O Diário de Sir William escrita por Andressa Becker


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

AAAAH eu estou muito animada com essa fic!
Espero que gostem!
Bjsss



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Prólogo

—Rosalind, chame meu pai. Agora!-William gritou, andando de um lado para o outro no corredor.

Através da porta ele conseguia ouvir os médicos tentando desesperadamente combater a crise de sua mãe.

—Eu já o chamei, mestre William.-Rosalind falou, parecendo nervosa com a explosão do patrão.

William não iria se desculpar agora, não quando sentia o seu mundo desabando, não, ela teria que aguentar isso.

—Então,por que ele não está aqui?-O garoto vociferou, fazendo a criada se encolher.

—E-ele disse que tinha assuntos mais urgentes.-Ela gaguejou olhando para os lados.

—Mais urgentes?-William repetiu perigosamente baixo, parando de andar e encarando Rosalind-Minha mãe está morrendo e ele tem assuntos mais urgentes?

—E-eu lamento muito, mestre William. Foi só o que e-ele me falou.

—Saia da minha frente.

—O que?

—Saia da minha frente, agora!-Ele gritou, Rosalind praticamente correu para longe dele e uma pontada de culpa o atingiu, mas ele não conseguia se importar com isso agora, não conseguia se importar com nada além do fato de sua mãe naquele quarto, engasgando com o próprio sangue.

William voltou a caminhar, conseguia ouvir os médicos gritando uns com os outros, ele queria muito entrar no quarto e ficar ao lado de sua mãe, mas já havia sido expulso duas vezes antes de finalmente trancarem a porta para impedi-lo de entrar. O jovem finalmente parou de andar e escorou na parede do corredor, depois de duas horas já parecia tolo permanecer de pé. Sentado em frente à porta ele abraçou os joelhos e se concentrou em todo o ódio que sentia pelo pai naquele momento.

O conde e seu filho jamais haviam sido muito próximos, o garoto era próximo demais da mãe e o Conde Davies não suportava ficar ao lado dela.A mulher era fraca e doente, o Conde arrependeu-se de não ter percebido isso antes do casamento, assim poderia ter o evitado. Demorou mais de dez anos para que ela conseguisse engravidar, e em uma de suas crises ela perdera o bebê, mais dois longos anos até finalmente William nascer, o Conde recebeu com alívio o nascimento do herdeiro e desde então a mulher só se tornou uma bomba relógio para o mesmo, não havia mais utilidade para ela aos olhos dele. William odiava o pai por isso, por ele nem ao menos se importar se sua esposa estava prestes a morrer. 

A condessa Odélia nunca havia amado seu marido, nem ao menos nutriam qualquer tipo de amizade, mas ela queria um filho, não para dar um herdeiro para o Conde, mas porque ela queria alguém para amar, alguém que se lembrasse com amor dela quando a mesma partisse. William foi mais do que ela poderia querer, o menino era doce e amável, e enquanto o pai nem se importava com a presença do garoto, a condessa o mimava com todo o carinho possível. 

—Vossa senhoria-Um dos médicos disse, ao finalmente abrir a porta. William se levantou e olhou ansioso para ele-Fizemos tudo o que podíamos, mas não conseguimos salvá-la.

—Não.-William adentrou o quarto, quase derrubando o médico e olhou para a cama,os lençóis estavam manchados de sangue, sua mãe estava deitada, o corpo imóvel-Não.-Ele repetiu indo até a mãe e pegando a mão dela, a pele ainda estava morna da febre, os olhos estavam abertos ,embora estivessem vazios e encarassem muito além de Will.-Vocês só tinham que mantê-la viva!-O garoto gritou apertando a mão de sua mãe, um dos médicos perto dele tentou afastá-lo do corpo, mas Will o empurrou para longe. Seu rosto estava molhado, mas ele não se lembrava de ter começado a chorar.-Nós pagamos vocês para isso, era o único trabalho de vocês!

—A bronquite de sua mãe piorou e junto com um enfisema pulmonar...os pulmões dela já estavam muito fragilizados, quando ela contraiu uma pneumonia nas últimas semanas...nós não pudemos fazer nada, lamentamos muito.

—Eu não entendo, minha mãe jamais foi fumante, não faz sentido.-William olhou para sua mãe, o rosto dela estava contorcido em uma expressão de dor. O jovem não entendia as pessoas que falavam que a morte era um repouso tranquilo, não havia nada de tranquilo naquilo.

—Ela era uma fumante passiva, o Conde Davies fumava charutos,assim como o seu avô. Nós alertamos o seu pai a respeito disso, que a saúde da condessa seria posta em risco se ela continuasse a inalar a fumaça, pedimos que ele parasse de fumar, mas ele se recusou.-O médico mais velho explicou.

—Ele se recusou.-Will repetiu sentindo cada vez mais seu mundo ruir,ele sentia todo seu corpo tremer de ódio, como o pai dele pôde?

—Vossa Graça...

—Mamãe.-O jovem sussurrou enterrando o rosto nos cabelos de sua mãe, a mão dela ainda estava tão quente, parecia tanto que ela iria acordar a qualquer instante-Mamãe, por favor.

—Vossa graça, ela se foi, não pode escutá-lo.-Um dos médicos falou,William o ignorou, o cheiro familiar dela ainda estava ali. Por que justo ela? Ela nem ao menos conseguiu ter um casamento feliz, Will era tudo o que ela tinha e ela era tudo o que ele tinha.

—Mamãe, por favor, por favor fique.

—Vossa graça,ela já se foi,não pode...

Saia—Will rosnou-Saiam todos daqui!

Com uns últimos olhares de pena os médicos se retiraram do quarto. William continuou segurando a mão de sua mãe e a chamando até que algumas criadas tentaram separá-lo dela, o jovem as expulsou aos berros, por fim elas apenas deixaram uma bandeja com o jantar na escrivaninha e não o incomodaram mais.

Em nenhum momento durante a noite o pai do garoto apareceu, as criadas avisaram sobre a morte da condessa a ele, mas o Conde saiu para se encontrar com um amigo as dispensando com um gesto, apenas um ligeiro tremor em suas mãos denunciava qualquer abalo. Várias horas depois, Will finalmente largou a mão de sua mãe, enxugou as lágrimas e foi cambaleando para o seu quarto.

Naquele momento ele só teve uma certeza, faria todo o possível para tornar a vida de seu pai um inferno, o desapontaria de todas as formas existentes. O conde a partir daquele momento teria de tudo menos um filho que o amasse e o obedecesse.


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