Capítulo 01

— ARGH, Zoey! - Grito para minha melhor amigo. Ela não é culpada disso, mas se tem uma pessoa que vai me ajudar a sair dessa essa pessoa será ela.

Tenho que me sentar na cama e tento respirar fundo para me acalmar. Aquilo era simplesmente a coisa mais estúpida que eu poderia ter feito.

Pensa na coisa mais estúpida que você já fez na vida e soma com todas as outras coisas estupidas que todas as garotas do mundo já fizeram. É mais estúpida do que isso.
Minha melhor amiga olha para mim surpresa pela gritaria. Normalmente, sou uma pessoa calma e poucas coisas (a não ser minha mãe) me tiram do sério.

— Que foi? - Ela pergunta.

— Não, não, não, não, meu deus! Isso não pode estar acontecendo.- Não paro de falar, olhando para o celular. Porque aquilo só me atingiu agora? O desespero era muito, mas muito grande.

— Caramba Rebecca, calma amiga. O que foi que você fez dessa vez?

— Eu-eu acho que dei o número errado pra ele. - Eu gaguejo e mal consigo falar de tão nervosa que estava naquele momento

— VOCÊ FEZ O QUE? - Agora é a vez da Zoey gritar. - Como assim? - Ela respira fundo e se joga na cama ao meu lado. Estou tentando entender a situação. Por que você acha isso? 

— Por que eu estava nervosa na hora? Por que eu sou uma idiota? 

— Não, você não é. E isso não é uma resposta.

— Ele disse que ia me mandar mensagem ontem à noite.

— E não mandou? - Zoey pergunta com cuidado.

— Não. - Digo um pouco triste. Será que eu não estava precipitando as coisas? Minha mente pode estar fazendo joguinhos comigo e eu realmente não dei os dois digitos errados que mudam todo o jogo.

— Está bem. - Zoey simplesmente diz e dá um suspiro antes de continuar. - Se não foi o seu de quem que você deu?

Tentávamos ambas manter a calma, mas entenda a situação. Não era um garoto qualquer. Era o Nick. O Nick Taylor. O garoto mais popular da escola. O crush, o arroba, o 0800 ou qualquer outra coisa que você e suas amigas chamam, ele era o crush de toda garota da escola. E também era o meu.

— Eu acho que foi o da minha mãe. - Falo tão baixo que ela tem que chegar mais perto para escutar.

— O que?

— Eu acho que dei o número da minha mãe;

— Meu deus, Rebecca! Como isso é possível?

— Os nossos números muito parecidos. Quase idênticos para falar a verdade - Tentava desesperadamente arranjar uma boa desculpa. - A diferença é que só troca a ordem de dois dígitos! O meu é 95565-7789 e o dela 95665-7789.

Cara, aquele momento foi um dos piores da minha vida. Sem exagero. Com certeza não estava preparada para aquilo e tinha certeza que não tinha nenhum tipo de manual para resolver situações como aquela. Quem em sã consciência faria uma besteira daquelas? Enquanto estava perdida nos meus pensamentos tentando arranjar uma solução, ouvimos uma batida na porta.

      - Entra! - Digo com o nervosismo estampado na cara. Minha mãe entra no meu quarto com o maior sorriso do mundo. Ah não, se não já percebeu o tamanho do problema que isso ia causar, agora era a hora. 

    - Rebecca - Dona Maria chama com aquela voz calma - Eu vou sair. Tem comida na geladeira se quiser comer mais tarde.

—  Mãe? Onde você vai? - Finjo curiosidade. Faz tempos que não a vejo tão feliz assim.

Veja bem, é comum as pessoas dizerem que minha mãe se parece na verdade mais como minha irmã. Ela me teve aos 17 anos e foi abandonada pelo namorado na época. Seria fácil, passarmos por irmãs e não minha mãe e filha.

— Vou ao salão - Ela diz feliz da vida. Eu e Zoey nos entreolhamos. Minha mãe? No salão?

— Tenho um encontro! - Ela complementa e então vimos a coisa mais constrangedora do mundo. Minha pulou, abraçou, beijou e dançou pra valer. Acho que devia estar tocando alguma música na insana cabeça dela, porque deus me livre daqueles 5 minutos, pois estarão para sempre na memória. Eu e Zoey ficamos apenas olhando e era como se estivéssemos assistindo à um filme de terror. Apesar de eu estar feliz por ela estar feliz, isso certamente não era comum. Eu acho que nunca vi minha mãe dançar daquele jeito antes. Quando ela finalmente sai do meu quarto, cantarolando sua música preferida, Zoey diz:

— Rebecca, será que...?

— Não, não pode ser. - Tento negar algo que era bem possível. 

— Será que sua mãe vai a um encontro com o Nick?