Uma semana depois..

Kurt recebeu alta hoje, estou pensando o que eu vou fazer. Se eu vou pra casa com ele ou se volto pro hotel. Estou com medo das coisas desandarem e ele não lembrar nunca mais de mim.

Resolvi ir com ele pro apartamento, ele não pode ficar sozinho ainda está em recuperação. Chegamos ao apartamento e arregalamos os olhos.

— BEM-VINDO DE VOLTA KURT! – todos gritam juntos.

O team estava reunido, Sarah estava lá também com Sawyer e até Ellie veio com Bethany. Kurt ainda não viu Bethany estou ansiosa pra ver sua cara quando ele a pegar no colo.

— Bem-Vindo, Kurt. – diz Sarah o abraçando. – Eu senti muito sua falta.

— Obrigada, Sarah. – ele diz sorridente. – eu também senti sua falta.

— Hey, Kurt bem-vindo de volta da terra dos dorminhocos. – Allie vem na sua direção e o abraça. – Bem, sua filha está aqui, mas está dormindo quando acordar você poderá pegá-la.

— Obrigada Allie. – ele gargalha. – Ai meu Deus! Eu esqueci que tenho uma filha com você.

— Não é engraçado, Kurt. – Allie diz séria. – Bethany sente muito a sua falta.

— Me desculpe, eu só quis descontrair. – ele diz. – Quero muito vê-la, mesmo que eu não me lembre dela.

Todos vieram abraçaram ele e desejaram boas vindas. Eu fiquei pra trás observando tudo e sorrindo. Independente do que está acontecendo ele está vivo, e está em casa. Estou feliz.

Algum tempo depois Allie aparece com Bethany nos braços, Kurt fica encantado com a filha e a embala nos seus braços, ela começa a chorar e ele franze o cenho. Ele olha pra mim e sorri, eu sorrio de volta. Sempre adorei a forma que Kurt cuida de Bethany, mesmo que ele não se lembre dela na sua mente o seu corpo sabe exatamente o que fazer. Ele logo a colocou em pé no seu colo e deitou sua cabeça no seu ombro como sempre fez e ela logo parou de chorar.

Anoiteceu e todos começaram a se despedir, Allie voltou pro colorado com Bethany e disse que logo voltaria para visitar-nos. O team também foi embora, Sarah disse que ia pra um hotel com Sawyer por que não queria nos atrapalhar eu briguei com ela e disse que não precisava ficar no hotel que temos o quarto que ela ocupava antes. Mas ela insistiu que deveríamos ficar a sós, não entendo o porquê já que ele não lembra nada de mim.

Durante a semana que passamos no hospital desde que ele acordou, conversamos bastante, rimos um do outro, ele pegava em minhas mãos. Toda vez que ele me olhava e me tocava me fazia lembrar de antes dele ser baleado, quando eu insistia em manter distância dele. Agora estou aqui sofrendo e ele nem se lembra de mim.

— Jane! Está tudo bem? – ele pergunta se aproximando de mim.

— Sim! Só estou um pouco cansada o dia foi agitado. – eu falo sorrindo.

— É verdade, estou um pouco cansado também. – ele diz sério se aproximando mais de mim, encurtando o espaço que o impedia de me abraçar.

Ele envolve seu braço em minha cintura olhando no fundo dos meus olhos. Eu abro a boca pra falar, mas as palavras não saem. Quando menos esperei ele levou sua outra mão livre ao meu cabelo e puxou meu rosto para encostar seus lábios nos meus.

Assim que nossos lábios se encontram sinto uma descarga elétrica passar pelo meu corpo. Eu estava esperando por isso há muito tempo.  Mas agora não seria à hora certa pra isso acontecer, do que adiantaria nos beijarmos se ele ao menos se lembra de mim? Foi pensando nisso que me afasto dele com a mão nos meus lábios. Aperto os olhos com força criando coragem de falar.

— Não podemos fazer isso. – eu falo triste.

— E por que não Jane?! – ele pergunta confuso. – Você não é minha esposa?!

— Sim, mas isso não é certo. – eu falo. – Você não se lembra de mim Kurt, isso dói.

Ele me encara triste e se afasta de mim.

— Me desculpe, não tinha a intenção de te magoar. – ele diz.

— Está tudo bem. – eu falo e respiro fundo.

— Eu não consegui me controlar, senti uma vontade louca de te beijar e não hesitei. – ele diz sincero.

Fico encarando seu rosto e ele me encara de volta sinto meu corpo queimar e não consigo mais me conter.

— Que se dane! – eu falo e me aproximo dele envolvendo seu pescoço com meus braços colando nossos lábios novamente.

 O beijo começa casto, mas a vontade toma conta de mim e movimento meus lábios fazendo com que os dele se abram um pouco e nossas línguas encostam uma na outra, começamos uma dança lenta e sensual. Ele me abraça pela cintura e me aperta ao seu corpo, fazendo com que o calor que eu estava sentindo se concentrasse abaixo do meu ventre.

De repente ele me afasta bruscamente e fica me encarando com os olhos arregalados.

— O que houve?! – eu pergunto preocupada, tomando fôlego.

— E.. eu lembrei de algo. – ele diz sério.

— Isso é ótimo, Kurt! – eu falo sorrindo. – O que lembrou?

— De você! – ele diz e sorri. – Você estava linda naquele vestido branco.

— Ai meu Deus! – levo minhas mãos á boca e meus olhos lacrimejam. – Você lembrou-se do nosso casamento.

— Eu me lembro de você com o buquê nas mãos vindo em minha direção. – Ele diz agora sorrindo. – Eu estava tão feliz.

— Nós estávamos muito felizes. – eu falo agora deixando as lágrimas escorrerem por meu rosto.

De repente Kurt fecha os olhos com força tombando pro lado, eu agarro seu braço tentando ampará-lo antes que ele se desequilibre e caia.

— Kurt! Você está bem? – pergunto preocupada arrastando ele pra sentar no sofá.

— Sim, estou. – ele diz colocando a mão livre na cabeça e respirando fundo. – Eu só fiquei um pouco tonto, deve ter sido por causa das lembranças.

— Bem que o doutor disse que a amnésia era passageira. – eu falo sorrindo pra ele.

Mas no fundo tenho medo, por que ele vai lembrar que não estávamos muito bem quando ele foi baleado. Que eu fui idiota e o fiz sofrer indo embora. Meu Deus! eu quase o perdi por causa de minha teimosia, ainda bem que ele é cabeça dura e não desistiu de mim.

— Jane! – ele fala um pouco mais alto. – Estou falando com você.

— Me desculpe não ouvi, estava distraída. – eu falo.

— Eu percebi. – ele diz. – O que estava pensando?!

— Em nada demais. – eu falo disfarçando e me levanto indo até a cozinha pegando uma garrafa de água na geladeira.

— Jane?! – ele diz sorrindo de lado.

— O que?! – eu falo de costas pra ele.

— Eu sei que está mentindo. – ele diz revirando os olhos. – Vem cá!

Ele dá batidinhas no sofá me chamando para que eu sente ao seu lado. Eu coloco o copo de água em cima do balcão e caminho até o sofá me sentando ao seu lado. Ele vira de frente pra mim e eu faço o mesmo, ele estica sua mão indo de encontro á minha que estava apoiada em meu colo e as pega esfregando os seus dedos em minhas mãos suavemente.

— O que estava pensando?! – ele pergunta agora sério encarando meus olhos, eu seguro o ar sentindo seu toque.

— Em mim, em você, em como eu sou idiota! – solto o ar que estava segurando desviando os meus olhos dos seus.

— Não diga isso, Jane. – ele diz entrelaçando nossos dedos.

— Você não se lembra, Kurt então não sabe o que está dizendo. – encaro nossas mãos entrelaçadas e minha garganta dá um nó, sinto muita falta de seus toques.

— Realmente não lembro. – ele diz. – Mas meu instinto me diz que está errada.

Eu encaro seu rosto e fecho os olhos com força tentando segurar as lágrimas que já queriam sair.

— Me sinto mal por não lembrar nada e não poder te entender. – ele diz triste.

— Não é culpa sua, Kurt. – soltos nossos dedos que estavam entrelaçados e acaricio sua mão.

— Eu sei! Mas eu me sinto mal, já faz alguns dias que acordei e não me lembrei de quase nada. – ele levanta bruscamente coçando a nuca nervoso.

— Não fica assim, vai dar tudo certo. – eu falo me levantando e ficando de frente á ele. – Logo você vai lembrar.

— Eu fico preocupado com você. – ele diz segurando meus braços e esfregando os dedos por ali.

— Não se preocupe comigo, estou bem! – eu falo e sorrio pra ele.

— Eu sei que não está, e sei que antes de tudo isso acontecer estávamos com problemas em nosso casamento. – ele diz sério.

— Sim estávamos, e quero muito resolver, mas vou esperar o momento certo pra isso.

— E quando será isso?! – ele pergunta impaciente.

— Quando você se lembrar de tudo. – eu falo o encarando.

— E se eu não lembrar?! – ele pergunta sua voz ficando um pouco mais alta e sua respiração acelerada.  – eu não quero isso, Jane! Eu quero lembrar todos os nossos momentos juntos e.. e..

— Calma, Kurt! – eu falo ficando nervosa com a agitação dele. – Você vai lembrar na hora certa, não fique agitado.

— Eu preciso lembrar, Jane eu preciso!

Ele começa a puxar o ar com força como se estivesse com falta de ar, e a agitação que ele estava sentindo não era boa para sua recuperação, então eu agi por instinto pegando sua mão e coloquei junto ao meu peito em cima do meu coração.

— Hei, hei! – eu falo chamando sua atenção. – estou aqui! Estou aqui com você!

Nossos olhos se encontram e os dele estão com lágrimas empoçadas, ele fecha os olhos e eu fico observando suas reações cuidadosamente, queria muito que ele se lembrasse de tudo de uma vez, pra essa agonia acabar e resolvermos nossos problemas.

— Kurt, hei! Olhe pra mim. – eu peço preocupada.

Ele abre os olhos devagar e sorri.

— Você é incrível, Jane! – ele diz e eu não entendo. – Você tem um poder muito grande sobre mim.

— Por que diz isso?! – eu pergunto confusa.

— Por que eu me lembrei de mais uma coisa. – seus olhos brilham e seu sorriso aumenta. – Eu me lembrei de quando eu fiz essa mesma coisa com você.

Eu arregalo os olhos surpresa e  fico feliz por estar o ajudando, fico tão feliz que mais uma vez deixei meus medos de lado e colei nossos lábios num beijo suave e cheio de saudade.