Aquela noite em si parecia obscura demais. Itia percebeu o quanto as estrelas estavam ocultas de sua visão.

Os maus presságio arrebatavam o Grande Mestre como o próprio vento cortante que drapeava sua túnica. Ele fechou a janela e deu as costas para as trevas e naquele instante, apenas por um breve instante ele sentiu como se fosse ser atacado. Fora apenas mais uma impressão macabra.

França

— Radamanthys! Aiacos! Minos! - chamou a garota impaciente.

— Sim, Senhorita Pandora… - disseram os vassalos em uníssono.

— Falta apenas um único componente para o que precisamos fazer…

Enquanto a jovem se dirigia aos Espectros, o garotinho brincava com certa inocência com alguns brinquedos de madeira o jovem tinha cabelos castanhos, mas outrora eram claros como o amanhecer, seus olhos navegavam entre um tom de azul límpido e um verde vivo.

— Senhorita Pandora do que se trata o que falta ao Imperador Hades? - perguntou Aiacos de Garuda.

— A carne do inimigo tirada sem consentimento.

Os olhos dos Juízes do Inferno cintilaram como estrelas noturnas.

Santuário de Athena

Ainda que seu corpo parecesse muito débil, a sua velocidade fazia dele um brilho dourado atravessando o Santuário.

Tal brilho áureo prostrou-se ante as três silhuetas negras que pareciam avançar para o Santuário.

— Quem diria, que teria de sair do Salão do Grande Mestre para me colocar novamente diante de vocês.

— Veja se não é o Grande Mestre do Santuário? - disse Minos, um dos três juízes.

— A que devo a visita dos Três Juízes do Inferno? Radamanthys de Wivern, a Estrela Celeste da Fúria. Minos de Grifon, a Estrela Celeste da Nobreza. Aiacos de Garuda, a Estrela Celeste do Heroísmo. Os três mais poderoso entre os 108 Espectros das Estrelas Malignas de Hades.

— Na verdade viemos buscar algo.

Os três se movimentaram rapidamente cercando Itia. No entanto sob o elmo Itia sorria. Quando os Juízes avançaram com punhos em riste para atingir o torso de Itia, eles foram parados por escudos dourados.

— São…

— Os Escudos da Armadura de Libra!

— Como… como ele está os controlando?!

— Ele sequer está vestindo a armadura!

— Eu sou Itia o Santo de Ouro de Libra. Eu sobrevivi a antiga guerra Santa e herdei o Santuário para preparar a geração seguinte para enfrentar vocês! Acreditam mesmo que meros espectros poderiam tocar um dedo em mim?!

As palavras de Itia eram fortes como trovões e ele permanecia imóvel com os braços frente ao corpo e as mãos cruzadas apoiadas sobre a bengala de madeira irregular. Os escudos por sua vez rotacionavam a uma velocidade alucinante em torno do libriano.

— Maldito Papa! - bradou Radamanthys - Eu vou acabar com isso! Gliding Roar (Rugido Deslizante)!

Como os escudos giravam em tordo de Itia a certa altura do chão Radamanthys passou deslizando entre as armas e o chão alcançando Itia, porém foi surpreendido quando seu golpe foi parado por um tridente.

— O que é isso? - o Wivern se espantou e saiu do raio dos escudos giratórios.

Quando deram por si ao lado de Itia estavam as doze armas de libra flutuando através do cosmo do Grande Mestre que seguia na mesma posição.

— Você é um homem perigoso Itia… seu poder está além de nossa imaginação, mas temos uma missão e acabaremos com você!

Nesse momento as armas entraram em posição de alerta como se empunhadas por soldados reais. Os escudos finalmente pararam girar, mas ainda oscilavam na altura dos ombros de Itia. Ainda que detivesse total controle das 12 Armas de Libra, Itia sabia que seu corpo não responderia exatamente como deveria num embate físico.

Aiacos avançou sem temer o poder que as armas douradas poderiam ter, seus punhos estavam carregados de fúria e ele socou o solo afim de criar uma ruptura que desestabilizasse o oponente, no entanto o corpo de Itia levitou, e ele olhou para o Garuda no mesmo instante que um dos tonfás arremeteu-se na direção do Juiz. Do lado oposto quem atacava era Minos que descia em diagonal em um chute poderoso que teria acertado o rosto do Pontífice não fosse a intervenção do escudo de Libra. De trás dele a espada manejada através do cosmo do Libriano bradou-se contra o Espectro que se protegeu em suas asas, a lâmina, porém, tirou lascas da sobrepeliz.

Ainda que a habilidade de Itia fosse gigantesca ele iniciara o combate ciente de que seu corpo não correspondia mais ao de 250 anos atrás quando batalhara com os mesmos juízes no século XIII. E foi exatamente nesse ponto que seu corpo falhou em atenção e Itia não percebeu Radamanthys se aproximando. A Estrela Celeste da Fúria o apanhou pelo antebraço segurando firme em seu punho girando o próprio com força para movimentar o Papa no ar.

— Maldito Santo de Athena eu vou acabar com você!

Porém antes mesmo que Radamanthys pudesse completar seu arremesso seu corpo foi envolvido por um iceberg de gelo que prendeu a mão de Itia.

— Então você veio…

— Uma oscilação cósmica desse nível não seria diferente…

Se livrando das armas os outros dois avançaram com fúria…

— Galactica Death Bling (Resplendor da Morte Galáctica)!

— Cosmic Marionetion (Marionete Cósmica)!

— Khan!

— Bra…Brafmah!

— Dois de meus companheiros se levantando para a luta e eu não poderia permanecer apenas sentado em Jamir…

Ainda que, dos três, apenas Krest trajasse sua armadura completa o poder dos sobreviventes da Guerra Santa passada era gigantesco o suficiente para impedir o avanço dos juízes, buscassem eles o que quer que fosse.

— Itia consegue se desfazer disso? - perguntou Krest fazendo menção a mão de Itia presa no bloco de gelo.

— Só existe uma forma.

Chamando para sua mão destra a Espada Sagrada, Itia desferiu um golpe sem pensar na altura do pulso decepando a própria mão.

— Vamos acabar com isso!

Os três cosmos se elevaram ao ápice, mas nesse momento, onde o ataque dos cavaleiros de ouro era iminente, uma energia muito superior à dos juízes se agigantou aplacando o campo de batalha.

— Que poder é este?!

No céu as marcas de duas estrelas emitiram um brilho tão intenso que cegou os cavaleiros e ao reduzir-se os espectros haviam desaparecido sem deixar rastros.

O corpo de Itia fraquejou, mas antes de cair foi amparado por Krest.

— Vamos Itia…

França

Os espectros caíram aos pés de Pandora seus corpos emitia uma fumaça diferente. O bloco de gelo que aprisionava Radamanthys se espatifou completamente

— Eu não acredito que precisaram de uma intervenção para sair dessa missão! - Pandora foi enérgica com os subordinados.

— Senhorita… nós…

— Sem “nós…”! Conseguiram o que lhes ordenei.

— Senhorita… - Minos foi quem tomou a palavra.

— Sim Senhorita. - Radamanthys interrompeu - Aqui está.

Ele se ajoelhou erguendo abaixando a cabeça e erguendo as mãos como uma bandeja na direção da garota. Sobre as palmas estava a mão de Itia.

— Carne do inimigo tirada sem consentimento… - os olhos da garotinha cintilaram e um riso maquiavélico pairou em seu rosto juvenil.