Nights With You escrita por Chloe Less


Capítulo 4
Capítulo 4 - A noite em que você me salvou


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Happy Valentine's Day! Como vocês estão?
Então, queria começar dizendo um segredo para vocês. Eu sou a Dory. Aquela peixinha esquecida do filme Procurando O Nemo. E pq estou contando isso pra vcs? Pq esqueci que a fic foi inspirada em uma música da MO, com o mesmo nome da fic, chamada Nights With You.
É uma música boa e eu acho que combina com o capítulo principalmente, então se quiserem escuta-la, é uma boa ideia.
Bem, encontro vocês lá embaixo.
Boa Leitura!



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Eu não conseguia acreditar que ele estava dormindo. Não. Ele só podia estar brincando. Coloquei a mão perto de seu nariz, sentindo sua respiração pesada. Inferno. Ele estava realmente dormindo.

Depois de tudo que eu havia feito para ele o dia todo, os biscoitos que ele achava idiotice, as flores pelo correio elegante, o presente que eu havia passado horas escolhendo. Eu havia pensado em casa detalhe.

E como ele retribuía depois de todo o esforço? Depois de ter me entregado para ele? Mike havia apenas virado para o lado e dormido.

Não entendia os motivos. Eu era uma boa namorada, porque ele não havia se esforçado? Porra, eu nem ao menos havia chegado perto o suficiente de gozar.

Irritada demais comigo, por insistir em um relacionamento ruim e por tentar tanto agradar a Mike, e completamente sem sono, peguei meu celular.

Tem como o dia ser mais broxante? Coloquei em meu status. Segundos depois Edward me respondeu.

~Edward C. [21:10]: Seu namorado broxou?

~Bella S. [21:11]: Antes fosse, gozou em dois minutos, virou para o lado e dormiu.

~Edward C. [21:12]: Meus sentimentos, mas não consigo parar de rir.

~Bella S. [21:12]: Eu também riria se ele não estivesse roncando do meu lado. Vai que ele acorda e quer uma segunda vez?

~Edward C. [21:13]: É pior do que eu imaginava. Você tem dedo podre, Bella.

~Bella S. [21:14]: Não acreditava nisso, mas depois de hoje. O pior é que agora estou completamente entediada e não posso sair daqui.

~Edward C. [21:14]: Por que não?

~Bella S. [21:14]: Mamãe e eu mentimos que eu dormiria em uma amiga.

~Edward C. [21:15]: Quer sair?

~Bella S. [21:15]: É o que eu mais quero.

~Edward C. [21:15]: Eu sei de um lugar que você vai curtir. Vou te levar para sair, passo aí em 30 minutos.

~Bella S. [21:16]: Que?

~Bella S. [21:16]: Edward?

~Bella S. [21:16]: É maluquice, como vou sair daqui sem acordar ninguém? E se Mike acordar de madrugada?

~Bella S. [21:17]: Tudo bem, maluco. Estou te esperando.

Mike ao meu lado continuava alheio a tudo, dormindo em um sono profundo, provavelmente de consciência limpa. Edward tinha razão, eu tinha o dedo podre.

Vasculhei minhas redes sociais enquanto esperava por Edward, o Instagram lotado de imagens sobre presentes fofos e jantares românticos. Rosalie havia ganhado um anel de Emmett, Victória e Jane haviam saído para jantar, Jéssica havia postado suas dezenas de rosas recebidas pelo correio elegante. Todos pareciam felizes. Por que eu havia escolhido tão mal?

~Edward C. [21:35]: Estou aqui em frente, te esperando. É só descer.

~Bella S. [21:36]: Não sei como vou conseguir, os pais do Mike têm sono leve e eles não sabem que eu estou aqui.

~Edward C. [21:36]: Merda, Bella.

~Bella S. [21:36]: Eu sei. Só piora.

~Edward C. [21:37]: Tô vendo uma escada aqui fora, você consegue abrir a janela?

~Bella S. [21:37]: Vou tentar.

Juntei minhas coisas na mochila que eu havia trazido, calcei minha sandália e andei com cuidado até a janela de Mike, implorando aos céus que tivessem piedade e o mantivessem dormindo.

Abri a janela com o maior cuidado possível, esperando quando Mike fazia algum barulho na cama. Quando abri o suficiente para que eu passasse, joguei minha mochila para Edward, que pegou antes que caísse no chão, sai do quarto e fechei a janela. Estava feliz de não ter medo de altura.

Quando terminei de descer, Edward colocou a escada onde havia encontrado e assim que ele voltou, me joguei em seus braços.

— Obrigada por me salvar, Capitão Kirk – falei beijando sua bochecha.

— Sempre que precisar, jovem donzela –  disse me apertando. –  Pronta para salvar esse dia?

—  Eu nasci pronta –  respondi animada.

Ele me estendeu um capacete em seguida, o mesmo que havíamos comprado juntos, poucos dias atrás.

—  Sua carruagem, princesa –  disse me ajudando de cima a subir na moto.

Me ajeitei atrás de Edward, apertando firme em sua cintura. Ali em cima, atrás de Edward e em cima de uma moto, soube que o dia não estava perdido.

Miramanee além de linda, era potente e veloz. Queria ser irresponsável por alguns momentos e tirar o capacete, apenas para sentir o vento em meu rosto, mas me contentei em apenas senti-lo em meu corpo, vibrando com o vento que eu conseguia sentir por cima da blusa que eu havia colocado.

Edward não havia me falado para onde iriamos, mas eu confiava nele e ele provou que era digno de confiança quando começamos a nos aproximar do Centro Histórico de Sacramento. Eu amava aquele lugar, toda a arquitetura antiga, as janelas bem desenhadas, os prédios que pareciam carregar milhões de segredos. Cada detalhe me transportava para uma outra época.

Quando paramos em frente ao local, eu quase gritei de emoção, eu sempre senti vontade de conhecer o River City Saloon*. O local tinha cavalos de mentira na frente, parte da decoração, como se estivessem estacionados. A porta e a varanda da fachada te transportavam para um outro tempo.

Dentro do salão, o clima continuava te levando ao velho oeste, com as paredes vermelhas, um pôster falso de procurado na porta, o chão amadeirado e um bar retrô. Assim que entramos o country, que já dava para ser ouvido do lado de fora, nos acolheu. O local estava cheio de casais, alguns no bar, outros em mesinhas e muitos na pista de dança, dançando animados.

As pessoas estavam vestidas a caráter, as mulheres com vestidos que pareciam saídos do faroeste, divididas entre sapatos de bonecas e botas country. Os homens com cintos largos, camisas e bandanas amarradas no pescoço. Homens e mulheres de chapéus. Meu vestido tomara que caia e a camisa xadrez de Edward se destacavam na multidão.

Edward logo me arrastou por entre as pessoas, me levando até o charmoso bar. Um homem e uma mulher tomavam conta do bar, o homem com os cabelos lisos e castanhos, a pele clara com marcas de idade e os olhos azuis. A mulher parecia um pouco mais jovem, os cabelos negros soltos dentro de um chapéu, as feições delicadas.

— Oi tia Carmen, oi tio Eleazar. –  Sorriu Edward sentando em um dos banquinhos.

— Quanto tempo, menino. Quase não vem nos ver. – Ralhou a mulher que agora eu sabia se chamar Carmen.

— Tia, nós almoçamos juntos no domingo. – Edward revirou os olhos.

— Mas só porque nós fomos até a sua casa – retrucou.

— Vamos lá, querida. Não vamos assustar a bela moça que Edward trouxe –  pediu Eleazar. – Sou Eleazar Cullen, tio desse garoto. –  Sorriu estendendo a mão e se apresentando.

— Bella Swan. – Sorri de volta.

— Oh, que nome mais adorável! Combina com você, garota. Sou, Carmen Cullen, tia desse garoto desnaturado.

— O que vocês querem beber? É por conta da casa – ofereceu Eleazar.

— Coca-Cola, por favor – pedi.

­– Duas.

— Olha só, você nem tentou me convencer a te dar álcool – elogiou Carmen.

— Meu pai é delegado, estou acostumada a seguir as regras – dei de ombros.

— Ih, Edward! Tome conta da garota, hein! – disse Eleazar.

—  Isso aí, nada de aprontar. Ou o pai dela pode sumir com você. – Completou Carmen rindo.

Carmen entregou nossas Coca-Colas e foi atender outro cliente, Eleazar fez uma porção de batatas, nos deu um par de chapéus e acompanhou a esposa.

Edward e eu comemos por alguns minutos, observando as pessoas dançando com maestria, como se fossem profissionais ou como se dançassem desde sempre, apostava na segunda opção.

No instante em que acabamos com as batatas, uma música animada do Blake Sheldon começou a tocar

— Me concede essa dança? – pediu Edward com um sorriso torto no rosto.

— Sempre. – Concordei.

Eu amava dançar, não tanto quanto amava cantar e tocar, mas amava, talvez isso tivesse vindo no pacote. Mamãe me colocou no balé logo cedo e eu permaneci lá até começar a aprender violão, mas a alegria nunca saiu dos meus pés. Mesmo não fazendo mais aulas, eu assistia vídeos de coreografia no YouTube e ser líder de torcida me permitia continuar dançando. Então, apesar de não ser a melhor dançarina de country, fui observando os passos das mulheres ao meu redor e me soltando na pista junto com Edward.

Nós dançamos duas músicas agitadas e eu já sentia uma vontade imensa de jogar minhas sandálias para longe, estava agradecida por ter trocado a pequena calcinha por uma confortável, ou nesse momento eu já estaria sem.

A música agitada foi trocada por uma lenta, nas primeiras notas eu já reconheci Need You Now, do Lady Antebellum. Edward deu seu melhor sorriso para mim, reconhecendo a música, como se dissesse “é a nossa banda”.

Os casais que antes dançavam animadamente, rodopiando e girando pela pista, se aproximaram de seus parceiros para dançar aquela música. Edward depositou as duas mãos em minha cintura e eu prendi meus braços atrás de seu pescoço.

Nós nunca havíamos ficado tão próximos um do outro, mesmo quando estávamos cantando. Eu conseguia sentir seu hálito quente em minha testa e mesmo com a sombra do chapéu, era possível enxergar as pequenas sardas, quase imperceptíveis, que ele tinha nas maçãs do rosto. Edward é lindo.

A música calma e romântica logo foi substituída por uma mais agitada, fazendo com que todos comemorassem e voltassem a rodopiar pela pista e eu arrastasse Edward de volta para o bar, meus pés estavam me matando.

Assim que encostamos no bar, Carmen arrastou Edward de volta para a pista, dizendo que fazia muito tempo desde que não dançava com seu sobrinho favorito, que Edward confessou ser o único, já que ela dizia que Alice era a sobrinha favorita.

Havia outra pessoa cuidando do bar, uma garota que parecia apenas um pouco mais velha do que eu, com cabelos loiros e completamente cacheados, que eu não tinha visto antes de dançar. Então Eleazar conseguia dar atenção aos clientes ao mesmo tempo em que conversava comigo.

— Há quanto tempo você e Edward estão juntos? – perguntou o moreno.

— Não estamos juntos – respondi corando e rindo. – Somos só amigos.

— Vocês não me enganam, eu vi vocês na pista de dança. Tinha faísca ali, vocês estavam conectados, em sincronia – argumentou.

— Nós cantamos juntos no coral da escola, talvez seja por isso – falei torcendo que ele aceitasse essa desculpa. Eu não queria dizer que eu tinha um namorado, não queria nem pensar nele nesse momento.

— Se é o que você diz – deu de ombros, eu sabia que ele não acreditava, mas pelo menos ele não insistiria. – Carmen roubou seu parceiro – comentou quando a segunda música havia passado e Edward e sua tia ainda não haviam voltado.

— Ah, eu agradeço. Eu não estava preparada para vir dançar, então vim com sandálias que machucam – reclamei tentando não fazer biquinho.

— Ah, não seja por isso. Vamos, me dê suas sandálias que eu as guardarei aqui – pediu.

Ele não precisou pediu mais de uma vez, pois eu logo estava tirando as sandálias mortais de meus pés e entregando para Eleazar. Os pés ainda doíam, mas eu aguentaria dançar por mais um momento.

Quando a música acabou, Edward veio para o bar com a tia, roubando o energético que Eleazar havia me dado e me levando de volta para a pista assim que acabou com a minha bebida.

Nós dançamos várias músicas sem parar, as vezes trocando de parceiro com alguém na pista. Eu não poderia imaginar que depois daquele dia tão ruim, eu pudesse me divertir tanto.

Após mais uma música lenta, meus pés pareciam que não aguentariam mais, então implorei para Edward que voltássemos para o bar. Carmen nos entregou mais energético e voltou a conversar com um outro cliente.

— Quer ir embora? – perguntou Edward.

— Para onde? – eu ri. – Não quero que essa noite acabe, mesmo com meus pés doendo.

— Está mesmo se divertindo? – questionou preocupado.

— Com certeza, você salvou meu dia, Capitão – falei sorrindo sincera.

—  Eu fico feliz, você merece o melhor, Bella –  respondeu me fazendo corar.

— Obrigada – murmurei.

— Bem, se você realmente não quiser que a noite acabe, tenho um lugar que podemos ir – sugeriu.

— Eu vou pra onde você for – falei.

Edward sorriu largo com a minha resposta, o que me fez sorrir de volta. Como ficar de cara fechada com aquele sorriso?

Ele passou por uma portinha debaixo do balcão e eu sorri em como aquele lugar parecia mesmo algo do Velho Oeste. Ele conversou com Eleazar parecendo pedir permissão para alguma coisa, recebendo um pacote de amendoins, uma chave e alguns energéticos.

— Divirtam-se, crianças – disse Eleazar me entregando a minha sandália.

Edward me levou para fora do salão, mas me levou até uma porta ao lado do bar. Subimos dois lances de escadas, até chegarmos no telhado, sorri com a escolha do lugar.

Edward me deixou sozinha lá em cima, dizendo que desceria até a casa dos tios para pegar alguns cobertores, já que o clima fora do bar não era dos mais agradáveis para alguém com um vestido como o meu.

Aproveitei a ausência de Edward para observar o lugar com calma. Não havia nada no telhado, além de uma escada para a caixa d’agua e uma pequena mureta. Porém a vista daquele lugar compensava tudo. O centro velho de Sacramento com os pequenos estabelecimentos ainda menores, a maioria das luzes apagadas fazia com que as que estavam acesas se tornassem ainda mais especiais, o resto da cidade, com suas casas e prédios nos tempos atuais ao longe, faziam com que eu me sentisse gigante. Era uma vista de tirar o folego.

— É lindo, não é? – disse Edward se aproximando. Eu não havia o escutado chegar, mas eu não me assustava com a sua presença.

— De tirar o folego – afirmei. – Eu tenho a sensação de liberdade, de grandeza. É como andar em Miramanee.

— Vejo que alguém também está apaixonada pela minha moto. – riu.

— Como não me apaixonar?

Além dos cobertores, Edward havia trazido um colchonete junto com ele. Então o ajudei a arrumar tudo, deitando em seguida e deixando os energéticos e os amendoins bem perto da gente. Edward ligou seu celular em uma de suas playlist, bem baixinho e nós curtimos aquele quase silêncio por alguns minutos.

— Eu amo olhar as estrelas – disse Edward interrompendo o quase silêncio.

— Eu também. Olhar as estrelas depois de observar a cidade é um contraste engraçado. – Comentei. – Tudo parece pequeno observando daqui, mas a cidade me passa a sensação de que eu sou enorme.

— E as estrelas de que você é exageradamente pequena – completou Edward.

— Exatamente. A imensidão das estrelas, todas elas juntas, fazem com que eu me sinta pequenina nesse universo enorme. Ao mesmo tempo que sinto uma liberdade enorme.

— Acho que é isso que eu amo nas estrelas, a imensidão delas coloca meus pés no chão, consigo lembrar que todos nós somos pequenos diante delas. Mas as estrelas também me acolhem – falou com adoração na voz. – É estranho, eu sei. Mas minha mente é confusa as vezes.

— É estranho, mas eu entendo. Ou quase isso – dei risada. – Vamos lá, me mostre sua estrela favorita.

— Você sabe um pouco sobre estrelas? – perguntou, me fazendo concordar. – Então, está vendo a constelação Lira?

— Sim.

— Ali do lado esquerdo, entre a estrela forte e a fraca. – Apontou. – Aquele é o Bruce*. Minha estrela favorita.

— Olá, Bruuuce! – gritei, Edward me acompanhando assim que percebeu meu grito. – Podemos dividir o Bruce?

— Claro, o Bruce é nosso.

Eu tinha uma estrela favorita chamada Bruce, uma estrela minha e do Edward chamada Bruce. Não aguentei e comecei a rir, uma estrela chamada Bruce. Edward se juntou a mim, provavelmente rindo da minha risada, que era estranha e engraçada, e acabamos gargalhando.

Eu sempre me sentia tão leve ao lado de Edward, parecia que todas as minhas preocupações iam embora como em um passe de mágica e aquele momento com ele, no telhado do bar dos tios dele, olhando as estrelas e ouvindo música conseguia ser ainda mais leve, eu sentia como se pudesse voar a qualquer momento.

— Eu comprei algo para você – confessou de repente.

— Sério? – questionei.

— Sim. Eu comprei uma camiseta dos Beatles. Eu sei que você tem vários CDs deles, mas nunca te vi com uma camiseta. Então achei que você iria gostar. Está lá em casa, você pode pegar da próxima vez que for lá – disse dando de ombros.

— Edward! Você é incrível! – exclamei me aproximando dele e o abraçando, mesmo deitada. – Eu também comprei algo para você – confessei corando, sem encara-lo.

— Sério? O que? – questionou-me.

— Uma corrente. Eu não sei se você vai gostar, mas quando olhei, pensei em você – respondi corando ainda mais. – Está guardada na minha gaveta.

Foi inevitável comparar Edward e Mike. As flores impessoais de Mike, aparentemente compradas de ultima hora, contrastando com a camiseta que Edward havia me comprado. Eu não havia visto ainda, mas eu confiava em Edward, ele parecia me conhecer melhor do que meu próprio namorado.

Estendia aqueles pensamentos para além dos presentes, refletindo sobre os momentos que eu passava com cada um deles. Enquanto estar ao lado de Edward sempre me deixava leve, calma, ficar ao lado de Mike sempre era pesado.

Nós estávamos sempre brigando, pelas minhas roupas, pelas minhas amizades. Ele nunca conseguia pedir desculpas, sempre dizendo que eu era a errada e que deveria ser grata por ter ele como namorado.

— Eu não sei porque você namora com aquele mimadinho, Bella. – comentou Edward, como se lesse meus pensamentos.

— Nem eu. – Sussurrei baixinho, mas alto o suficiente para que ele escutasse.

E era a realidade. Eu não sabia porque havia sequer aceitado o pedido de namoro de Mike, quando nós nem sequer combinávamos, quando ele não me apoiava em nada.

Os biscoitos e as flores do correio elegante não foram as primeiras coisas que ele menosprezava em mim. Era meu amor pela música, com ele sempre reclamando quando eu precisava ficar algum tempo a mais nos ensaios. Eram meus sonhos, com ele dizendo que era impossível alguém me descobrir como cantora. Era cada pequeno detalhe, cada frase dita sorrateiramente, que nos momentos poderiam parecer comentários inofensivos, mas que sempre deveriam ter sido um alarme para mim.

Mike nunca foi bom, Mike nunca me amou, Mike amava exibir a namorada líder de torcida, Mike queria alguém que fizesse suas vontades. Mike não era meu príncipe encantado e provavelmente não era o de ninguém. Nunca seria. Ele era apenas um babaca.

— Eu preciso terminar com ele. – falei em voz alta.

— Tem certeza? – questionou se levantando e sentando de pernas cruzadas. – Eu acho seu namorado idiota, egocêntrico e babaca. Mas essa decisão tem que vir de você.

— E acredite, está vindo. Se fosse pela opinião dos outros, teria escutado Rose desde o começo, para nem começar a namorar com ele. E devia ter escutado – falei me levantando também e sentando ao lado dele, nossas costas apoiadas na mureta.

— Quando vai terminar então? – perguntou.

— Agora – respondi sorrindo e pegando o celular que estava ao meu lado.

~Bella [01:07]: Ei, Mike. Estou terminando com você. Não me procure, não implore para voltar. Se não serei obrigada a contar para a escola inteira que você fode mal. Sem amor, Bella.

Apertei o botão de enviar e me senti ainda mais leve, como se um piano tivesse sido tirado das minhas costas. Eu estava livre daquele idiota.

— O que acha disso? – perguntei mostrando a mensagem para Edward.

— Fria. Um pouco maldosa. Perfeito – sorriu cumplice.

Eu não sabia o que havia me feito começar a namorar com Mike, mas eu imaginava o que me prendeu a ele por tanto tempo. O medo de ficar sozinha, o medo de que ninguém me quisesse, mas agora, depois de terminar com Mike eu me sentia livre, feliz. Eu sentia o meu amor próprio e estava feliz com ele.

Eu queria dançar, queria cantar, queria jogar as mãos pra cima e gritar novamente de cima do telhado. Eu era louca por isso? Bem, eu não estava ligando para isso. Só estava feliz demais para me importar.

— Levante, Capitão Kirk! Nós vamos dançar! – falei animada o puxando.

— E seus pés? – questionou.

— Amanhã você me carrega nas costas – dei de ombros. – Eu só quero dançar com você.

— Sempre ao seu dispor – disse pegando o celular e ligando em uma música animada.

Eu perdi as contas de quantas músicas animadas dançamos, pulando em cima do colchonete e nos mexendo de maneira engraçada, cantando as músicas que eu conhecia em voz alta. Eu estava feliz.

Estávamos dançando uma música bem animada que foi seguida por uma bem lenta.

— Acho que essa se dança assim – disse Edward se aproximando e colando nossos corpos.

A música era um dueto, as notas eram suaves, com uma batida que transmitia sentimento. A voz masculina era bonita e no momento em que se juntava com a voz feminina ficava ainda mais bonita, eles tinham uma harmonia incrível.

Edward me rodopiava pelo colchão, cantarolando junto com a música, as vezes mais próximo de mim, as vezes distante.

Eu conseguia ver seus olhos, tão profundos, de um verde tão brilhante que ali havia se tornado a minha cor favorita. O cobre de seus cabelos transmitia um ar de rebeldia, de excentricidade. Eu nunca havia me permitido olhar Edward assim, tão de perto e tão analiticamente, mas hoje eu podia observa-lo. Ele não era lindo, ele ultrapassava aquilo.

I’m falling in love with you*.— Cantou baixinho, bem próximo a minha orelha.

Depois daquela música, nós voltamos para o colchonete, meus pés voltando a pedir descanso.

— Nós podíamos cantar essa música na próxima competição. – Comentei me referindo à música que ele havia sussurrado em meu ouvido.

— Perfeito. – Concordou.

Nós conversamos sobre a música, sobre as apresentações, sobre seus pais, um assunto ligando ao outro, até que não lembrávamos o inicio da conversa. O efeito dos vários energéticos foi passando, então enquanto a voz de Edward ia sumindo aos poucos, me aproximei mais dele e me entreguei ao sono.

Eu não tive nenhum sonho elaborado aquela noite, apenas o breu tranquilo, devido ao cansaço em excesso por acordar cedo e passar o dia agitada. No meio do descanso senti braços firmes ao meu redor, me chacoalhando levemente.

— Vamos, Bella. Acorde. Você vai perder a melhor vista – disse Edward bem próximo a minha orelha, sua voz rouca de sono, mas havia excitação em sua voz.

— O que foi? – perguntei sonolenta.

— O nascer do Sol – respondeu com um sorriso na voz.

A resposta de Edward me animou. Ele me ajudou a subir na mureta, sentando ao meu lado em seguida e passando um cobertor ao nosso redor. Apoiei minha cabeça em seu ombro, me aconchegando ao seu lado.

A vista era linda, ainda mais bonita do que a cidade pequenina ou o lindo céu estrelado de ontem a noite. As cores se misturavam. Laranja e azul brincavam entre si como mágica, encantando a mim e a Edward. No fundo, a playlist de Edward havia voltado para a música que dançamos na noite anterior, o dueto bonito e lento. Ignorei a bela visão do nascer do Sol e olhei para Edward, encontrando seu olhar direcionado para mim.

Havia adoração no seu olhar enquanto ele colocou meu cabelo atrás da orelha com delicadeza, eu sabia que estava com o cabelo bagunçado, a maquiagem da noite anterior deveria estar borrada em meu rosto, mas eu me sentia linda por causa da maneira com que ele me olhava. Seu olhar também pedia permissão a cada centímetro em que ele se aproximava de mim, meu coração batendo forte em expectativa, eu queria beija-lo.

No momento em que ele finalmente se aproximou o suficiente, primeiro roçando seus lábios nos meus por alguns segundos, em seguida tornando o beijo mais profundo, sugando meu lábio inferior levemente. Eu não consegui conter o gemido que veio a seguir.

Era estranho aquela sensação de borboletas no estomago, o coração acelerado, toda a expectativa por um beijo e então sentir que suas expectativas foram superadas.

Era mais estranho ainda perceber que eu havia acabado de terminar um namoro, mas eu podia me apaixonar por Edward. Eu não estava com medo. Eu podia cair de amores por ele, igual a música que estava repetindo incansavelmente enquanto nos beijávamos mais uma vez. E outra. E então mais uma.

Edward apareceu na minha vida com sua jaqueta de couro, o cabelo bagunçado, que eu descobri ser por causa de Miramanee, e aquele sorriso torto. Ele exalava perigo, mas bastou meia dúzia de palavras para que eu descobrisse que não precisava teme-lo.

Ele foi conquistando-me aos poucos, se tornando meu melhor amigo em poucos meses e ganhando meus melhores amigos e meus pais no processo. Eu nunca me arrependeria de ter deixa-lo entrar em minha vida, não me arrependeria do espaço enorme que ele havia ganhado no meu coração.

O ápice de tudo era aquela noite, afinal, ele havia salvado a minha noite. Não apenas me livrado de passar o meu dia favorito abraçada com decepção e auto piedade, mas me fez perceber que valia a pena passar a noite ao lado dele.

E se as próximas noites fossem apenas um terço do que essa tinha sido, então eu queria aquilo por várias outras, queria passar as noites ao lado de Edward. Todas as noites possíveis.  


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Notas finais do capítulo

* A história se passa em Sacramento, a capital da Califórnia segundo minhas pesquisas no tio Google. Eles são bem famosos por seu Centro Histórico que lembra o Velho Oeste.
* O River City Saloon realmente existe e adaptei apenas algumas coisas para que ele encaixasse na história, como ele ser dos tios de Edward e ter uma casa em cima. Mas tentei me manter o mais próxima possível da realidade do lugar.
* O Bruce é uma citação/homenagem a Lady Bird, filme maravilhoso que está concorrendo ao Oscar. Assistam, se apaixonem e me contem hahaha BRUUUUUCE
* Eu estou me apaixonando por você. É o trecho de uma música chamada Falling, do Tyler Ward com a Alex G.

E então pessoas, o que acharam? Chegamos ao último capítulo (ou quase).
Bem, se alguém escutou a música que indiquei no começo do capítulo e viu a letra, vai ver que a música deu uma influenciada na história, mas não a segui a risca.
Espero que tenham gostado tanto dessa short quanto eu e que tenham um bom Valentine's Day, com ou sem namorado(a).
Beijinhos da tia Chloe ♥
Até breve, amei compartilhar essa história com vocês.