O caminho até o lago foi divertido, me surpreendi com o senso de humor de Aaron; Rimos basicamente durante todo o caminho. Ele me contava sobre Beauxbatons -detalhes sobre o palácio, os eventos que ocorriam anualmente e as regras. Beauxbatons era uma escola muito rígida em relação a regras, mas isso não impede que os alunos arranjassem um meio de se divertir.

"Espera, espera" falo entre risos "Como que vocês conseguiram roubar uma carruagem?"

Aaron deu uma risada gostosa. Estava me contando da vez que ele e seus amigos fugiram da escola na carruagem da própria.

"Sabe aquele garoto que está sempre comigo? Ruivo? Seu nome é John e ele colocou uma poção sonífera no chá do guarda daquela área" Eu ri ainda mais, completamente chocada.

"E como que ele conseguiu fazer isso sem ser pego?" Eu tinha um sorriso divertido no rosto.

"Eu e Liam, o musculoso que também está sempre por perto, simulamos uma briga para chamar atenção do guarda. Assim que ele 'separou a briga' voltou para seu posto e tomou um pouco de chá" Ele dizia aquilo tudo com um sorriso no rosto "Não demorou dois minutos e ele estava apagado, foi aí que roubamos a carruagem"

"Eu ainda não acredito que vocês fizeram isso! Eu não tinha essa imagem  de Beauxbatons"

"Oh, você imaginava que ficávamos o dia inteiro tocando harpa e dançando balé?" Sua voz tem um tom de humor. Eu dei risada e balancei a cabeça.

"Hm, por aí" Brinquei e rimos. "Tá, mas para que vocês roubaram a carruagem? Para onde vocês foram depois?"

"Não tínhamos um plano, a gente não sabia que a ideia de dopar o guarda daria certo então quando chegamos na carruagem ficamos perdidos sem saber o que fazer e para onde ir" Ele fala e agora eu estava rindo tanto que minha barriga doía. "Então nós ficamos voando por aí até que a escola viesse atrás de nós. Por pouco não fomos expulsos"

"Eu ainda não consigo acreditar que você realmente fez isso"

"Aposto que você também já se meteu em vários problemas" Ele arqueia uma sobrancelha para mim.

"Eu? Claro que não" Finjo fazer uma cara de inocente. "Só se você achar que trocar suco de abóbora das mesas das outras casas por uma poção, que fiz aleatoriamente no banheiro, e fez com que mais que a metade da escola passassem mal e ficassem na ala hospitalar seja um problema"

"Ok, você é muito pior do que eu!" Ele dá uma risada alta.

"O que? Não fui eu que fugi da escola em uma carruagem voadora!"

"Eu não mandei ninguém para a enfermaria" ele retrucou com um sorriso divertido.

"Mas fez um guarda dormir durante o trabalho, ele poderia perder o emprego" Rebato e ergo uma sobrancelha.

"Touché" Ele ergue as mãos para cima em sinal de rendimento e dou um sorriso satisfeito. "Mas você continua sendo a pior, Srta. CampBell"

Dou risada.

Mesmo tendo acabado de conhecer Aaron sinto que somos amigos há anos, tudo com ele flui naturalmente e ele é uma pessoa que você se sente bem por perto. E talvez seus olhos azuis me façam sentir como se eu estivesse flutuando.

Aaron me contou sobre sua família e deu para notar o quão unido eles são. Sua mãe é uma excelente cozinheira e é reconhecida por toda a França por isso, é dona de um restaurante muito famoso por lá; Seu pai é um astrônomo apaixonado por seu trabalho. Ele também contou que é o irmão do meio; a caçula da família tem apenas 10 anos e se chama Clarice, é um prodígio e uma ótima dançarina de balé. Seu irmão mais velho já havia terminado a escola e agora estava viajando ao redor do mundo fazendo suas pesquisas.

Pude notar o quão ligado Aaron era com seu irmão  Dereck. Aaron falava com um brilho no olhar sobre que quando acabar os estudos ele irá se juntar ao seu irmão e conhecer o mundo com ele.

"Nós sempre fomos muito próximos, ele é exatamente como eu" Ele diz entusiasmado. "Minha mãe não gosta da ideia de eu me ir viver junto com Dereck depois da escola, acho que a ideia de perder dois filhos em tão pouco tempo é demais para ela"

"É compreensível, mas ela terá Clarice por mais alguns anos"

"Isso é verdade, Clarice é uma grande companhia para minha mãe" Ele sorri.

"Sente muita falta de seus irmãos?"

"Ah sim, antes eu pelo menos tinha Dereck na escola, mas já vai completar um ano desde que ele terminou os estudos. E ainda levará um ano para que Clarice comece a frequentar Beauxbatons e só vai restar um ano para que a escola acabe para mim" Ele diz e sorri ao falar da irmã mais nova.

Conversamos mais sobre sua família e também contei sobre a minha. Ele ficou bastante interessado quando eu contei sobre minha tia Margareth, irmã gêmea de minha mãe, que deixou para trás o mundo dos bruxos para ir viver no mundo trouxa com seu marido.

Aos 17 anos minha mãe e minha tia fizeram um pequeno passeio pelas ruas de Londres, animadas em finalmente conhecer o mundo sem magia, e foi aí que minha tia se apaixonou. Ele se chamava Edward e era apenas um adolescente trabalhando em uma cafeteria, mas segundo minha tia foi amor à primeira vista. E mesmo ele a achando hiper estranha (afinal, tia Margareth não sabia nem a função de um telefone) ele também se encantou por ela.

Minha tia dava umas fugidas para o mundo sem magia de vez em quando só para vê-lo, em feriados da escola ela mentia para os pais dizendo que ficaria na escola e fugia para vê-lo -com ajuda da irmã que a acobertava sempre, é claro. E então eles começaram a namorar e as coisas começaram a se complicar um pouco. Cada vez mais a necessidade de contá-lo a verdade foi aumentado, mas ela sabia que não podia.

Quando ela contou sobre o namoro com um menino trouxa meus avós surtaram, e se ela fosse expor o mundo bruxo para ele? Isso era proibido e poderia causar muitos problemas, envolvendo até o ministério da magia. Minha mãe tentava tranquilizar a irmã dizendo que elas estavam quase no fim do ano letivo e que quando ela terminasse o colégio poderia contá-lo toda verdade. Minha tia tinha inventado uma mentira para o namorado dizendo que estudava em um internato em outro país e que não era permitido telefones lá, só assim para ele não suspeitar de nada. Mas ainda sim ele estranhava tudo e em uma briga deles minha tia não aguentou e contou tudo.

É claro que ele surtou e não acreditou de primeira e tentou terminar o namoro, mas ao ver a minha tia fazendo uma magia simples na sua frente ele ficou em choque. Demorou um bom tempo para ele assimilar tudo e tudo se estabilizar, fora toda a confusão que deu na família por causa disso. Mas o mais importante era que minha tia estava feliz.

Em menos de um mês minha mãe e minha tia se formaram e tia Margareth levou Edward para conhecer a família, tudo no final deu certo e em menos de um ano Edward a chamou para morar com ele em Londres. Minha tia não pensou duas vezes antes de aceitar

Hoje eles estão quase 20 anos juntos -17 anos casados- e muito felizes, sempre nos visitam no Natal e em outras datas comemorativas. E mesmo depois de tanto tempo visitando o mundo bruxo meu tio ainda fica maravilhado com todas as coisas mágicas. 

"Eles sempre dizem para eu ir passar um tempo com eles no mundo trouxa, mas eu nunca fui não sei o porquê" digo dando de ombros.

"Eu também nunca tive a oportunidade" Aaron fala e sorri para mim. "Talvez um dia nos possamos fazer uma viagem juntos"

“Quem sabe um dia podemos fazer uma viagem para lá juntos” Eu tento esconder o meu sorriso e aceno com a cabeça concordando.

A conversava foi tomando outro rumo, até que voltamos a falar sobre Beauxbatons e eu me encontro chocada ao descobrir que a escola francesa também tinha divisões de casas.

“Pensava que Hogwarts era a única escola que tinha divisão de casas” Falo surpresa ao saber que, assim como Hogwarts, Beauxbatons também tinha suas casas.

“Temos quatro casas, assim como vocês: Noble, Lucttore, Sagesse e Paxlitté.” Ele pronuncia o nome das casas com um francês perfeito. “Mas nos somos selecionados por um espelho que meio que ‘lê’ nosso interior” Ele fala fazendo uma cara engraçada.

“E quais são as características de cada casa¿” Apoio a cabeça na minha mão interessada.

“Basicamente Lucttore, que é representado por um centauro, são os competitivos, ambiciosos e corajosos, eles também são bem teimosos e não gostam de escutar o que os outros tem a dizer.” Ele explica enquanto brinca com uma pedrinha na mão. “Paxlitté são conhecidos por serem justos e observadores, e geralmente as pessoas dessa casa são bem amigáveis. O animal mitológico deles é o unicórnio; Sagesse são os ‘espíritos livres’, são criativos e também inteligentes e quem os representa é um hipogrifo e Noble, que tem como símbolo uma sereia, eles prezam pela beleza, mas também é a casa mais determinada e persistente. As meninas geralmente são charmosas e usam isso ao seu favor”

“Eu não acredito que eu não sabia disso antes” Falo. “E você pertence a qual casa¿”

“Qual você acha que eu pertenço¿” Ele ergue uma sobrancelha para mim e eu cerro meus olhos e coloco a mão no meu queixo, fazendo uma cara pensativa.

“Quase certeza que Sagesse” Falo com confiança e dou um sorriso vitorioso ao ver ele confirmar com a cabeça. “Seu irmão é de qual¿”

“Meu irmão era da Luctorre e eu suponho que Clarice vá para Noble” Ele fala e joga a pedrinha que estava na mão no lago. A pedra quicou três vezes antes de afundar. “Minha mãe pertenceu a Noble e meu era de Sagesse também.”

“Meu pai era da Sonserina e a minha mãe era da Corvinal” Comento.

“Para falar a verdade, eu não conheço muito bem sobre as personalidades das casas de Hogwarts. A única coisa que eu sei é que os corvinais são estudiosos, sabe, eu passo maior parte do meu tempo com eles” Ele explica.

“Bem...” Me espreguiço e penso por onde começar. “Cada casa aqui é bem caricata: “A Grifinória são os corajosos e leais, é conhecida por boa parte de seus alunos quebrarem regras e serem mais aventureiros, digamos assim. A Corvinal os alunos são bem inteligentes e competitivos, geralmente os alunos dessa casa são mais quietos e calmos, mas é claro que não são todos assim, um exemplo disso é a Luna. A Lufa Lufa são bastantes pacientes e tolerantes, a casa é conhecida por ser acolhedora com alunos gentis; e por fim tem a Sonserina”

“Que é a casa que você pertence” Aaron fala com um sorrisinho.

“Minha casa é a casa dos ambiciosos e persistentes, nós temos muito orgulho dela e queremos honra-la. Nós temos uma má fama e uma grande rixa com as outras casas, especialmente com a Grifinória então é bem comum você encontrar algum sonserino discutindo com alguém pelo castelo”

“Má fama¿” perguntou com as sobrancelhas juntas.

“A Sonserina é famosa por ter sido casa de uma lista de bruxos das trevas, o que gera uma fama de que todos os sonserinos são maus e irão para o caminho das trevas.” Reviro os olhos ao falar essa barbaridade. “Outro fato é que temos alunos um tanto quanto preconceituosos com os nascidos trouxas, o que piora ainda mais nossa fama”

“Voce não me soa como uma bruxa das trevas, muito menos uma pessoa de preconceitos” Aaron fala se inclinando para mim. “Mas da para dizer que você é ambiciosa”

Dou um sorriso orgulhoso.

“Tenho orgulho da minha casa” Dou uma pausa e suspiro. Me deito na grama e observo o céu que ainda estava claro.

Aaron se deita na grama também, com a cabeça do lado da minha.

“Pensando sobre¿” Ele pergunta depois de um tempo quebrando o silêncio.

O silencio de antes não era do tipo constrangedor, onde você fica pensando em algum assunto para acabar com aquele silencio insuportável. Era um silêncio confortável.

“Sobre qual casa eu seria se eu fosse de Beauxbatons” falo e Aaron da uma risada gostosa.

“Hm, vejamos...” Ele para por alguns segundos pensando. “Acredito que Noble”

“Noble¿ Sério” Ri de leve. “Pensei que eu seria de outra casa. Porque você acha isso¿”

“Os alunos de Noble são bastantes perseverantes e tem orgulho de quem eles são, assim como você” Ele fala e eu sinto meu rosto enrubescer e fico aliviada dele não estar vendo meu rosto. “Além de você ser linda”

Eu sou pega completamente de surpresa com essa ultima frase, e se meu rosto estava vermelho antes agora eu estava tão vermelha quanto uma pimenta. Eu sinto como se eu tivesse com um nó na minha garganta que não me deixa falar nada.

Me viro para Aaron sem saber o que dizer e novamente sou pega de surpresa ao ver que ele estava olhando para mim. Sinto meu rosto pegar fogo. Sinto que estou mergulhando no azuis dos olhos dele e perco o folego. Nossos rostos estavam muito próximos, tão próximos que nossos narizes estavam se tocando.

Tao próximos que nossos lábios estavam se roçando.