Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 14
Após a tempestade...


Notas iniciais do capítulo

Presente pra Kika por ter terminado o curso.
Parabéns, amora! Foi sofrido, mas valeu a pena! Ou não XDD

Possível que eu edite o título de alguns capítulos passados. Recebi recomendações melhores pra eles. O desse atual, por exemplo, poderia ser trocado por 'Dupla prensada' ou algo do tipo -q

Boa leitura!



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Quando uma pessoa costuma levar tudo na brincadeira, é difícil distinguir quando ela começa a falar a sério. Mesmo com várias tentativas, perde-se a credibilidade por brincar num momento importante. Takeo tinha esse defeito. Ele brincava com tudo e, se desse um voto de confiança, logo teria a prova que não valia a pena, pois ele iria se aproveitar na primeira oportunidade. A sorte dele é que raramente precisava de ajuda para algo, então continuava aprontando, sem se impor limites. Mikaru não queria levar a sério aquela ameaça de ficar ali até contar a verdade, mas alguma coisa no olhar do amigo dizia que ele não estava brincando e não queria pagar pra ver.

 

— Nós fizemos uma aposta. – Mikaru contou com um suspiro, se remexendo incomodado. Não gostava de se sentir preso daquela forma, sem poder se mover livremente. Se não estava em pânico no momento, era por confiar que o amigo não faria nada de mal – Não posso contar todos os termos, mas preciso ficar longe por um tempo.

 

— Você fez uma aposta? Com o Mikaru? – Takeo encarou-o incrédulo, sem acreditar em nada daquilo. Hayato não era dado a entrar em jogos. Não fazia sentido.

 

— Sim, com ele.

 

— Você é idiota?!

 

— O que?

 

— Mikaru não tem cara de quem entra em um jogo pra perder. O que vocês apostaram?

 

— Ele vai parar de dar em cima de você e implicar comigo se eu vencer. Vai aceitar nosso namoro. – aquele foi o motivo mais idiota que conseguiu inventar, mas esperava que desse certo.

 

— Você e suas paranóias… ele não dá em cima de mim, Hayato. Nós somos só amigos.

 

Mikaru encarou o guitarrista com atenção, imaginando de onde havia surgido aquele lado inocente. Era claro que ele dava em cima! Principalmente quando Takeo começava a soltar indiretas. Aproveitava cada brecha que via pela frente e se não havia investido mais, era por gostar e respeitar Katsuya.

 

— Isso é o que você diz. Eu prefiro arriscar, se isso vai tirá-lo do caminho.

 

— Então, quer dizer que pra ganhar, eu não posso chegar perto de você?

 

— Basicamente isso.

 

— Até quando vai essa aposta idiota? – Takeo finalmente o soltou e se afastou, encarando-o chateado.

 

— Não posso contar.

 

— Tudo bem… Só espero que isso não seja motivo pra uma briga entre a gente, ainda mais por culpa dele. Mikaru estourou a cota de quantas vezes pode interferir no nosso relacionamento.

 

Por aquela Mikaru não esperava. O amigo podia ter acreditado, mas não ficou nada feliz, pelo contrário, praticamente o ameaçou. Tinha se livrado de contar a verdade e agora estava se sentindo mal por ter deixado Takeo chateado. Maldita troca…

 

— Eu não acredito… – Shiroyama exclamou após um instante de silêncio, atraindo a atenção de Mikaru, que ergueu o olhar – Você tá loiro!

 

— O que?

 

— Seu cabelo! Você tá loiro!

 

— Só notou agora? – Mikaru passou a mão pelos fios, a única coisa que considerava decente em sua aparência no momento.

 

— Sim! Com toda essa correria, nem prestei atenção! – Shiroyama se aproximou novamente, passando a mão com carinho – Eu deixo você sozinho por uma manhã e você faz isso. O que vem a seguir? Uma tatuagem?

 

— Acho que não seria tão radical… Ficou ruim?

 

— Não… está diferente. Eu gostava das mechas avermelhadas…

 

— Ah… eu volto ao normal depois. Só queria testar algo novo.

 

— Eu posso me acostumar. – sorriu de canto, bagunçando os cabelos com um cafuné antes de puxá-lo para um abraço – Pelo menos te abraçar eu posso?

 

— … pode.

 

Takeo sabia que o namorado estava mentindo só de encará-lo. Ele desviava o olhar enquanto falava. E o que lhe doía mais era saber que a mentira havia sido planejada, já que ele não estava nervoso o suficiente para beliscar o lábio. Aquilo sempre acontecia quando algo o incomodava. Essa história de aposta era muito esquisita, mas não aguentou vê-lo triste. Seja lá o que fosse, Hayato estava se esforçando para esconder e não queria pressioná-lo demais.

 

Contudo, alguma coisa dentro de si dizia que aquele não era o seu Hayato.

 

* * *

 

Hayato sentiu um frio subir por sua coluna e não tinha nada de agradável na sensação. Seu corpo ficou tenso enquanto ele encarava um ponto fixo na mesa, pensando em como fugir daquela situação.

 

Lidar com o Katsuya fofo e gentil era fácil, sempre conversavam e riam muito, dava conselhos e se divertia em como ele falava a respeito de Mikaru, mas lidar com aquele lado ousado era novo e estranho, além de deixar claro que o garoto não estava com pensamentos castos.

 

— Rápido demais? – a mão foi retirada de sua cintura e o rapaz se afastou, dando a volta na mesa e puxando uma das sacolas para ajeitar o próprio almoço. Namorava Mikaru há tempo o suficiente para saber quando ele não queria ser tocado.

 

Hayato murmurou um pedido de desculpas, dizendo que logo voltaria e tratou de seguir até o quarto, se trancando no banheiro. Seu corpo não deveria reagir daquela forma! Não com outro homem! Sabia que sentia falta do namorado mas não imaginou que fosse tanto! Queria transar e seu corpo concordava plenamente com a ideia. Mas não com o homem que o esperava na cozinha. Nunca!

 

Retirou as roupas e descartou-as no chão, mudando a temperatura da água e se enfiando debaixo da ducha fria. Precisava resolver aquele probleminha no meio das pernas.

 

Ergueu o olhar atônito, a mão cobrindo os lábios, como que para abafar um grito. Ele não podia nem sonhar em fazer aquilo! O pior é que havia visto algo que não podia apagar tão fácil da memória.

 

Deixou a água cair sobre o corpo, esperando que ela fizesse o efeito desejado sozinha, só saindo dali quando começou a sentir frio. Ainda enrolou algum tempo no closet, andando de um lado para o outro vestido com o roupão, como se tivesse muita opção para escolher, até se lembrar de duas peças em particular, revirando o fundo da gaveta atrás das roupas que deu para o amigo no Natal; a camiseta e short estampados de coqueiro. Se aquilo não fizesse o garoto recuar, teria que tratá-lo friamente, do pior modo que conseguisse imaginar.

 

Adiou aquele momento o máximo que pode, repetindo a si mesmo que não podia ficar trancado no quarto até Katsuya ir embora. Ele iria estranhar a situação e poderia ficar chateado com sua atitude. Não queria causar problemas na relação dele com Mikaru. Para piorar ainda estava com fome e o rapaz fizera o favor de comprar comida para os dois. Não podia fazer essa desfeita.

 

Voltou para a cozinha sem nenhuma pressa, pensando em todas as coisas ruins que podia se lembrar, tudo para que não se animasse demais com outra situação constrangedora. Não viu o garoto por ali, mas imaginou que ele ainda estivesse pela casa, já que não ouviu a porta sendo aberta. Pegou o almoço e saiu da cozinha comendo-o pelo caminho, procurando pela sala e biblioteca, mas foi encontrar o garoto sentado no jardim, aproveitando a sombra da lateral da casa.

 

— Oi… – Hayato aproximou-se ressabiado, mas imaginou que ficaria tudo bem ao ser recebido com um sorriso, indo se sentar ao seu lado.

 

— Eu gosto da vista daqui. Principalmente quando está escurecendo.

 

— Hm… é bonito, sim.

 

Hayato sentou ao seu lado, mas Katsuya não continuou a conversa, deixando-o comer em paz. Ele também não sabia sobre o que conversar e temia voltar à cena de instantes atrás, então preferiu não dar brechas. Notou que sabia muito pouco a respeito do namoro dos dois. Katsuya sempre aparecia para pedir conselhos de como lidar com algumas situações, mas não sabia como eles agiam em situações cotidianas. Mikaru também se negou a dar muitas informações, preferindo que ele fingisse estar ocupado com o trabalho e o pouco que falou não se mostrou útil naquela situação.

 

Observou quando o rapaz olhou a tela do celular, possivelmente conferindo as horas, pois logo voltou a guardar o aparelho e se levantou.

 

— Eu preciso ir.

 

— Já? Ainda está cedo… – Hayato deixou a comida de lado, se levantando também. Será que o magoou muito?

 

— Eu contei pra minha mãe o que houve na cafeteria e ela ficou preocupada. Preciso ir lá pra ela conferir com os próprios olhos que estou bem. – sorriu ao se lembrar do que ela disse ao telefone, negando com um aceno. O sorriso era por outro motivo também, mas era melhor não rir alto.

 

— Entendi… vai voltar pra dormir aqui?

 

— Não… você disse que vai ver o andamento do serviço da empresa, não é? Vou aproveitar esses dias de folga e estudar um pouco. Eu ando relaxado.

 

— Faz bem. Então… marcamos de sair depois? Um cinema ou algo assim?

 

— Claro! Me liga quando terminar seu serviço.


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Notas finais do capítulo

Continua!



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