O Raio e a Luz escrita por Marina Andrade


Capítulo 4
Capítulo 4 - Sorrisos




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*Harry’s POV*

Por que diabos o Malfoy está sorrindo para a Hermione?— Harry pensou enquanto tomava café da manhã ao lado da garota, observando o gesto quando Malfoy entrou no Salão Principal. Sorrir não era típico do sonserino, a não ser sorrisos sarcásticos. Esses, Harry conhecia muito bem.

Harry não sabia exatamente qual era sua opinião a respeito de Malfoy agora. Ele tinha sido um tremendo idiota ao longo dos seis anos que estudaram juntos em Hogwarts. Harry tinha certeza de que ele era um Comensal da Morte e, por mais que tivesse tentando, ninguém acreditou em sua teoria por um bom tempo. Estava certo, afinal de contas.

Malfoy tinha tentado assassinar Dumbledore. Tinha visto Harry, Rony e Hermione serem aprisionados no porão de sua própria casa. Tinha assistido Hermione ser torturada por Belatrix, e não tinha feito nada a respeito.

Harry o considerava uma das pessoas mais desprezíveis que já havia conhecido, até o dia da batalha em Hogwarts. Malfoy tinha se oposto aos comensais e lutado ao lado da Ordem. Apesar de não compreender suas razões para tal feito, Harry sabia reconhecer que aquele era um gesto de redenção. Um sinal de mudança. Ele nunca teria imaginado Malfoy se opondo à própria família para lutar ao seu lado. Mas a guerra de fato parecia mudar as pessoas.

Pouco após a morte de Voldemort veio o julgamento dos Malfoys e de muitos outros Comensais. De acordo com as ácidas matérias de Rita Skeeter, Narcisa e Lúcio Malfoy estavam desaparecidos e, por terem escapado do julgamento, foram condenados a alguns bons anos em Azkaban. Isto é, se algum dia forem encontrados.

Quanto à Draco, Harry ainda não estava completamente convencido de sua recém descoberta “bondade”, mas o Ministro da Magia tinha o absolvido, o que significava alguma coisa. Depois que a guerra acabou, os jornais do mundo bruxo se encarregaram de escancarar todas as verdades que tinham sido abafadas nos últimos anos. Sobre Voldemort e as horcruxes, sobre Harry e a profecia, sobre as circunstâncias da morte de Dumbledore e, consequentemente, sobre Snape.

Snape. Harry havia ido em seu memorial. Não havia dito nada, até porque não sabia ao certo o que dizer. Harry devia tudo a Snape. Ele tinha sido seu protetor e mão direita de Dumbledore durante todos esses anos. Tinha sacrificado sua vida para proteger a de Harry. Tudo por Lílian. Harry esperava que um dia fosse amar alguém tanto quanto Snape amou Lílian.

— E aí – Rony cumprimentou Harry e Hermione, se sentando em frente a eles na mesa da Grifinória. Gina veio logo atrás dele e se sentou ao lado de Rony. Harry olhou para Gina estudando a expressão da ruiva. Ela lhe deu um sorriso simpático enquanto colocava alguns bolinhos de abóbora em seu prato. O gesto era como um silencioso “está tudo bem”. Harry sorriu em retribuição. Apesar das coisas não terem dado certo entre os dois “quase casais”, ele esperava que a amizade entre eles não fosse alterada.

— Rony! Quer, pelo amor de Merlin, comer mais devagar?! – Hermione protestou enquanto batia na cabeça de Rony com uma edição do Profeta Diário que ela estava lendo mais cedo. – Vai acabar engasgando!

— Eu não tenho culpa se McGonagall me atrasou para o café da manhã! – Rony disse num dos rápidos intervalos entre engolir um bolinho e enfiar metade de outro na boca. Harry riu enquanto bebericava seu suco de abóbora. Tudo parecia normal entre os quatro.

— O que é que ela queria com você tão cedo? – Harry perguntou curioso.

— Me avisar que meu quarto mudou. – Rony disse depois de virar um copo de suco goela abaixo. – Agora que você não dorme mais nos dormitórios, alguns quartos foram rearranjados. Agora divido um quarto com Dean e Simas.

— Você não dorme mais nos dormitórios, Harry? – Gina perguntou curiosa.

— Ah é, ainda não te contamos. – Hermione disse sorrindo enquanto mostrava para Gina seu emblema de Monitora-Chefe. – Eu e Harry fomos escolhidos. – Ela explicou sorridente. Gina sorriu e abraçou Hermione por cima da mesa, quase derrubando as bandejas de bolinhos que Rony atacava ferozmente.

— Oi! Cuidado com a comida! – Rony protestou, puxando as bandejas para perto de si.

— Vocês deviam vir conhecer nosso dormitório, não acha Harry? – Hermione disse se virando para olhar para ele. Harry gostou de ela ter o consultado sobre isso. Eram como um casal que morava junto e decidia junto sobre quando ter visitas.

— Com certeza. – Harry respondeu retribuindo o sorriso. – Por que vocês não vêm hoje à noite? Segunda feira não temos ronda.

— Claro, vai ser ótimo! – Gina concordou enquanto continuava comendo bolinhos.

— Sinceramente, eu não vejo é a vantagem em ser monitor. – Rony disse, ainda sem parar de comer. – Com todas essas rondas e tendo que vigiar os novatos.

— Eu considero uma honra – Hermione começou a dizer levantando uma sobrancelha. – que a professora McGonagall tenha confiado a nós a resp-

— Nosso dormitório tem uma banheira. – Harry a interrompeu, usando um argumento que ele sabia que convenceria Rony.

— Sério?! – Rony perguntou interessado. – O.K., essa é uma vantagem.

Hermione bateu em Harry com o jornal, por tê-la interrompido com um argumento desses. Harry e Rony riram, Harry refletindo sobre como ter uma banheira era realmente uma vantagem.

...

*Hermione’s POV*

Hermione foi a primeira a chegar na sala de Poções, onde teria sua última do dia, com a Sonserina. Ainda faltavam dez minutos para a aula começar. Ela sentou em uma das mesas mais à frente na classe, e apoiou os cotovelos sobre a bancada, suspirando contente.

Era tão bom estar de volta à Hogwarts. Hermione tinha assistido às aulas do dia completamente feliz. Até mesmo durante a aula monótona de História da Magia. Ela se sentia ótima por poder aprender coisas novas, novos feitiços, novos dados. Era como em seus primeiros anos em Hogwarts, nos quais suas maiores preocupações eram suas notas e, ocasionalmente, um gigante no banheiro feminino.

Hermione ouviu passos perto da porta e, dentro de alguns segundos, viu uma cabeleira platinada muito familiar. Malfoy. Draco era o segundo melhor aluno de Hogwarts, sempre competindo com Hermione em todas as disciplinas. Nada mais natural eles serem os primeiros a chegar nas aulas.

Apesar de ter sido um idiota com ela e um Comensal da Morte, Hermione sentia pena de Draco. Ela sabia que a grande maioria das suas ações se devia a forma com que foi criado ou a questões de sobrevivência. Quando ele decidiu lutar ao lado da Ordem durante a guerra, ela se impressionou com sua atitude. Não esperava que ele fosse corajoso o suficiente para se virar contra sua própria família. Contra Voldemort.

Draco entrou na sala e sorriu para Hermione.

— Granger. – Ele a cumprimentou e caminhou até sua bancada de costume, no fim da sala.

Malfoy está me cumprimentando?!— Hermione pensou, se lembrando do que havia acontecido durante o café da manhã. Ela tinha tido a impressão de que ele havia sorrido para ela, e ela retribuiu meio que automaticamente, como quando alguém acena para você do outro lado da rua e você retribui mesmo se não se lembra quem é que está acenando. – Que diabos será que deu nele?

— Malfoy. – Ela o cumprimentou de volta em um tom baixo, enquanto abria um livro e fingia que estava lendo. Os dois não disseram mais nada e, poucos minutos depois, a sala começou a se encher de alunos. Harry e Rony se sentaram com Hermione, e a aula decorreu normalmente, com Slughorn bajulando Harry e com o cabelo de Hermione inflando por causa da tentativa de poção que Rony tinha preparado.

Quando saíram da sala Rony se despediu dos dois e se dirigiu até o Salão Comunal da Grifinória, e Harry e Hermione seguiram caminho em direção ao dormitório dos monitores.

— Granger, espere! – A voz de Malfoy fez com que Harry e Hermione parassem de andar e se virassem para encará-lo, Hermione curiosa e Harry com a cara fechada, observando o sonserino correr até eles no corredor.

— Você esqueceu seu livro. – Ele disse entendendo o livro de Poções de Hermione para ela.

— A-ah sim! Muito obrigada! – Ela disse pegando o livro agradecida e ao mesmo tempo curiosa. Hermione podia jurar que estava carregando o livro quando saiu da sala. Ela nunca esquecia seu material.

— Disponha. – Malfoy disse com um sorriso de canto de boca e se virou, voltando a caminhar na direção de onde tinha vindo.

*Harry’s POV*

— Hermione – Harry perguntou depois que Draco estava a uma distância o suficiente para não os ouvir – o que é que tem de errado com o Malfoy?! – Ele perguntou com uma expressão séria.

— Não faço ideia! Hoje ele estava muito... sorridente. – Ela disse se aproximando do quadro que guardava seu dormitório. – Engorgio.— O senhor grisalho do quadro acenou para os dois e abriu a passagem do dormitório.

— É como ver um crocodilo sorrir. – Harry disse enquanto entravam e caminhou em direção ao seu quarto. – Não combina com ele.

Harry ouviu satisfeito o som de Hermione gargalhando de seu quarto, o que provocou um sorriso involuntário em seu rosto. Ele colocou sua mochila sobre uma das mesas de cabeceira e tirou os sapatos, se jogando na cama com os braços atrás da cabeça. Ele observou surpreso quando Hermione entrou em seu quarto sem pedir, já sem a mochila e os livros que tinha vindo carregando. Ela entrou e ficou em frente ao espelho de corpo inteiro do quarto de Harry. Ela de fato cumpriria a promessa de usar seu espelho.

— Maldito Rony! – Ela disse tentando ajeitar a bagunça que seu cabelo tinha virado durante a aula de Poções. – Olha só o que a poção dele fez com meu cabelo! – Hermione se virou para Harry, apontando para o emaranhado de fios castanhos que eram puro frizz ao redor de sua cabeça.

— Não está tão ruim assim. – Harry disse, claramente mentindo.

— Harry, minha cabeça está parecendo um ninho de corujas! – Hermione disse rindo mais de desespero do que qualquer outra coisa.

— Corujas cegas... – Ele não pôde deixar de completar, o que fez com que Hermione se aproximasse dele e começasse a lhe dar tapas de brincadeira nos braços.

— Vou trocar de roupa e tentar arrumar isso antes de correr. – Hermione disse saindo do quarto de Harry e indo até o seu.

— Você continuou com as corridas então? – Harry perguntou para ela, se lembrando das cartas que trocaram no último mês de férias. Hermione tinha lhe contado que tinha começado a correr algumas vezes por semana. A princípio Harry achou a decisão da amiga estranha, mas depois que ela lhe explicou fez certo sentido. Hermione tinha argumentado que ela nunca tinha se envolvido em nenhum tipo de atividade física, e já era hora de parar de ser sedentária se quisesse entrar para a escola de Aurores.

— Sim, até que não é tão mal. – Hermione disse do seu quarto. Depois de alguns minutos ela entrou no quarto de Harry novamente, mas dessa vez com o cabelo preso e usando uma camiseta de alças finas, uma calça legging e tênis. Harry a observou enquanto ela conferia sua roupa no espelho, sentindo um rubor nas bochechas. Nunca tinha visto Hermione de leggings antes. Era estranho, mas ao mesmo tempo lhe caía bem.

— Bom, foi o melhor que consegui fazer. – Hermione disse apertando o elástico dos cabelos. – Até mais tarde, Harry. – Ela se despediu sorrindo e Harry ouvir a porta do dormitório se fechar logo depois.

— Até... – Harry disse pouco depois que ela se foi, só então percebendo o atraso de sua resposta. Talvez a roupa dela o tivesse deixado um pouco surpreso.


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