Ben E O Paraíso escrita por fckfic


Capítulo 9
Friendship Goals


Notas iniciais do capítulo

Olá, paradisers! Parece que novos leitores chegaram, sejam Ben-Viados! Esse capítulo é bem aprofundado no Ben e vocês terão algumas informações do passado... Boa leitura!



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Amizade. Durante meus dezoito anos completos de vida, posso dizer que tive muitas amizades. Parando pra pensar, meus amigos sempre foram de acordo com o momento em que eu estava. Os primeiros que consigo lembrar é de quando tinha 6 anos. Eram alguns meninos da escola onde estudava e que moravam na mesma vizinhança que eu.

Nós ficávamos andando de bicicleta pela rua. Lembro que um dia, estávamos brincando na parte de frente da minha casa, que servia de garagem. Nesse dia, eu bati a bicicleta num cano e começou a espirrar água por todo o lugar. Um dos meus amigos disse para eu fingir que não sabia de nada e fosse dormir cedo, antes do meu pai chegar. Eles me deixaram sozinho e eu avisei a minha mãe que o canal havia quebrado. Ela desligou alguma coisa que fez a água parar de espirrar. Eu fui pra cama cedo naquele dia, com medo de apanhar do meu pai quando ele chegasse. Pelo que eu me lembro, nada aconteceu.

Depois, eu lembro de quando mudei pra uma escola numa cidade vizinha, pois a escola era melhor. Era uma das melhores escolas do estado e eu fiquei deslumbrado. Eu fiz um amigo chamado Diego. Ele era um pouco nerd e eu também. Eu também tinha outro amigo, o Victor. Como estudava em outra cidade, eu ia de transporte escolar e o Victor ia no mesmo que eu e também estudava na mesma sala que eu.

Nessa época eu estava descobrindo coisas sobre a minha sexualidade. Tudo era muito confuso, mas eu já tinha noção do meu desejo por garotos. Victor tinha inveja de mim, acho que porque eu tirava notas maiores que ele. Ele me chamava de alguns nomes e lembro que às vezes fazia questão de roçar em mim e dizer coisas sexuais no meu ouvido. Nossa amizade era estranha. Parecia mais uma competição de quem era o melhor nisso ou naquilo.

Mudei para uma escola pública no ensino médio. Foi estranho porque eu sempre estudei em escola particular. Meus pais tinham medo de que eu apanhasse numa pública. Eu tinha uma visão um tanto preconceituosa sobre as pessoas que estudavam lá, mas isso mudou quando eu entrei. Primeiro, eu era o calado que não falava com ninguém e era zoado pelos outros por parecer gay.

Me aproximei das primeiras pessoas que me deram atenção, mas a gente não tinha muito assunto. Até que conheci Danielle, uma menina que era fã do One Direction, e nos tornamos amigos. Depois, mais outras pessoas com gostos parecidos com o nosso foram entrando para o squad. Eu andava apenas com meninas, então vez ou outra era intitulado de viado.

Eu agora tinha uma confiança pra reprimir o bullying que sofria. Denunciava as brincadeiras que fazia comigo e respondia as provocações afiadamente. Um fato sobre mim é que eu sou muito bom em discussão verbal. Consigo pensar rápido e sempre tento usar o humor ao meu favor, fazendo as pessoas que estão acompanhando a briga rirem.

No terceiro ano, fiz uma nova amiga, Silvana. Ela logo se tornou minha melhor amiga. Nós tínhamos gostos muito parecidos pra filmes, músicas e séries. Até hoje mantemos um contato, geralmente pelas redes sociais. Faz mais de seis meses que não a vejo pessoalmente. Ela cursa Enfermagem numa faculdade particular.

Também foi durante o terceiro ano que comecei o meu primeiro namoro. O sujeito vocês já conhecem, Jefferson. Eu o conheci por meio de alguns amigos em comum, mas nós nos aproximamos mesmo nas redes sociais. Ele me pediu em namoro por mensagem, inclusive.

Era um namoro às escondidas porque ele tinha medo de que alguém desconfiasse. Mal nos falávamos na escola, ele era de outra sala, mas nos encontrávamos depois das aulas e íamos pra um lugar um pouquinho distante e trocávamos beijos. Por mensagens, era só declaração de amor.

No segundo semestre fomos pra uma festa de um colega da escola e foi lá onde ele me traiu e eu o peguei no flagra. Brigas, reconciliações, nosso namoro foi se arrastando até eu decidi terminar quando estava perto do fim das aulas.

Por fim, chegamos a fase mais recente das minhas amizades. Chegando na universidade, eu já tinha um bom relacionamento com o pessoal da minha sala, pois nos conhecemos no dia da matrícula e fizemos um grupo no Whatsapp, onde ficávamos conversando sobre todo tipo de assunto enquanto esperávamos as aulas começando.

Porém, eu ainda não tinha alguém que já poderia chamar de amigo. Na primeira semana de aula, eu me mudei pra perto da universidade e me encontrei pela primeira vez com Cristiano e Luana, meus colegas da casa. Nós nos conhecemos num grupo de pessoas que procuravam casas perto da universidade. Os pais de Luana já tinham alugado uma casa e ela procurava por duas pessoas pra dividir.

Apesar deles serem legais, nunca foi tão próximo de Luana e Cristiano. Às vezes vemos algum filme juntos ou dividimos alguma refeição no final de semana enquanto perguntamos sobre o curso de cada um. Nunca tivemos uma conversa de verdade, sabe? Sobre coisas pessoais.

Na universidade, eu era próximo de um grupinho que já tinha fama de populares. Acontece que já na primeira semana, um dos professores passou um trabalho que se desenvolveria durante todo o período com grupos de cinco pessoas. Esse grupinho de quem eu era próximo já estava completo, então tive que procurar u outro grupo.

Perguntei no grupo da sala quem ainda não tinha grupo e recebi uma messagem no privado. Felipe disse que também estava sem grupo. Felipe foi a primeira pessoa que eu reconheci quando cheguei no primeiro dia de aula, mas nos mal conversamos na primeira semana. Ele parecia legal e não vou mentir que o achava bem bonito.

Felipe e eu fomos atrás de outras três pessoas para compor o grupo. Digamos que houve alguns atritos durante esse trabalho e no final, não acabou tão bem. As outras pessoas do grupo não tinha a menor conexão com a gente e isso fez com que Felipe e eu nos aproximassémos cada vez mais. A nota do trabalho foi um tanto baixa e eu até discuti com uma menina sobre a participação dela.

E assim Felipe e eu criamos um vínculo de amizade. Lembro exatamente do momento em que senti que éramos amigos, que tínhamos intimidade pra compartilhar coisas pessoas um com outro. Foi numa calourada. Eu estava completamente acabado de tanto dançar, sentando nos degraus de uma escada. Felipe se sentou do meu lado e parecia triste.

— Que cara é essa? – perguntei.

— Sabe o Ari? – acenei. Ari era o nosso veterano. Digamos que o povo da minha sala babava ele por ser muito bonito. – Eu gosto dele. Nós já ficamos algumas vezes, mas ele me disse que não quer nada sério e acabei de ver ele ficando com um cara da nossa sala.

— Nossa. Eu nem lembro qual foi a última vez que me apaixonei. – lembrava sim. Foi pelo embuste do Jefferson, mas não parecia o momento de eu falar do meu chifre. Na verdade, eu não sabia o que falar. – Desde quando você gosta dele? Ele sabe disso?

— Desde que eu fiquei com ele pela primeira vez numa das primeiras calouradas que teve. E ele não sabe. Pelo menos, eu não contei.

— É complicado. O melhor a se fazer é você tentar esquecer ele.

— Eu tento e pareço até que já esqueci, mas tudo volta quando vejo ele com outro. Sei que sou um trouxa.

— Todos nós somos trouxa, nem que seja um pouquinho. – começou a tocar uma música da Stefhany Absoluta e eu levantei da escada. – Vamos dançar.

Puxei Felipe e começamos a dançar a música. Foi muito legal porque logo depois começou a tocar umas bregas que eu conhecia de quando era criança. Agora era exótico pensar que o que nos fez firmar a amizade é o mesmo que pode nos afastar. Ari.

Já que falei de várias amizades e do quanto elas foram importantes pra mim, não posso deixar de citar como conheci meu atual squad. Felipe e eu fomos até uma lanchonete da universidade. Nós antes estávamos falando do famoso trabalho, mas eu acabei mudando de assunto para uma série que eu assistia e um dos personagens principais havia morrido.

— Foi muita injustiça, ele ter morrido, eu tô revoltada. – uma voz feminina falou e eu me virei para ver quem era. – Desculpa me intrometer, mas eu não conheço quase ninguém que assista essa série, apesar de eu já ter recomendado pro Brasil inteiro.

— SIM! Essa série é uma obra-prima que o pessoal está perdendo.

— Eu preciso ir. Meu pai chegou pra me buscar. – Felipe falou e eu me despedi dele com um abraço. Comprei o meu lanche, uma coxinha e uma lata de coca e fui sentar numa das mesas para comer.

Ouvi um psiu e achei que não era comigo. Outro psiu e eu olhei ao redor, vendo a mesma menina de antes acenando pra mim.

— Vem pra cá. Vamos conversar. – eu abri um sorriso e fui até ela que estava com outra menina e um menino. – Qual é o seu nome? – ela perguntou quando eu me sentei numa cadeira de frente pra ela.

— Benjamin, mas me chame de Ben. Qual é o seu?

— Micaela. Esses são Alice e John. O que você cursa, Ben?

— Arquitetura.

— Eita! – ela fez uma careta que me fez rir. – Tenho um amigo que faz Arquitetura, ele é do terceiro período. Eu faço Engenharia Agrícola. Alice faz Publicidade e John, Ciências Sociais.

— Por que você não deixa a gente falar sobre nós mesmos? – pergunta o John.

— Estou sendo educada com o Ben, viado.

— Conta outra, Micaela. Você não consegue ficar de boca fechada. – diz Alice.

— Vocês vão deixar o menino assustado. – disse Micaela.

— Por mim, tudo bem. – falei.

Micaela e eu ficamos conversando sobre a série. Depois, nós falamos sobre outras coisas que a Alice e o John também pudessem conversar, já que eles não assistiam a série. Depois, chegou um tal de Matias falando sobre maconha. Eu fiquei surpreso em como eles falavam com tanta naturalidade sobre aquele assunto.

Naquele dia, fomos todos jantar juntos no RU. Micaela disse que eles costumavam ficar naquela lanchonete antes e depois das aulas. Foi assim que fiquei amigo deles e como o Felipe estava cada vez mais próximo de mim, nós dois entramos naquele círculo de amizade.

O que não esperávamos é que o amigo veterano que Micaela tinha era Ari. O Ari era o mais distante, mas sempre nos encontrávamos nas festas e ele ficava um tempo com a gente. Ele não fazia parte de nenhum squad e por isso perambulava por todos que conhecia.

Após dois períodos completos, o nosso squad já estava mais que fortalecido. Nós saíamos quase todas as sextas e almoçávamos e jantávamos juntos no RU.

Vocês já pensaram por que são amigos dos seus amigos? Eu acho que a minha resposta pra essa pergunta é porque eles me fazem bem. Eles me divertem, mas também me apoiam nos momentos em que a coisa tá feia. Somos tão parecidos em algumas coisas, mas diferentes em outras. Estamos sempre discutindo, de maneira saudável, e no fim um pode até ficar com raiva do outro, mas isso logo passa.

Eu não imagino quem eu seria se não fosse todos os amigos que já tive. Cada um contribuiu para algo na minha personalidade, tanto positivamente, como talvez negativamente.

Talvez toda essa reflexão seja pelo fato de eu ter perdido o meu melhor amigo, ao menos temporariamente. Ou talvez porque eu estou fazendo aniversário e é normal esse clima de nostalgia e lembranças.

Entro na sala de aula e algumas pessoas começam a cantar parabéns pra mim. Maldito Facebook que faz o favor de lembrar esse tipo de coisa e provoca esses momentos vergonhosos. Vamos lá, sejam sinceros. Sem o Facebook, quantas datas de aniversário você lembraria? A de todos os seus colegas de sala? Eu aposto que ninguém ali lembrariam a minha sem a rede social, só o Felipe.

Depois de receber alguns abraços, fui me sentar no lugar de costume. Bem no fundo, onde eu pudesse dar uma escapada da aula de vez em quando com um cochilo, sem ser notado.

— Hey. – eu estava olhando para o meu celular, mas levantei rapidamente a cabeça, pois eu reconhecia bem aquela voz. – Feliz aniversário!


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Notas finais do capítulo

Vocês se identificam com alguém desse squad? Comentem aí o que acharam do capítulo. E como será que vai ser esse aniversário do Ben, ein? Até o próximo capítulo!



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