Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 13
Dente por dente...


Notas iniciais do capítulo

Quem vai curtir feriado prolongado? lol
Pra quem não vai, um docinho pra animar algum leitor por aí...

Boa leitura ^^



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Takeo estava gargalhando fazia uns cinco minutos e não parecia nem um pouco inclinado a parar. Sabia que o começo da amizade entre o namorado e o amigo de infância havia sido conturbado e sempre imaginou como seria se os dois um dia fossem amigos de verdade, mas nunca, em todos aqueles anos, imaginou que veria Mikaru fazendo massagem em Hayato. Se não os conhecesse de verdade, poderia supor que estavam tendo um caso, mas tinha certeza que aquilo era impossível. Mikaru não era o tipo de pessoa que fingia gostar ou desgostar dos outros. Ele conseguia deixar bem claro o que sentia, fosse com um olhar de desprezo ou de admiração. Hayato sempre recebeu o primeiro tipo e Katsuya o segundo.

 

— Eu sempre quis que vocês fossem amigos, mas superaram minhas expectativas! – Takeo se aproximou ainda sorrindo, recebendo um olhar de reprimenda de Hayato enquanto Mikaru se afastou, desviando o olhar – Então, vão me contar o que aconteceu pra estarem tão íntimos?

 

— Bom… nós… – Hayato tentou explicar, mas imaginava que a situação vista de fora seria bizarra. Tinha que fingir que era Mikaru e dizer que não era da conta dele, mas não conseguia fazer isso com o namorado! Além disso, Mikaru também o tratava bem. Estava encurralado.

 

— Estou ensinando ele a fazer massagem. – Mikaru abriu um pequeno sorriso e suavizou o tom de voz, como se tentasse soar gentil e, pela primeira vez, Hayato notou o esforço que ele fazia para fingir ser quem não era – Ele disse que queria fazer algo diferente com o Katsu.

 

— Algo diferente, é? Pensei que não fosse adepto a essas coisas. – o sorriso sacana do guitarrista aumentou, irritando Mikaru ao máximo, fazendo-o ter vontade de bater no amigo. Como ele podia ser tão sem escrúpulos?

 

— Não é o tipo de coisa que está pensando! – Hayato também tentou interpretar o personagem, analisando o que Mikaru faria naquela situação, mas estava em pânico. Takeo levava tudo na brincadeira, mas era observador. Ele notaria qualquer deslize. Respirou fundo pensando em alguma mentira para contar, mas foi poupado de continuar com a entrada da supervisora que parecia muito séria.

 

— Meninos, estamos com um probleminha sério na cozinha. – Miura sentiu o clima estranho na sala, mas não era hora de se preocupar se estava interrompendo uma conversa importante. Seu emprego dependia daquele tipo de decisão e atitude.

 

— O vazamento de gás? – Hayato havia conversado com a moça sobre aquele problema, mas com toda essa correria da troca, acabou se esquecendo de chamar alguém pra arrumar.

 

— Isso. Antes a gente só sentia o cheiro do gás escapando de algum lugar, mas podia ser o normal do fogão funcionando, mas agora a pouco uma chama acabou acendendo no meio da cozinha. Aozora-san fechou o registro, mas está com receio de ligar de novo. Não podemos preparar nada por aqui desse jeito.

 

— Se tivessem avisado na reunião, já teria sido resolvido! – ralhou Mikaru, seguindo o grupo e tendo Takeo logo atrás – Melhor fechar a cafeteria. Não vamos correr o risco de acontecer algum acidente. – parou de caminhar assim que chegou ao pé da escada, virando-se para Takeo – Consegue tirar os clientes sem assustá-los? E os funcionários também. Peça para não comentarem nada.

 

— Deixa comigo. E tomem cuidado.

 

Takeo passou de mesa em mesa, tentando ser rápido e ao mesmo tempo cuidadoso na escolha de palavras para não causar alarde. A última coisa que precisavam era de gritos e correria. Acompanhou todos para a saída, deixando um funcionário responsável por não permitir a entrada de ninguém, exceto bombeiros e policiais, se fosse o caso.

 

Voltou para os fundos do salão, entrando na cozinha onde o grupo se reuniu para discutir o problema. Mikaru estava ao telefone, certamente solicitando os serviços de algum especialista, enquanto Aozora explicava melhor para Hayato e Miura o que havia acontecido.

 

— Já tirei todo mundo. É grave? – Takeo questionou o namorado, mas foi o cozinheiro quem se prontificou a responder.

 

— Está tudo desligado, então não tem risco de explodir. Mas também não tenho coragem de acender um fósforo aqui dentro.

 

— Acho que vamos ficar alguns dias fechados… – Mikaru suspirou desanimado, mas a vontade era gritar com Shiroyama e Izumi.

 

Ele havia sugerido, quando conversaram a respeito de montar a sociedade e a cafeteria, que era bom comprar um terreno pois ele iria colocar o pessoal da sua empresa para construir tudo do zero, mas não, Izumi tinha que escolher um prédio pronto, porque era mais barato e numa localização que ele gostava.

 

— Vão mandar alguém pra olhar. – Hayato se aproximou do grupo, massageando a nuca com força – Devíamos ter olhado isso antes, eu esqueci completamente.

 

— Não é culpa sua, Mikaru. Você tem muita coisa na cabeça, é normal esquecer. – Takeo tentou consolar o amigo, sem notar que o verdadeiro Mikaru queria a cabeça dos dois. Ele tinha uma memória excelente! Nunca esqueceria algo importante como aquilo!

 

— Pelo menos temos o seguro. – Mikaru lembrou, lançando para Hayato um olhar cheio de significado – Por que não pede pro seu pessoal vir dar um olhada? Vocês trabalham com construção, não é?

 

— Ah, sim… Sim, trabalhamos. Vou pedir para alguém vir também.

 

Hayato pegou o celular mais uma vez, fingindo fazer outra ligação enquanto se afastava para que não ouvissem que ele não falava nada. Não sabia quem procurar naquela situação! A secretária do Mikaru? Nem sabia o nome dela ou seu telefone! Olhou de relance para o grupo, recebendo um aceno positivo de Mikaru, então imaginou que estava no rumo certo. O sócio ia resolver isso depois, quando não tivesse ninguém por perto.

 

Mikaru dispensou o cozinheiro e a supervisora assim que terminaram a conversa, pedindo para Takeo avisar aos funcionários que ficariam fechados por alguns dias para reforma e que entraria em contato quando fossem reabrir.

 

Somente quando se viram sozinhos novamente é que puderam respirar aliviados. Hayato estendeu o celular para Mikaru que negou com um aceno, repassando instruções do que fazer e para quem ligar. Precisava mesmo falar com a secretária dele, pois ela poderia ajudar no problema, mas como conhecia a voz do chefe, não podiam trocar as tarefas.

 

Voltando para o salão, a dupla se sentou numa mesa onde Takeo já os esperava, informando que havia dispensado todo mundo. Teriam que aguardar a equipe de manutenção chegar para repassar o ocorrido e só então poderiam ir embora. Combinaram também que Mikaru ficaria responsável por acompanhar o serviço, mas ele ligaria para Hayato caso precisasse se ausentar ou trocar alguma ideia.

 

* * *

 

— Que problemão vocês foram arrumar! – Takeo suspirou aliviado quando chegaram em casa, jogando os coturnos num canto e entrando descalço em casa, abrindo a porta da varanda para ventilar antes de se jogar no sofá – Achei que Mikaru ia querer a cabeça de todo mundo, mas até que você controlou bem a situação.

 

— Como é? – até Shiroyama estava apontando-o como o ruim da história? Sinceramente, não sabia o que havia feito para receber aquele tipo de julgamento.

 

— Bom, ele avisou dos riscos de adquirir um prédio usado, mas a gente quis mesmo assim e agora deu nisso. Mas eu sei que ele vai conseguir resolver, só temos que dar apoio se ele precisar. – acenou para o namorado, chamando-o para sentar ao seu lado, abrindo espaço no sofá – Você foi rápido em pedir pra tirar todo mundo. Gostei de ver, morango!

 

— Ah… obrigado. Acho que foi a agitação do momento. – Mikaru deu de ombros, sentando no braço do sofá e recebendo um olhar enviesado – O que?

 

— Senta aqui perto pra gente conversar. Até parece que está com medo de mim.

 

— Claro que não. Só estou cansado. Foi uma situação tensa. Estava pensando em tomar um banho e deitar um pouco. – conforme pedido, Mikaru se aproximou, sentando no espaço vago e ganhando um sorriso satisfeito como resposta – Você não tinha mais aulas pra hoje?

 

— Tinha mais duas, mas mandei mensagem cancelando enquanto conversavam na cozinha. Eu não ia conseguir concentrar estando preocupado.

 

— Entendi… bom, acho que vou mesmo pro banho.

 

— É? Não vai me convidar pra ir junto? – Shiroyama se sentou quando o namorado levantou, encarando-o pedinte.

 

— Hm… não. Você vai me enrolar e não vai me deixar descansar. Fica pra próxima.

 

— Como se você tivesse algo importante pra fazer depois. Não ia dormir? Pelo menos podemos descansar juntos.

 

— Mas nesse caso eu não ia só dormir, ia apagar até amanhã.

 

— Como você é mau… – Takeo acompanhou-o até o quarto, provocando pelo caminho na esperança que o namorado mudasse de ideia, mas parecia em vão. Até que se lembrou de um detalhe, segurando-o pelo braço e empurrando contra a parede – E massagem, posso fazer?

 

— O que? Não… eu não preciso de massagem agora. Só quero um banho.

 

— Mas você deixou o Mikaru fazer em você. – pousou uma mão em seu ombro, pressionando de leve – Viu? Está tenso.

 

— Não estou tenso e ele é péssimo naquilo. Já tive o suficiente de massagem por hoje.

 

— Hmm que morango azedo! Não pode usar o Mikaru de base, ele não deve ser bom com as mãos. Talvez não pratique no garoto com frequência… Vou te mostrar como faz.

 

— Olha, essa história de vazamento me deixou cansado. Vamos deixar pra outro dia, por favor?

 

— Tudo bem, você venceu. Nada de massagem. – Takeo suspirou fundo, dando-se por vencido. Fechou os olhos, negando com um aceno, para depois encarar Hayato com um sorriso de canto, segurando-o pelo queixo – Eu sei que você e o Mikaru estão aprontando alguma. Não tenho a menor ideia do que seja, mas acredito que explica porque você está arredio. Pode repetir que está cansado quantas vezes quiser, mas você não sai daqui enquanto não me contar o que é.

 

* * *

 

Hayato agradeceu ao motorista pela carona, mesmo sabendo que ele não o responderia. O homem era calado, dissera Mikaru. Já havia tentado conversar com ele também, mas só o básico era respondido. Como Mikaru prezava a privacidade e o homem tinha boas referências, logo foi contratado.

 

Retirou os sapatos na entrada e afrouxou a gravata, praguejando mentalmente contra o vestuário de Mikaru, uma parte de si agradecendo por poder ficar uns dias sem vestir nada tão formal, enquanto a outra parte chorava pela sua cozinha. Não havia muito o que fazer agora. A equipe de manutenção começaria os reparos no dia seguinte, então só precisava esperar.

 

Agora que a adrenalina havia cessado, o corpo dava sinais de cansaço e, principalmente, de fome. Havia passado e muito do horário de almoço e com a correria no prédio acabou esquecendo de comprar algo no caminho. Teria que ver o que Mikaru tinha na geladeira e se virar para preparar algo. Caminhou desolado até o outro cômodo, mais uma vez naquele dia sendo surpreendido por alguém o puxando pelo pulso.

 

— Que bom que você chegou! Eu já estava ficando preocupado!

 

— Katsuya? O que está fazendo aqui?

 

— Eu pensei em esperar do lado de fora do café, mas imaginei que você não fosse gostar de chamar atenção, então vim pra cá. Está tudo bem?

 

— Sim, tudo bem. Vão começar a reforma amanhã, então vocês terão alguns dias de folga.

 

— Não a cafeteria. Você! – Katsuya apoiou as mãos nas laterais de sua face, erguendo-a para analisar melhor – Eu vi quando saíram correndo das escadas e pelo salão. Não se machucou? Está pálido…

 

— Eu estou bem. Foi só um susto. – Hayato abriu um pequeno sorriso para tranquilizar o rapaz, mas recebeu um olhar estranho, junto com um abraço que não teve como recusar.

 

— Sinto muito. Queria estar perto pra ajudar… – Mikaru havia admitido que estava assustado. Aquilo foi um choque para Katsuya, acostumado a ter o namorado sempre se fazendo de forte, em qualquer situação que fosse. O problema realmente deve ter sido grave e agora o sentia tão pequeno e indefeso – Tem alguma coisa que eu possa fazer por você?

 

— Não… é sério, eu realmente estou bem. – Hayato precisava se afastar pois começava a se sentir desconfortável e envergonhado. Agora que parava para pensar, nunca havia recebido um abraço tão protetor do rapaz. Talvez um como cumprimento de aniversário ou Natal, mas não sem motivos, apenas para confortá-lo – A cafeteria também vai ficar bem. Não se preocupe, ok?

 

— Tem certeza? Se quiser, pode ficar lá em casa durante esses dias. Pra não ficar aqui sozinho e pensando no que aconteceu.

 

— Na verdade, estou pensando em ver como anda a empresa, então não vou ficar parado por aqui e sua casa fica longe… – não queria mentir para o amigo, mas era isso ou ter que fingir ser Mikaru por mais tempo e pior, para os sogros dele. Era melhor manter distância – Vamos pedir comida? Eu acabei não almoçando…

 

— Ah! Eu trouxe! Peguei no caminho pra cá, imaginei que fosse esquecer na correria. – puxou-o pela mão até a cozinha, mostrando as sacolas na mesa – Talvez precise aquecer.

 

— Obrigado. Salvou o dia.

 

Katsuya estava feliz por ter ajudado o namorado, mesmo que com tão pouco, mas ouvi-lo dizer que salvou o dia tornou tudo melhor.

 

— Já que eu salvei o dia, mereço uma recompensa, não é? – Katsuya se aproximou por trás enquanto Hayato olhava as sacolas, pousando a mão em sua cintura e sussurrando em seu ouvido – Izumi-san interrompeu a gente mais cedo, mas agora estamos sozinhos…


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Notas finais do capítulo

Alguém confundiu os personagens ou está tranquilo pra saber quem é quem?
Até o próximo!



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