Schizophrenia escrita por CapitaMK


Capítulo 1
Hora


Notas iniciais do capítulo

Hey, espero que gostem!!



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Hora

substantivo feminino

1.segmento de tempo equivalente a 60 minutos, e vigésima quarta parte de um dia solar ou do tempo em que o planeta Terra leva para girar em torno de si mesmo.

Os dias se passaram lentamente após o acidente do meu pai, não sabíamos ao certo o que de fato tinha acontecido, não nos apegamos aos detalhes daquela tragédia, naquele dia a única coisa importante era o bem-estar dele. Os primeiros dias foram os mais difíceis, no primeiro tínhamos esperança que ele acordasse, nem que fosse por alguns minutos ou segundos, para apenas dizer que estava com sede, ou apenas cansado, ou até mesmo que tudo ficaria bem, tínhamos esperança, isso nos dava força, mesmo quando os médicos diziam que isso não iria acontecer, mesmo com as alertas dos médicos, nós nos agarramos nisso, na esperança. E nesse curto período de 5 dias a esperança continuava lá, mesmo com todo esse sofrimento, essa dor, e sentimento de impotência. Neste curto tempo ele, meu pai, já sofria uma parada cardíaca a cada 12 horas, isso após a cirurgia, isto no primeiro dia, no seu terceiro dia, as paradas cardíacas, já vinha em um espaço de tempo menor de 6 em 6 horas, e hoje no seu quinto dia, já não tem hora certa, a qualquer momento seu coração para de bater, simplesmente assim. Os médicos já não dão mais esperança para nós, eles explicam e explicam, e eu simplesmente não entendo, não consigo, a única coisa que consigo ouvir saindo da boca deles é “ele vai morrer”, “morrer”, “ele já morreu”, “morrer, morrer, morreu, morrer”. Sinto que a qualquer momento minha cabeça vai explodir, e eu não posso fazer nada. Apesar de todo esse caos fora (e dentro de mim) com todos avisos dos médicos, minha mãe não desiste, ela não aceita que desliguem os aparelho ou que eles parem de fazer ele voltar a vida, era de se espera de dona Clara, acho que ela nunca ira aceitar que meu pai já não pertence mais a esse mundo. Agora estou encostada no batente da porta do quarto de UTI, onde se encontra meu pai deitado na cama, praticamente vegetando, minha irmã mais nova sentada no pequeno sofá que se encontrava no canto da sala, ela estava com o rosto todo vermelho e um pouco inchado de tanto chorar, e meu irmão do meio estava encostado na parede olhando pela janela, enquanto lágrimas escuriam por seu rosto, e minha mãe, bem, estava praticamente tendo um surto, ela e o médico estavam ao pé da cama onde meu pai estava, o médico tinha acabado de chegar para tentar convencer a minha mãe que deveria deixar o meu pai partir, e foi assim que ela começou a ter seu surto estava gritando com o médico e o empurrando pelo peito, não conseguia entender nada do que ela gritava, parecia que tudo a minha volta estava sem som, bem, até agora enquanto minha mãe brigava com o medico, meu pai começou a ter uma parada cardíaca.

—AJUDE ELE, AJUDA VAI!! - Minha mãe grita.

—Sr.a Jauregui sinto muito mas você sabe que tem que deixar ele ir, não tem outro jeito e… 

Ele não o ajudaria, nem se ele realmente quisesse, apesar da minha mãe querer que eles continuassem, eles não poderiam, por conta de um maldito papel, um simples papel, facilmente rasgável. A algum tempo atrás, meu pai assinou alguns papeis hospitalares, e um deles ele pedia que casso ocorresse algo com ele, que causasse algum tipo de coma, morte cerebral, ou algo do gênero, ele só queria que mantivesse os aparelhos ligados, ou revivesse ele, em um  determinado tempo, e para a situação dele neste exato momento já tinha atingido este tempo, então para realizar o desejo do meu pai, nenhum médico poderia mais trazer ele a vida.   

—NÃO, CALA A BOCA, E AJUDA ELE!! - Ela começou a empurrar o médico com isso meus irmãos vão em direção a minha mãe para acalma-la, isso tudo aconteceu tão rápido e tão lentamente que fiquei atordoada o último som que eu lembro de escutar foi a maquina sinalizando que meu pai já não estava mais vivo, e foi ai que o desespero começou, meus irmãos abraçaram minha mãe, e eu bem eu não estava conseguindo ficar em pé, então sai do batente da porta e fui em direção as cadeira que se encontravam no canto do corredor e me sentei, o corredor estava vazio, coloquei as mãos sobre a cabeça e fiquei ali por um tempo até que escuto alguém me chamar.

—Lauren?!

—O-oi pai. - Falo meia atordoada, e lá estava meu pai no meio do corredor com cara de confuso, vestindo a roupa do hospital.

—O-o-o que esta acontecendo? onde eu estou? cade sua mãe e seu irmãos? -Começou a fazer várias perguntas, enquanto eu tentava entender, e ele parecia tentar não surta.

—Se acalme, pai, eu, eu, bom, não sei como dizer isso -Sorri nervosa- Mas o senhor morreu. - Falei tentando conter as lagrimas.

—Mas.. mas, como? Eu não entendo! - Ele falava perdido, sua expressão era de confuso.- Como você consegue me ver e falar comigo se se eu estou morto?Isso não pode esta acontecendo, meu Deus, isso é um sonho, isso só pode ser um sonho! - Ele começou a falar com ele mesmo, por um momento eu não sabia o que fazer, mas então eu tinha que pensar rápido, se ele começar a surta ali como eu deteria ele? iriam pensar que eu sou louca, e pensariam que quem estaria surtando seria eu, acabaria sendo internada naquele momento mesmo.

—Acalme-se respire, talvez eu possa explicar. - Falei o mais baixo e com toda doçura na voz que eu conseguia para aquele momento.

—Me acalmar?! Respirar?! Lauren você esta louca? Como eu posso me acalmar se eu estou M-O-R-T-O, por Deus, não, não, isso não esta acontecendo, eu não…

—Não  acredita em mim então olhe para porra daquela porta ali! - Falei irritada mas mantive o tom de voz baixa e apontei para a porta do quarto onde estava minha mãe, e meus irmãos, abraçados ao pé da cama, onde ainda se encontrava o corpo do meu pai, o médico já  não se encontrava mais dentro do quarto.

Então lentamente meu pai caminhou em direção ao quarto, parou em frente a porta pareci observa o ambiente, então brutalmente ele vira de costa para a porta e coloca as mãos sobre a boca, ele  se encosta na parede  e lentamente vai sentando no chão, seus olhos se enchem de lágrimas então ele começa a chorar silenciosamente. Minhas pernas travam, não  sabia o que fazer, nunca tinha visto o meu pai chorar, ele nunca chorou na frente de seus filhos, sempre dizia que esse era o tipo de fraqueza que não queria mostra para nós. 

Hesitei por um momento, mas logo em seguida caminhei lentamente em direção a onde meu pai estava, me sentei ao seu lado.

 Não sabia o que dizer, o que poderia dizer? “Hey pai, esta tudo bem! O senhor esta morto, e eu estou aqui falando com sua, sua, sua o que? Alma? Sim, sim, claro, sua filha esquizofrenica, que você dopou de remédios, e internou quando acho que não tinha mais jeito, descanse em paz”. Que tolice, provavelmente estou sendo observada por algum enfermeiro, que já deve estar preparando minha dose de calmantes. Porra!

—La-Lauren, o que aconteceu? - Quebrou o silêncio

—O senhor sofreu um acidente, não se lembra? 

Ele então ficou com um olhar pensativo, não demorou nem um minuto para voltar a me responder.

—Sim, eu me lembro vagamente, lembro de estar dirigindo, e do nada apareceu um clarão, me fez perder o controle da direção por não conseguir ver mais nada, e depois, bom, só de estar aqui com você. - Falou meio receoso, em quanto lágrimas escorriam por seu rosto. 

—Sim, o senhor sofreu um acidente de carro, hoje era o seu quinto dia internado

—Mas, Lauren, eu não entendo, como você esta me vendo? - Falou enquanto enxugava seu rosto com a mão 

—Você deve ser fruto da minha imaginação, já deve ter passado do horário do meu remédio, já devo estar surtando. 

—Não, Lauren, isto não é um fruto da sua imaginação, isso é real! 

—Engraçado, quando o senhor estava vivo, vivia tentando me convencer do contrário. - Falei o encarando, ele apenas me retribuiu o olhar, sem dizer uma palavra. Ficamos nessa apensas alguns segundos, até uma voz feminina me chamar. Então virei a cabeça em direção da voz, e dei de cara com minha mãe, ela está de pé em frente a porta, seu rosto estava vermelho e inchado, seus olhos transbordavam lágrimas. E então ela estendeu seus braços em minha direção. Me levantei e a abracei fortemente. 

—Está na hora do seu remédio

Apenas concordei, já tinha passado do horário.


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Notas finais do capítulo

Qualquer duvida só falar comigo.

Deixem eu saber o que acharam.

Então isso é tudo

Vlw, Flw



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