— Te vejo mais tarde. — o rapaz dissera com um sorriso gigantesco em seu rosto bonito e, então, lhe dera as costas e partira. Para sempre.

Se, naquele instante, Cho Chang tivesse a mais remota noção de que aquela seria a última vez que veria Cedrico Diggory com vida, não o teria deixado ir. Teria corrido até o garoto e o mantido prisioneiro em seus braços. Teria selado seus lábios aos dele. Teria lhe enfeitiçado se fosse necessário. Teria feito qualquer coisa – qualquer uma – para mantê-lo a salvo ou, na pior das hipóteses, prolongar o breve momento que tiveram juntos.

Quando pensava em retrospecto, a garota sentia que todo seu relacionamento acontecera em um átimo de segundo. Em um instante estava enamorada pelo garoto de olhos gentis e, no seguinte, ele fora violentamente arrancado de seu mundo. Sem sequer se despedir. Sem um último beijo. Sem que Cho pudesse dizer que o amava, sem que pudesse dizer que seu coração pertencia a ele, sem que pudesse dizer que seria eternamente grata por ele ter escolhido amá-la.

Não era certo. Não era justo. E quando fechava os olhos, a menina ainda sentia que tudo aquilo era uma mentira. Uma piada sem graça. Uma farsa sádica e sem propósito. Como Cedrico poderia estar morto, quando ela o amava? Como poderia jazer sem vida, quando ela ainda o sentia em cada centímetro de seu corpo? Quando ele estava em sua pele, em seus pelos, em seus poros, em sua corrente sanguínea, infectando cada um de seus órgãos? Como seu coração poderia ter deixado de bater, quando cada pulsação do dela ansiava por ele?

Acima de tudo, como poderia ter partido sem lhe dizer adeus? Não era correto que justo ele, o rapaz mais íntegro e decente que ela já conhecera, não ganhasse a chance de uma despedida apropriada. Não era certo que ela fosse deixada sozinha, com aquela dor, aquela ausência sufocante e um final em aberto. Te vejo mais tarde, Cedrico dissera, mas o mais tarde nunca chegou.