Advogada do Diabo escrita por Morganninha


Capítulo 1
Você de novo?


Notas iniciais do capítulo

Olá, meninos trevosos e meninas trevosas!

Trago, mais uma vez, uma fanfic Duncney para vocês que sofreram com esses dois tanto quanto eu. Prometo que essa será bem mais leve e divertida do que a outra que publiquei antes. Espero que vocês se divirtam lendo assim como eu me diverti a escrevendo :3

Boa leitura!



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Advogada do Diabo

Capítulo um - "Você de novo?"

Eram nove horas da manhã. O barulho dos saltos altos dela batendo na superfície lisa e gélida do chão era um dos sons irritantes que poderiam ser ouvidos naquela delegacia. Os telefones tocavam de cinco em cinco minutos e apenas tinha uma pessoa para atendê-los e esta não parecia muito disposta a prestar esse serviço ao julgar pela expressão cansada de seu rosto. Além destes, um dos policiais roncava alto enquanto dormia jogado em uma das cadeiras do escritório. Courtney entrava caminhando pelo corredor com uma postura determinada e confiante.

Foi até o balcão da recepcionista e esperou que ela terminasse de atender o telefone. Deu uma pequena espiada pelo canto do olho enquanto tomava um gole de seu café e pôde ver que tinham, pelo menos, umas três linhas piscando uma luz vermelha. Courtney esperava que a moça pudesse a atender antes.

— Vou transferir a ligação. – Disse a recepcionista. Courtney notou o cansaço em sua voz e teve pena daquela garota. Os olhos dela tinham duas bolsas enormes os acompanhando, parecia ter passado a noite inteira naquele mesmo lugar. Pousou o telefone no gancho e não conteve um bocejo. Olhou para Courtney e então disse: - Posso ajudar?

— Bom dia. Meu nome é Courtney, sou advogada. Fui requisitava pelo Delegado Pallet para defender um cliente nesta manhã. Onde posso encontrá-lo? – Perguntou ela com um sorriso agradável em seu rosto.

— Talvez na cela. – A moça respondeu. Courtney a olhou por alguns segundos considerando se deveria começar a se estressar ou não. Contudo, considerou também o horário – estava muito cedo para ela utilizar um tom alto de sua preciosa voz. – e o estado da senhorita a sua frente. Teve compaixão e riu sem graça do que ela considerou ser uma piada. A moça abriu um pouco os olhos e ficou a encarar Courtney. – Conheço você de algum lugar.

Courtney quase revirou os olhos. Quase. Sorriu falsamente.

— Acho que não. É a primeira vez que pego um caso nesta delegacia. Falando nisso, acho que estou um pouco atrasada. – Ela não estava. Courtney nunca se atrasava. – Será que você poderia falar com o Delegado Pallet?

— Não há necessidade de me chamar, já estou aqui, senhorita Delacroix. – Courtney virou-se e viu um homem magrelo de suspensório segurando uma xícara de café com o logo “Melhor Pai do Mundo”. Ela assustou-se um pouco com o cabelo dele, era tão bagunçado que parecia que ele tinha acabado de acordar. Começara a se perguntar se ficaria assim também ao trabalhar uma semana naquele lugar. A advogada sorriu levemente e apertou sua mão em um cumprimento. – Prazer em conhecê-la. Por favor, me acompanhe.

Courtney despediu-se com um aceno da recepcionista que ainda parecia a analisar com os olhos semicerrados e seguiu Pallet até o seu escritório. Ele andava vagarosamente como praticamente todo mundo naquela delegacia, o que deixava Courtney um pouco nervosa, pois ela mesma era mais dinâmica.

— Esse é o seu primeiro caso? – Pallet perguntou no meio do caminho virando-se para olhar para ela.

— Não. Trabalhei em um pequeno escritório ano passado. – Respondeu Courtney. Entraram no escritório de Pallet e este procurou uma ficha em seu arquivo. Courtney nem se sentou porque sabia que não iria ficar lá por muito tempo. Pallet a olhou pelo canto do olho e disse:

— Você parece ser mais nova. Quantos anos você tem?

— 22. – Respondeu sem muita cerimônia. Não gostava quando comentavam sobre sua aparência no trabalho. Só queria pegar o seu caso e trabalhar.  

— Está bem no comecinho mesmo de sua carreira. – Disse ele ainda procurando a ficha certa. – Ainda continua trabalhando em algum escritório?

— Não. Estou à procura de um, na verdade. – Comentou ela. “E com contratos mais duradouros” acrescentou ela mentalmente.

Pallet, encontrando a ficha, saiu da sala. Courtney apertou sua maleta e o seguiu mais uma vez. A delegacia era completamente cinza, Courtney tinha a sensação de estar com frio naquele lugar mesmo tomando seu café quente. Olhava para os lados e via várias salas com persianas entre abertas. Em uma das salas, pôde ver rapidamente um homem algemado se debruçando sobre a mesa tentando alcançar um outro, mas sendo impedido por um policial que acompanhava os dois. Courtney olhou horrorizada apertando o passo. Sua cabeça martelava se seria naquele dia que ela estaria cara-a-cara com uma pessoa violenta como aquele homem que acabara de ver. Ela não sabia se estaria preparada.

Vendo os olhos arregalados da moça, Pallet riu.

— É o seu primeiro caso criminal, não é? – Perguntou. Courtney acenou com a cabeça. – Fique tranquila, um policial te acompanhará quando for falar com o seu cliente.

Pelo que Courtney vira, aquilo não aliviava muito as coisas.

— Qual foi o crime que o meu cliente cometeu? – Perguntou ela tentando evitar o tom desesperado em sua voz.

— Briga de trânsito. – Respondeu breve. – Iria ser apenas processado pelo motorista, mas acabou tendo que passar um tempinho aqui na cadeia porque insultou um policial que resolvia a briga. Aconteceu agora pouco, inclusive. O motorista já está entrando com o processo. 

Courtney mordeu o lábio inferior. Disse a si mesma que aquela situação não era tão ruim. Não era nenhum assassino psicopata que poderia ameaçá-la de morte se ela não conseguisse ganhar o caso. Pelo menos ela esperava que não fosse. Resolveu parar de falar, tomou mais um grande gole de seu café e repetiu a si mesma o quão foda ela era como advogada e o como iria arrasar no caso. Pallet a levou para uma sala igual às outras, mas naquela em especial as persianas estavam fechadas, aumentando ainda mais a ansiedade de Courtney.

— Aqui está. Boa sorte, garota. – Disse ele dando uns tapinhas leves no ombro dela e saindo corredor a fora. Antes de entrar, Courtney respirou bem fundo e recomeçou o ritual de se enaltecer para confiar mais em si mesma. Quando finalmente sentiu-se segura, segurou sua maleta com mais firmeza, ajeitou sua postura e abriu a porta.

Porém, toda aquela autoconfiança a qual tinha preparado segundos antes caiu por terra assim que viu a pessoa sentada à mesa de metal. O corpo de Courtney gelou, seus olhos arregalaram-se de tal forma que pareciam sair quicando no chão. Ela não acreditava no que estava vendo.

— Princesa? – Duncan perguntou tão surpreso quanto ela, mas, ao contrário de Courtney, começou a dar risada. – Era só o que me faltava.

Merda. Foi tudo o que ela conseguia pensar.

Aquilo, definitivamente, não poderia estar acontecendo. Não com ela.

Courtney despertou do transe, mas começou a entrar em profundo desespero. Suas pernas estavam bambas de tão nervosa que ela estava e ela sentiu que poderia cair a qualquer momento naquela sala. O policial que a acompanhava, vendo o estado da moça, perguntou se ela estava bem e olhou significativamente para Duncan que se calou na hora, mas ainda olhava fixamente para Courtney com leve malícia.

— Eu estou bem. – Disse ela sorrindo falsamente. Sorriso esse que assustou um pouco o policial de tão forçado que pareceu. Quando o policial voltou a sua posição original, ela caminhou devagar até o lado oposto de onde Duncan sentava e puxou sua cadeira para poder sentar também. Assim que se sentou, olhou para ele e então para o seu café e tomou mais um gole enorme dele.

— É vodka? – Perguntou ele com o mesmo tom sarcástico e clássico de sempre. Courtney riu com o mesmo nível de sarcasmo e pensou que ela precisaria mesmo de vodka depois que saísse dessa sala. – Sentiu minha falta?

— Tanto quanto você sentiu a minha, suponho. – Respondeu ela. Duncan arqueou uma das sobrancelhas. Courtney observou o policial pelo canto do olho e percebeu que este não estava tão atento, portanto fez um gesto para que Duncan se aproximasse. Ele o fez já a olhando com malícia e Courtney arrependeu-se no mesmo instante, mesmo assim prosseguiu. - Escuta aqui, seu delinquente: eu estou trabalhando! Será que podemos, por favor, fingir que não nos odiamos e nos manter profissionais? Porque eu juro que se você fizer qualquer gracinha, eu... Mas que merda aconteceu com o seu braço?!

— Que tal manter o vocabulário formal, gatinha? – Duncan disse. Courtney continuou com o olhar fixo no braço engessado de Duncan. Estava tão apavorada quando o viu que nem ao menos notou que o braço dele estava daquele jeito. – Foi um dos motivos de eu ter vindo para a cadeia. – Explicou ele.

— Entendo. – Disse ela. – Tá, tudo bem. Preciso que me conte o que aconteceu nos mínimos detalhes para que eu possa fazer o meu trabalho, ok? Portanto, colabore.

— Afinal, você é advogada ou policial? Você está assustadora com esse terninho! – Exclamou ele. Courtney suspirou com tédio olhando para o seu relógio de pulso. – Ok, ok. Vou colaborar.

— Ótimo. – Abriu sua maleta tirando de lá um pequeno bloco de notas e uma caneta preta. Enquanto tirava a tampa de sua caneta, disse: - Me conte tudo desde o começo.

— Bom, eu estava com a minha moto indo trabalhar quando um babaca me fechou e me fez perder o controle total da moto. Eu caí, arrebentei o meu braço inteiro, como pode ver, e ele parou o carro.

— Ele prestou socorro? – Perguntou Courtney desviando o olhar do bloco de anotações para Duncan.

— É difícil dizer. – Duncan disse mais uma vez sendo sarcástico. Courtney revirou os olhos com tédio; - Tudo o que ele fez foi ficar gritando comigo o quão eu era irresponsável, imbecil e tapado, enquanto a mulher dele ficava chorando dentro do carro.

— Tá, o que mais? – Continuou anotando.

— Uau, você tá bem séria, Princesa. – Disse ele num impulso. Courtney o fuzilou com os olhos.

— Duncan, utilizar o termo “princesa” é antiprofissional também!

— Ok, ok, desculpa... Senhorita Delacroix. – Disse o último nome lendo no bloco de anotações dela. Então algo surgiu na cabeça de Duncan e seu rosto mostrou dúvida. – Espera um pouco, Delacroix... Esse não é o seu sobrenome.

Courtney arregalou os olhos como quem implorasse para ele parar de falar.

— Você mudou o seu sobrenome, Princesa?

— Cala a boca, Duncan. – Murmurou ela.

— Opa, alguém não está sendo muito profissional...

— Duncan! – Courtney rangeu os dentes. – Isso não é da sua conta.

— Ah, mas é claro. – Duncan ignorou. – Você não quer ser reconhecida pelo Drama Total.

— Já chega. – Courtney levantou-se. – Quer saber? Você parece estar muito mais preocupado com a minha vida pessoal do que com a sua própria que, adivinha, pode estar encarando uma multa muito alta pelo processo que já está em andamento! E, pelo julgar de como as coisas estão, você não vai ter dinheiro para pagar porque com certeza já gastou tudo o que ganhou naquele programa estúpido! – Duncan arqueou uma das sobrancelhas. Estava incomodado. – Quer dizer, se nem você mesmo está preocupado com isso, por que eu deveria? É até irônico!

Courtney soltou o ar pela boca, colocando uma das mãos na cintura. Tinha falado muito rápido em curto espaço de tempo. E lá se ia a voz dela para o resto do dia, tudo graças a Duncan. Ele comprimiu os lábios, pareceu pensar no que ela tinha dito naquele momento.

— Me desculpa. – Murmurou ele. Courtney nem acreditou quando ouviu aquelas palavrinhas saindo da boca dele. – Olha, eu realmente não sou culpado. Tipo... Eu estava indo trabalhar nessa manhã e de repente aconteceu tudo isso!

Courtney bateu o pé no chão lentamente algumas vezes. Estava decidindo ainda se deveria ou não ir embora, deixando Duncan resolver seus problemas sozinho pelo menos uma vez na vida. Seria uma ótima revanche se fosse considerar tudo o que aconteceu entre eles. É, seria. Porém, Courtney sentia no fundo que deveria continuar o ouvindo. Sem falar que ela precisava trabalhar duro para ser reconhecida por algo que não fosse a humilhação que passou no Drama Total. Ela precisava mostrar o seu real valor. Não só para o mercado de trabalho, mas para ela mesma também.

Revirou os olhos e voltou a se sentar.

— Conte o resto. – Pediu ela tomando a caneta em mãos mais uma vez.

— Ok. Bom... Depois de ele ter insultado todas as minhas gerações passadas, eu me estressei e acabei chutando a traseira do carro dele.

Courtney anotou aquilo quase rindo. Ela até riria se aquilo não fosse trágico.

— Sem surpresas nisso. – Disse ela e Duncan conteve-se para não responder de volta. Enquanto anotava, lia uma coisa ou outra no relatório da ficha policial. Foi quando uma das linhas chamou sua atenção que ela precisou interromper Duncan com um olhar assustado em seu rosto. – Você bateu nele?

— O que? Não! Claro que não! – Exclamou ele. Courtney acalmou-se. – Quer dizer, foi justamente por isso que eu chutei a traseira do carro. Para descontar a raiva e não chutar a cara dele.

— Ok, não vou anotar isso. – Disse ela referindo-se a última parte.

— Enfim, o fato é que o imbecil chamou a polícia e eu fui obrigado a esperar pelo menos meia hora até eles chegarem lá. Eu nem sei direito como aconteceu. Só sei que quando o policial chegou, o imbecil saiu do carro com o rosto sangrando e dizendo que eu tinha o agredido.

— E o policial acreditou.

Duncan riu sarcástico.

— Considerando que eu tinha acabado com a traseira do carro dele...

— Não interessa, seu braço também está machucado. Ele deveria ter verificado isso.

— Eu também acho, por isso acabei xingando a mãe do policial sem querer e, bom, agora estou aqui. – Forçou um sorriso.

Merda, Duncan! – Courtney sussurrou passando o olhar das anotações para Duncan. – Desacato a autoridade dá cadeia, seu idiota!

— Que tal mantermos isso profissional, Delacroix?

Courtney bufou revirando os olhos.

— Bom, analisando o caso com isso... – A advogada encostou-se a cadeira e começou a olhar para cima, pensando. – Você vai precisar pagar a fiança para sair daqui. Vou montar o caso com o depoimento que você deu, pegar todas as provas... – As mãos dela foram até os seus cabelos para arrumar alguns dos fios rebeldes. Estava ainda falando consigo mesma quando olhou para Duncan. Ele a admirava com uma expressão paralisada em seu rosto. Courtney franziu a testa. – O que foi?

— Você cresceu, Courtney. – Disse ele com um leve sorriso. Courtney cruzou os braços e riu.

— Acontece, às vezes.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado! Não deixe de comentar o que achou e se você curte o casal para podermos conversar (e chorar) sobre esses dois!



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