O inimigo ao lado escrita por Lobinha Cry Cry


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Hora de flutuar!



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Acordará um pouco zonzo pela manhã, com dores por todo o corpo e um pouco de enjoo. Se levantará com dificuldade se apoiando nas paredes do lugar que estava que ainda não conseguia reconhecer, só sabia que não era seu quarto e que fedia a merda e mijo.

Olhou melhor e viu que dormirá na entrada do canal de esgoto de Derry, explicando o cheiro e as dores por conta do chão de concreto; suas roupas todas rasgadas e sujas de Deus sabe o que, marcas pelos braços como se tivesse se debatido em algo bem duro, sem falar no cheiro insuportável que possuía. O enjoo começou a aumentar, correu para o arbusto mais próximos e vomitou. Já se recompondo, Bill decide ir para casa, se seus pais perguntassem, falará que passou a noite na casa de Richie e no caminho acabou tendo um acidente; chegou finalmente, mas seus pais não estavam, provavelmente saíram para comprar algo, então antes de chegarem, o garoto decidiu tomar um banho e jogar fora aquelas roupas rasgadas, “Se continuar assim, ficarei sem roupas”, pensou ele. Terminou de se arrumar, não tomou café, achava estranho, mas sempre que via comida ele ficava enjoado e perdia a fome.

Saiu com Silver para dar uma volta. Pedalando pela cidade, avista Ben saindo da sorveteria com uma casquinha de morango, então vai até lá conversar com seu amigo:

— O-O-Oi Ben, tu-tudo bem?  

— Ah, oi Bill! Estou, apenas vim aqui comprar um sorvete, está muito quente hoje – O garoto tinha razão, dava para dizer que estava 34°C em Derry, Bill sentia as gotas de suar escorrerem pelas suas costas

— Q-Q-Quer ir na praça? Po-Po-Podemos ficar embaixo d-d-de uma a-a-árvore

— Tudo bem! – O garoto subiu na garupa da bicicleta e os dois amigos foram para a praça, pedalando um pouco mais devagar por conta do peso dos dois.

Chegando, Bill estacionou Silver perto de uma árvore e foi se sentar junto de Ben em um banco; os garotos ficaram um tempo olhando o extensivo verde do lugar, com o pequeno lago, a ponte que pessoas iam e vinham todo o momento, principalmente casais e um dos canais de esgoto que se encontrava um pouco mais afastado. Só de ver aquilo Bill sentia-se enjoado e amedrontado, os olhos fixos no pequeno fluxo de água que saia de lá, do buraco do inferno:

— O que você acha da Beverly? – Bill foi despertado pela pergunta de Ben que o garoto havia esquecido que estava ali com ele

— Co-Co-Como assim? – Aquela pergunta meio que o assustava

— Não sei, como pessoa e amiga

— Bem... A B-B-Bev é uma boa pe-pe-pessoa... – Bill parou por um momento e sorriu de canto – E-Ela é uma ga-ga-garota incrível – Podia sentir seu rosto ficar um pouco quente e seu coração palpitar um pouco, o mesmo com Ben

— Ah Bev... – Os dois disseram em um suspiro juntos e se olharam lentamente, meio desconfiados, Bill com uma expressão de questionamento e Ben com cara de nervoso, os dois voltaram a olhar rapidamente para frente, tentando puxar um novo assunto.

Depois do grande constrangimento, decidiram que era melhor irem embora, Bill ofereceu carona para o amigo, mas o mesmo fez questão de ir sozinho para casa, isso meio que foi um alívio para o garoto que ainda estava com vergonha da cena mais cedo; se despediram e seguiram seus caminhos. Ainda estava cedo para voltar e o garoto Denbrough não queria ir para casa e ser ignorado novamente pelos pais, decidiu dar mais uma volta. Pedalando e aos poucos pegando velocidade, não enxergava exatamente onde estava indo, a única coisa que estava presente era sua vontade de poder pedalar para sempre e sumir, que sua velocidade fosse tão alta que ele apenas desaparecesse no Cosmo; com a visão meio embaçada por conta da velocidade  pode ver um vulto laranja a sua frente, se aproximando  aos poucos se formou a silhueta de Beverly que distraída não reparou na quase chegada do garoto, que, imediatamente começou a frear Silver e isso chamou a atenção da garota que se assustou e com a brecada violenta a ponta do nariz dos dois se encostaram, ainda com os olhares de pânico :

— De-Desculpa Be-Be-Bev, eu não ti-tinha te visto – Tentava esconder a vergonha, olhando nos olhos dela, profundos e claros como dois lagos cristalinos e depois para Silver.

A ruiva sorriu de canto, achando fofo o desajeitamento do garoto, ia guardar para sempre a sensação de ter a ponta do nariz dele encostado no do dela, o toque da pele quente e macia mesmo sendo em um gesto sutil poderia ser uma das melhores sensações do momento:

— Tudo bem. Não morri naquele dia no esgoto, não vai ser uma bicicleta que irá me matar agora... nem o garoto montado nela – Bill riu levemente com a piada da amiga que o acompanhava na risada, pararam e voltaram a se encarar. Era estranho, mas olhar para Beverly era como se ele pudesse ver uma luz forte atrás dela, que a iluminasse mais e ressaltasse o tom de seu cabelo ruivo e de sua pele clara, o hipnotizando, mas de um jeito prazeroso.

Os dois foram caminhando pela calçada, Bill guiava a bicicleta ao seu lado prestando a atenção para que não travasse em nada enquanto Beverly ficava do seu lado direito, pensando com seus botões distraída, o mesmo para Bill. O garoto Denbrough olhou para a bicicleta e depois para a amiga, sorriu e parou de andar, a garota parou surpresa:

— Aconteceu alguma coisa?

— E-Eu estava pe-pe-pensando se você nã-não go-go-gostaria de dar uma vo-volta comigo na Silver? – Com o coração batendo mais forte do que o normal, o medo pela resposta da menina e que se fosse negativa a vergonha que iria passar e como se reestabeleceria ao lado dela, porém, se surpreendeu com a garota vindo em sua direção, sorrindo

— Por que não?! – Bill sorriu e montou na bicicleta, com Beverly na garupa, lentamente e meio acanhada, passou os braços em volta da cintura de Bill para se manter firme, um arrepiou subiu pelo corpo do garoto e assim começou a pedalar.

Pedalava em uma velocidade média, com o vento batendo em seus rostos, o Sol os cobrindo por trás e guiando o caminho deles; passaram pelas ruas de comércio, pela Ponte dos beijos, pela biblioteca com seu grande pátio e uma estátua antiga como símbolo próxima ao prédio, o sol refletia sobre as letras de bronze do lugar dando um ar mais bonito e antigo. Chegaram enfim a uma ladeira, ao invés de Bill desacelerar, fez o contrário e com a audácia nos olhos azuis, começou a pedalar; Beverly foi um pouco para frente encostando o rosto nas costas do amigo e o segurando com mais força. Estavam muito velozes, aos olhos dos outros eram apenas um vulto azul que passava pelo meio dos carros; com um pouco mais de coragem, a menina olhou o caminho que tomavam, com o coração acelerado e o corpo todo tenso, se desesperava por dentro ao ver a proximidade da bicicleta com os carros e as pessoas que ali passavam. Foi então que o desespero aumentou ao ver dois ônibus lado a lado, Bill percebeu o mesmo, mas mesmo assim não parou, pedalou mais rápido ainda, com sorte, passaria entre os dois veículos de grande porte:

— BILL! – Beverly começa a gritar ao ver que estavam se aproximando e fecha os olhos, quase raspando, os dois passam pela aquela pequena passagem. A menina abre os olhos lentamente e vê que conseguiram, uma mistura de pânico e alivio a invade por dentro

—  Hi-yo Silver, VAMOS! – Bill grita e uiva de felicidade, nunca se sentirá mais solto e feliz como agora, como se tudo que até agora passou, não passasse apenas de um pesadelo que finalmente chegará ao fim. A garota o acompanha com gritos de felicidade e uivos, chamando a atenção do garoto Denbrough que vira um pouco o pescoço para vê-la, mais bela ainda com aquele sorriso e seus olhos brilhantes.

A garota também o encara, não importava mais o caminho que estavam seguindo e o que viria pela frente, tudo o que importava é que ele estava lá, mas então quando olhou para frente por um segundo, se surpreendeu:
— BILL! OLHA! – A garota apontava para algo a frente desesperada

— O que? – Virando rapidamente a cabeça para frente de novo, se desespera e os dois começam a gritar, mas já era tarde, Bill, Beverly e Silver caem no lago do parque, sendo engolidos pelas águas com as folhas caídas das árvores flutuando sobre elas.

Bill ressurge primeiro, tossindo tentando tirar a água de seus pulmões, tira o excesso do rosto olhando para os lados loucamente a procura da amiga:

— Bev! B-B-Bev!  - A ruiva também sobe para a superfície, tossindo e tirando as mechas do cabelo de seu rosto sardento. Bill nada até seu encontro – Vo-Vo-Você está b-bem?

— Estou, está...está tudo bem, foi apenas um susto – Os dois nadam até o gramado do parque, Bill apoiando Beverly com seus ombros, ela parecia meio desnorteada, colocando ela sentada no chão encostada em uma árvore volta para pegar a bicicleta que só tinha metade do pneu para fora d’água.

Estava com um pouco de dificuldade de trazer a bicicleta para terra firme, ela era pesada e parecia que a roda tinha ficado presa em algo. O garoto puxava com toda a força que possuía no momento, mas não era o bastante, então sente uma mão sobre a sua, fazendo força para puxar Silver até eles; junto de Bill, Beverly também utilizava toda força que tinha até que sentem a bicicleta se mover um pouco mais para frente, puxam com toda a força jogando seu peso para trás, mais a garota, a bicicleta vem com tudo para frente fazendo Beverly se desiquilibrar e antes que pudesse cair no chão, o garoto Denbrough larga Silver e segura a amiga pela cintura, mais vermelho do que estava pelo esforço a ergue com cuidado e os dois vão se sentar. O silencio estava bem presente naquele momento, Bill a admirava, era ainda mais atraente com os cabelos e roupas molhadas que grudavam em seu corpo e definiam suas curvas, era tentador, mas ela tremia, estava com frio e toda encolhida:

— De-Desculpa, não e-e-estaria com frio se eu ti-tivesse prestado a a-a-atenção – O garoto abaixa o olhar cabisbaixo, mas ela começa a rir deixando ele confuso – Qual a ga-ga-graça?

— Você! O seu jeito fofo de ser e pedir desculpa. – Ela ainda sorrindo olhava para os próprios sapatos ensopados – Eu me diverti demais com você – Virou para olha-lo e aquilo fez com que Bill sentisse que seu coração fosse explodir, ela ainda tremia, mas não tirava o sorriso de seu rosto

— Vo-Você está com fi-fi-frio... – O garoto se aproxima e passando o braço sobre a amiga, a puxa para perto de si fazendo-a corar e soltar um leve suspiro. Acariciava seus cabelos molhados enquanto olhava para o Sol do fim da tarde, passando toda sua proteção a ela naquele simples gesto; ela se aconchegava melhor nele:

— Senti sua falta.


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Notas finais do capítulo

:3



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