Larissa escrita por Vênus


Capítulo 1
Antissocial


Notas iniciais do capítulo

"A solidão sempre foi minha companhia, mas, ultimamente, ela está doendo mais do que estou acostumada."



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Eu gosto das pessoas. Da complexidade do ser humano. Da forma como se expressam. Enfim, gosto de como as pessoas funcionam. Entretanto, não é seguro se aproximar delas, pelo menos se quiser se salvar da insanidade. É mais seguro ficar sozinho, no seu canto, sem atrapalhar ninguém e sem ser atrapalhado.

Mas tudo isso vai por água a baixo quando estou com Pedro Kakõgan, o único que considero seguro estar do lado sem ser interrompida com questões fúteis e desnecessárias. É, deve saber agora o porquê de eu ser solitária.

Foi exatamente por isso que Kakõgan me convenceu a ir morar no prédio subterrâneo junto com ele. Sei que não deveria, mas aceitei. Não pude recusar diante dos infinitos motivos que ele me deu para deixar de morar sozinha e provar os “maravilhosos bolinhos que ele faz”. Mas isso quebra todas as minhas regras. Ele em si quebra todas as minhas regras.

No início foi mais difícil. Havia muitas máquinas lá e isso me confundia. Pra ter uma noção, havia uma máquina apenas para amarrar os cadarços dos sapatos. Geralmente eu ficava na sala de treinamento, lá era mais calmo, bom para ler um livro ou desenhar sem ser interrompida toda hora por uma máquina tirando o pó das suas roupas. Havia uma árvore bem no centro da sala, eu ficava sempre no meio dos galhos e das folhas, ali era meu casulo, meu refúgio, meu mundo solitário.

Não estou dizendo que era ruim, pelo contrário. Pode ser difícil de admitir, mas eu gostava de saber que não estava sozinha, saber que se eu precisasse, ele estaria lá.

Isso durou por dois anos. Até que Kakõgan decidiu que estava na hora de trazer eles. Nós os observamos de longe por todo esse tempo, sempre protegendo. E era assim que eu gostava, observar de longe, ficar perto já era outra história.

A Ingrid foi a primeira que encontramos. Na época, ela tinha sete anos e nós dez. Sabíamos que a escolhida dos Croosers poderia correr perigo, então começamos a observar toda atitude suspeita em volta dela, foi aí que Kakõgan enlouqueceu. Presumo que o fato de ele sempre estar cuidando dela, fez com que ele desenvolvesse sentimentos maiores. Foi assim que ele se apaixonou. Claro que eu pensei que iria passar, que era apenas uma paixonite de infância, mas não passou, e isso mexeu profundamente comigo.

Logo depois veio o Eric. Foi uma enorme coincidência. O escolhido dos aliados dos Croosers acabou fazendo amizade com a escolhida dos Croosers. Como estavam quase sempre juntos, era mais fácil observá-los. Achei que, com isso, Kakõgan iria esquecer Ingrid, mas só acabou nos afastando. Quando eles não estavam juntos, ele me mandava observar Eric enquanto ele cuidava da Ingrid, ele voltava com os olhos brilhando, mas eu não conseguia ficar feliz por ele.

Alguns anos depois, quando Kakõgan e eu tínhamos dezesseis anos, encontramos a última escolhida. Carla, uma Merceer, rival dos Croosers. A ironia foi que o grupo todo acabou se encontrando e ainda ganhamos um herdeiro de brinde. Isso surpreendeu Kakõgan, ele é o décimo quinto herdeiro e acabou encontrando o sexto: Luciano. Nosso trabalho dobrou depois disso para observarmos todos.

E agora, ele iria trazê-los pro prédio subterrâneo. Não sabia como iriam reagir. Não sabiam nada a respeito de quem eram. Eu tinha receio do que podia acontecer, por isso no primeiro dia preferi ficar isolada, ninguém me viu. Mas não vou poder escapar do segundo dia.

Ouço bater à porta.

— Larissa, sei que está acordada, vá para a sala de treinamento e espere até terminar o café da manhã. Terá alunos hoje.

   Não respondi, mas ele sabe que irei.


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Notas finais do capítulo

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