Dancing With Death escrita por Tetekah18


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi oi! Muito tempo que eu não aparecia? Vim com um capítulo fresquinho. Perdão por sumir, mas agora com universidade fica muito difícil, mas vamos seguindo. De pouquinho em pouquinho termino mais uma fanfic!



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—Está quase na hora.— disse Sonya terminando de arrumar os cabelos de Rose. A garota olhou para ela através do espelho, estava nervosa. Seu terceiro e último dia de apresentação. Ela se perguntava, como no dia anterior, se aquele homem apareceria outra vez. Era um desejo idiota, apenas vê-lo mais uma vez, mas ainda sim ela queria que acontecesse.

—Me deseje sorte.— comentou Rose enquanto se levantava. Já havia calçado as sapatilhas de ponta. As ataduras enroladas aos seus pés recém-recuperados e, por sorte, sem bolhas ou feridas. Era a última apresentação da semana. Em breve, outra peça seria ensaiada. Ainda não sabia qual, mas desde aquela tarde ela fantasiara qual seria.

—Você não precisa.— Sonya respondeu virando Rose pelos ombros para que ficassem frente a frente. —Sabe a peça de cor e vai se sair tão bem quanto nas outras vezes.— as duas espelharam um pequeno. —Vá, está na hora.— cortou a mais velha com delicadeza. Rose seguiu para a coxia, a apresentação começaria outra vez.

Ouviu a conhecida música soar por todo teatro, esperou o momento de sua deixa e um último pensamento cruzou sua cabeça antes de se perder em meio à dança:

Que ele esteja lá, que esteja me vendo.

[...]

A peça terminou e como nos outros dias, ela não pôde entrar em seu camarim de imediato. Muitos a felicitavam e alguns com buquês nas mãos. Ela estava cansada, mas cumprimentava a todos.

—Mais uma vez, encantadora, senhorita.— comentou na sua vez o mesmo loiro de olhos jade da primeira noite. Ela vasculhou o espaço, mas nem sinal do oficial. —Para você.— continuou o loiro entregando a ela um buquê de cravos brancos. Não eram as mais bonitas nem as suas favoritas.

—Obrigada.— agradeceu já se retirando com o buquê em mãos. Estava decepcionada e não entendia o porquê.

—Talento e amor ardente!— exclamou Sonya quando ela fechou a porta já no cômodo.

—O que?— Rose questionou confusa.

—As flores.— disse como se fosse a coisa mais óbvia. Rose olhou com desdém para o buquê antes de jogá-lo em cima de um sofá. —O Coronel-General não apareceu?— perguntou Sonya enquanto Rose se trocava.

—De que isso importa?— retrucou amargurada. Ela não estava a fim de conversar sobre isso. Sonya notou que o homem não aparecera e respeitou a vontade da mais nova. —Me ajuda com essa coisa?!— Rose apareceu saindo de trás do biombo¹ após trocar-se tentando fechar o vestido, mas o espartilho não fora apertado direito.

—Claro.— Sonya foi em seu socorro. Rose odiava essas roupas. As que ela usava no Império Otomano eram muito mais práticas. —Tenho algo que vai gostar.— a mais velha falou ao se afastar.

Rose observou Sonya pegar uma caixa com uma rosa negra. Ela sorriu levemente. Sabia que era de sua família. Das últimas vezes foram apenas as rosas, mas agora havia algo mais. Rose se sentou em uma poltrona e abriu apressada a caixa. Havia uma adaga com a ponta curva. O cabo e a bainha eram banhados a ouro com pedras preciosas. Era realmente belo.

“Não se esqueça de suas origens.”

Rose leu no bilhete que estava dentro da caixa em sua língua materna. Sorriu saudosa. Era tão característico de seu pai. O exagero em pessoa. Lembrou-se dele todo ornamentado em seu traje de sultão como era de costume. Tanto ouro que se ficasse em baixo do sol forte poderia cegá-la.

—Vamos logo pra casa.— disse Rose mais animada guardando seus pertences. Sua atual meta era chegar em casa, pôr os pés de molho na água quente e escrever para seus pais.

[...]

Com apenas dois dias de folga, Rose teve que voltar aos ensaios. Com uma bolsa de pano muito maior que o habitual que as mulheres usavam no dia-a-dia, Rose começou a se acostumar com os olhares para ela. Tanto pela bolsa que carregava quanto pela sua aparência que destonava das habitantes locais. Ela não tinha a pele em tom quase pálido, nem cabelo ou os olhos claros. Seu nariz não era comprido e afilado como o das russas, mas pequeno e um tanto arrebitado com uma pequena bola na ponta, quase imperceptível em sua pele bronzeada. Não era em excesso, mas próximo à pele alva deles aparecia a diferença.

Sua caminhada chegou ao fim entrar pelos fundos do teatro. Trocou-se apressadamente e seguiu para o palco com as sapatilhas e ataduras em mãos. Cumprimentou os colegas e se sentou no chão para se calçar. Estava aliviada pela instrutora ainda não ter chegado.

—Soube que a Jekaterina se afastou.— uma das garotas comenta.

—Ela engravidou.— a outra murmura.

Rose ouve a última parte. Ela já havia escutado rumores semelhantes. Cavalheiros mais afortunados iludindo-as apenas para deixá-las a mercê. Isso sempre fora algo comum na história da humanidade e preocupação dos pais por gerações. Entretanto, no meio artístico era mais evidente. As histórias circulavam por trás das coxias como os rios se direcionavam para o mar. Sonhos de inúmeras jovens destruídos.

Rose apenas desejava que não caísse em uma dessas armadilhas.

—Deixem de conversa, temos uma nova peça para ensaiar. Não tenho o dia todo!— com sua “finesse”, Kirova iniciava mais um ensaio batendo no chão com sua bengala de enfeite. Era apenas um objeto muito bem trabalhado que servia para evidenciar a própria autoridade.

Ao ficar de pé, Rose quase perdeu o equilíbrio quando alguém se esbarrou nela. Levando seu olhar até a outra garota, percebeu seus gélidos olhos azuis acinzentados. Não pareciam felizes e seu sorriso forçado apenas evidenciava. Rose tentou lembrar o nome dela. Tinha ouvido muito sobre ela, era a antiga primeira bailarina. Ela se esforçou para recordar ao se posicionar no palco.

Are... Avi... não, Avery.

Avary Lazar.

[...]

—Senhotita Hathaway?

Rose ouviu pouco tempo depois de terminar o ensaio.

—Pois não?— perguntou confusa, virando-se para uma jovem loira de olhos cor de mel, parecia ter a mesma idade que ela.

—Necessito saber as suas medidas...— respondeu a jovem levantando uma fita métrica enroscada em suas mãos.

—Oh, claro.

—Poderia me acompanhar, senhorita?

—Me chame apenas de Rose...— quase implorou.

Não estava acostumada ao sobrenome de solteira de sua mãe. Até chegar àquele país, nem mesmo de senhorita a chamavam. Era “Sultana Rosemarie” para todos os lados. Claro, um ato de respeito de seu povo. Ainda sim, “Senhorita Hathaway” parecia extremamente errado.

—Poderia vestir?— a jovem perguntou após anotar as medidas de Rose. Estendeu a bela fantasia de camponesa com cor azul celeste e uma bela rosa vermelha enfeitando o busto. Estava levemente desbotada, mas ainda sim, muito bonita.

—Claro.— e então parou pouco antes de chegar ao biombo. —À propósito, qual o seu nome?

—Sydney Sa... Semenova.— a loira se enrolou para falar.

Rose compreendeu como nervosismo dela, já que não parecia ser de falar muito, e sorriu.

—Prazer em conhecê-la.

[...]

Cantarolando a música da nova peça, saiu do teatro pelas portas laterais. Queria voltar para casa e contar as novidades à Sonya, sobre sua fantasia e a peça que faria parte. Ela certamente daria risada quando contasse, diria que ela se encaixava bem no papel de “La Fille mal gardée²”.

—Boa tarde, senhorita.- Rose ouviu uma voz masculina, mas continuou seguindo. Não deu importância à voz longínqua. —Que bela coincidência.— comentou o homem loiro de olhos jade já ao seu lado, o mesmo homem da primeira noite no teatro.

—É o que parece...— ela deu um sorriso amarelo.

—Gostou das flores?— o homem insistiu caminhando ao seu lado.

Ela puxou em sua mente, vindo a imagem dos cravos não muito atrativos para seus olhos. Nem mesmo o cheiro forte a agradava.

—Sim, senhor...— não sabia o nome dele, mas tentou ser o mais educada possível.

—Conde Ivashkov.— falou quase que com desdém do próprio título. —Mas para a senhorita, apenas Adrian.— pegou uma das mãos dela e a beijou de forma delicada, fazendo-a parar. —Ao seu inteiro dispor.— sorriu galante.

Rose não sentiu nada em definitivo. Ficou estática. Era um cavalheiro insistente, e mesmo que muito bonito, não a tinha tomado de fato sua atenção. Apenas a fazia lembrar da história que ouvira mais cedo. Será que ele já havia estragado o sonho de alguma garota do teatro?

—Obrigada.— respondeu puxando sua mão de volta suavemente.

—Me daria a honra de acompanhá-la até em casa?

—Não será necessário.— ela o olhou de lado, já caminhando outra vez.

—Essas ruas podem ser perigosas...

—Não se preocupe, sempre faço esse mesmo trajeto.

—Eu insisto.

Rose se controlou para não revirar os olhos. Um par de gritos ou uma simples ordem no palácio em que vivia seria capaz que calar a boca de qualquer um que não fosse seus pais e seu irmão. Entretanto, já não estava mais lá. Era a vida comum que tinha de se acostumar, tinha que se virar.

Respirou fundo e teve uma ideia quando se aproximavam de uma esquina.

—Está ouvindo?— Rose perguntou parando abruptamente.

—O que?— o Conde a olhou confuso.

—Tem alguém chamando.

—Quem?

—Ao senhor.— ela insistiu e apontou para trás. —Parece soar de lá.

Ele olhou para o meio da multidão, sem identificar coisa alguma.

Essa foi a deixa dela.

Rose saiu em disparada para a esquina mais próxima, passando pela rua secundária. Nem mesmo olhou para trás em algum momento. Um jovem muito insistente, até demais para o gosto dela. Ela não deixaria homem algum estragar seu sonho, sendo Conde ou não.

1-Biombo: anteparo ou divisória móvel, ger. feita de caixilhos ou de folhas de madeira fina, articuladas por dobradiças, freq. forradas com papel, couro, pano etc., us., num aposento, para demarcar um espaço, criar uma área resguardada ou servir de anteparo, quebra-vento etc.

2-La Fille mal gardée: A Filha Mal Educada (tradução livre).


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Notas finais do capítulo

Beijos da Raposa!



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