Advogada do Diabo escrita por Morganninha


Capítulo 2
Nostalgia


Notas iniciais do capítulo

Olá, meninos trevosos e meninas trevosas! Espero que estejam todos bem ♥
Quase que um ano depois, eu venho com mais um capítulo dessa fanfic super animada de Duncney (yeeeei). Quero pedir desculpas a todos que leram o primeiro capítulo e comentaram pedindo atualização. 2018 foi um ano bem corrido e eu acabei não tendo tempo nenhum. Prometo que tentarei ser mais rápida para os próximos capítulos!

Boa leitura!



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Advogada do Diabo

Capítulo dois – “Nostalgia”

— Prontinho. – Courtney sorriu ao entregar o último arquivo do dia depois de tê-lo assinado ao policial da delegacia. Eram cinco horas da tarde e seu estômago já começava a roncar de tanta fome que sentia. Precisava almoçar para continuar mantendo seu bom humor – tarefa difícil se considerar seu atual cliente. Ainda não conseguia acreditar na coincidência desastrosa do destino. Duncan em sua vida. Mais uma vez. O universo parecia gostar de brincar com a sua vida. Maldito o dia em que ela se inscrevera praquele reality show estúpido!

Ela sabia, no entanto, que tinha obrigação de se recompor. Pallet era alguém influente. Se ela fizesse um trabalho excelente com Duncan, as chances de ele recomendá-la para outros lugares eram enormes. Era por isso que ela estava disposta a comer o mais rápido possível e começar a trabalhar sua defesa. Uma coisa era certa: Duncan era inocente. E ela iria provar. Por mais conflituoso que fosse o caso, ela sabia discernir bem; tinha um faro para isso.

Com esses pensamentos, Courtney caminhava em direção ao seu pequeno carro enquanto guardava alguns papéis em sua pasta. Estava completamente distraída e por isso nem viu Duncan encostado ao carro dela. Assim que percebeu sua presença, não pôde evitar um suspiro cansado e um olhar de tédio a ele. Era sempre uma sensação estranha vê-lo de novo.

— Belo carro, gatinha.

— Ainda estamos trabalhando no seu caso, Duncan. – Disse ela ignorando o fato de estar encostado a traseira do carro dela e indo em direção a porta da frente. – Afinal, quem pagou a sua fiança?

— Geoff.

— Geoff? Geoff da Bridgette?

— Sim.

Courtney parou no meio do caminho e o olhou confusa.

— Bridgette é minha melhor amiga e ela nunca me contou que vocês ainda eram próximos.

— Bom, você sabe como os dois são “de boa”. Eles odeiam conflitos, então devem ter omitido algumas das minhas visitas a casa deles. – Disse ele com aquele mesmo olhar malandro de sempre. – Também deve ser porque eles imaginavam que se fossemos colocados no mesmo ambiente de novo, nos mataríamos.

Courtney arqueou uma das sobrancelhas fazendo um bico. Fazia sentido.

— É. Bom, eu tenho que ir trabalhar na sua defesa. – Disse ela pronta para entrar no carro. – Qualquer informação útil que você lembrar...

— Você poderia me dar uma carona para o trabalho? – Perguntou ele, interrompendo-a. Courtney franziu a testa. – Passei a manhã inteira aqui e não tive como avisar ninguém sobre o que aconteceu. Tinha um monte de clientes marcados pra hoje e...

—Tá, tá, Duncan. Entra logo. – Courtney estava estressada. Merda. Duncan trabalhando não era algo que ela esperava. Na verdade, a parte rancorosa de Courtney desejava ardentemente que ele estivesse completamente fodido em qualquer coisa que fizesse na vida. Queria poder sentir o gostinho da vitória, vê-lo implorar por uma segunda chance. Infelizmente, para ela, as coisas não funcionavam desse jeito.

Entretanto, ele pedir carona a ela por estar completamente fodido com um possível processo o qual ele dependia da ajuda dela já era um ótimo começo.

Duncan sorriu para Courtney e entrou no carro. Os dois se olharam por um momento antes de Courtney ligar o motor e sair da vaga do estacionamento da delegacia.

***

O céu estava num tom de roxo bem claro fazendo contraste com o alaranjado   proveniente do Sol se pondo. Era uma tarde bonita, mas muito quente. Courtney ainda não tinha dinheiro o suficiente para comprar um carro com ar condicionado, então as janelas estavam abertas. Duncan vez ou outra olhava para o lado e via os cabelos de Courtney balançarem por causa do vento.

Duncan achava engraçado como Courtney não havia mudado nada. Ela sempre teve aquele ar maduro e responsável desde que se conheceram no Drama Total e isso pareceu até se intensificar agora com a idade adulta. Mesmo assim, sua aparência se manteve.

E por se manter, Duncan dizia: Courtney continuava muito gata.

Olhando pelo canto do olho, Courtney percebeu que Duncan a observava. Ela sorriu com os lábios e dando um risinho sarcástico.

— Perdeu alguma coisa, Duncan?

— Talvez.

— Então trate de achar! – Disse com um tom humorado, mas sem perder a postura. Típico da Courtney que ele conhecia. Ele sorriu e virou-se para janela olhando a paisagem.

 — Então... Você trabalha no quê?

 — Interessada, gatinha?

 — Não mesmo. - Courtney riu tentando disfarçar o real interesse na vida dele. - Estou só tentando ser agradável.

 — Você é adorável.

 — Só responde a pergunta.

 — Ok, Princesa. Sou tatuador.

 — Tatuador. - repetiu ela surpresa, mas nem tanto. Duncan vivia fazendo desenhos em qualquer canto que pudesse imaginar. Aquela profissão combinava com ele. - Isso é legal.

 — Você diz legal no sentido "isso é foda" ou no sentido "uau, ele tem um emprego que não vai o levar para cadeia"?

 — No sentido, que bom que ele se encontrou em alguma profissão que ele gostava.

 — Ah, claro. - ele sorriu e então olhou para a mulher dirigindo. - E por falar nisso, você ainda tem a-

 — Claro que não!

 — Ok, não tá mais aqui quem falou. - disse ele levantando as mãos em sinal de rendição. — Ainda não me disse por que mudou de sobrenome. – Comentou colocando a mão para fora da janela.

— Coloque a mão para dentro! – Respondeu agoniada. Duncan riu e obedeceu. – Já te disse que isso não é da sua conta.

— Calma, estressadinha. Só foi uma pergunta. Estava curioso, você sempre teve tanto orgulho de si mesma que...

— Ainda tenho muito orgulho de mim. – Disse olhando rapidamente nos olhos dele e logo voltando-se a direção. Suspirou cansada. Havia esquecido como Duncan poderia tirá-la do sério. – O motivo é bem óbvio.

— Você matou alguém?

— Não, mas continue me provocando e quem sabe eu já tenha uma vítima. – Respondeu sarcástica.

— Você continua muito engraçadinha, Courtney.

— E você, irritante. Mas não esperava outra coisa de você, afinal.

Os dois se olharam por um instante e sorriram sarcásticos um para o outro. Enquanto Courtney continuava dirigindo, Duncan parou para observá-la mais uma vez. Focou nas mãos da advogada procurando qualquer tipo de aliança. Não achou nada e então sorriu olhando as ruas passando diante de seus olhos.

— Faz alguma outra coisa além de trabalhar? – Perguntou ele.

— Tipo o que?

— Sei lá. Yoga, academia, sair com amigos, amigos mais íntimos...

Courtney riu.

— Seja mais direto, Duncan.

— Como anda o Scott?

— Como anda Gwen?

Encararam-se. Um clima tenso se estabeleceu no ar. Os dois sabiam que aquele era um assunto delicado. Courtney já estava perdendo a paciência, ela odiava falar sobre qualquer coisa sobre aquele programa. Duncan ficou incomodado também porque nunca conseguiu se resolver direito com Gwen. Por incrível que parecesse, Courtney tentara entrar em contato com a gótica para reatarem a amizade, só que Gwen nunca retornou as ligações.

Courtney tinha a impressão que nada dava certo para ela desde de que saiu do Drama Total. A maior prova disso era a situação que vivia naquele momento. Jamais que ela esperava encontrar Duncan novamente. Courtney bufou pelo calor que fazia e passou a mão em seu cabelo enquanto esperava o sinal abrir. Duncan, que não suportava mais aquele silêncio, movimentou-se no banco para ligar o rádio.

Tocava o cover de Wild Horses pela banda The Sundays. Assim que reconheceram a música o clima que já estava tenso ficara completamente desconfortável. Duncan e Courtney olharam-se rapidamente e pareceram lembrar da mesma coisa.

Quando ainda namoravam, aquela música tocava nas rádios quase sempre e em uma dessas vezes os dois quase teriam transado. Eles nem lembravam o porquê de não ter acontecido, mas desde então aquela música tinha ficado marcada na memória dos dois. Tão bem marcada que Courtney poderia sentir seu rosto queimar de tanta vergonha que sentia naquele momento.

Merda. O que a vida tá querendo de mim hoje? Pensou Courtney. Parecia brincadeira do destino tentando criar um clima romântico para os dois. Duncan estava tão desconfortável quanto Courtney, então resolveu quebrar logo o silêncio.

— Bom, pelo menos não é Wonderwall. – Disse ele olhando pra ela. Courtney ficou boquiaberta por ele lembrar daquilo, mas, ao invés de ficar irritada, ela apenas deu risada. Duncan a acompanhou.

— Odeio Oasis. – Disse ela. – Tantas músicas românticas lindas e sempre colocam Wonderwall para dedicar pra alguém. Ridículo.

— Muito obrigado, Courtney. – Disse ironicamente e riu. – Só queria lembrar que você ficou muito feliz quando eu escolhi essa para ser a “nossa” música.

Courtney riu e suspirou.

— Sei lá. Jovens apaixonados não batem bem da cabeça. -

Duncan sorriu. Por algum motivo, aquela frase fez o peito dele se encher de alegria e ego. Courtney, percebendo o que fez, tratou de consertar.

— É por isso que crescemos. – Olhou para ele dando um pequeno sorriso como quem dizia “eu mudei, imbecil.”

***

— Você quer entrar? – Duncan perguntou assim que chegou. O cérebro de Courtney gritava dizendo que não era uma boa ideia. Mas ela estava tão curiosa para saber como aquele estúdio era que acabou aceitando com a desculpa que estava morrendo de sede por causa do calor. Duncan notou logo que a curiosidade dela e sorriu. Até nisso ela não havia mudado, ele pensou.

A expectativa de Courtney, no entanto, não chegava nem perto do que o estúdio de Duncan realmente era. O lugar era moderno, tinha uma mobília incrível de um tom roxo que combinava com absolutamente tudo do estúdio. Tinha o mesmo estilo de Duncan; as paredes tinham pichações – provavelmente feitas por ele mesmo – que funcionavam como mostruário de possíveis tatuagens que poderiam ser feitas ali. Era impecável.

— Gostou, gatinha?

— Ainda estou trabalhando no seu caso. Mas... Esse lugar é incrível mesmo. – Disse dando o braço a torcer. Duncan sentiu seu ego ser acariciado. Melhor que isso, seu ego sendo acariciado por Courtney. Ele não poderia pedir mais nada.

Foi até um mini frigobar e pegou uma garrafa de água para a moça.

— Obrigada.

— Sem problemas, Princesa.

Courtney revirou os olhos, mas sorriu.

— Certas coisas nunca mudam, não é?

— Pois é. – Disse ele se aproximando dela. – Mas tem coisas que ficam cada vez melhor com o tempo.

A essa altura, os dois já estavam a um palmo de distância. Duncan tinha um sorriso malicioso em seus lábios e seus olhos intercalavam entre os olhos castanhos de Courtney e sua boca. Por um instante, ela esqueceu de tudo. Odiava-se por admitir aquilo a si mesma, porém Duncan continuava sendo um de seus pontos fracos. E o que ela fazia com pontos fracos?

— Tipo vinho. – Courtney disse rindo de nervoso. – Vinho fica cada vez melhor com o tempo. Eu amo vinho.

Duncan a viu dar uns passinhos para trás e riu.

— Se você quiser, a gente pode sair qualquer dia desses para tomar um vinho. – Respondeu ele. Courtney continuou rindo de maneira nervosa pensando em como escaparia daquela situação. A mente dela gritava: Pelo amor de Deus, você é advogada! Comece a argumentar e caia fora!

— Quem sabe um dia. – Respondeu ela. Em um leve surto de desespero, ela tirou seu celular da bolsa para olhar a tela. – Olha só a hora. Adoraria ficar mais, mas...

— Com certeza adoraria.

— Modo de falar. – Courtney retomou sua postura. O ego dela ainda falava mais alto. – Eu preciso trabalhar. Ainda tenho que digitalizar coisas sobre o seu caso e investigar alguns fatores.

— Tudo bem. Vou te acompanhar até a porta.

— Tudo bem.

Os dois caminharam até a porta do estúdio. Courtney já não aguentava mais nenhum segundo naquele lugar. Duncan abriu a porta, Courtney deu apenas um tchauzinho, mas parou ao escutá-lo dizer:

— Obrigado. – Courtney virou-se. – Pela carona e por todo o lance do processo.

A advogada sorriu. Duncan se aproximou dela e depositou um beijo em sua bochecha. Já sentindo seu coração bater mais rápido, ela se despediu e foi em direção ao seu carro. Antes de dar a partida, certificou-se que Duncan já havia entrado mais uma vez e então apoiou sua cabeça no volante.

Sentia-se idiota por ter ficado tão nervosa na presença dele. “Que estúpida!” pensou ela relembrando como agiu estranho lá dentro. Repreendeu-se inúmeras vezes antes de girar as chaves do carro. Ela não poderia cometer o mesmo erro com a mesma pessoa depois de tanto tempo. Ela já não era mais uma adolescente, era uma mulher adulta que precisava de dinheiro para pagar suas contas e só um trabalho de verdade conseguiria fazer isso. Foco, era disso que ela precisava. E nada a tiraria de seu caminho.

Mesmo assim, seu coração parecia martelar ideias e memórias em sua cabeça.

— Foco, Courtney. É só um cliente, é só um trabalho. Quando tudo acabar, sua carreira vai decolar e você nunca mais irá vê-lo de novo. Não esqueça o que ele te fez. – Repetiu algumas milhares de vezes e quando notou já estava na porta de sua casa.


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Notas finais do capítulo

Será que ela terá foco até o final dessa fanfic?

Espero que tenham gostado!



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