Minha Vida em Uma Noite escrita por Rayon Jackson


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos a mais uma de minhas fics. Espero que gostem. Essa será especialmente curta, mas garanto que irá diverti-los. Boa leitura!



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Ela estava ao meu lado. Puxa, não sabia que iria encontrar uma menina tão maravilhosa como ela, que me entendesse perfeitamente, que estaria comigo nos meus piores dias, que compartilharia meus melhores momentos e alegria... Não, eu não estou falando de minha namorada, e sim da minha melhor amiga. Seu nome? Alice. Alice-chan, como eu (somente eu) prefiro chamar. Não vou explicar o motivo de chamá-la assim, (foi por causa de uma personagem do mesmo nome de High School of the Dead) até porque isso é irrelevante e não sou obrigado a nada. 

Bom, como eu já disse, ela estava ao meu lado, falando sobre algumas coisas pessoais. Olhei para ela e gravei algumas características que sempre gostava de ver, como por exemplo, sua altura. Ela era um pouco mais baixa do que eu, na altura de meus olhos, (não faço idéia do meu tamanho, mas acho que estou no padrão.) Seus cabelos eram lisos, mas não daqueles esticados, e a cor era na tonalidade de um castanho mediano. Adorava quando eles voavam ao vento, dançando levemente enquanto ela tentava aquietá-los, muitas vezes tendo que tirar uma mecha da franja de lado que cobria seu rosto. 

Seu rosto era um pouco bochechudo, (daqueles que você vê e tem vontade de apertar) e em sua bochecha direita tinha uma característica que eu amava: Uma cicatriz, ganhada nos tempos em que ela era mais nova e sapeca, feita na ponta de um arame farpado. Seus olhos castanhos escuros eram de um tamanho normal, debaixo de um óculos de grau grandes o suficiente para cobrir suas sombracelhas, (mas estranhamente de um modo bonito). Sua boca era pequena, seus lábios inferiores um pouco maior do que os superiores, características comum em sua família (como seu irmão, por exemplo). 

Sua pele era parda, seu corpo magro, acinturada, barriga lisa, (oportunidades só vistas na praia) sem muito bumbum e, bom, vamos deixar seus peitos fora da conversa, ela não gosta muito que falem sobre eles (eram grandes!) 

E como eu sou? Uma catrevagem em pessoa. Meus cabelos não são lisos, meu rosto não é bonito, por falta de dinheiro não coloco aparelho, não sou musculoso, muito pelo contrário, pareço um esqueleto de escola vivo (me pegavam para vê quantas costelas tinham em um corpo humano). Bom, resumindo, sou feio. Meu nome é Jackson, (Jack, pras gatinhas), prazer. 

Mas vamos ao que importa. O dia estava lindo, a estrada ao qual passávamos era de um barro poeirento, mas não lembrava que minha cidade era daquele jeito. Bem, eu não liguei muito, já que Alice estava me distraindo com sua conversa. 

 – ... E eu falei que não dava certo. – falava ela – Ele não estava focado no que era importante. 

 – Tendi. Mas vem cá, ele tentou te beijar alguma vez? 

 – Deus me livre! Ele tinha levado um tapa! 

Começo a rir e ela me acompanha, sorrindo enquanto coloca os cabelos atrás da orelha. 

 – Então quer dizer que você não gosta mais dele. – insisti. 

 – Gosto, bem longe de mim. 

 – Que bom. 

Pra falar a verdade, eu estava aliviado. Ela era minha melhor amiga, mas só o fato de saber que ela gostava de alguém me despertava um ciúme. Claro, eu não queria atrapalhá-la em nada, então aconselhava no que dava e apoiava sua decisão, a menos que fosse muito ruim. 

 – E quer saber, – continua ela – foi melhor assim. Gosto de minha vida do jeito que está. Quem deveria arrumar uma namorada é você. 

 – Você sabe que não existe garota nesse mundo pra mim. Quer dizer, olha só pra mim! Quem vai querer alguém magro, feio e sem utilidade como eu? 

 – Não fale desse jeito oxi! Eu te amo do jeito que você é, e tenho certeza que você vai arrumar uma menina que vai te amar do mesmo jeito. 

 – Duvido muito. 

 – Mas eu não sei não viu! Menino chato. – me olhando de um jeito raivoso, mas super fofo. 

 – Só tô dizendo a verdade. 

De repente, ouço algo. Parecia um miado de um gato, mas estava diferente. Estava vindo de um latão de lixo. Não era uma gato, estava mais pra... 

 – Já ouvi isso antes Jack. Isso é um bebê. 

 – Não pode ser. 

Corremos para o latão de lixo, eu particularmente já com o coração a mil. Como assim um bebê no lixo? Assim que alcançamos a boca do latão, vimos ela. Alice tinha razão, era um bebê, chorando a ponto de tremular a língua. O bebê estava enrolado em uma frauda, só com a pequena cabeça do lado de fora, deitado no lixo no fundo do latão. 

 – É um menino ou menina? – Pergunto. 

 – Menina, provavelmente. 

 – Como você sabe? Não viu a... 

 – Eu conheço. Dá pra tirar ela daí? Eu não consigo alcançar! 

 – Tá, ok. 

Estiquei meu braço, e o mais delicado possível, tirei a bebê de lá, deixando uma casca de banana deslizar para o lado. A bebê não era pesada, e tinha um tamanho para uns três a quatro meses de vida. Aninhei-a em meus braços, enquanto Alice alisava seu rosto em uma tentativa de acalentá-la, mas sem sucesso. 

 – Acho que ela está com fome. – fala. 

Fome. O que um bebê comia? Leite! Leite materno, vindo dos... Olhei para Alice. Depois para seus peitos. Ela olha de volta. Olha para os próprios peitos. Me olha de volta. 

 – Cê tá doido minino! Não vou dá meus peitos pra ela! 

 – Mas ela tá com fome! E quem tem peitos aqui não sou eu! 

 – E adianta se não tem leite? 

 – Ela vai se aquietar, eu ach... 

De repente, sinto a bebê segurar um de meus dedos, e rapidamente ela coloca a ponta na boca, chupando e parando de chorar quase instantaneamente. E só então, ela abre os olhinhos grandes, de um azul cristalino. 

 – Quem jogaria uma coisa tão fofa e linda assim? – pergunta Alice. 

 – Sei lá. O que a gente faz agora? 

 – Eu não sei. Leva pra polícia? 

 – E qual crime ela cometeu? Nasceu? 

 – Idiota. Eles podem levar ela pra onde tem que levar. 

 – Não. Vamos levar ela pro hospital. 

Alice concorda. 

 

 

Eu não sei por que, mas não me lembro do caminho até o hospital. Não sei se foi porque eu estava encantado demais com aquela bebê e seus grandes olhos azuis, ou porque estava nervoso demais para gravar qualquer informação em minha cabeça. O importante é que a gente chegou ao hospital, e fomos direto para a atendente. 

 – Boa tarde, senhora, poderia nos ajudar rapidim? 

A atendente, uma jovem loira, deixa a tela do computador para nos atender. 

 – Oh, pais de primeira viajem? Qual o problema do bebê de vocês? 

Olhei pra Alice e vi que ela estava corada. Claro, do modo que conhecia o seu jeito meigo e tímido de ser, ela não fez nada além do que rir timidamente. 

 – Não exatamente senhora, é... Jovem, sei lá. A gente achou ela o lixo. 

 – Oh meu Deus! Ela tá bem? 

 – Cê acha que a gente ia trazer ela pro hospital se já não soubéssemos a resposta? 

 – Jack! – Alice me repreende – desculpa moça. 

 – Não, tudo bem, ele tem razão. A pergunta foi idiota. Vem, vamos fazer uma bateria de exames, mas eu tenho que colocar um nome nela pra identificarmos. 

 – Não pode ser a ‘Bebê do Lixo?’ 

 – Misericórdia! – Alice esconde o rosto com a mão. 

 – Obviamente não. – fala a enfermeira, atendente ou seja lá o que fosse – Tem que ser um nome de verdade. 

 – Ummmm... Já sei! – Olho pra Alice. 

 – Não! 

 – Vai ser... 

 – Jack, não! 

  – Evrelly! 

 – Não moça, não coloca esse nove feio... – Alice se cala quando vê a enfermeira digitar o nome. 

 – Sobrenome? 

 – Willquilenne. 

 – Ela tinha que perguntar! – Alice revira os olhos. Dou um sorriso pra ela. 

 – Vou pôr vocês como os pais dela por enquanto ok? 

 – Você não pode só cuidar dela não? – diz Alice. 

 – Não. Agora vocês vão ter que acompanhar ela. 

A enfermeira digita nossos nomes enquanto ditamos. Alice se aproxima mais perto e tenta sussurrar em meu ouvido. 

 – Eu sou muito nova pra se tornar mãe, Jack. 

 – Isso é só no papel, relaxa. 

 – Casamento também é feito no papel. 

 – A gente não tá casando, relaxa. 

A enfermeira nos leva a um consultório, e assim começa os exames em Evrelly (sempre quis ter uma filha com esse nome rsrsrsrsrs) 

 

 

Mais uma vez, não lembro do processo dos exames. É estranho, parecia que certas horas passavam aceleradamente... Enfim, esperamos um pouco até que a enfermeira nos encontrar. Dessa vez, quem estava com Evrelly nos braços era Alice, enquanto segurava uma mamadeira na boca da bebê. 

 – Ela está ótima! – começa a enfermeira – Só estava com muita fome. Além disso, nada com que se preocupar. 

 – Ótimo, que bom. – falei – Onde a gente pode deixar ela? 

 – Em algum orfanato. 

 – Como assim? – fala Alice – Como vamos encontrar um orfanato a essa hora da noite? 

Noite? Não tinha percebido que já era noite. 

 – Sinceramente não sei, mas aqui vocês não vão poder ficar com ela. 

 – Mas aqui não é um hospital? 

 – Exatamente. Ela não está doente. Levem ela pra casa, e cuidem até amanhã. Depois vocês vêem o que fazer com ela. 

 – Não podemos levar ela pra polícia? 

 – Pra quê? Ela cometeu algum crime por acaso? – olhei pra Alice e quase ri – Olha só, eu vou dá algumas mamadeiras com leite materno e fraudas que tem aqui. Mas o hospital está muito lotado, e não podemos ficar com ela. Sinto muito. 

Simples assim. Se você procurasse algum órgão do governo da minha cidade que funcionasse direito, bom, iria morrer procurando... Éramos dois jovens com um bebê achado nos braços e pouquíssimas experiência maternais. 

 – E agora? – pergunta Alice assim que a enfermeira loira dá as costas. 

 – Jogamos ela no lixo de novo? – Alice fecha o cenho, não gostando da brincadeira – Tô frescando. Vamos levar ela pra casa. É o jeito. 

 

 

Eu moro sozinho. Sem ninguém. Na solidão de meu coração. Só eu e Deus... E minhas coisas. Uma ótima casa pra acomodar um bebê, só que não. Como a gente ia fazer aquilo? Minha única experiência com bebês foi quando tive que cuidar de meus três irmãos, mas fora há tanto tempo! Será que eu ainda sabia pelo menos trocar uma frauda? 

Peguei minhas chaves e coloquei na fechadura, rodando-a enquanto a mesma fazia o barulho da tranca destrancando. Empurrei a parte de cima da porta e vi o chaveiro do Darth Vader balançar enquanto a porta se abria, e então lembrei do dia em que tinha ganhado o chaveiro, dado pela Alice. Nesse momento, percebi que não importasse o que acontecesse, ela sempre estaria comigo para o que desse e viesse. Não seria diferente naquela situação. 

 – Jack, tenho que ira agora. Tá muito tarde. 

Ela tinha que estragar o momento! 

 – Não, peraí! Você não vai ficar? 

 – Tá doido? A mãe me mata se eu dormir sozinha contigo. 

 – Não, mas, eu... Droga Alice-chan, você vai mesmo fazer isso comigo? 

  – E você quer que eu faça o quê? Não posso ficar, e não posso levar ela comigo... 

Respirei. Ela tinha razão. 

 – Tá ok, tudo bem. Vai, tá tarde. 

 – Ei, não fique assim tá? É só uma noite. Confio em você pra isso, você vai se sair bem. Agora eu tenho que ir. – ela me abraça junto com a bebê (seus peitos quase a sufocando) e me dá um beijo na bochecha. 

 – Te amo tá? – ela diz. 

 – Também. 

 Alice dá um cheiro e um beijo na testa de Evrelly, alisando suas pequenas bochechas e tirando algumas risadas dela. 

 – Tchau Ivi. 

 – Ivi? 

 – Melhor do que torcer minha língua falando o nome todo – fala enquanto sai pelo portão. 

Suspirei. Fechei a porta e olhei para Ivi. Ela me olhava com aqueles olhinhos azuis enquanto tentava agarrar meu rosto, rindo e fazendo aqueles barulhinhos de bebê. Sorri de volta e deixei ela segurar um de meus dedos, sentindo sua pele fraquinha e delicada. A verdade era que eu estava desesperado, mas, o que poderia acontecer em uma noite? 


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Notas finais do capítulo

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