Advogada do Diabo escrita por Morganninha


Capítulo 7
Entre defesa e acusação


Notas iniciais do capítulo

Hey, trevozineos. Tudo bem?

Para a surpresa de todos (e minha também) estou postando um capítulo com menos de um ano de antecedência! Olha só que coisa mais linda, não é?

Já queria me desculpar por qualquer erro no contexto da história (não me aprofundei tanto na parte jurídica para não cometer justamente esses erros).

Estamos realmente na reta final dessa fanfic e eu espero terminá-la mesmo até o final desse mês.

Enfim, espero que vocês gostem e não deixem de comentar. Boa leitura



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Advogada do Diabo

Capítulo sete - "Entre defesa e acusação"

Tirara os óculos escuros e o capuz assim que percebeu que os fotógrafos e paparazzis irritantes ainda não o esperavam passar pela porta da frente do prédio. Duncan ajeitou seu cabelo olhando pela tela desligada do celular para ver se estava - como Courtney disse uma vez a ele - apresentável.

 

Ao se verificar, pôde dizer que ele estava ok para os padrões de Courtney e isso era mais do que suficiente para que a advogada não surtasse. Com esse pensamento em mente, olhou o grande relógio de ponteiro na parede cinza da recepção do prédio e assustou-se ao ver que sua advogada estava cinco minutos atrasada.

 

Duncan começou a suar frio. Se fosse qualquer pessoa, ele estaria até tranquilo. Mas Courtney? Não mesmo. Ela nunca se atrasava, era simplesmente impecável com a questão chegar na hora e ele se lembrava muito bem quando Courtney ficava puta quando Duncan se atrasava na época em que saíam em encontros. 

 

E se ela abandonou o caso? E se ela não aguentou a pressão da mídia e caiu fora? Ela teria avisado? Será que tem como avisar uma coisa dessas? — Os pensamentos de Duncan ficavam surgindo em sua cabeça, todos eles com hipóteses desastrosas e teorias umas piores que as outras. 

 

— Cadê a sua namoradinha? - Duncan ouviu uma voz dizer atrás dele. Virou-se para trás e não pôde conter a expressão de desprezo e raiva ao ver a razão de ter sido colocado naquilo tudo. Velho filho da puta! — pensou ele com raiva. O senhor o fitava com um sorriso cínico estampado nos lábios.

 

— Não enche. - Duncan disse de braços cruzados. - Já não acha que fez o bastante? 

 

— Eu? Sou inocente, jovem. Se tem alguém que vai se encrencar aqui é você. Ainda mais sem aquela mocinha bonitinha que os jornais tanto falam.

 

— Por que você não cala essa boca e me deixa em paz, hein? Vamos ver no que essa porra de processo vai dar. - Duncan rebateu acentuando "porra" como se a palavra explodisse de sua boca. 

 

— O que você disse?

 

— Eu disse pra você to-

 

— Bom dia, senhores. - A voz de Courtney surgiu atrás dos dois. Graças a Deus — Duncan pensou mesmo sendo a pessoa menos religiosa daquele lugar e quase comparou a aparição de Courtney com a de um anjo. - Sr. Wincler, o seu advogado já o espera na sala para retomarem alguns dos tópicos que conversam e ele pediu para que eu o avisasse, sim?

 

Wincler olhou para Duncan com fogo nos olhos, mas manteve o - maldito— sorriso cínico nos lábios, saindo sem nem mesmo responder nada a Courtney. A latina olhou por trás do ombro ainda com os olhos meigos de para então olhar para Duncan com um olhar assassino. Ele sorriu para ela. 

 

— Que porra foi essa? - Perguntou ela sussurrando com leve ódio em sua voz.

 

— Obrigado por não ter abandonado o caso. - Ele respondeu ignorando a pergunta dela. Courtney o olhou confusa e então revirou os olhos com um minúsculo sorriso.

 

— E eu lá já desisti de alguma coisa? - Rebateu. Duncan arqueou uma das sobrancelhas e Courtney se segurou para não rir. Queria não ter entendido aquele olhar. - Enfim, vamos para sala também. Mas antes preciso que me responda o que aconteceu aqui.

 

— Ele tava me provocando e se você não tivesse chegado eu iria ter mandado ele tomar no cu. - Courtney arregalou os olhos assim que o ouviu. Não por estar surpresa, mas por indignação. Ela balançou a cabeça em desaprovação e então colocou as mãos na cintura. - Eu sei, eu sei. 

 

— Será que sabe? - perguntou ela e riu com leve nervoso e por achar engraçada a cara de “fiz merda” de Duncan. Os dois se observaram por um instante que pareceu durar interminável. Courtney, então, caiu em si e arqueou uma das sobrancelhas. - Ok. Vamos trabalhar, não?

 

— É, vamos. 

 

— Antes de entramos naquela sala, preciso que você esteja ciente de três coisas. - pontuou ela com os dedos - Primeira delas: temos provas. Então, não precisa ficar desesperado. 

 

— Não estou. Tenho a melhor advogada do mundo.

 

Courtney revirou os olhos mais uma vez e então sorriu. 

 

— Segunda coisa: por termos o caso quase ganho, eles vão fazer de tudo para te provocar. Do mesmo jeito que fizeram agora. Então, por favor, não seja idiota ou impulsivo. Pense mais de uma vez antes de falar qualquer coisa. - deu ênfase na palavra “qualquer”. 

 

— Saquei. - Respondeu ele. - E qual é a terceira coisa?  

 

— Me consulte sempre antes de falar. Sempre. - Respondeu ela. Duncan não sabia se era pela frase ou pelo modo como ela foi dita por Courtney, mas ele havia ficado preso nos lábios dela. Courtney virou a cabeça levemente de lado analisando a expressão dele. - Sabe que dá pra perceber quando alguém encara sua boca, não é?

 

— Quê?

 

Courtney riu.

 

— Vamos.

 

***

Os dois entraram na pequena sala cinza com cheiro de ar condicionado e logo se posicionaram nos lugares adequados. Courtney puxou alguns papéis de sua pasta preta de couro e os colocou em cima da mesa de uma forma tão milimétrica e certinha. que Duncan ficou curioso para saber o que aconteceria se ele deslocasse um daqueles papéis nem que fosse um centímetro sequer. Desistiu da ideia só de imaginar o furacão que ela viraria. 

 

Do seu outro lado estava Wincler junto ao outro advogado, um sujeito de cabelo loiro escuro lambido para trás, deveria ter mais ou menos a idade deles. Notou que este o olhava também e até mesmo acenava para sua direção. Iria responder antes de perceber que ele falava com Courtney. Ela foi até ele e os dois cumprimentaram o juiz. Duncan parou de novo para olhá-la. Courtney sorria abertamente e ria falsamente quando o outro advogado - Duncan acreditava que o nome dele era Colin ou algo assim - fazia piadas. Duncan estivera tempo suficiente com Courtney para saber quando ela ria de verdade. 

 

Depois de alguns minutos lá na frente, Courtney voltou ao lugar ao lado de Duncan e arrumou uma das mechas de seu cabelo atrás da orelha. Respirou fundo, tomou um copo de água, sentindo-se mais relaxada. 

 

Então tudo pôde começar.

 

***

Duncan não sabia dizer se aquilo estava acontecendo de forma muito rápida ou de forma muito lenta. A verdade era que não tinha se passado nem uma hora desde que entraram naquela sala - agora muito mais gelada que antes - e seu estômago revirava a cada momento em que um argumento rebatia o outro. Mas ele confiava em Courtney. Naquele momento, assistindo-a gesticular com suas mãos enquanto apontava o quão absurdo era o pedido de Colin em relação ao seu cliente, ou o modo como ela sempre o olhava com deboche, porém, é claro, sem perder a classe, Duncan não poderia se sentir menos rendido a moça a quem um dia fora namorado.

 

Era algo até mesmo nostálgico que o envolvia. Gostava de ver como a chama dentro de Courtney nunca havia parado de queimar. Um pouco lapidada, talvez, mas ainda intensa em sua essência. 

 

— Courtney, querida…

 

— Retire o "querida" e eu respondo a sua pergunta. - Disse ela, séria. Colin sorriu e olhou para baixo, tentando não fazer uma expressão de nojo ou raiva. 

 

— Não iria fazer nenhuma pergunta, estou afirmando que meu cliente se acidentou por causa da irresponsabilidade do seu cliente na sinalização da moto e ainda o agrediu quando o Sr. Wincler quis chamar a Polícia. 

 

Duncan não conseguiu evitar o olhar para Wincler, o qual estava sentado ao seu lado, porém em outra mesa fazendo uma das melhores expressões de inocência que Duncan já tinha visto na vida. "Então era isso o que ele tinha contado a Polícia? Má sinalização?" Duncan pensou xingando todas as gerações passadas. 

 

Courtney fechou levemente os olhos quando um sorriso se formou em seus lábios.

 

— Pois eu digo que você deveria perguntar já que chegou tão mal informado sobre o caso. - Respondeu ela e logo direcionou sua atenção a um rapaz atrás dela. Com um sinal, ele ligou o projetor descendo o painel branco enquanto ela abria o vídeo em seu notebook. Duncan não pôde deixar de encará-la com orgulho. - Não sei se o senhor está também atento às novidades da nossa cidade responsáveis pela prefeitura. Aliás, o senhor votou na nossa prefeita? - Colin não respondeu. - Foi por alguns dos projetos dela de segurança de trânsito que câmeras mais eficientes foram colocadas ainda no começo deste ano. 

 

Dita a frase dela, o vídeo começou mostrando o momento exato em que o carro de Wincler cortou a passagem da moto de Duncan. Courtney pausou o vídeo e então olhou para Colin.

 

— Isso ainda não…

 

— Prova que Duncan é inocente? - Perguntou ela de volta sem esperar o homem terminar. - Pensei que fosse dizer isso. Afinal, vocês acreditam que ele o agrediu. 

 

O vídeo continuou mostrando um outro ângulo da estrada e, também, quando Wincler bate a cabeça repetidas vezes de propósito no volante para então aparecer com o nariz quebrado. Ao mesmo tempo em que Courtney sorria satisfeita, Duncan estava chocado de boca aberta ao ver as imagens.

 

— Acho que isso é o suficiente para provar a inocência do meu cliente. Então…

 

— Isso é uma besteira! - Wincler gritou ao se levantar. Seu rosto estava vermelho como uma placa de trânsito dizendo PARE (Duncan pensou tentando não rir com o trocadilho que havia feito em sua cabeça). - Eu nunca fiz isso. Essa garota está mentindo! Meritíssimo, ela é daquele reality show antigo que passava na televisão. Ela tem contato com a televisão! Pode ter forjado essas imagens e…

 

— Essas imagens não são minhas, são do Departamento de Trânsito da cidade, Sr. Wincler. Você pode conferi-las e…

 

— Não preciso conferir nada. Isso é mentira. - Wincler disse com nojo em sua voz olhando diretamente para Courtney. Duncan, que já estava estressado com toda essa situação, surpreendeu-se quando o olhar do senhor caiu em sua sua pessoa com um sorriso que ele não conseguiu identificar de cara, mas era um dos mais asquerosos possíveis. - Deve ser fácil para você, não é? - Duncan franziu a testa, claramente confuso. - É claro. Se ganharem, ótimo. E se perderem, ela sempre pode se desculpar ajoelhando e…

 

— EI! - Duncan levantou disposto a surrar aquele homem naquele exato momento. Courtney, no entanto, segurou seu ombro fazendo ele se virar para ela. O olhar dela era um misto de raiva com frieza. Duncan leu aquele olhar como "Pelo amor de Deus, não faça nada com este filho da puta. Não estrague o caso!" Duncan soltou o ar pelo nariz com força e comprimiu os lábios. 

 

Foi decidido que um intervalo deveria ser feito após aquela discussão para que as duas partes acalmassem os nervos. 

 

***

Duncan acendeu um cigarro com um click do seu isqueiro. Assim que o tragou a primeira vez, já pôde sentir seu corpo ficar mais relaxado e ele olhou para o céu azul. Estava no estacionamento, um local isolado que tinha apenas carros; os funcionários trabalham do outro lado. 

 

Sentia-se com vontade de socar algo. E sabia quem queria socar. A imagem de Wincler dizendo aquelas coisas para Courtney não saía de sua cabeça. Quem ele pensava que era pra dizer aquilo?! Bufou de raiva e tragou o cigarro mais uma vez. 

 

Ouviu a porta ao seu lado se abrir e não se surpreendeu ao ver Courtney sair por ela. A moça ainda estava com as roupas de forma impecável assim como seu cabelo com nenhum fio sequer desalinhado. "Linda", ele pensou. 

 

Duncan riu ao vê-la balançar a cabeça negativamente, porém com leve humor, ao ver o cigarro em sua boca.

 

— Isso não faz bem, sabia?

 

— Muitas coisas não fazem bem. - Rebateu ele e soprou a fumaça para o lado em que ela não estava. Courtney cruzou os braços com um sorrisinho escondido em seus lábios.  - Tipo se conter em bater em caras nojentos como aquele. 

 

— É. Ele merecia. - Disse ela, aérea. - Mas ele já está fodido. Ele já estava só de termos todas as provas, mas agora então… com essa declaração nojenta - Courtney comprimiu os lábios. Duncan olhou para ela e entendeu que a moça estava fazendo todo o esforço do mundo para não se exaltar ali. Duncan, porém, tinha certeza de que, se a situação fosse em outro contexto, ela pularia e arrasaria aquele homem de uma forma tão selvagem que não sobraria muito dele. Aquele pensamento o fez sorrir para o nada.

 

— Você foi incrível lá. - disse ele. Courtney olhou para ele e então sorriu.

 

Eu sei. - disse ela convencida e os dois riram. - Aposto que Colin vai me odiar pro resto da vida.

 

— Ele não parece ser o mais agradável. - Comentou Duncan. - Vocês se conhecem há muito tempo?

 

— Uns meses. 

 

—  E ele não sabia que você era afrontosa desse jeito?

 

Ela riu.

 

— Só encontrei com ele algumas vezes quando ainda era estagiária. Acho que não deu tempo pra ele descobrir - respondeu ela. 

 

Os dois ficaram ali num silêncio que, se fosse considerar semanas atrás, poderia ser torturante. Mas naquele momento ele se encaixava e era extremamente confortável. Olharam-se por um instante que pareceu durar horas. Courtney sentia seu coração bater mais rápido ao olhar para Duncan. Era assim desde que tinha conversado com ele desde a primeira vez. 

 

Olhando para ele ali, ela realmente queria se esquecer de tudo o que tinha acontecido, apenas fazer como ele tinha dito antes. Eles poderiam ficar juntos; será que deveriam? Talvez se as coisas tivessem sido diferentes, se eles tivessem se conhecido em outras circunstâncias, talvez se eles tivessem esperado tudo passar.

 

Courtney baixou a cabeça cortando a troca de olhares. 

 

— Você tá bem? - Duncan perguntou jogando o cigarro no chão e pisando em cima. Courtney ia o repreender quando Duncan se abaixou para o pegar e colocar no bolso. Ela ficou olhando para aquele gesto e nem percebeu quando um sorriso voltou a formar em seus lábios. 

 

— Sim, tá tudo bem. - Respondeu ela. - Só relembrando algumas coisas. 

 

Encostou-se na parede tendo o chão como seu foco.

 

— Depois que isso tudo acabar - Duncan fez uma pausa para limpar a garganta - podemos conversar sobre a gente?

 

— Não tem muito para conversar, Duncan. - Courtney respondeu. 

 

— Eu não quero saber se tem pouco ou muito, só quero conversar para acertar todas as coisas. Se for pra me dar um fora, que seja pessoalmente. - Duncan alfinetou tendo em mente a mensagem que Courtney mandara antes. A advogada assentiu com a cabeça. Ele está certo, pensou ela. 

 

— Tudo bem. - Disse ela e então olhou no relógio. - Vamos, temos um caso para vencer. 





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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não deixem de comentar suas teorias para o final ♥



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