O Mito das Guerras Santas - O Legado dos Gêmeos escrita por Waulom Amarante


Capítulo 1
Capítulo I - Convocação Em Jamir (Jamiel)


Notas iniciais do capítulo

Aqui começa uma nova jornada...
Uma nova guerra Santa se inicia e com ela a sangrenta batalha para proteger a humanidade dos Deuses.



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Ainda que os olhos humanos não percebessem, as estrelas já sabiam. O destino que estava, nelas, escrito, era quase indecifrável para os demais, porém para aquele que presidiria o santuário de Athena, olhar para as estrelas era como uma conversa com o cosmo, a leitura de um livro. Saber o destino.

Isso não era de forma alguma uma benção, como alguns poderiam pensar, - refletiu o patriarca enquanto vislumbra o céu noturno pontilhado de estrelas, como um manto negro pontuado de brilhantes - poderia ser uma maldição, uma responsabilidade sem tamanho, um peso ao qual não deveria ser entregue a um mortal.

Itia caminhou novamente para dentro do templo do Star Hill, sentou-se um pouco, ainda que seu corpo fosse o de um santo, sua vitalidade ainda era mortal e já podia sentir as agressões do tempo.

— Não é tão tarde… eu ainda vou aguentar um pouco mais… até que você escolha…, mas eu sei que já está decidido… - ele falava olhando para o elmo do Grande Mestre entre suas mãos - eles já nasceram… e certamente um deles será o seu escolhido. Porém o futuro nunca está totalmente escrito.

Jamir, Tibete

Um jovem estava sentado diante de uma mesa. A sua frente um grande livro, páginas envelhecidas, capa escura de couro. As letras médias enchiam as páginas formando um texto pesado para leitura. O que iluminava o recinto era apenas a luz vinda de uma janela aberta.

O cotovelo esquerdo apoiado sobre a mesa, com o antebraço sustentando a cabeça tombada. Ainda que a teologia fosse algo do seu interesse, em definitivo, era um assunto denso demais.

Uma sombra formou-se sobre as páginas amareladas pelo tempo.

— Você deveria estar estudando junto comigo. - ele disse sem se virar, mas se dirigindo ao visitante.

— Você sabe que as leituras são por sua conta…

— Ambos teremos funções parecidas, Hakurei.

— Sim… - o jovem de cabelos prateados salto para dentro do quarto com os braços cruzados atrás da cabeça e caminhou displicente até a mesa perpendicular à janela - dar suporte ao santuário restaurando as Sagradas Armaduras de Athena… eu sei Sage, eu sei…

— E como pretende servir uma deusa se não sabe os ideais pelos quais ela luta, contra quem ela luta e o que ela protege?

— Sabe, Sage, estamos em papéis invertidos aqui. Eu sou o mais velho eu quem deveria dar sermões - disse o garoto sentando sobre a mesa ao lado do livro velho.

Em suma os dois eram tidos como gêmeos, porém Hakurei era o mais velho entre eles. Os dois nasceram sob a regência de uma mesma constelação, a constelação que rege o poder entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Câncer, quarta constelação zodiacal.

A conversa foi interrompida com sons à porta.

— Está vendo? Batendo na porta… isso é sinônimo de civilidade, não entrar pela janela como um selvagem…

Hakurei fez uma careta e deu de ombros para a fala do irmão.

— Ah! Obrigado…

Sage retornou com um papiro nas mãos ao abrir reconheceu de imediato a letra.

— O que é? - perguntou Hakurei curioso.

— É um chamado do líder do Clã.

— O que você aprontou irmãozinho?

— É para nós dois.

Uma surpresa se instalou no rosto do gêmeo mais velho.

Assim como todo as construções em Jamir a morada do líder do clã não era luxuosa e cercada de adornos, se destacava das demais apenas em tamanho. Quando os gêmeos chegaram foram recebidos por dois auxiliares do líder que já os conheciam afinal eles eram alunos do mesmo desde a tenra infância. Como conheciam o caminho chegaram rápido ao andar superior. Eles bateram na porta de madeira simples do aposento do Líder.

— Entrem jovens…

Antes de adentrar o recinto eles se curvaram em respeito. Deram alguns passos adiante e se ajoelharam frente ao ancião.

Atrás do velho havia uma imagem grande esculpida num painel de pedra de mármore da deusa Athena. Nas paredes do fundo pequenos altares esculpidos na própria estrutura ostentavam as imagens de budas.  Esculturas maiores também adornavam o recinto, o que deixava a imagem de Athena com um destaque ainda maior.

— Foram bem pontuais.

— Não entendemos o porquê de uma convocação tão repentina… - se adiantou Hakurei.

— Vocês irão para o Santuário.

A surpresa agora tomava o semblante de ambos.

— Nós iremos para o Santuário?! - disseram em uníssono.

— Sim. Como sabem apoiamos o Santuário como um apoio, uma retaguarda. Fazendo o reparo das armaduras. - a respiração dele era leve e o seu tom de voz era de uma tranquilidade sem tamanho - Este convite é uma grande honra para vocês.

— Estamos honrados, mestre, mas meu irmão menor, Sage, e eu estamos treinando muito para sucedê-lo.

Ao passo que Hakurei respondeu atropelado, Sage pareceu reflexivo sobre o anúncio feito pelo Mestre. Mas o gêmeo mais velho continuou sua retórica.

— Nós estudamos artes, estratégia, teologia e as técnicas de reparação das armaduras. É inusitado que nos peçam uma mudança de vocação do nada.

O silêncio de Sage prosseguia reflexivo.

— E é exatamente por isso que quero que partam e vejam o mundo pelos olhos de um Santo.

A serenidade e a resposta em si fizeram calar Hakurei e o Mestre de Jamir prosseguiu.

— Há coisa que não se pode entender em um lugar tão isolado como esse. Hoje, por exemplo, vocês não entendem o valor que tem o mundo que queremos proteger. O perigo de perder uma vida alheia. Sabem quão preciosa pode ser a vida alheia?

Aquelas palavras… eram como se o mestre de Jamir conseguisse abraçar o mundo com seus sentimentos.

— Não é só isso - prosseguiu - vocês também não conhecem a alegria de ter amigos… amigos dispostos a dar suas vidas para protege-los.

— A… migos… - Hakurei hesitaria finalmente.
E nesse momento foi quando Sage se manifestou.

— Eu… entendo…

O turbilhão de sentimentos dominava o gêmeo mais novo agora.

— Nós nos tornaremos Santos! E voltaremos aqui! - a resposta veio como um baque em Hakurei.

— Sage…!

— Irmão, com certeza o Mestre está certo. Há coisas nesse mundo que poderemos ver, se estivermos enraizados aqui. Limitados neste lugar. Iremos experimentar coisas novas que só farão mais fortes nossos corações e nossas habilidades. Haverá alegria e também tristeza. E, irmão… você definitivamente não é o tipo de pessoa que foi feito para ficar confinado em Jamir.

— Sage…

— Quero te ver sorri livremente, é assim que quero te ver… - Sage tomou a mão de Hakurei.

— Estaremos juntos para sempre!

Nesse momento Hakurei se fez entender que o destino podia ser alterado. Não havia uma forma na qual você foi moldado a ponto de não conseguir transcender seus próprios limites.

— Olha como fala! - Hakurei deu um largo sorriso prendendo a cabeça de Sage com uma chave de braço e bagunçando seu cabelo. - Nem parece o pequeno Sage. - ele parou a brincadeira olhando nos olhos do irmão. - Você tem razão. Tudo vai ficar bem enquanto estivermos juntos.  E além do mais você é cheio de sabedoria e eu sou uma explosão de poder. Formamos uma bela dupla. Seremos grandes no Santuário, concorda Sage?!

O irmão mais novo afirmou apenas com a cabeça.

No céu anoitecendo uma constelação brilhava mais intensa, era Câncer. Aquém dela uma outra constelação começa a se iluminar… Altar.
No Santuário o Elmo do grande mestre ressonava uma nova energia…


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Notas finais do capítulo

No próximo Capítulo:
Capítulo 2: Até o Santuário



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