Tudo o Que Se Sente escrita por Driih Araujoo


Capítulo 2
Capítulo 2 - Conhecendo o Demônio


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Mais um capítulo quentinho para vocês. O Terceiro já está quase prontoo. Espero que gostem. Me falem suas opiniões, é difícil escrever sem nenhum comentariozinho. Kisses.



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Sonhos ruins, quando são só sonhos nos assustam um pouco. Mas e quando sonhos ruins são lembranças? Senti meu corpo tremendo e o coração batendo forte. A sensação de fragilidade me destruía aos poucos enquanto me lembrava que eu precisava respirar para conseguir me acalmar. Respirei fundo varias vezes até perceber que já tinha o controle do meu corpo e que o pânico já tinha ido embora.

Levantei e fui tomar um banho gelado, precisava clarear minha mente. Hoje é o primeiro dia de trabalho. Seria difícil, eu ia ter que lidar com uma pessoa difícil que eu só conheceria hoje. Sabia que o dia seria mentalmente esgotante.

Sai do banheiro enrolada em uma toalha e andei até a mesa onde fica o relógio/despertador. 6:30 da manhã. Tenho que estar na empresa as 8 horas para aprender umas coisas básicas da minha nova função.

Procurei no guarda roupa alguma coisa que me deixasse apresentável. Escolhi um vestido que marca o corpo mas que não é exagerado, de manga e com uns detalhes dourados. O medalhão no pescoço, um brinco na orelha e uma maquiagem leve no rosto, apenas marcando meus olhos. Nos pés calcei um salto prata de tira. Peguei minha bolsa e conferi tudo. Revirei meus olhos pra mim mesma ao ver o tanto de coisas que coloquei, mas nunca se sabe, é melhor prevenir.

Fui para cozinha fazer um café. Um bem forte. Quando acabei peguei tudo e sai apressada em direção a estação. As 7:50 eu já entrava pelo saguão da empresa após cumprimentar os seguranças na portaria. Tinha que estar as 8:00 na sala da Srta. Edwards por que Vivian ficou de me mostrar tudo. Meu horário de trabalho mesmo será das 9:00 as 17:00, essa hora adiantada vai servir para que eu aprenda a colocar as coisas em ordem.

As 7:58 saio de dentro do elevador no décimo andar e dou um sorriso para Vivian que me espera sentada em sua mesa. Linda como sempre.

— Bom dia Louise – sorrindo veio me cumprimentar com um abraço carinhoso. – preciso que você me doe um pouco da sua pontualidade – disse rindo.

— Tenho certeza que você não precisa dela Vi – brinquei. Vivian é uma ótima pessoa, assim que eu recebi a notícia que eu tinha conseguido o emprego, no caso a três dias atrás, ela me ajudou a arrumar todos os documentos e trazer para ter minha carteira assinada. Era nova a sensação de ter uma amiga.

Vivian se responsabilizou de me mostrar tudo o que achava necessário naquela empresa. Citou nomes de acionista e principais funcionários, falou em que salas ficavam, em que andar e em qual área cada um se responsabilizava. Fiz o meu melhor pra lembrar de tudo o que ela disse, mesmo sabendo que muitos dos nomes citados, eu esquecia assim que ela falava. Me mostrou onde ficavam as salas de reuniões, o refeitório, os banheiros e deixou por último a sala onde eu trabalharia, o último andar que é o décimo quinto.

Quando chegamos, o CEO ainda não estava lá, então Vivian me falou as coisas que eu teria que fazer. Anotar recados, montar uma agenda, marcar reuniões e sempre que ele tivesse uma viagem, eu seria a responsável por comprar sua passagem e marcar sua hospedagem. Claro, entre outras muitas coisas.

No final de sua explicação, escutamos o barulho do elevador. Sinto meu estômago gelar em ansiedade. Espero sair de dentro meu novo chefe, e assim que ele sai do elevador, sinto meu coração acelerar. Definitivamente nada do que eu imaginava. Começo a inspeciona-lo pelos pés calçados sapatos pretos reluzindo. Subo meu olhar através do terno preto Armani. Foco em sua face. Lindo demais. Loiro em um corte arrepiado e sem um fio fora do lugar. Olhos azuis com cílios grandes e sobrancelhas marcantes. Queixo quadrado tencionado, uma boca fina, vermelha e beijavel, e uma barba sexy.

Me sinto em um tipo de encantamento que é rapidamente desfeito ao reparar a grosseria com quem ele falava através do telefone celular que ele segura na orelha.

—...isso não é problema meu, não tenho que ser prejudicado pela sua incompetência e idiotice – falou frio pelo celular. – resolva isso agora se não quiser ser demitido seu estúpido idiota. – falou desligando na cara de quem quer que seja. Parou em frente de Vivian e eu, sem mal me olhar. – quem é essa garota?

— Essa é Louise Williams senhor. Ela é sua nova Secretária. – ela falou formalmente. Senti ele me analisando. Seus olhos demoraram tempo demais nos meus e não gostei da forma com que ele me olhou. Parecia escárnio, como se eu não fosse boa o bastante para estar ali. Arqueei minha sobrancelha pra ele. Era só o que faltava.

— Prazer em conhece-lo Sr. Edwards. – estiquei minha mão para cumprimenta-lo e fui rudemente ignorada com uma cara de desprezo. Ri suavemente. Ridículo isso.

— É “isso” que vocês conseguem arrumar pra mim? – murmurou frio – já não basta todas as outras incompetentes, arrumaram mais uma pra lista? Garota você pode sair daqui. Você NÃO vai trabalhar comigo. – disse virando as costas e entrando em sua sala. Ele nem me conhece.

Vivian parecia abismada ao meu lado. Eu não estava surpresa, sinceramente. Tinha lidado com muitos seres desprezíveis e estúpidos durante toda a minha vida. As pessoas sempre tiveram um prazer em me destratar que eu não entendia. Bom, ele não vai se livrar tão facilmente assim. Ele não ia me mandar embora como incompetente sem me deixar trabalhar pra tirar a prova antes.

— Eu sinto muito Louise, parece que ele está de muito mal-humor hoje. -suspirou ao meu lado. Parecia ser um ato normal ali, o fato do chefe tratar os outros mal. Sorri mostrando que não tinha com o que se preocupar.

— Relaxa Vivian, não é como se eu esperasse ser recepcionada com flores – brinquei. – agora sai daqui e deixa eu trabalhar.

— Não acho que seja uma boa ideia. Ele está nervoso hoje, pode acabar te tratando pior do que tratou agora – pareceu preocupada, achei fofo.

— Posso lidar com ele – tranquilizei. – Kate deve estar precisando de você já. Pode ir. Não vamos querer ela brava. E não comente sobre o que aconteceu agora. Vou tentar conversar com o Sr. Edwards.

Ela pareceu indecisa, até que concordou com a cabeça, desejou boa sorte e saiu andando até o elevador. Sentei na minha mesa e encarei a porta escura de madeira que dão acesso a sala do CEO. Eu querendo ou não, teria que entrar naquela sala para falar de sua agenda, e tinha certeza que ele reagiria de forma ruim. Ele não me queria aqui e eu nem sabia o motivo já que ele não me conhecia.

Eu nunca havia trabalhado mesmo como secretária, mas isso não faz com que eu seja incompetente. Sempre fui uma pessoa esforçada, sempre aprendi rápido e sempre fui profissional. Christopher Edwards não tem que gostar de mim como pessoa, desde que eu faça meu trabalho direito.

Olhei na agenda as coisas que deixaram marcadas. Para hoje tinha duas reuniões somente. Uma as 10:30 com um tal de Sr. King e uma as 14:00 com uma Sra. Leonard. E um almoço com o grupo Lux. Tomei coragem levantando e caminhando lentamente até a porta preta. Bati três vezes e fui ignorada. Entrei mesmo assim.

— Quem te deu permissão para entrar garota? – a voz sussurrada ameaçadoramente. Ele estava sentado em sua mesa rodeado de papéis. Estava quente. – Já não te mandei sumir daqui? – levantou vindo em minha direção, parou com o rosto somente a alguns centímetros do meu, seu rosto carregando uma carranca nervosa. Uma tentativa de me intimidar.

— Vai precisar mais do que isso se quer me intimidar. – sorri matreira. Sua carranca desmoronou um pouco e ele se afastou. Levantei sua agenda nas minhas mãos, mostrando por que estava ali. – Vim ler seus compromissos de hoje. – sentei sem ser convidada na cadeira que há em frente de sua mesa, em um claro sinal de que ele deveria sentar e que não sairia dali.
— Garota, você não vai querer me desafiar. – disse dando a volta e ficando do seu lado da mesa. Colocou suas mãos apoiadas na mesa como um sinal de “não brinca comigo” que eu claramente irei ignorar. A voz grave mostrando uma calma fingida que era bem mais impactante do que a gritaria excessiva. Era mais perigoso.

— O Sr não gosta de mim, ótimo, eu não ligo. Mas eu fui contratada para ser sua secretária, e não vou embora até que o senhor realmente tenha um motivo para não me querer aqui, além de arrogância. – disse perdendo minha paciência e ficando cara a cara com ele. – não tem que gostar de mim como pessoa, desde que eu consiga provar que posso ser útil como profissional. Eu não saio daqui até ter pelo menos uma chance de provar ser melhor do que as suas antigas secretárias. – terminei meu discurso e sentei novamente na cadeira, esperando sua reação.

— Eu não perco nada se te mandar embora agora – sorriu de lado. Vi que ele realmente não ligaria nenhum pouco. Não é como se eu não soubesse. – você acha que com todo esse discurso ridículo vai me fazer mudar de ideia? Acha que me importo em ficar sem uma secretária estorvo no meu pé? – sua expressão fria me dando certeza de suas palavras.

— Sabe Christopher, não me surpreende o tipo de ser humano que você é. Eu não estou aqui desesperada por emprego – bom, estava, mas ele não precisa saber. Mantive minha cabeça levantada enquanto falava para ele. Nossos olhos ligados em uma pequena batalha. – estou aqui por que apesar de eu precisar de emprego, me falaram que você também precisava de uma secretária. Se não é o caso, não tem por que eu continuar aqui se nem me deixar trabalhar o Sr. vai. – falei seca. Pra mim era suficiente. Minha mãe sempre me dizia que não valia a pena insistir em coisas que não tem resultado. Christopher é uma dessas coisas. Sua arrogância o torna muito cabeça dura.

Levanto da cadeira onde estou sentada e me viro sem esperar uma resposta, indo a direção a saída. Enquanto ando, deixo que meus olhos registrem os detalhes daquela sala. A sala com paredes cinzas e luzes amarelas. Uma parte da parede é toda de vidro dando uma vista magnífica que eu me repreendi de não ter reparado antes. A mesa dele é na cor preta com um notebook no canto direito, e no lado esquerdo da mesa, um pote com várias canetas dentro.

Quando encostei minha mão na maçaneta da porta, senti uma mão se enroscar no meu pulso com força, me parando. Me virei assustado e bati no peito de Christopher.

— Você tem esse dia, até as 17:00 para me convencer não ser tão estúpida quanto parece. Me convencer que pode ser útil. – murmurou parecendo contrariado. – fui claro garota? Você acha que é capaz? – ele com certeza não achava. Isso mais parecia uma brincadeira para ele. Acho que ele está esperando uma chance de rir do meu fracasso.

— Meu nome é Louise Williams – estava cansada dele me chamando de garota como se eu não tivesse nome. Sem falar que “garota” me faz parecer uma adolescente, coisa que eu não sou. Ele fez uma careta. – irei te convencer até o fim do dia então – concordei. Eu não sabia como, mas iria.

— Eu duvido, mas estou te dando a chance de tentar – que necessidade de tentar me humilhar, Deus. Revirei os olhos e o vi travar o maxilar. – Não revirei esses olhos coloridos para mim. – falou bravo. Revirei novamente. Não tenho que fazer tudo o que ele quer. Bufou revoltado. – Você vai falar minha agenda ou não?

Sorri dando de ombros e me sentei na cadeira em frente à mesa dele, esperando que ele sentasse também. Estava claro ali que ele não gostava da minha presença, mas estava disposto a me aturar pelo menos um pouco. Já é um começo. Quando nos dois estávamos sentados, comecei a falar dos seus compromissos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Me faleem. Se tiver algo errado me avisem, se acharem que algo não foi explicado, me falem tambeem.



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