Perdas e Ganhos escrita por Lucca, alegrayson


Capítulo 21
Pontos Cegos do Desejo


Notas iniciais do capítulo

Olha quem apareceu! Nossos hiatus estão ficando piores que os da série. Faremos o tudo para atualizar com mais frequência e finalizar essa história em breve.
Como Perdas e Ganhos completou 1 ano no último dia 21, procuramos escrever momentos especiais nesse capítulo com um pouco das coisas que mais gostam.
Um leve desentendimento entre as autoras levou a exclusão de alguns detalhes. Alê é louca, gente! A Fada Sensata das fic +18. Quem sabe um dia a gente escreva isso.
Remi terá um flashback fundamental para seu relacionamento com Weller. Patterson vai ao encontro de Roman.
Boa leitura!



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A noite era uma das mais bonitas em muito tempo em NYC, mas a solidão misturada com a perturbação em resolver o caso não fazia Patterson perceber a beleza noturna que naquele dia em especial fazia.
A busca incansável por novas provas decisivas era o maior desejo pessoal dela.
Ela sabia bem que precisava encontrar novas respostas para as perguntas que por horas martelavam a sua mente. E sabia quem poderia ajudar e ser decisivo na resolução do caso Crawford, como ela chamava.
— Não posso continuar negando que ele pode me dar tudo o que desejo agora... o duplo sentido aparente em seus mais sórdidos pensamentos era bem explícito e rodeava-a em quase todos os pensamentos que ela tinha em relação ao seu trevo de quatro folhas: Roman. Resolveu então pegar o celular e discar a sequência de números que ela sabia muito bem, e que ele havia cedido unicamente a ela. Discou os números e aguardou ansiosamente do outro lado da linha a voz de quem poderia dar a ela a resposta de muitas perguntas. E quem sabe algo mais...
— Estava aguardando a sua ligação agente Patterson!  É sempre um prazer, digo, satisfação falar com você.
Roman esboça um sorrisinho safado de canto. Era costume dele fazer essa expressão facial quando falava com ela.
— Precisamos nos encontrar. Há algumas coisas que preciso que você me diga e são essenciais para resolver o caso. Vou te mandar a localização exata.
—  Se só o caso que lhe interessa, agente Patterson, ficarei feliz em colaborar. Mas não posso fingir que esse caso é meu único interesse quando o assunto envolve você. Aguardo a localização. Estarei lá._ Eu sou estritamente profissional quando lido com testemunhas chaves. Não espere nada a mais desse encontro. Esteja lá.
Ela desliga o telefone e passa a mão nos botões da blusa, ainda abertos. Ela poderia até engana-lo, mas não poderia se enganar. Pega o casaco no cabideiro, coloca o tablet na bolsa e anda em direção ao molho de chaves. Sabia bem o que a aguardava nesse encontro inusitado, no mínimo, por se dizer.
— Não posso ultrapassar a linha entre agente e testemunha. Mas é tão difícil quando se trata de...
Mal acabara de ter novamente aqueles  pensamentos, quando o celular toca:
— Já estou aqui. A sua espera. Estou com todos os papéis.
— Estou à caminho. Sente e me aguarde.
 Ela anda pelo apartamento tentando disfarçar a tensão na sua fala. Se é que isso era possível. Aquela noite em especial era ideal para um bom encontro. Leve e com ventos que pareciam fazer carinhos no rosto, era a adição perfeita para dois jovens amantes. Mas Patterson iria aproveita-la unicamente para conseguir informações e solucionar o caso, fazendo de conta que seu interesse era somente por isso. Pelo menos era isso que ela achava....
Estacionou então o carro e andou em direção ao galpão. O local já era conhecido dela a bastante tempo, e também fazia-a lembrar da época que descobriu que Borden era o traidor. Ela ainda relutava até mesmo em pensar nele para evitar todos os traumas que afloravam com esse pensamento.
O melhor era ir direto ao ponto e acabar logo com isso. Então, ela pegou o celular para enviar o SMS:
— Já estou aqui. Onde está você?
O silêncio ecoava naquele lugar úmido e desértico. Nada mais parecia habitar ali além dela. Era muito estranho, pois não fazia nem meia hora que havia ligado e confirmado a localização com Roman.

— Roman, você está aqui? – Resolveu falar e chamar mais a atenção, algo que a fazia se sentir vulnerável ali.
E novamente obteve somente aquele tenebroso silêncio noturno.
— Tem algo errado...  a localização é essa. E ele já tinha me confirmado que estava aqui.
Roman, isso não tem graça... apareça!  O assunto é sério!!! ROMAN!!! – o final da frase saiu muito mais alto do que ela planejou. Aquilo estava saindo do seu controle.

O mais sensato era deixar aquele lugar o quanto antes e se proteger. Mas algo a impedia de ir. Andou mais um pouco em direção a alguns caixotes, acendendo uma chama de esperança que o encontraria ali, de que tudo não passava de uma brincadeira dele. Ela não veio tão longe para voltar para casa sem aquele encontro que ela tanto almejou.

— Agora já deu! Preciso falar com você. Sei que está aqui! E..

Nesse instante,  seu olhar alcançou uma mesa que estava poucos metros à sua frente. Haviam papéis sobre o móvel. Ela andou rápido até o local e, alcançando os documentos, acendeu a lanterna do celular para lê-los. Eram as provas que ela tanto precisava para incriminar a HCI Global. Roman cumpriu a sua parte no trato.

Com todas as informações em mãos, Patterson devia estar se sentindo satisfeita, mas só ums estranha decepção varria a sua alma.
“Eu não acredito que ele deixou tudo aqui.” – pensou. O encontro pessoal com Roman era apenas um meio para um fim e ela tinha os documentos agora, isso não deveria ser o mais importante?

Ela encheu os pulmões com todo o ar possível, inspirou lentamente buscando foco, depois pegou todos os papéis e colocou na bolsa, indo em direção a saída. A cada passo uma amarga sensação de traição de anos atrás foi voltando e ganhando força até que ela teve que se encostar na porta para não cair. 
Seu carro não estava tão distante, mas quanto mais ela avançava na sua direção mais crescia a tristeza por estar indo embora sem o que ela realmente queria.
Uma vez dentro do carro, encostou a cabeça no banco. Ela precisava de um minuto para repensar a última sequência de acontecimentos.
— Ele não quis me ver. Pelo menos cumpriu com o trato e me deu as informações. Estar com Blake deve ter reacendido os sentimentos dele por ela... Droga, Patterson! Foco no seu trabalho, é isso que importa e só isso!
Respirou como se tirasse um peso gigante de cima das costas. Já ia com a mão em direção a chave para ligar o carro, quando um bip no seu celular a fez voltar a ação.
"Desculpe a ausência. Tinha outros planos para nós. Sei que ainda está por perto, então me encontre. Tenho informações adicionais. O endereço mandei por SMS"
Roman! Ela não precisava de informações adicionais. Afinal ela já tinha em mãos tudo que precisava. Mesmo assim, ela seguiu a direção da localização enviada por ele. Porque não verificar?
O hotel parecia simples e modesto. Ela desceu do carro e caminhou até a portaria sem saber o qual nome diria quando indagada.

Seu celular vibrou. A mensagem informava o número do quarto. Ela informou a portaria e subiu até lá.

Roman a aguardava. Não era o melhor quarto, mas devia ser o que ele poderia pagar.
— Olha, você veio! – ele disse correndo os olhos por ela de alto a baixo. – Eu desejei muito isso, mas me preparei para o contrário. Por favor, entre. _ ele disse com um sorriso maroto de quem acaba de ganhar um jogo.

Assim que ela estava dentro do quarto, ele continuou:

— Se você está aqui, posso deduzir que ainda confia em mim. Isso é muito bom. Não há muitas pessoas no mundo capazes de me dar crédito. – havia um tom diferente na voz dele. Um misto de timidez e declaração.
— Então, o que mais você tem para acrescentar? – ela questionou num ímpeto, tentando manter a conversa de forma profissional
— Você não veio até aqui só por essas informações, Agente Patterson.  
— Se não tem mais nada a acrescentar no caso, estou indo embora. - ela insistiu.

— Calma, Agente Patterson do FBI. Você parece nervosa... Espero que não seja medo de mim. Quer tomar algo pra relaxar?

— Meu interesse é apenas nas informações do caso... – ela disse enquanto observava ele já preparando sua bebida - Eu não bebo em serviço...

Ele já estava a apenas a um passo de distância estendendo o copo para ela. Sua mão se dirigiu até a bebida apenas com a intenção de recusá-la e talvez, apenas talvez para flertar um breve toque na mão dele. Roman imediatamente envolveu a mão dela e o copo com suas duas mãos. O olhar deles se encontrou.
— Se você não vai beber, talvez isso a acalme um pouco. – Ele avançou lentamente em direção a ela até que seus lábios se tocaram. No instante seguinte, ela já estava envolta em seus braços enquanto retribuía o beijo. Patterson tinha acabado de cair na teia meticulosamente preparada por ele. E agora não havia para onde fugir, pois quando ela percebeu as mãos dele já ousavam deslizar sobre seu corpo e ela só desejava que cada peça de roupa entre eles desaparecesse.

A sequência de eventos que se seguiu não tinha qualquer embasamento na razão. Eram só os dois e o desejo que sentiam um pelo outros. Pouco a pouco as carícias foram se tornando mais ousadas e as peças de roupa que vestiam foram sendo descartadas.  

Era uma sensação única e quase que indescritível. O cheiro dele a inebriava, o mais leve toque dele a incendiava enquanto ele movia cada peça delicadamente e jogava longe... Os beijos dele sobre sua pele pareciam fogo que acendiam um desejo que precisava ser saciado. E ela retribuiu cada toque, cada carícia, cada beijo e colheu satisfeita a entrega dele ao que viviam provando que ela não estava vivendo aquele momento sozinha. Era a mistura perfeita e o que faltava para terminar aquela noite especial.
Nenhum dos dois tinha pressa. O toque dele percorrendo cada parte do seu corpo, juntamente com o desejo expresso em seu olhar e forma como seus corpos reagiam à tudo aquilo era transcendental. Eles quase não falaram. Palavras não alcançariam o que sentiam. Os gemidos que escapavam deles respondiam qualquer pergunta que ousassem formular.

Quando ele finalmente se colocou sobre ela na cama, buscando espaço entre suas pernas, Patterson estremeceu e recuou ofegante:
— Não sei se estamos sendo profissionais..._ ele riu maliciosamente para ela _ Eu quero dizer, que eu não posso fazer isso. Sentir isso...

Patterson experimento um misto de sentimentos ambíguos. Queria fugir para se proteger, mas também queria ficar e se entregar. Ela sabia que tinha o levado ao extremo e que estava totalmente vulnerável ali com ele que parecia completamente tomado pelo desejo. Mas surpreendentemente, Roman recuou. Afastou-se e sentou-se de costas pra ela na beirada da cama:
— Me desculpe por levar isso além do que você desejava. Eu não quero te forçar a nada. Eu tenho consciência de quem sou e sei que você merece alguém bem melhor. – ele apoiou os cotovelos nas pernas e passou as mãos pelos cabelos como quem está decepcionado consigo mesmo.

Ele parecia tão confuso e vulnerável quanto ela. Sim, Patterson sabia quem ele era: um terrorista da Sandstorm assim como Borden. Mas também era o irmão de Jane e, assim como ela, estava buscando um caminho de redenção por seus erros. Esse lado badboy que ainda falava alto nas reações dele era uma das coisas que mais a atraíam. Assumindo isso, ela se aproximou e envolveu os braços ao redor dele:
— Eu cansei de ser a politicamente correta... – e começa a distribuir beijos molhados por sua clavícula.
Roman desfrutou um pouco dessa sensação, mas logo virou para ela, sentia o desejo louco e observá-la para ter certeza de que tudo era real. Seu corpo nu que estava na frente dele, chamando por amor.
— Você é realmente linda! Toda você, seu corpo, sua empatia... é muito sedutor. Eu gosto. – Ele fala apertando os lábios e deixando-se afogar nas sensações maravilhosas que ela despertava nele.

— Você também é. Só não deixa isso visível para todos.

Em questão de minutos estavam os dois agarrados como se não houvesse amanhã, nem certo e errado. Patterson se deliciou em observá-lo antes que sua boca provasse cada centímetro do seu peitoral enquanto podia escutar as batidas aceleradas do coração dele. Seus corações pareciam bater no mesmo compasso alucinado. Sua mão deslizou até alcançar seu membro ereto e pronto para dar tudo que ela quisesse.
Patterson podia sentir o quanto ele estava entregue à ela e não podia negar que a sensação era ótima. Estar no controle de sua vida amorosa era algo que ela não sentia há muito tempo.

Ele a penetrou devagar ao som dos gemidos se tornaram uma sinfonia de amor para os dois. Os dois se moveram lentamente até encontrarem os movimentos que mais agradavam o outro para poderem acelerar. Ela cruzou as pernas atrás deles impulsionando mais e mais contra ela num pedido silencioso para que ele não paresse, ela queria que tudo continuasse durante horas para provar o orgasmo várias e várias vezes. Nem tinha acabado de pensar nisso e os lábios dele pousaram sobre seus seios interligando os pólos de seu corpo na sensação que faltava. E tudo explodiu pelo corpo dos dois num bilhão de sensações indescritíveis.

Exausto, ele se jogou ao seu lado na cama, mas a puxou para seu colo, aconchegando-a junto a seu peito.

— Eu poderia permanecer a noite inteira dentro de você, Agente Patterson _ ele sussurrou.

Imediatamente, ela suspendeu o corpo para fazer contato visual com ele, o assustando:

— Nunca mais me chame de Agente nessas horas. Você entendeu?
Ele sorriu com o canto dos lábios satisfeito porque aquela exigência abria caminho para que momentos assim se repetissem muitas vezes. Ouvi-la dizer que aquela não seria a primeira e única vez que se amariam bastou para reacender nele o desejo:
— Eu entendi...Patterson. E posso te mostrar isso agora mesmo. – disse já colando seus lábios aos dela num beijo ardente.

Ela retribuiu, mas depois o interrompeu:

— Droga, eu devia levar isso apenas de forma profissional. Isso vai acabar arruinando minha carreira.

— Ninguém precisa saber. Deixamos isso entre nós. Seremos só dois adultos fazendo sexo casual. Sem cobranças ou relacionamentos... – ele disse mesmo que seu coração desejasse mais.

Era tudo o que o lado racional de Patterson queria ouvir para sentir-se seguro, mas algo naquelas palavras não a satisfaziam. Tudo tinha sido muito bom, mas ela desejava algo mais por mais irracional que fosse.

Sufocando seus conflitos interiores, ela se entregou a uma nova onda de carícias que os levou ao ápice mais rápido do que os dois queriam.

O resto da noite foi longa em experiência e curta demais para o tempo que queriam passar juntos. De uma coisa os dois tinham certeza: aquilo era a melhor coisa que os dois poderiam ter escolhido fazer. Eles precisam encontrar oportunidades para reviver aqueles momentos por mais que a situação fosse desfavorável.

No dia seguinte, no SIOC

Patterson chegou mais tarde e tinha um sorriso diferente no rosto. Ela não fez questão de disfarças, todos atribuiriam isso às novas provas que ela e Roman tinha conseguido para derrubar a HCI Global. Ao redor da mesa de seu laboratório, o team se reuniu para discutir e avaliar os aspectos relacionados aos documentos entregues por Roman.

Isso deixava Remi muito inquieta. Tantos conflitos começaram a fervilhar dentro dela. Em outros tempos, quando ainda estava com a Sandstorm, com certeza ter seu irmão infiltrado não a afetaria tanto. Era uma missão e toda missão estava acima dos soldados que a desempenhavam. Mesmo sendo difícil, Remi lidaria de forma mais fria com tudo aquilo.

Mas agora tudo mudou. Kurt e o team a ensinaram que aquela vontade que ela sempre sentiu de salvar as vidas era o que fazia cada missão valer a pena. Esse sentimento crescia e reforçava o desejo de trazer Roman de volta a qualquer custo. Será que o team também se importava com seu irmão assim como ela? A vida de Roman estava na berlinda. Como salvá-lo? Exigir o final imediato da missão arrastaria seu irmão de volta à prisão. Deixá-lo prosseguir podia conduzi-lo ao túmulo. Será que Shepherd tinha razão? Ser Jane enfraquecia Remi por amar? Sua respiração acelerou rapidamente:

— Com licença, eu preciso de um minuto... – disse se afastando da mesa e tomando a direção do primeiro corredor que encontrou.

Kurt foi atrás dela. Seguiram até se afastarem para um local onde estavam sozinhos. De repente, ela se virou para ele:

— Minha vida virou uma bagunça. Tudo parece desabar sobre mim o tempo todo. Eu sequer posso lidar de forma profissional com o fato de Roman estar infiltrado. Acho que essa mistura entre Jane e eu na minha cabeça não deu certo. Nada se encaixa. Tudo é mais difícil.

Ele tomou a mão dela com carinho.

— Foram muitos acontecimentos em pouco tempo, Remi. E os hormônios da gravidez não devem estar te ajudando com isso. Tente ser menos exigente com você mesma. Você vai conseguir, eu sei. – e colocou a mão no peito dela – Deixe o que está aqui te guiar e você sempre encontrará o caminho certo até nós e até Roman.

— Kurt, olha pra mim. – ela disse cobrindo com sua mão a dele em seu peito – Eu sou um monte de fragmentos sem nexo de tudo que não me lembro! Não sou mais a pessoa que eu era e também não sou Jane.

— Deixar de ver o mundo e as pessoas apenas em preto e branco não é fácil. Lidar com os pontos cegos de sua memória também não. Mas eu estou aqui pra te ajudar a passar por tudo isso. – e levou a mão até o rosto dela, deslizando para traz da orelha até fazê-la olhar para ele – Olha pra mim. Por favor, não se defina pela negação, porque quanto mais eu olho pra você, mais eu vejo tudo que você é, apesar do caminho tortuoso que sua vida tem percorrido.

O olhar dele pareceu hipnotizá-la num transe de paz. De repente, Remi não estava mais ali. Os corredores dos SIOC tinham desaparecido. Kurt estava com ela, mas era outro lugar.

Flashback on:

 Ao seu redor se erguiam construções centenárias. A atmosfera úmida e o cheiro do local eram singulares. Uma praça! Mas onde? O crepúsculo do sol lançava a luz sobre a torre com um sino. O Campanário San Marcos em Veneza! O lugar era lindo, mas ela estava triste. A conversa tinha migrado da beleza do lugar para onde estaria Roman. Então Kurt tocou seu rosto e ela viu seus olhos, aquele mesmo azul que ela via agora e percebeu que estava tão errada em deixar qualquer coisa se colocar entre eles. Ela o beijou e disse:

— Por favor, me perdoe por ter deixado isso estragar nosso final de tarde. Eu estou aqui com você e é isso que importa.  É isso que eu quero viver de agora em diante. Sem pensar que sou apenas um pedaço que sobrou de uma vida lamentável.

Kurt a puxou para ele e tocou seus lábios com os dele num beijo curto e carregado de amor. Então disse:

— Não fale assim. Pense que você é o melhor pedaço que sobrou e é tudo pra mim.

— Esse lugar, você... nós dois aqui. É tudo tão bom. Eu queria poder eternizar tudo isso.

— Eu também. – Ele a virou em direção ao Campanário e a abraçou por trás acomodando-se no seu ombro, deu um selinho no pássaro em seu pescoço e, com os braços passados sobre os seus, suas mãos abriram a pequena caixa mostrando um anel singelo que brilhava à luz dos últimos raios de sol daquele dia tendo o cenário veneziano ao fundo – Jane, você quer se casar comigo?

Ela precisou de alguns segundo para processar tudo aquilo e ter certeza de que não era apenas mais um de seus sonhos. A emoção a deixou trêmula. Era tudo tão perfeito. Era tudo muito mais do que ela ousaria sonhar. A alegria estava tentando explodir dentro dela quando se virou de volta pra ele. Kurt leu isso no seu olhar, aquele “sim” bastava pra ele. Jane respirou três vezes com uma lágrima teimosa já escapando de seu olha, mas finalmente conseguiu transformar o alerta em palavras:

— Eu te amo mais que tudo! Mas eu preciso te perguntar isso... tem apenas um mês que estamos juntos. E pouco mais de um ano que sai daquela bolsa, Kurt. É tudo tão recente. Tão novo. Tem 30 anos da minha vida dos quais não me lembro...

— Eu não preciso de tempo para saber que você é a mulher da minha vida. Nem preciso que você se lembre do seu passado para saber quem você é. A felicidade que sinto quando estamos juntos não é algo que eu queira afastar por mais um segundo sequer. Quanto mais eu penso numa retrospectiva do que já vivemos, só consigo me questionar porque não fiz isso antes. Mesmo nos piores momentos, quando tudo parecia tão obscuro, essa proposta teria nos salvado de coisas piores. Desde aquela noite no meu apartamento quando você disse que também me amava, eu tenho lutado com todas as forças para segurar essa proposta até aqui, nesse lugar e nesse momento. Não é precipitado pra mim, Jane. É muito mais tarde do eu escolheria se pudesse voltar no tempo.

Ela voou para os lábios dele beijando-o com toda a intensidade do amor que sentia. Ele retribuiu e, quando finalmente se afastaram um pouco em busca de ar, ele provocou:

— Você ainda não me respondeu...

A felicidade transbordava dos olhos dela com uma simplicidade que só o fazia amá-la ainda mais.

— Eu sinto a mesma coisa. Eu esperei tanto, tanto... por seu amor e aceitaria qualquer coisa que você pudesse me dar, mesmo que não fosse tão grande e tão perfeito assim. Apenas a sua amizade já seria o presente mais precioso da vida pra mim. Eu...- e então ela percebeu que ainda não tinha dito o que ele mais queria ouvir -  Sim! Eu aceito.

Flashback off

— Sim! – Remi disse ainda vagando por suas lembranças.

— Sim? Está tudo bem, meu amor? Onde você foi, Remi? Alguma lembrança? – ele perguntou percebendo que ela estava considerando situações em sua mente.

— Eu me lembro de quando você me pediu em casamento! Quer dizer... quando pediu Jane em casamento.

— Quando eu pedi VOCÊ em casamento. Isso é ótimo! Aos poucos, você se lembrará de tudo.

— Eu também estava insegura por não me lembrar do passado.

— E agora que você se lembra?

Ela sorriu maliciosamente para ele.

— Eu também me lembro do que eu sentia. Isso não mudou. Minha resposta ainda é e sempre será SIM, Kurt Weller, eu aceito ser sua esposa!


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Notas finais do capítulo

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Muito obrigada pela leitura.



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