Tudo o Que Se Sente escrita por Driih Araujoo


Capítulo 12
Capítulo 12 - Conhecendo mais


Notas iniciais do capítulo

Voltei pessoas e já deixo avisado que essa semana tem mais um eem. Gente, não sei oq aconteceu. Vocês não gostaram do último capítulo? Sério, eu tive um retorno muito pequeno de vocês, nem a metade do que eu geralmente tenho! Tem algo que vocês não gostaram? Podem falar sem problemas.
Espero que gostem desse.



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Infelizmente não sou forte o bastante para que a insegurança não me tome. Por que essa mudança brusca? O que aconteceu com meu chefe, para em questões de dias, me odiar, depois querer minha amizade e depois querer me manter em sua cama?

Eu não sou idiota obviamente. Sei como homens bonitos e bem sucedidos pensam e agem. Conheço a natureza masculina e sei como esse jogo que nos colocamos é perigoso.

Tento manter minha mente limpa enquanto me convenço de que não importa. Não tem que ter sentimentos nisso. E não tem. Eu o desejo, ele me deseja, tentamos manter só na amizade e não foi possível. Isso. Meu corpo o deseja e somente isso.

Quando ele cansar de ter a secretária na cama dele, vamos só agir como se nada tivesse acontecido. Meu coração aperta e me encolho.

— Heey – escuto e me assusto enquanto levanto meus olhos para Christopher. Ele está lindo com uma calça moletom pendendo na cintura e o torso desnudo. Seus cabelos loiros estão bagunçados, a sobrancelha espessa arqueada e o maxilar bem marcado carrega um sorriso de lado. – você estava olhando para o nada. – sorri enquanto continua fazendo a comida.

— Desculpa – peço envergonhada. Passo a mão por sobre a camiseta que está de volta em meu corpo. – só pensando – suspiro. Minha mente parece uma metralhadora jogando mais e mais coisas pra cima de mim. Sinto seus olhos em mim e levanto a cabeça. Ele me analisa.

— Precisa parar de pensar tanto – fala sério e assinto com a cabeça. Me aproximo e vejo o andamento da comida. Ele não me deixa ajudar. Com certeza uma vingança.

Meus estômago dói de fome já que pulamos o café para transar. E depois do banho transamos de novo. Christopher é insaciável e eu sinceramente gosto disso. Quero abraçar ele já que estou grudada em sua costa, mas me sinto envergonhada.

Envergonhada. Eu não senti vergonha de ter seu olhar sobre meu corpo nu, em momento nenhum então por que ter vergonha de um simples abraço? Como por mágica a resposta me atinge como um soco. Intimidade. Nós transamos, mas foi só isso. Abraçar ele seria uma intimidade que não quero partilhar agora. Me afasto com as mãos coçando.

— Não vai me deixar ajudar mesmo? – minha voz sai mais tensa do que eu gostaria. – posso ser bem útil – brinco e vejo-o negar com a cabeça sem olhar para mim.

— Fica quietinha aí enquanto eu faço alguma coisa para alimentar esse dragão no seu estômago – brinca olhando sobre o ombro e me sinto corar. É fato. Não consigo ser discreta quando estou com fome.

Observo a cozinha. É com certeza meu sonho. Toda em tons pastel e preto com móveis planejados, uma mesa para 6 pessoas e uma balcão de pedra preta que estou sentada em cima. Christopher deixa a cozinha ainda mais bonita com sua presença. Suspiro. Por que tão bonito Deus?

— Tem o número de algum táxi? – pergunto encarando as costas definidas do meu chefe. Mordo os lábios enquanto o admiro. Ele é com certeza, meu fetiche.

— Por que você precisa de um táxi? – murmura ainda de costas enquanto corta alguma coisa. Minhas mãos coçam para deslizar meus dedos sobre todas as pintinhas que estão distribuídas ali, dando charme.

— Pra ir embora – murmuro tentando formar um padrão para suas pintas. Ele para seus movimentos e se vira lentamente para mim. Meus olhos caem sobre seu V e minha boca saliva em vontade de deslizar minha língua ali.

— Por que? – a voz sai dura. Franzo o cenho e levanto meu olhar. Ele parecia confuso.

— Por que eu preciso ir para minha casa? – falo como se fosse óbvio, mas realmente é. Christopher é confuso e me deixa confusa também.

— Não precisa – responde e se vira de volta para a comida. Fico surpresa. O encaro de forma firme. Seu corpo tenciona e sei que ele sabe que meus olhos estão nele. Ele bufa. – fica aqui – manda.

— Não posso – ele bufa de novo. – sério Chris, preciso dar uma faxina naquele apartamento – que homem complicado. Nossos olhos entram em uma pequena batalha, o azuis dele contra os meus coloridos.

— Dorme aqui hoje que eu te ajudo amanhã – propõe. Rio alto e ele fecha a cara. Christopher Edwards dando faxina? A ideia é tentadora demais para negar. Assinto com a cabeça.

— Não inventa desculpa depois – aceito e ele sorri dando de ombros. Desço do balcão e me aproximo dele de novo. O cheiro da comida está tão gostosa. – vai demorar? – pergunto envergonhada. Ele mexe em algumas coisas e se vira para mim.

— Está pronto já – murmura aproximando seus lábios dos meus. Me dá um selinho rápido e se afasta. – senta – fala puxando a cadeira para eu sentar. Ele me serve e depois faz o mesmo para ele. Macarrão com queijo, fricassê de frango e salada. Serve duas taças com vinho e se senta.

Encho meu garfo e levo até minha boca. Christopher me olha com expectativa. Fico surpresa e arregalo os olhos. Meu Deus. Isso não é justo com certeza. Rico, lindo, inteligente e com dotes culinários. Gemo apreciando a comida e meu chefe abre um sorriso animado.

— Olha, ta' de parabéns – falo sincera. Seu sorriso se alarga e ele me olha de forma convencida. Reviro os olhos sorrindo. – sua mãe que ensinou? – pergunto. Ele concorda com a cabeça.

— Ela sempre diz que é um dote necessário – me conta com os olhos brilhando. – ensinou pra todos os filhos e forçou meu pai a aprender também – a lembrança faz ele sorrir mais. Me lembro de algo e a curiosidade me coroe.

— Posso fazer um pergunta? – sou cautelosa. Ele me encara pensativo.

— Pode se eu poder fazer uma pergunta depois – penso e assinto com a cabeça. Sei que ele não vai gostar da pergunta, mas faço mesmo assim.

— Por que você não gosta do seu irmão? – vejo sua expressão endurecer e ele se perder em alguns pensamentos e me arrependo de ter perguntado. – deixa quieto, desculpa – murmuro – não é da minha conta – sorrio nervosamente. Ele me encara e parece sair do transe.

— Não tudo bem – sussurra – mas você vai ter que responder também – me arrepio, o que ele vai perguntar? Fico meio tensa e cogito se quero ter que responder uma pergunta que nem foi feita ainda. Por fim concordo com a cabeça.

— Tudo bem – falo. Ele me encara e retribuo. Respira fundo algumas vezes e deixa o prato de lado, faço o mesmo. De repente ficou difícil engolir.

— Ele se chama Allan Edwards – começa lentamente. O olho esperando que continue. – É um ingrato desgraçado – vejo a raiva em seus olhos. – ele é adotado. Quando eu era criança sempre pedi pra minha mãe um irmão.

“ Pedi tanto que ela decidiu adotar mesmo já tendo eu e a Kate. No começo estava tudo bem, brincávamos nós três e éramos realmente irmãos, mas fomos crescendo e ele foi se tornando alguém diferente. – vi o esforço dele em contar, mas mesmo assim ele não parou – minha mãe nunca fez distinção entre os filhos, sempre nos amou igualmente sabe? E mesmo assim ele cresceu competindo comigo por tudo. Atenção, popularidade, garotas, tudo.

Ele infernizava minha vida mas era uma coisa que eu não ligava muito. Allan sempre gostou de fazer certas crueldades com os outros, humilhar era a preferida dele. Sempre usava os outros para conseguir as coisas que ele queria. Quando a Kate estava com 14 anos, tanto eu quanto ele estávamos com 18. Meus pais tinham viajado e eu fui pra uma festa. Allan disse que cuidaria de Kate e acreditei.

Quando eu ia em festas voltava só no meio da madrugada, mas aquele dia, alguma coisa me puxava pra casa – seus olhos escurecem e ele respira fundo. Pego sua mão por cima da mesa e o aperto de leve e ele retribui. – se eu tiver ficado uma hora aquele dia, foi muito. Quando cheguei em casa estava tudo escuro e estranhei.

Subi correndo as escadas procurando Kate e vi a porta do quarto dela entreaberta. Ela está presa contra a parede e o corpo dele – se levantou nervoso e começou a andar de um lado para o outro – ela era só uma criança, e irmã dele. Como ele pode? Ela se debatia e chorava enquanto ele tinha a boca no pescoço dela.

A camiseta dela estava resgada e a saia levantada e eu só queria matar ele por estar tocando em minha irmã, eu via tudo vermelho. Eu invadi o quarto e tirei as mãos deles de cima dela e o espanquei com toda a força que tinha. Kate chorava desesperada e foi só por isso que não matei ele. – seus punhos cerrados confirmavam suas palavras. Allan Edwards é um animal. Como pode tentar estuprar a própria irmã? – peguei ela na colo e sai daquela casa e fui pra um hotel.

Liguei pros meus pais contando o que tinha acontecido e eles vieram o mais rápido que podiam. Minha mãe ficou desolada. Ele foi expulso de casa e só, Kate não queria que fosse para mídia e respeitamos a vontade dela. Mas desde então ele vem nos atormentando sempre que pode.”

Olho para meu chefe e o admiro por sua coragem. Mas eu via que ele se culpava. Me levanto e fico em sua frente. Levanto seu rosto e o encaro de forma firme.

— Não somos culpados pelo caráter dos outros. – falo firme – você não é culpado por não ter percebido o quão mal caráter ele era. Você salvou ela. Sabe disse não sabe? – ele me olha um pouco até concordar com a cabeça. Sorrio pra ele e depois olho para a mesa vendo nossos pratos praticamente intocados. – pra ser justa agora você faz sua pergunta. – ele sorri e concorda. O puxo de volta para a mesa e nos sentamos.

— Não sei se é uma pergunta pessoal que nem a que você me fez – me olha torto e encolho os ombros – mas estou bastante curioso – completa. Arqueio a sobrancelha e incentivo a falar – você sempre fala da sua mãe, mas nunca ouvi você falar nada do seu pai.

Pai. Engulo em seco. Não sei se já tive um. Tive um doador e esperma que infernizou a vida da minha mãe e minha. Olho para Christopher alguns instantes em silêncio e vejo a curiosidade dar lugar a preocupação.

— Ele está morto – murmuro e vejo os olhos dele se arregalarem.

— Sinto muito – diz – não devia ter perguntado – aperta minha mão. Sorrio.

— Sem problema, ele nunca foi pai – vejo a curiosidade voltar ao seus olhos. Ele falou do irmão, é justo eu falar do meu progenitor, então continuo – ele não era um cara legal. Conheceu minha mãe na faculdade e ela se apaixonou. Nesse romance deles eu fui formada. Ele não queria casar mas foi obrigado pelo pai da minha mãe.

“Eu cresci sendo cuidada somente por minha mãe, ele me odiava desde que eu ainda estava na barriga dela, e me odiou mais ainda quando eu nasci e ele viu meus olhos. Dizia que eu era uma aberração – sorrio de lado e vejo a expressão descrente em Christopher – o tempo passou e como era muito pequena não entendia direito as coisas que acontecia.

Não entendia direito a gritaria e nem o motivo de ver minha mãe chorando quase todas as noites. Sempre que as gritarias e o choro começava ela me abraçava forte e ficávamos agarradas o resto da noite. – entendimento passou por Christopher e ele travou o maxilar. – eu não entendia direito até fazer 8 anos.

Foi a primeira vez que vi minha mãe apanhar, mas sabia que todas as outras vezes acontecia a mesma coisa. Meu “pai” tinha muitas amantes, era um bêbado, drogado e viciado em jogos. Era uma pessoa muito violenta e minha mãe sempre conseguiu impedir que a fúria dele caísse sobre mim. Ate eu fazer 10 anos.

Ele chegou drogado e furioso por que tinha perdido todo o dinheiro que ele tinha, nos jogos. Graças a Deus a casa foi presente do pai da minha mãe, se não, naquela época tínhamos passado até fome. Ele estava furioso e foi pra cima da minha mãe. Eu estava cansada de ver ela apanhar, então entrei na frente e quem apanhou foi eu.

Foi a minha primeira surra e vieram várias outras até que ele morreu quando eu tinha 13 anos. Ele tinha se enfiado em dívidas por causa dos jogos e das drogas e não tinha como pagar. Quando cheguei em casa em um dia, depois da escola, minha mãe estava trabalhando, e a casa em silêncio.

Fui até o quarto da minha mãe e o vi jogado no chão, com uma arma na mão, uma bala enfiada na testa e uma poça de sangue ao redor dele – meu chefe me olha horrorizado mas eu não sinto nada quando penso nisso. – não se preocupa, eu não sentia nada por ele, eu o odiava e achava que ele tinha que ter feito isso antes. – sorrio com a forma assustada que ele me olha.

Ele tinha acabado com a minha vida e da minha mãe desde sempre e continuou fazendo isso até morto – falo brava – por que os caras pra quem ele devia não esquece dívidas só por que o devedor morreu. E a dívida passou para mim e para minha mãe.

Éramos ameaçadas direto. Ate que ela vendeu a casa que morávamos e pagou a dívida. Com o resto do dinheiro ela fez uma loja. Foi uma época difícil para ela.”

Batuco meus dedos na mesa e fico agitada com o silêncio de Christopher. Sinto seus olhos em mim mas não quero olhar a expressão em seu rosto.

Eu odiava meu progenitor e não consegui sentir tristeza quando ele morreu, só alívio. Isso até hoje me assusta um pouco, eu era só uma criança e já odiava alguém e fui fria com a morte dessa pessoa. Nunca tive a vida muito normal mesmo. Meu progenitor foi a primeira decepção que eu tive na vida.

— Eu sinto muito – sussurra. Levanto a cabeça e o encaro. – sinto muito que tenha passado por isso é ninguém tenha te ajudado. – dou de ombros e rio um pouco.

— Não sinta muito, é passado e não importa mais – falo sincera, realmente não importa mais. Apesar de toda a dor que lembrar ainda trás, ele não pode fazer mais nada. Só sinto muito que ele tenha conseguido matar uma parte da minha confiança nos homens.

— Bom, eu perdi o apetite – ele murmura olhando o prato. – Obrigado por me falar. – dou de ombros.

— Obrigada por me falar também – sorrio. Olho para o prato e sinto minha fome duplicada. Pego o prato e coloco no micro-ondas olho pra ele sorrindo – conversas tensas me dão mais fome ainda – escuto ele rir e negar com a cabeça.

— Você sempre está com fome – ri de lado. E não posso negar. Observo seu corpo é mordo os lábios, não sei qual é a maior fome agora.

 


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Notas finais do capítulo

Nesse capítulo quis responder algumas questões que ficou em aberto como o motivo de Christopher não gostar do irmão e o fato de Louise não citar o pai. Espero que gostem e por favor, comentem e favoritem (recomendem se puder e gostar da fic) pra história ter mais visualizações. Beijoos e até a próxima.



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