The Marauders escrita por SsRoberta


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo acabou de sair do forno! Espero que gostem e não me odeiem pela demora da atualização haha.

Aproveitem a leitura. Até a próxima!



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Assim que Lily terminou de narrar os últimos acontecimentos em sua casa, Tonks não conseguiu esboçar qualquer tipo de reação. Era estranho para ela que Lily, sua melhor amiga e uma das maiores fãs dos Marauders, estivesse chamando James Potter de idiota e coisas ainda mais desagradáveis.

De acordo com Evans, o garoto era tão infantil quanto muitos de seus primos, de quem Tonks preferia manter uma certa distância. Mas apesar da comparação, Tonks não conseguia acreditar que James Potter pudesse ser tão desagradável, a descrição de Lily sobre o garoto simplesmente não se encaixava com a imagem que Tonks tinha sobre ele.

— Devo dizer que não estou surpresa? — Marlene comentou parecendo achar a situação muito divertida, sendo fuzilada pelo olhar ameaçador de Lily em seguida.

Os olhos cor de esmeralda de Lily ferviam de raiva, coisa que não costumava acontecer com frequência, Lily sempre foi uma pessoa bastante calma e equilibrada, portanto Tonks soube que a amiga estava mesmo falando sério quando xingava James Potter de todos os nomes possíveis.

— Quando você disse que ele estava em sua casa, não imaginei que as coisas seriam assim. — comentou ainda tentando assimilar tudo o que a amiga contara.

— E eu imaginei? — rebateu a pergunta encarando as amigas com aquele olhar penetrante. — Estou altamente decepcionada. — seus ombros caíram e ela soltou um longo suspiro.

Parecia muito mais cansada do que Tonks lembrava de já ter visto, sentiu então uma vontade enorme de ir até a casa de Lily e comprovar com seus próprios olhos o comportamento nada gentil de seu ídolo. Caso a amiga estivesse mesmo certa, ela teria que tomar algumas providências e arrumar um modo de tirar a amiga daquela situação.

— Não é só ele desta banda que sabe ser desagradável. — Marlene comentou enquanto parecia devanear ao encarar seu copo com suco de laranja.

Tonks havia convidado as amigas para passar o domingo com ela na piscina, o sol estava tão quente que era impossível ficar dentro de casa assistindo séries, então estavam ali com os pés dentro da piscina enquanto ouviam a reclamação de Lily.

— Do que está falando, Marlene? — perguntou Tonks enquanto olhava desconfiada para a amiga que tinha uma expressão estranha no rosto.

A loira apenas deu de ombros e mergulhou na piscina, em seguida.

— Não é porque James é um idiota que os outros três também sejam. — Lily prontamente defendeu a banda da qual era fã, apesar de estar xingando um dos integrantes poucos minutos atrás.

— Difícil acreditar que James seja assim, ele sempre pareceu tão alegre e divertido. — comentou Tonks, rezando para que Lily não a afogasse na piscina.

Mas a ruiva apenas bufou, parecia bastante cansada.

— As aparências enganam. — ela disse perdida em seus próprios pensamentos. — Infelizmente.

— Eu poderia muito bem usar aquela famosa frase: Eu te avisei. — Marlene voltou a se sentar ao lado delas e segurava o riso. — Se aplicaria perfeitamente a esta situação, não acham?

A vontade que Tonks sentiu foi de afundar a cabeça da amiga na piscina novamente, pelo menos lá embaixo ela não seria tão irritante. E pela expressão de Lily, ela lutava contra a mesma vontade.

— Vai se foder, Marlene. — esbravejou Lily. — Também se aplicaria perfeitamente.

O clima tenso durou poucos segundos, pois em seguida as três caíram na gargalhada.

— Ah, mas mesmo sendo um completo babaca, James Potter continua sendo irresistível. — comentou Lily mordendo os lábios.

Tonks não pôde deixar de sentir inveja da amiga, mesmo que ele fosse um idiota ainda era gostoso, aquele rosto perfeito e aqueles músculos a fariam esquecer toda a parte ruim da personalidade do rapaz. Queria poder ter a mesma sorte da amiga e encontrar o ídolo para então poder tirar suas próprias conclusões sobre o físico invejável dele.

— Imagina se você encontrasse com os outros também... — comentou Marlene negando com a cabeça, e aquele tom estranho em sua voz estava presente outra vez, fazendo com que Tonks desconfiasse que a amiga estava escondendo algo delas. Só não conseguia imaginar o que seria.

— Eu surtaria! — respondeu Lily batendo as mãos e os pés, as molhando com a água gelada da piscina.

— Isso é óbvio. — respondeu Marlene rindo, quando seus olhos azuis se encontraram com os de Tonks, ela prontamente desviou o olhar, o que só serviu para aumentar ainda mais a desconfiança de Tonks. Havia algo de errado no comportamento de Marlene.

— Bom, acho que agora preciso ir pra casa. — comentou Lily desanimada. — Minha mãe pediu para que eu a ajudasse com a lista de convidados para o casamento.

Pela expressão de desânimo no rosto da loira, Tonks não se ofereceu para ir até lá apenas para ver o ídolo, ela sabia que teria outras oportunidades. Preferia esperar a ser obrigada a ajudar a mãe da amiga com os preparativos do casamento, ela já tinha experiências demais com aquilo e não precisava repeti-las.

**

Voltar para a casa depois de passar uma tarde maravilhosa ao lado de suas melhores amigas, não estava nos planos de Lily. Ela planejava dormir na casa de Tonks, mas antes de sair de casa, sua mãe a havia intimado para ajudá-la com o casamento, portanto agora ela caminhava desanimada até a porta de casa.

Soltou um suspiro de alívio ao encontrar a casa aparentemente vazia. Subiu as escadas correndo e foi para seu quarto, precisava tomar banho e tirar todo aquele cloro de seu cabelo antes que ela parecesse um leão ou algo do tipo.

Assim que saiu do banho, pegou o celular e mandou uma mensagem de texto para sua mãe a questionando sobre onde ela estava, afinal Lily voltou pra casa apenas por sua causa.

Se dirigiu a cozinha e fez um pequeno sanduíche, passar o dia inteiro na piscina a deixou faminta.

— Mas que merda... — resmungou ao ver que sua mãe havia visualizado a mensagem, mas não se deu ao trabalho de responder. — Por que têm um celular se não faz questão de responder a própria filha?

Poderia estar agora se divertindo com suas melhores amigas, mas estava ali em frente à pia preparando um sanduíche cheio de caloria.

— Falando sozinha, Lizzie? — a voz que ela sempre fora apaixonada, mas no momento não queria ouvi-la, chamou sua atenção e ela praguejou baixinho.

Ela se virou e o avistou. James Potter estava parado na beirada da porta, encarando-a com as sobrancelhas arqueadas e uma expressão divertida tomava conta de seu rosto. Foi preciso de muita força de vontade para ela conter um suspiro ao encarar seu ídolo tão de perto. Ele era tão lindo!

— O que está fazendo aqui? — perguntou. Não se lembrava de estar tão distraída a ponto de não perceber que ele estava na casa, de onde ele havia surgido, afinal? — E não me chamo Lizzie — bufou, sentindo toda a raiva de mais cedo voltar à tona.

Ele apenas deu de ombros e adentrou na cozinha, e foi abusado o suficiente para pegar o sanduíche que ela havia acabado de terminar, deu uma enorme mordida nele e o depositou de volta no prato. Voltou seu olhar para Lily como se não tivesse feito nada demais, o que a deixou ainda mais furiosa.

— Mas que diabos...? — a vontade que sentia era de voar no pescoço dele ali mesmo para estrangular o criminoso que roubou seu sanduíche. Aquilo deveria dar cadeia!

— Ah, era seu? Desculpe. — mas não havia qualquer tom de culpa em sua voz, apenas um sarcasmo que parecia prestes a escorrer de sua boca.

— Você é um abusado, sabia? — passou apressada por ele e se dirigiu a sala, havia perdido totalmente seu apetite. — O que ainda faz aqui?

Queria ter o poder de expulsa-lo de sua casa, não era justo que James Potter fosse ficar ali – apenas para atormentar sua vida – quando ele possuía milhões em sua conta e poderia estar aproveitando o verão em um lugar paradisíaco em qualquer canto do mundo.

Ele parecia se divertir com o desconforto e a irritação dela, o que, é claro, a deixou ainda mais irritada. E aquele sorriso extremamente irritante em seus lábios piorava ainda mais a situação de Lily, ela queria acertar um soco naquele rosto perfeito, mas ao mesmo tempo que queria agarra-lo e se sentia irritada demais com tudo aquilo.

Sempre sonhou com o momento que encontraria com seus ídolos, mas jamais imaginou que fosse tão decepcionante. Ainda tinha dificuldade em admitir, mas James Potter era mesmo um idiota e aquele sorriso debochado que ele tinha nos lábios comprovava seu ponto.

Céus, como a vida de Lily havia se tornado deprimente.

— É o que me pergunto desde que botei os pés nessa casa. — ele respondeu fazendo uma careta de desgosto enquanto seus olhos analisavam a casa, parecia absorver todos os detalhes e não parecia gostar do que estava vendo. — Eu não queria estar aqui tanto quanto você não queria que eu estivesse. — seu tom havia se tornado amargo, como se ele estivesse guardando algum sentimento ruim em relação ao que estava dizendo. — Mas a vida não é como nós queremos e planejamos.

Lily sabia perfeitamente daquilo. Quantas vezes havia planejado alguma coisa para no fim tudo sair completamente ao contrário? Exatamente como estava acontecendo agora, não havia planejado o encontro com seu ídolo daquela forma (e diariamente imaginava diversas maneiras que poderia ser aquele encontro), porém não tinha controle algum da situação atual.

— Você planeja ser irritante? — perguntou encarando o garoto que deu de ombros, ainda sorrindo.

— Normalmente não. — respondeu. — Mas devo abrir uma excessão neste caso. — voltou a analisar a sala com olhar de desaprovação. — Serei obrigado a ficar neste fim de mundo até esse maldito casamento. — bufou. — O cara que se acha no direito de se intitular como meu pai foi, mais uma vez, burro o suficiente para cair de amores pela sua mãe e aqui estou eu, sendo obrigado a ficar nessa casa horrível rodeado de pessoas horríveis.

Aquilo bastou para que Lily ligasse seus instintos assassinos. Sua mão foi até um copo de refrigerante que estava em cima da bancada e o lançou em direção a James que não teve tempo de desviar.

O copo então se espatifou no chão depois de produzir um corte na sobrancelha de James, que encarava Lily com perplexidade.

— Lily! O que- — a voz de Rose Evans chamou atenção de Lily, que, somente naquele momento, percebeu o que havia feito.

Céus, ela havia agredido seu ídolo!

Sua mãe estava de olhos arregalados alternando seu olhar entre Lily e James que tinha sangue escorrendo de sua sobrancelha. Petunia que carregava algumas sacolas de roupas olhava boquiaberta para a irmã mais nova, e parecia estar achando a situação cômica.

— Oh meu Deus, Lily! Ele está sangrando! — então a mulher correu até James para verificar o ferimento, mas ele desviou de seu toque com impaciência.

— Sua filha é louca. — e lançou um olhar de desprezo para Lily, que sentiu um aperto no coração, e saiu da casa batendo a porta.

— Certo. — Petunia disse com um sorriso estranho que nada combinava com a situação. — Você acabou de jogar um copo em James Potter? James Potter o cara que eu te flagrei beijando naquele pedaço de papel na parede há algumas semanas? — ela riu.

As bochechas de Lily ficaram rosadas quando se lembrou do ocorrido. Petunia sempre fora abusada e nunca batia na porta para entrar no quarto, então em um desses momentos de falta de senso da irmã, ela havia flagrado Lily dando um breve selinho no James Potter que estava colado em sua parede. Não que Lily costumasse beijar os diversos pôsteres que tinha grudado em seu quarto, aquele havia sido um caso especial já que o mesmo havia acabado de publicar um cover de sua música favorita no momento, portanto ela estava surtando e resolveu descontar todo seu amor por seu ídolo dando-lhe um rápido selinho em sua ilustração. Infelizmente não fora rápida o bastante para evitar que sua querida irmã a flagrasse.

— Você- — Rose colocou as mãos na cintura e Lily soube imediatamente que ela estava furiosa. — Por que você fez isso, Lily?

Ela tinha mesmo que explicar os motivos que a levaram tomar aquela atitude? Já estava se sentindo péssima por ter feito o que fez, não precisava recitar em voz alta para que seu constrangimento e irritação voltassem. Porém, pela expressão de sua mãe, ela não conseguiria sair dali sem uma explicação.

——

— O que diabos aconteceu com você? — foi a primeira coisa que saiu da boca de Remus quando ele abriu a porta do apartamento de Dorcas para que James entrasse.

Imediatamente o olhar de Peter e Sirius se voltaram para seu rosto que estava com uma mancha considerável de sangue. Explicou brevemente o que havia acontecido e, é claro, os três caíram na gargalhada.

— Não conheço essa garota, mas já a acho genial! — Peter comentou, animado demais. James o repreendeu com o olhar, mas ele não se importou.

— Ela não é genial, ela é louca! — respondeu, impaciente. Ainda conseguia sentir seu sangue ferver ao lembrar de como aquela ruiva conseguia ser insuportável.

Caso soubesse que teria que dividir a casa com aquela garota descontrolada, jamais teria aceitado a oferta de seu pai. Na verdade, se estivesse pensado direito naquilo tudo, nem estaria ali.

Sua irritação apenas piorava com as risadas e zoações que seus amigos soltavam devido aquele corte horrível em sua testa. Já era humilhante o suficiente ser atingido por uma garota descompensada, não precisava de seus amigos o atormentando por isso. Mas, é claro, que reclamar só agravaria a situação, seus amigos eram pessoas horríveis.

— Peter, o que acha de- — a voz de Dorcas o despertou de seu questionamento sobre o porquê ainda era amigo daquelas três pessoas que adoravam rir da sua desgraça. — Por que raios minha sala está cheia de papel ensanguentado? — perguntou, aterrorizada, olhando para alguns papéis com pequenas manchas de sangue que seus amigos fizeram o favor de jogar no tapete da sala.

— Digamos que nem todas as garotas babam no Potter aqui. — Peter explicou e voltou a gargalhar incontrolavelmente.

Dorcas arqueou as sobrancelhas e esboçou um meio sorriso.

— A quem devo enviar os agradecimentos? — perguntou ela, divertida. Chutou alguns papéis ensanguentados para o canto da pequena sala e se jogou no sofá, cruzando as pernas e encarando os garotos com tédio estampado no rosto, embora lançasse olhares divertidos na direção do corte na testa de James.

Ele revirou os olhos. Dorcas iria mesmo se juntar aos seus amigos para rir da desgraça dele?

— Você deveria colocar alguma coisa aí, talvez pare de sangrar. — disse Remus olhando-o com preocupação estampada no rosto.

Ele resmungou um obrigado para o único amigo que parecia se importar com ele de verdade. E que não demorou muito para buscar um kit de primeiro socorros e ajudou-o a fazer um pequeno curativo na área. Felizmente, ele não precisaria aparecer em frente as câmeras pelos próximos dois meses, pois estavam de férias.

James adorava a fama, era magnífico ter todo o mundo aos seus pés e enquanto estava realizando seu sonho de cantar para milhares de pessoas. Mas também havia a parte ruim da fama, onde não podia sair nas ruas como uma pessoa normal sem atrair uma multidão em seu encalço, mas a pior parte era ter que lidar com paparazzi e os boatos que rodavam o globo a seu respeito.

— Quem era a garota, Dorcas? — James ergueu os olhos e encarou a garota, curioso.

Meadowes se remexeu inquieta no sofá, James percebeu sua bochecha ganhar um tom corado e logo percebeu que havia perdido alguma coisa importante.

— Hum- — ela desviou os olhos do olhar malicioso de Sirius, que parecia a espera do que seria a maior fofoca do momento pra ele. — Marlene? É apenas uma amiga. — deu de ombros.

— Amiga? — insistiu Sirius.

— Sirius! — repreendeu Remus cutucando Sirius no braço, completamente padecido pelo desconforto de Dorcas.

— Espera! Do que vocês estão falando? — James perguntou, tentando entender qual era a fofoca da vez.

— Ontem chegamos e encontramos Dorcas com uma amiga. — explicou Sirius sem tirar aquele sorriso irritante dos lábios.

Dorcas respirou fundo e revirou os olhos castanhos para eles, embora quisesse parecer impaciente, James percebeu que ela estava ficando nervosa com o assunto levantado.

— E daí? — perguntou. Não via nada demais na garota ter amigas, sabia o quanto era difícil para ela conseguir ser próxima de alguém, então ficava feliz por ela ter se aproximado novamente de outra pessoa.

— E daí que parece que finalmente Dorcas superou Emmeline! — Sirius soltou uma exclamação animada.

— Vocês são uns babacas, sabia?! — esbravejou, levantando-se do sofá.

James lembrava do relacionamento de Dorcas com Emmeline Vance, as duas eram inseparáveis e aparentavam estar perdidamente apaixonadas uma pela outra – pelo menos Dorcas estava. Após ficarem por alguns meses, Emmeline decidiu terminar o que tinham sem motivo aparente e anunciou um namoro com Avery Lestrange.

Aquilo, James lembrava, deixou a prima do melhor amigo arrasada. E mesmo ele não sendo tão próximo da garota, sentiu vontade de procurar por Vance e fazê-la sofrer da mesma forma que Dorcas havia sofrido.

Mas quando ele formulou algo pra dizer em defesa da garota, ela já havia saído da sala em passos pesados.

— Qual o seu problema, Sirius? — perguntou Remus bastante irritado. Olhava com a expressão mal humorada para Sirius que deu de ombros e não se importou com o olhar assassino do amigo. — Não precisava ter tocado nesse assunto.

— Eu vou lá falar com ela. — Peter se levantou a contragosto e sumiu pelo corredor.

——

Aberração.

Essa palavra ecoava na cabeça de Meadowes desde que ela ouvira escapar pelos lábios de Emmeline Vance. Deus, como Dorcas a odiava!

Assim que Dorcas descobriu que gostava de garotas, entendendo então perfeitamente o porquê de nunca conseguir manter um relacionamento com qualquer rapaz da sua idade, ela se apaixonou pela garota mais doce que conheceu: Emmeline Vance. A garota com seu corpo escultural e aparência angelical fez algo no coração de Dorcas ganhar vida, ela jurava nunca ter sentido algo tão forte intenso quanto quando estavam juntas, foram os melhores três meses da vida da garota, pelo menos até tudo desmoronar.

Certa vez, o comportamento afetivo e amoroso de Emmeline pareceu mudar completamente, da água para o vinho. Dorcas obviamente estranhou aquilo, e não aguentando mais permanecer naquele clima estranho demais para as duas, resolveu a questionar sobre o que a estava incomodando.

Ela desejava então não ter feito aquilo caso soubesse o que seria obrigada a ouvir a seguir.

No meio da explosão sem sentido e ridícula de Vance, ela soltou que Dorcas era uma aberração. Acusou-a de coisas horríveis e alegou que a culpa de sua briga com seus pais era dela por tê-la tornado uma aberração também. Houveram muitos gritos e choros naquela noite, boa parte deles vindos diretamente de Dorcas que não conseguia acreditar nas merdas que estava ouvindo.

E naquela noite, ela sentiu aquela mesma coisa que havia ganhado vida meses atrás, se quebrar dentro de si. Desde então ela nunca mais conseguiu se relacionar com outra pessoa, desde então ela nunca mais foi a mesma.

— Dorc? — ouviu a voz de Peter chamar baixinho através da porta entreaberta. Ele a olhava com expectativa e temeroso, Dorcas suspirou fazendo um gesto para ele entrar. — Você está bem?

— Sim. — murmurou sem olhar nos olhos do primo, que ergueu uma sobrancelha, questionadora. Era óbvio que ele sabia quando ela estava mentindo, aliás, eles conviviam desde que eram bebês. — Eu só não gosto de falar de você-sabe-quem, principalmente com os idiotas dos seus amigos.

Peter suspirou, culpado. Ele também não gostava de tocar naquele assunto, pois sempre que o fazia, sentia-se tentado a acabar com a garota que fez sua prima sofrer tanto. Apesar das gritantes diferenças entre eles, sentiam a necessidade de proteger um ao outro de tudo que pudesse lhes machucar. Eles tinham uma relação de irmandade, devido ao longo período de tempo que viveram juntos.

— Me perdoe por Sirius. — pediu. — Ele gosta de ser inconveniente.

— Acha que eu não sei disso? — suspirou.

Sirius sempre era inconveniente, principalmente quando se tratava dela. Provavelmente porquê ele também tinha aquela coisa e encontrava nela um modo de extrair o que ele vivia extraindo dele próprio ao flertar com quase todo mundo que cruzava.

Peter riu fraco.

— Bom, então o que acha de me contar sobre Marlene? — perguntou lançando um olhar perscrutador em sua direção. — Gostei dela. Não gritou ou desmaiou quando nos viu, impressionante.

Dorcas foi obrigada a rir da expressão engraçada no rosto do primo. E também concordava com ele.

Imaginou que Marlene iria ter um ataque quando encontrasse com os Marauders, mas felizmente ela pouco se importou em estar dividindo o mesmo espaço que três cantores mundialmente famosos. Aquilo fez com que Dorcas gostasse ainda mais dela. Aliás, era difícil encontrar alguém no mundo que não os conhecia ou ignorasse suas presenças.

— Realmente, impressionante. — sorriu ao se lembrar de Marlene e todas as suas loucuras, que ela passara a apreciar.

——

— Você tinha mesmo que falar aquilo? — perguntou Remus, impaciente enquanto observava a expressão nada preocupada de Sirius.

— O que eu fiz? — fingiu inocência, colocando a mão no peito e fazendo drama.

Remus revirou os olhos. Por que Sirius tinha que ser tão irritante e sem senso? Poderia ao menos se tocar que estava sendo evasivo e inconveniente. Mas se ele notava, não parecia se importar.

Bufou, derrotado. Já perdera a conta de quantas vezes fora obrigado a repreende-lo e de nada adiantara.

Desconfiava então que o esporte favorito de Sirius era atormentar, especialmente a ele. E, o pior, ele não conseguia afastá-lo quando ele começava com suas provocações, era ridículo como ele não conseguia controlar as reações do próprio corpo. Maldito Sirius Black.

Então após perceber o quanto estava sendo patético, se fechava novamente dentro de sua própria bolha, onde era mais seguro para si próprio. Não era sensato cair na lábia de Black, ia totalmente contra os seus princípios.

Mas ignorar aquele sentimento – que parecia mais com uma pequena chama num terreno de folhas secas que rapidamente se alastrava por todo o ambiente, se tornando impossível controlar – era quase impossível.

Como conseguia ignorar o que sentia? Remus não possuía respostas, mas até agora fazia o possível e o impossível para isso. E era sufocante.

— Deixe, Moony. — disse James deitado no sofá e mudando descontroladamente os canais da TV. — Sirius não tem mais jeito.

Bom, disso Remus sabia.

— Não falei nada demais, apenas apontei o fato de que Dorcas pode finalmente estar esquecendo de vez a Vance. — ponderou Black enquanto jogava pipocas no ar e as pegava com a própria boca.

Talvez, apenas talvez, Sirius estivesse certo.

Percebeu então que estava encarando-o por tempo demais, coisa que estava se tornando rotina em sua vida. Era como se seus olhos possuíssem imãs que eram atraídos a todo momento na direção dele. E, céus, como aquilo era injusto! Quando botava os olhos nele, não conseguia mais tirar, e o fato de Sirius ser atraente demais para os seus olhos não colaborava em nada.

E como se também possuísse um imã, o olhar de Sirius se encontrou com o de Remus, que forçou-se a desviar o olhar no mesmo instante. Sirius abriu um enorme sorriso convencido, fazendo o moreno se afundar ainda mais na poltrona que ocupava.

— Preciso ir embora. — a voz de James e seu levantamento repentino do sofá, chamou sua atenção.

— Pensei que iria dormir aqui hoje. — franziu a testa, encarando o amigo. James parecia numa luta interna consigo mesmo.

— Infelizmente eu não posso. — disse. — Preciso ter uma conversinha com meu pai. Não fico naquela casa nem mais um dia!

E saiu apressado do apartamento, deixando Remus e Sirius a sós. Quando ele percebeu isso e notou o sorriso nos lábios de Black, se praguejou internamente.

Odiava ficar sozinho com Sirius, pois sabia que aquilo não iria terminar bem. E a aproximação dele apenas comprovou isso.


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