembrou dos dias mais difíceis da sua vida.

O cheiro é inconfundível, assim que aparataram nos jardins da toca, já podia ouvir as vozes altas e sentir o cheiro da comida, tudo tão familiar, tudo a fazendo se sentir em casa.

— Harry, vocês vão cancelar o noivado? – ela perguntou assim que se lembrou que o noivado era amanhã.

— Tá maluca? – Harry perguntou deixando o ar sério para um divertido -  Até parece que você não conhece a Gina, sou capaz de ouvir ela falando; ‘ Fleur casou no meio de uma guerra, porque eu não posso noivar com alguns comensais a solta?” – ele falou imitando uma Gina bem falsificada o que fez os amigos caírem na gargalhada.

— Queridos, o que estão fazendo aqui? – Molly Weasley apesar de feliz em vê-los, achou aquela chegada na hora do almoço em um dia de semana muito suspeita e ela se permitiu ficar alerta.

— Precisamos conversar com todos, aconteceu uma coisa... – Harry iniciou e todos se juntaram a eles, quando contaram Jorge falou sobre adiar o noivado, sendo veementemente negado por Gina, com quase a exata justificativa que Harry disse que ela daria, o moreno olhou pra amiga com uma cara de quem dizia “ eu não disse? “ e Hermione se deixou rir, o próximo passo foram os feitiços, os adultos fizeram uma roda em volta do terreno da casa e iniciaram os feitiços, após almoçarem o ministro enviou um patrono a Hermione dizendo que um funcionário do ministério iria entregar as chaves, ela já havia falado com a prima, os avós  e Gustav, o noivo da prima, estavam na França, ela os levaria para o Brasil, e protegeria a casa, seu pai estava no avião, voltando de algum compromisso empresarial nos EUA.

— Hermione eu vou enviar um patrono para o ministério pedindo um auror para te acompanhar, acredito que Josh poderá ir – a morena assentiu.

— Você vai assim querida? – Molly perguntou se referindo a roupas e malas.

— Sim, Srª Weasley, tudo que eu precisar encontro na casa dos meus avós e dos meus pais – dizendo isso eles viram um patrono chegar a Harry

“Harry, eu estou saindo do ministério para Azkaban, investigar os guardas, você não deixou ninguém aqui disponível para qualquer eventualidade, sugiro que será você mesmo a acompanhar a Hermione.”

“Droga!”, foi tudo o que o moreno conseguiu pensar, tinha se esquecido que não havia deixado ninguém a disposição, os únicos que estariam livres no dia seguinte seriam os convidados para o noivado, que ajudariam a fazer a segurança.

— Harry, não tem problema, eu vou sozinha, consigo me proteger e na França tem as fadas que podem ajudar e depois eu vou para o Brasil, não terá perigo. – ela não queria atrapalhar.

— Não Hermione, as ordens são do ministro também, além de minha amiga sua vida passa a ser responsabilidade minha, eu vou com você – ele disse decidido

— Harry não, e se vocês se atrasarem amanhã? Você é o noivo... – Gina não queria ser egoísta com a amiga, mas tantas vezes o trabalho dela ou de Harry vieram a frente do próprio relacionamento deles que ela não conseguiu ficar quieta.

— Gina está certa Harry, não é justo, eu vou sozinha, envio uma carta para o ministro. – ela tentou argumentar, mas antes do moreno poder protestar outra pessoa se manifestou.

— Eu vou! – Ron disse decidido fazendo todo mundo se encarar de olhos arregalados.

— Ron, sério, não precisa fazer isso, não quero atrapalhar – Hermione se agitou em pânico por pensar em viajar com ele.

— Eu já decidi, Harry está certo, sua vida acaba sendo responsabilidade nossa, eu não vou fazer nada – ele falou a encarando – bom, eu iria ajudar a organizar tudo aqui pra festa, mas não é como se eu fosse fazer muita falta. – ele sorriu sem graça.

— Mas a Bethany... – ela ainda tentava argumentar, Deus queria ir sozinha.

— Ela vai ficar de plantão no ministério para o jornal, só chega amanhã na hora da festa – ele olhou para a família, pedindo ajuda, não queria parecer desesperado por ajuda-la, estava só fazendo um favor ao amigo e a irmã, não estava?

— Então está decidido! – Gina levantou animada, toda aquela situação pra ela veio bem a calhar – Ron te acompanha Mi e amanhã vocês cheguem no horário para a festa! – a ruiva sorria de orelha a orelha, Hermione apenas assentiu incapaz de encarar a amiga e os presentes, fora da toca ouviu-se o som de aparatação, o funcionário que Kingsley havia mandado tinha exatamente 4 chaves de portal, após meia hora ela e Ron estavam prontos para partir.

— Pra onde vamos primeiro? – o ruivo perguntou, tentando esconder o nervosismo, aparentando para Hermione que ele se sentia em mais uma missão apenas, pois estava sério e concentrado, ela não via e nem percebia o turbilhão de sentimentos que havia dentro do coação do homem a sua frente.

— Para a França, meu avós já estão sabendo – e dizendo isso ela colocou a chave no chão e contou no relógio os minutos faltantes.

— Boa viagem a vocês, tenham cuidado – Arthur desejou e o casal a frente segurou o balde usado como chave e em dois segundos desapareceu.

— Será que foi uma boa idéia concordar com isso? – Harry perguntou a Gina que sorria.

— Olha, se eles tentarem se matar nos insultos ou nos beijos, não será nada além de Ron e Hermione – ela disse com um sorriso sapeca, fazendo Harry e os outros rirem.

Surgiram no meio da floresta, Hermione precisou de alguns segundos para se localizar, chamou a Ron para segui-la, se aprofundando na floresta.

— Pra onde você está indo?

— As fadas, preciso delas agora. – Assim que Hermione chegou a maior árvore daquela floresta as fadas já desceram a encarando.

— Precisamos alertá-las, temos bruxos perigosos a solta, estou tirando meus avós daqui novamente, preciso que vocês protejam a floresta e os animais. – as fadas apenas assentiram, numa reverencia que indicava que fariam o que ela disse. Após, ela seguiu para o castelo, Ron na sua cola, nenhuma palavra dita entre eles, o clima pesado e tenso estava presente. Quando chegaram nos jardins os olhos de Hermione marejaram e Ron proferiu as primeiras palavras

— Ainda está do jeito que eu me lembro – ele dizia olhando a enorme propriedade a sua volta, ela sorriu, sentindo o peito se aquecer a simples menção da memória do namoro deles.

Quando Hermione bateu na porta ouviu a voz da avó gritar lá de dentro um “Quem é?”

— Sou eu vovó, Hermione! – ouviu os passos e depois seu avô falando alguma coisa que não entendeu, antes de abrir a posta a senhora perguntou.

— O que te fez chorar e não aparecer aqui no verão de quando você tinha 5 anos? – Ron estava impressionado e a morena sorriu, feliz por eles aprenderem todas as prevenções que ela ensinou.

— As fadas, somente eu as via e o Juliano e a Marry me chamaram de louca – a porta foi aberta assim que ela terminou a frase a a avó a acolheu em um abraço apertado.

— Ah querida – ela se afastou apenas para segurar o rosto da neta com as mãos – quando sua mãe ligou eu fiquei apavorada.

— Está tudo bem vovó – ela sorriu, explicou a presença de Ron e pediu para que eles fossem buscar apenas o essencial, enquanto ela seguia para os fundos nos cochos dos cavalos, atrás de Gustav, tinham menos de uma hora para ir embora.

— Gustav! – ela gritou assim que viu o loiro cuidando de um dos cavalos.

— Olá Hermione! O que faz aqui? – o loiro alto perguntou, estranhando a presença dela e do ruivo sem mais nem menos.

— Gustav, preciso que venha comigo para o Brasil, agora!

— O que? Ficou maluca, hoje? Eu não terminei meu trabalho e seus avós não me deixaram ir – o loiro não tinha entendido o que estava acontecendo com a amiga. Hermione pediu para que eles os seguissem até dentro da mansão.

— Gustav, eu vou te contar uma coisa, mas antes eu preciso saber, você confia em mim? – ela encarava o loiro nos olhos, os seus avós já tinham se juntado a eles.

— Sim, tata, lógico, você está me assustando.

— Eu sou uma bruxa! – ela disse de uma vez e viu o loiro a encarar como se ela fosse uma louca.

— Como?

— Gustav, eu sou uma bruxa, contamos tudo pra você no Brasil, mas não podemos demorar mais por aqui, pegue algumas coisas sua que precisa, uma mala pequena e nós vamos viajar, meus avós já dispensaram os funcionários e nós precisamos colocar os feitiços de proteção, você precisa ser rápido, nós saímos em 30 minutos. – e dizendo isso ela saiu com Ron a sua cola, a propriedade era uma maior que a Toca, e eles estavam sozinhos, não podiam perder tempo, quando saia apenas ouviu os questionamentos de Gustav

— Feitiços? Senhor... – o avô de Hermione apenas ordenou que Gustav os obedecesse, o jovem apesar de visivelmente confuso e assustado foi juntar suas coisas.

Hermione e Ron lançaram feitiços por toda a propriedade, quando terminaram faltava menos de 5 minutos para a chave de portal ir.

— Vovó, vovô, vamos! O tempo está acabando! – os mais velhos desceram sendo seguidos pelo jovem loiro bem assustado.

— Deem as mãos pra nós, e não se assustem a primeira vez é bem estranha – Ron disse enquanto eles se posicionavam em volta de um vaso de flor.

— Vocês estão todos loucos? – o loiro perguntou, ele estava muito assustado.

— Gu, só obedece! – a matriarca pediu, segurando a mão do garoto. Segundos depois eles sumiram e foram aparecer dentro do condomínio onde os pais e os tios de Hermione moravam no Brasil.

— Vou ligar para Marry vir nos buscar, estamos afastadas de casa – Hermione pegou o celular da bolsa, enquanto observou Gustav com os olhos arregalados e marejados apoiando a sua avó junto com Ron e a levando para um banco próximo, pois havia sentido uma tontura muito forte. Depois de falar com a prima ela voltou para ajudar com os avós que não se sentiram bem com a viajem.

Marry chegou na mini van da família, descendo sorrindo com toda sua cabeleira ruiva esvoaçando e tão linda quanto Hermione se lembrava – Oi família! – ela disse assim que se aproximou, Gustav foi pra ela desesperado.

— Amor, o que está acontecendo? Eu estava na frança a minutos atrás, e... – o loiro começou mas foi interrompido.

— Amor calma! – ela ergueu as mãos para pará-lo e depois deu um longo selinho – eu explico tudo depois, mas agora preciso levar vocês pra casa – a ruiva sorriu para o noivo e quando se virou e deu com Hermione ao lado de Ron empalideceu, lançou um olhar interrogativo para a prima que apenas balançou a cabeça negando – Bom, vamos pra casa – cumprimentou a todos e ajudou a voltar com a avó.

Assim que terminaram com os cumprimentos, e os feitiços na casa de Hermione e da sua tia, Ron e Hermione foram instalados, Hermione no seu antigo quarto e Ron no quarto de hóspedes, eles mal se falavam, apenas o necessário e isso incomodava Hermione, alguns momentos pegou ele a olhando, mas não dizia nada nem esboçava reação nenhuma, ela estava deitada na sua antiga cama encarando o teto os olhos marejados, talvez eles nunca voltassem a ser amigos, nem teriam uma boa convivência. Ter estado com Ron em lugares que o fazia lembrar a época que namoravam e estar por mais do que alguns minutos convivendo diretamente com ele depois de tanto tempo afastados fez acender novamente aquela paixão, aquele fogo dentro de si. Ela se levantou e chorando escolheu uma roupa e se encaminhou ao banheiro, para a tentativa de um banho relaxante. Estava vendo ele namorar outra, o veria casando com outra, tendo filhos com outra e suspeitava que jamais o esqueceria. Ela precisava encontrar alguém que fosse tão gentil, leal, engraçado e corajoso quanto ele, o problema era que ela não queria outros, queria ele. Entrou embaixo do chuveiro e se deixou chorar, nem abafando mais os soluços, esgotada, por um amor que jamais seria dela novamente.

— Hermione! Hermione, acorda! – a ruiva chacoalhou levemente a prima, sabia que a morena estava cansada, mas sentia saudades.

— Oi Marry, onde é o incêndio? – a outra respondeu totalmente sonada, se sentia extremamente cansada.

— Vamos sair! Ainda tá cedo, estou com saudades de você! Vamos pra uma balada! – ah não, Marry sendo Marry, Mione não podia acreditar.

— Sério? Eu não tô no clima – ela disse se virando para a prima totalmente desanimada.

— Bom, se te serve de consolo, o ruivo do quarto ao lado – a prima falou apontando na direção da porta – já se levantou, fez a reunião com a nossa família explicando tudo que está acontecendo e disse que aceita sair conosco. – ok, agora era a vez dela ficar boquiaberta.

Interrompendo seu choque a porta do quarto foi aberto de rompante – PRIMINHA! – Juliano correu se jogando em cima dela na cama em um abraço de urso.

— Pelo amor de Deus Juliano, você vai me sufocar – ela disse lutando pra se livrar dele.

— Também estava com saudades viu – ele mostrou a língua a fazendo rir – vamos sair! É aniversario do Douglas da minha turma de faculdade. – a morena suspirou, pronta pra negar – nem adianta dizer não, você vai!

— E desde quando você manda na minha vida? – ela perguntou se sentando

— Desde sempre! – ele riu no seu ar superconfiante e antes que ela pudesse retrucar alguém bateu a sua porta.

— Pode entrar! – ela achou que seria mais um de seus vários primos, mas nem em seus sonhos achou que seria Ron a colocar a cabeça pra dentro do quarto. E ela viu o ruivo pairar o olhar sobre o corpo dela, Hermione vestia uma regata e um shorts curto, estava muito mais encorpada do que quando tinha 18 anos, mas as suas roupas ainda serviam, única vantagem de ser magra, e Ron se amaldiçoou por sentir a boca seca de desejo por ela, pigarreou antes de falar.

— Er.. Boa noite Mi-Hermione, já contei tudo o que estava acontecendo para a sua família, eles estão te chamando para vê-los e jantar – ele disse sentindo as orelhas queimarem por não conseguir desgrudar os olhos das pernas dela. Hermione percebeu, Marry e Juliano também. Infelizmente.

— Eu já vou descer – ele assentiu e ia sair antes de Marry levantar num salto e o puxar pra dentro.

— Ron! – ela disse o puxando pela mão – venha aqui falar pra essa teimosa que você aceitou sair com a gente e que ela tem que ir também. – ele riu sem jeito e coçou a nuca embaraçado, mas antes que pudesse falar algo Mione o interrompeu.

— Marry eu não vou! Podem ir! Estou cansada... – uma festa não, no dia seguinte já o veria em uma festa, não precisava de mais.

— Mas Hermione é uma festa neon! Você disse que queria ir em uma! – Marry estava pronta pra fazer um escândalo já, Mione era capaz de ver.

— Mas... – ia recomeçar a fazer todas as recusas, mas Ron a interrompeu.

— Vamos Mione, vai ser legal e eu não quero segurar vela sozinho – ele disse em seu sorriso torto que ela tanto amava.

— Por favor?! – A pergunta foi em uníssono, mas enquanto Ron apenas a olhava ansioso, seus primos juntaram as mãos em um suplica bem engraçada.

— Tá bom! Eu vou! – Houve euforia de seus primos por conseguirem tirar ela da toca e um sorriso enorme vindo de Ron que ela retribuiu, já que seu coração era besta demais quando envolvia lago vindo dele.

Eles desceram para jantar e Hermione foi cercada de todos os mimos da família, nesse momento ela entendia que a vida era uma constante saudade, por viver longe, sabia que viveria sentindo falta da família.

Logo após o jantar eles se encaminharam ao quarto, mas no caminho Ron a puxou -  Hermione? – ela voltou para olhá-lo – Que roupa tem que usar nessa tal festa neon? – ela sorriu, na sua frente estava o mesmo Ron inseguro de sempre.

— Ron, um tênis, calça jeans e camiseta, de preferência alguma não muito nova, você vai voltar todo colorido, ela sorriu pra ele que retribuiu e cada um se encaminhou para o seu quarto.

A festa era fechada, mas Ron se impressionou com a quantidade de amigos que podiam caber em uma festa, aos poucos ele entendeu como a festa acontecia, as tintas eles se pintavam ou simplesmente jogavam um no outro, tinha tambores por todos os lados, tintas a vontade, o batuque acontecia conforme a música que o Dj tocava, era sem dúvida a festa mais animada e divertida que Ron já havia visto, a comida também era maravilhosa, como ele se lembrava, e a quantidade de álcool que já havia consumido o deixava um pouco alegre demais. Da onde estava no balcão com seu hambúrguer e sua batida ele via Hermione, linda como sempre, ela batia nos tambores com a prima ao som da música, os cabelos soltos caiam em cascatas de cachos perfeitos, apenas um pouco descabelada devido a dança e o fato de jogá-los para todos os lados, de longe Ron não tirava os olhos dela, os shorts curtos deixavam suas pernas bem torneadas de fora, a regata branca colada, e agora cheia de pingos de tinta, deixava parte da sua barriga a mostra e marcava a sua cintura. Ron sentiu o corpo aquecer e balançou a cabeça tentando afastar qualquer fantasia da sua mente, tinha que se lembrar de Bethany,

— Amigo, vê mais um desse pra mim – Ron pediu ao garçom, a bebida se chamava mojito, Ron sabia escrever porque Hermione soletrou pra ele, mas não se aventurava a falar nada.

— Ron! Vai ficar sentado aí a noite toda – Hermione chegou rindo pra ele, com um copo na mão e algo na outra, mas ele não conseguiu distinguir naquela escuridão e luzes dançantes. – Ei moço! Me vê uma saquerinha de kiwi? – Ela gritou para o barman que fez sinal de positivo. – Depois que a minha bebida chegar vamos dançar! – Ela sorria alegre, Ron se amaldiçoou mentalmente por não conseguir dizer não a ela e por não se lembrar de quando foi a última vez que a viu tão alegre.

O garçom chegou com as bebidas deles, e quando Ron ia indicar para irem para a pista, ele viu Hermione parada a sua frente com um olhar, um tanto... travesso?

— Você está limpo demais – ela riu se aproximando e para a surpresa de Ron começou a pintar seu rosto com tinta, fazendo riscos e gotas por todo ele e Ron gargalhou em resposta.

— Isso é muito injusto! Eu devia me sujar lá! – Ele ria indicando a pista com os tambores.

— Mas você está limpo demais pra quem já está aqui a algumas horas – eles riram mais um pouco, e depois se encararam, Ron se deu conta que ela estava próxima demais dele, viu que ela também notou, mas não se afastou, ficaram sérios se encarando de repente e um clima estranho se instalou entre eles, mas foi Ron que quebrou o gelo colocando dois dedos no pote de tinta e passando pelo rosto e pescoço de Hermione, a lambuzando ainda mais e fazendo com que os dois gargalhassem.

Depois desse pequeno evento eles se encaminharam para a pista, junto com os primos de Hermione e amigos, bateram os tambores, beberam mais e começaram uma disputa muito engraçada de danças esquisitas, Ron se via completamente sujo e parecia que estava sempre parando para sorrir para uma foto trouxa.

Em algum momento da madrugada, ele notou que Hermione já estava sendo totalmente levada pelo álcool e ele também, Juliano e Marry deixaram eles sozinhos para irem se agarrar em algum canto com seus respectivos namorados. Ela sorria e quando uma música que ela conhecia começou a tocar ela o puxou para fazer os passos corretos daquela dança maluca segundo Ron, porque ele nunca havia visto ninguém dançando assim, nem nunca havia ouvido aquela música.

Em algum momento daqueles passos que Ron já havia desistido de acompanhar, Hermione escorregou e ele apesar de ter a mente anuviada pela bebida conseguiu a segurar, colando seus corpos, a fazendo ficar próxima demais. Parecia que a música naquele ambiente havia sumido, Ron não enxergava mais nada além do rosto e lábios dela, sentindo as mãos delas agarrando seu ombro como se não o quisesse deixar fugir. Coração de ambos aos saltos, eles não pensaram em nada quando Ron avançou sobre os lábios de Hermione e ela retribuiu com fervor. Mãos que exploravam corpos, eles estavam completamente agarrados no meio da pista de dança, perdidos na saudade que sentiam. Quando se separaram por falta de ar, Hermione sentiu os olhos arderem ao se lembrar que ele não seria mais dela e cheia de culpa por não ser capaz de afastá-lo. Sua cabeça parecia que tinha uma tonelada e rodava mais ainda, quando ela se afastou dele pra falar algo simplesmente não conseguiu.

Tudo ficou escuro, sua mente apagou.


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Notas finais do capítulo

Hermione bêbada é muito pra minha mente!! consegue até desmaiar kkkkk

Me contem o que acharam!

Beijos!



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