Nights With You escrita por Chloe Less


Capítulo 2
Capítulo 2 – O dia em que viramos amigos


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Saudades de postar todos os dias como eu estava postando em AOUS.
Espero que gostem do capítulo, boa leitura!



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Um mês havia se passado desde que os ensaios do coral haviam voltado e finalmente havíamos recebido as regras das regionais desse ano. Por sorte as músicas estavam bem livres, com apenas uma exigência, que uma das três músicas das regionais fosse um dueto.

Então o Sr. Banner resolveu que deveríamos fazer uma pequena competição para decidir quem receberia o solo. Todos ficaram animados, instantaneamente decidindo quem faria par com quem.

— Se acalmem, crianças. Eu não terminei de falar. – pediu Sr. Schue chamando nossa atenção. – Vocês sempre escolhem os mesmos parceiros, quero novidade por aqui. Então eu escolherei as duplas.

Ele começou a formar as duplas, Josh e Victória, Jéssica e Erick... Meu coração saltou quando ele disse Edward e eu seriamos uma dupla.

Eu sabia que ele tinha uma voz boa. Porra, ele com certeza tinha uma voz boa. Sua voz era sexy, rouca e baixa na maior parte do tempo. Mas as vezes ele se arriscava em notas mais altas e mesmo assim conseguia ser atraente. Meu medo com certeza não era sobre sua voz ser ruim ou de não combinar com a minha. Eu também sabia que ele era apaixonado por música, consegui sentir isso quando ele cantava.

Eu tinha medo de seu jeito marrento. Sempre sozinho e fechado, falando o mínimo com todos. Seu estilo de roupas era sempre o mesmo, sóbrio, escuro. Como trabalhar com alguém que parecia tão fechado? Eu não fazia ideia e tinha medo de descobrir.

— Bom, crianças. Cada dupla que formei foi baseada no potencial que eu acredito que essas vozes podem ter juntas. – explicou o professor. – Acredito que não me decepcionarei com as minhas escolhas. Vejo vocês na próxima sexta-feira, vamos sortear a ordem na hora.

Assim que ele saiu da sala, cada pessoa se aproximou de seu parceiro, provavelmente começando a combinar como fariam para decidir sobre a música. Edward estava do outro lado da sala de música e veio caminhando em minha direção.

Quando ele se aproximou, pude sentir seu cheiro de perto. Forte e amadeirado. Parecia combinar com ele.

— Acho que não fomos apresentados ainda, Edward Cullen – disse estendendo a sua mão para mim.

— Prazer, Isabella Swan. Mas eu prefiro que me chamem de Bella – disse dando um pequeno sorriso.

— O que acha de ensaiarmos na minha casa? – perguntou.

— Ótimo, pode ser segunda depois da aula?

— Claro, assim vamos juntos e podemos pensar nas músicas no fim de semana. – Concordou sorrindo de canto. Seu sorriso era bonito, entre o sexy e o fofo, com uma covinha de lado.

Nós trocamos nossos números de telefone, prometendo mandar as músicas que achássemos que seria legal cantar.

Tudo bem, Edward não era um monstro. Havíamos conversado por apenas alguns poucos minutos, mas ele parecia agradável. Talvez nos déssemos bem, talvez fosse divertido trabalhar com o Cullen.

Assim que saí da sala de música, fui para o campo, onde o treino de futebol ainda se estendia. Aproveitei o tempo livre e contei para Rosalie sobre quem seria meu parceiro, contando o receio, mas que ele parecia legal. Logo ela me tranquilizou, dizendo que Emmett estava se dando muito bem com ele e que os dois estavam se tornando amigos.

Quando o treino acabou, Emmett foi direto para o vestiário, enquanto Mike veio me dar um beijo. Da última vez que tentei conversar com Mike sobre isso, brigamos, ele dizendo que eu não o entendia, que ele só queria ficar mais perto de mim e que eu não era carinhosa o suficiente. Depois disso eu apenas parei de reclamar sobre seus beijos quando ele estava suado, ele só estava demonstrando amor afinal.

Depois de alguns beijos, Mike foi para o vestiário, tomar um banho já que havíamos combinado de sair.

Sem a companhia de Rosalie, já que ela e Emmett já haviam ido embora, busquei meu celular na bolsa, querendo olhar minhas playslists de música e ver se algo poderia ser útil para um dueto.

Vasculhei cada uma das minhas playlist do Spotify, todas pareciam inúteis. Duzentas músicas baixadas e apenas três pareciam interessantes para um dueto. Aproveitei que Mike estava demorando e as mandei para Edward.

~Edward Cullen [14:30]: Uau garota, você é rápida! Vou comer algo e escutar.

Sorri ao ler a mensagem, gostava de ser eficiente.

~Bella Swan [14:31]: Sem pressa, só estava com um tempo livre :P

Assim que enviei a mensagem Mike se aproximou, me chamando para irmos embora. Iriamos ao cinema, um filme de terror novo estava em cartaz e Mike estava louco para assistir.

Mike assumiu a direção em silêncio, como sempre, ele dizia que não gostava de conversar quando estava dirigindo, pois tirava sua concentração. Então peguei o celular novamente, feliz com uma nova mensagem de Edward.

~Edward Cullen [14:45]: Gostei das músicas, mas você sabe que não precisa ser necessariamente um dueto, não é? Rs.

Revirei os olhos com aquilo, era óbvio que eu sabia.

~Bella Swan [14:47]: Eu gosto de duetos, rs. Mas vou olhar mais algumas músicas em casa.

A resposta não demorou a vir.

~Edward Cullen [14:48]: Ainda não está em casa? Então vou te deixar em paz. Até mais, Bella.

Me despedi dele e larguei o celular, voltando ao mundo real e percebendo que havíamos chegado ao cinema. Na fila para comprar os ingressos, resolvi que era um bom momento para contar sobre Edward.

— Tem um garoto novo no clube do coral. – Comecei.

— Bacana – disse enquanto beijava meu pescoço.

— Sr. Banner nos colocou juntos para um dueto. – Contei animada, tentando o afastar de meu pescoço para que ele prestasse atenção em mim.

— Parabéns, docinho.

— Vou na segunda depois da aula ensaiar na casa dele. – terminei de contar.

— Você vai o que? – questionou finalmente se afastando. A testa franzida.

— Você não é surdo, Mike. – revirei os olhos.

— Está querendo dizer que vai para a casa de um garoto que eu nem conheço, ensaiar uma suposta música? Você não irá!

— Não estou pedindo permissão, Mike. Estou lhe contando, porque sou sua namorada.

— Mas eu nem conheço o garoto e se ele tentar te beijar?

— Eu sei me defender, esqueceu que meu pai é delegado?

— Vocês não podem ensaiar na escola?

— Mike, não adianta. Eu irei até a casa de Edward. Nós somos namorados, mas isso não significa que pode mandar em mim. Você não é meu dono.

— Eu sei, docinho. Mas tente entender meu lado. Eu nem conheço o garoto e você vai para a casa dele.

— Se o problema é conhecer, te apresento Edward na segunda. Mas não mudarei de ideia.

Mike viu que não conseguiria me dobrar e ficou emburrado, andando ao meu lado de cara feia. No cinema, nem ao menos segurou minha mão e pareceu não perceber quando cansei dele, levantei e peguei um táxi.

Ele sabia o quanto eu odiava grosserias, eu não era obrigada a aguentar seus surtos de ciúmes.

*****

A segunda-feira chegou rápido e eu estava animada, Mike estava me ignorando, mas eu e Edward passamos o final de semana conversando sobre as músicas e agora tínhamos uma pequena lista de opções.

Pelo pouco que havíamos conversado, Edward aparentava ser uma pessoa fácil de trabalhar. Ou talvez tivéssemos gostos muito parecidos. Mas era fácil me entender com ele. Enquanto conversávamos por mensagem eu não enxergava o badboy de jaqueta de couro que ele aparentava ser, o garoto bravo, inflexível e mandão, pelo contrário, Edward era divertido e flexível.

Coloquei uma calça jeans, tênis esportivos e uma blusa de moletom. Deixei o cabelo preso, já que antes de ir até a casa de Edward eu tinha treino das líderes de torcida.

As aulas passaram rápidas e tranquilas, eu e Edward animados para o ensaio, conversando na aula de biologia enquanto nossos parceiros, Rose e Emm, faziam a tarefa.

Assim que as aulas acabaram, Rose e eu fomos para o vestiário, ela animada com o treino, eu torcendo para que ele acabasse logo. Assim como as regionais logo estariam aqui, os jogos de futebol logo começariam e ainda tínhamos as competições de Cheerleaders.

Antes do treino começar, vi Edward sentado na arquibancada. Fones de ouvido no pescoço, jeans e sério até me ver, quando sorriu e acenou, mostrando que estava ali me esperando.

Era trabalhoso fazer parte de mais de um grupo, mas eu amava os dois grupos de uma maneira inexplicável e não conseguiria abandonar nenhum deles. E eu ainda andava cogitando começar a fazer parte do grupo de teatro.

A coreografia nova era arriscada, cheia de piruetas, estrelinhas e terminando com uma pirâmide. Mas as garotas novas pareciam estar se adaptando facilmente. No começo fiquei acanhada, por Edward estar na plateia. Mas logo me soltei e me diverti ensaiando com as meninas.

— Ei, Edward! Desculpa te fazer esperar por tanto tempo – falei assim que o treino acabou.

— Ah, não foi nada. Foi divertido ver vocês ensaiando.

— Gosta de coreografias?

— Isso também, mas nada melhor do que garotas com mini saias saltitando – disse piscando um dos olhos.

— Bobo – ri dando um soquinho em seu braço. – Vou apenas trocar de roupa e podemos ir.

Ele concordou e continuou sentado, agora colocando os fones de ouvido. No vestiário, a maioria das meninas já tinha tomado uma ducha. Rosalie já até havia ido embora, sem ao menos se despedir.

Na saída do vestiário Mike me esperava, os cabelos milimetricamente alinhados, a jaqueta do time, encostado na porta de saída.

— Por que você está tão arrumada? – indagou ele.

— Você veio para se desculpar ou para me deixar mais irritada? Porque se for a segunda opção, pode ir embora, você já conseguiu – falei cansada.

— Você é cabeça dura demais, Isabella. – Murmurou Mike balançando a cabeça em negação e saindo.

Michael não confiava em mim, era a única explicação para todo esse chilique que ele estava dando. Ele parecia não entender que ele era meu namorado e eu era fiel a ele, foda-se se eu iria para a casa de um garoto, para uma boate ou para a Casa Branca, eu tinha um compromisso com ele e não seria desleal a isso.

Quando me aproximei de Edward, estava com a cara fechada, o bom humor de ter treinado com as cheerleaders tendo se esvaído completamente do meu corpo após a pequena discussão com Mike.

— Você está bem, Bella? – preocupou-se Edward, levantando e tirando os fones de ouvido.

— Estou sim – o tranquilizei, tentando colocar um sorriso no rosto. – Apenas uma briga boba com Mike, logo nos resolvemos.

— Deixa eu adivinhar, ele está bravo por você ir para a minha casa? – adivinhou. Seu olhar tinha um brilho de sarcasmo.

— Você lê mentes? – perguntei rindo.

— Todas. Menos a sua. – respondeu piscando e sorrindo de canto.

Nós saímos do ginásio em silêncio, caminhando lado a lado em direção ao estacionamento. Conversamos tanto no final de semana e nessa manhã, mas eu tinha medo do silêncio que poderia ficar no carro. Odiava silêncios constrangedores.

Mas o medo sumiu, quando paramos ao lado de uma motocicleta. A moto era linda, os pneus eram largos e havia um capacete com tachinhas pendurado em um dos guidões. Uma onda de adrenalina percorreu meu corpo, a expectativa de andar de moto ocupando toda a minha mente.

— Bella, conheça Miramanee. – Sorriu apontando para a motocicleta.

— De Star Trek? – perguntei pegando a referência.

— Você conhece! – exclamou abrindo ainda mais o sorriso.

— Papai é um fã antigo, assisti a série e ao filme. – Respondi dando de ombros.

— Quando posso conhece-lo? – Perguntou animado.

Edward pegou o capacete e o prendeu na minha cabeça, dizendo que eu precisava estar segura. Com o capacete na cabeça, entendi o motivo dos cabelos de Edward estarem sempre desalinhados, era o capacete.

Assim que Edward subiu em cima da moto, me posicionei atrás dele, segurando firme em sua cintura.

A sensação de andar de moto era indescritível.

Eu havia soltado meu cabelo, não querendo me machucar com o rabo de cavalo, então ele voava para trás com a velocidade. O vento que passava por meu corpo tornava tudo melhor, aumentava a adrenalina ao mesmo tempo em que me trazia paz. Era estranho, mas tão gostoso. Eu não queria descer dali nunca mais.

Desci da moto assim que paramos em frente à casa do Cullen, uma casa bonita, branca e com uma pequena varanda na frente, assim como a minha. Dentro da casa, Edward me arrastou pelos cômodos, mostrando a aconchegante cozinha, a sala de estar interessante e os quartos do andar de cima.

Quando chegamos ao seu, me vi apaixonada por cada detalhe. O quarto era grande e espaçoso, havia uma parede inteira dedicada para uma estante cheia de livros e CDs, com diversos funkos de Star Trek e outros bonecos colecionáveis decorando a estante. Havia também uma escrivaninha pequena, um violão no canto do quarto e uma cama de casal no centro. O espaço era lindo, claro e organizado, ainda mais organizado que meu próprio quarto.

— É lindo – sussurrei tocando com delicadeza os CDs da estante.

— São meus preciosos. – Sorriu orgulhoso.

— Você parece um grande fã de Star Trek – comentei.

— É, eu gosto bastante – respondeu corando. Ele ficava bonito assim, corado. – Que tal a gente escutar as músicas que ficamos em dúvida, cantando junto, aí podemos ir eliminando as que não combinarem com as nossas vozes. – Sugeriu.

— Pode ser. – Concordei dando de ombros.

A nossa coleção de músicas se resumia a duetos clichês, a maioria composta por músicas do Lady Antebellum. As músicas eram boas e a maioria combinava com a nossa voz, mas nenhuma parecia a música certa, até escutarmos Just a Kiss, do Lady Antebellum.

Parecia a música perfeita a letra era sugestiva o suficiente para interpretarmos ela enquanto cantávamos e parecia um romance bom, que mexeria com as pessoas que assistiriam. Era engraçado como as ideias de Edward pareciam se encaixar com as minhas, nossos pensamentos estavam em sintonia para aquela apresentação.

— Ei, Capitão Kirk! Vai deixar sua convidada morrer de fome? – perguntou uma garota pequena e magra, com cabelos acobreados como os de Edward, que apontavam para todas as direções.

— Eu já ia descer, baixinha – disse Edward revirando os olhos.

A garota logo saiu da porta, saltitando com seu vestido florido e tênis estiloso.

— Capitão Kirk? – indaguei sorrindo de canto.

— É como minha família me chama. – respondeu corando e dando de ombros. – Minha mãe sempre gostou da franquia, era uma nerd do estilo que ia em convenções e fazia cosplay. Eu era uma criança quando ela me apresentou ao primeiro filme e eu fiquei encantado, o Capitão Kirk era meu herói. Então começaram a me chamar assim.

— Tem uma fantasia de Capitão Kirk no guarda roupa? – perguntei.

— Não. – Respondeu sério. – Quatro, as outras eu doei. – Completou quando arqueei a sobrancelha.

— Não me surpreende, Capitão. – Sorri.

— Vamos comer, Bella.

Nós descemos as escadas e eu apreciei mais um pouco a arquitetura bonita e organizada daquela casa.

Na cozinha, a mesma garota estava sentada de frente para uma bancada de mármore, um bolo de chocolate que parecia extremamente saboroso, um suco que eu chutei ser de laranja e algumas frutas.

— Oi, eu sou a Alice, irmã do Edward – disse ela sorrindo e se apresentando. – Fui mal-educada quando subi, desculpe.

— Não tem problemas – disse dando de ombros. – Eu sou a Bella.

— Eu sinto que seremos amigas. – comentou cortando o bolo.

O bolo estava do jeito que eu imaginei, tão delicioso que eu poderia casar com ele. O chocolate cremoso, a massa fofinha. Havia algo nele que parecia me levar para outra dimensão em cada mordida. Alice tinha razão, nós seriamos amigas.

Depois de eu tecer milhões de elogios sobre o bolo e de ela me contar que fazia parte do clube de física e de atletismo, junto com Rosalie, ela saiu, dando a desculpa de ter lição para fazer.

— Sua irmã é maravilhosa – falei assim que ela saiu da cozinha. – Estou pensando em roubar ela e leva-la para minha casa. Quanto você quer por ela?

— Desculpe, mas eu não negocio Alice. – respondeu-me.

— Como assim? Todos que eu conheço e que tem irmãos me dariam seus irmãos facilmente! – exclamei impressionada.

— Eu gosto de Alice, ela quase não é irritante, apesar da hiperatividade, e cozinha para mim. Como me livrar de alguém que cozinha? – questionou-me.

­– É, entendo seu ponto. Mas eu queria tanto um irmão que cozinhasse para mim. Ser filha única é uma merda as vezes.

— Você sabe cozinhar?

— Eu posso me gabar de saber uma coisa ou outra, sou boa com frango, macarrão e peixe, de resto, apenas doces. – Contei.

— Ao menos isso. Eu nunca acerto receitas que vão ao fogo, ou eu queimo, ou deixo cru – disse dando de ombros.

— É, você precisa de Alice mais do que eu. – comentei rindo.

Nós continuamos rindo por mais um tempo, conversando mais um pouco, até eu perceber que horas eram e pedir para Edward me deixar em casa.

Quando estava saindo, encontrei Esme e Carlisle na porta, que se apresentaram e me convidaram para aparecer outro dia na casa deles, um dia em que eles não estivessem de plantão no hospital.

A viagem de moto até a minha casa foi ainda mais divertida, eu já havia me acostumado com a sensação e não apertei tanto Edward. Apenas curti o vento em meus cabelos, a sensação de liberdade e a adrenalina que corria em meu corpo, ao mesmo tempo em que indicava a direção para Edward. Eu não queria sair dali, imploraria por uma motocicleta para meus pais no meu próximo aniversário.

— Está entregue, Bella – disse assim que parou em frente à minha casa.

— Obrigada, Capitão. Essa tarde foi divertida – falei.

— Foi mesmo. – Concordou. – Até amanhã, Bella.

— Até amanhã, Capitão Kirk – falei dando o capacete em sua mão e fazendo o cumprimento de Star Trek, que logo foi imitado por um Edward sorrindo torto.

Eu esperei ele ligar a moto e sair, acenando, para depois entrar em casa, onde o carro de Charlie já estava estacionado.

— Mãe, pai?! Cheguei! – falei fechando a porta de casa.

— Estamos na sala de jantar, bebê! – gritou Renée.

— Demorou para chegar – disse Rosalie sentada ao lado de meus pais. – Vou dormir com você, Jasper me expulsou de casa.

Eu ri com aquilo, acostumada com as vezes em que Jasper chamava os amigos nerds dele para uma noite de jogos e Rosalie vinha se refugiar na minha casa.

Nós jantamos juntos, com Rosalie entretida e por dentro das conversas da nossa família. Rose era como uma irmã, as vezes parecia que éramos filhas de casais separados e vivíamos em casas diferentes. Quando ela vinha para a minha casa, tratávamos ela como família, assim como a família deles me tratavam. Até Jasper, que podia ser irritante as vezes.

Após o jantar, roubamos chocolates do armário e levamos para meu quarto. Costumávamos assistir séries quando ela passava a noite aqui, Gilmore Girls era a série da vez.

— Vamos, passarinha. Conte-me o que achou do Cullen. – pediu Rose animada.

— Você age como se nós dois tivéssemos ido em um encontro. – revirei os olhos. – Fomos apenas ensaiar, Rose.

— Amiga. É música e com você, é ainda melhor do que um encontro. Diga-me suas impressões dele.

— Ah, Rose. Ele é tão legal! Nós não discutimos por nada. Eu estava com tanto medo por ele ser sempre sério, mas ele foi tão gentil e tranquilo – contei animada, desistindo de lutar contra a animação de minha melhor amiga. – Quero fazer todos os duetos com ele.

— Wow, muitos elogios.

— E eu estou me contendo. Quero ser amiga dele. – falei animada.

— Com o jeito que você e Emmett falam sobre ele, até eu. – riu Rose.

Nós continuamos conversando durante toda a noite, ligando a série assim que parei de falar sobre Edward, mas comentando os episódios. Nós duas sabíamos que amanhã sofreríamos de sono o dia todo, mas o momento com ela valia a pena.

Quando resolvemos dormir, peguei o celular, querendo checar as minhas redes sociais antes de dormir. Havia uma mensagem de Mike.

~Mike [22:37]:Vamos deixar essa briga de lado, baby. Odeio brigar com você. ;*

Sorri, eu e Mike estávamos bem.

*****

Na quarta-feira, eu e Edward resolvemos ensaiar novamente, querendo que tudo ficasse perfeito para a apresentação na sexta-feira. Dessa vez ensaiaríamos na minha casa, já que Renée costumava se auto presentear com folgas da floricultura nesses dias, por eu não ter treinos ou ensaios após a aula.

A reação dela quando eu anunciei que traria um garoto para casa foi de pura animação, acreditando que eu finalmente levaria Mike para que ela o conhecesse pessoalmente. Mas continuou animada mesmo depois que eu falei que não era Mike, pois segundo ela, amava conhecer meus amigos.

Assim que a aula acabou, dispensei a carona de Rosalie, já que eu não tinha um carro e subi na moto com Edward, ainda apaixonada pela Miramanee.

Quando Edward estacionou a moto, minha mãe abriu a porta com um sorriso no rosto e um avental na cintura, parecendo uma típica dona de casa.

— Ah, que prazer conhece-lo. Eu sou Renée, mãe da Bella. – Apresentou-se apertando Edward em seus braços. Mamãe era ainda mais calorosa do que eu.

— Edward Cullen, Senhora. – Respondeu em meio ao aperto.

— Apenas Renée, querido. Vamos, entre. Vou preparar um lanche enquanto vocês ensaiam – falou mamãe, me dando um beijo na testa e entrando apressada, provavelmente lembrando de algo no forno.

Segui o exemplo de Edward na segunda e o apresentei aos cômodos principais, indo da sala de estar até a minha sala de música e ao meu quarto.

Eu gostava do meu quarto em tons de rosa, lílas e azul bebê, uma cama grande, a escrivaninha com um violão de cada lado, uma estante um pouco menor que a de Edward e um mural de fotos acima da cama. Entreguei um violão para Edward e o arrastei até a sacada do meu quarto, meu lugar favorito para ensaiar.

Nós buscamos a cifra da música e passamos a tarde treinando a melodia no violão, já que queríamos acrescentar ele na apresentação. Passamos a maior parte da tarde concentrados nisso, parando apenas para comer e ir ao banheiro. Quando nos demos conta, já era tarde e Edward precisava ir embora.

— Para onde vocês estão indo? Fique para o jantar, Edward. – pediu mamãe assim que nos viu descer as escadas.

— Esta tarde, Renée. Meus pais ficarão preocupados. – Argumentou Edward.

— Ligue para eles, se quiser eu mesmo falo com eles. Mas não pode ir embora sem provar minha torta de frango. – Decidiu Renée. – Vamos passarinha, me ajude a convence-lo a ficar.

Edward olhou para mim, pedindo ajuda e eu dei de ombros, sabendo que mamãe era impossível quando queria manter as visitas em casa. Então Edward ligou para Esme e avisou que iria embora depois do jantar.

Sentei com ele na sala de estar, enquanto esperava a comida ficar pronta. Enquanto conversávamos, finalmente prestei atenção ao que ele vestia. Calças justas e coturnos como sempre, mas hoje ele vestia uma camiseta cor de chumbo com o desenho do cumprimento de Spock desenhado, e Vida Longa e Próspera escrito também em amarelo. Era uma camiseta linda e eu sabia que papai iria amar.

O jantar ficou pronto no mesmo momento em que Charlie chegou, eu e Edward havíamos ido até a cozinha quando escutamos o barulho da Mercedes dele sendo estacionada. Senti Edward tremer ao ouvir o barulho de Charlie descarregando sua arma.

— Ora, ora. Temos visita para o jantar – disse papai sério.

— Desculpa o incomodo, Sr. Swan. Eu sou Edward Cullen – disse Edward se levantando e estendendo a mão para cumprimentar meu pai.

Eu observava meu pai com atenção e vi seus olhos brilhando ao ver a camiseta de Edward, ele poderia tentar agir como o delegado bravo, mas eu sabia que Edward havia o ganhado por causa da camiseta.

Edward e eu ajudamos a arrumar a mesa enquanto Charlie tomava um banho rápido e trocava de roupa. Assim que ele desceu, nos servimos, papai fez uma oração e começamos a jantar.

— Bonita a moto aí na frente, é sua garoto? – indagou papai sério. Pelo visto ele continuava tentando assustar Edward, já que eu sabia que papai era apaixonado por motos e sonhava em comprar uma para ele.

— É minha sim, Sr. Swan. Miramanee é minha parceira. – Contou Edward com orgulho. Dessa vez papai não conseguiu esconder o sorriso.

— Um fã de Star Trek – comentou papai sorrindo.

— Com orgulho. – Respondeu Edward.

Daquele momento o jantar se tornou leve e divertido, com papai sem a máscara de maldoso, conversando com Edward animadamente sobre Star Trek, comigo e Renée comentando coisa ou outra, deixando os fãs se acertarem.

— Foi um prazer conhecer você, Renée – disse Edward abraçando a mamãe. – Foi bom te conhecer também, Charlie. Assim que eu chegar em casa te mando a foto do meu cosplay do ano passado – disse se dirigindo ao meu pai.

— Vida Longa e Próspera, Edward. – falou papai fazendo o cumprimento.

— Vida Longa e Próspera, Charlie.

Eu o acompanhei até Miramanee, Edward carregava um sorriso torto no rosto, provavelmente animado demais por seu momento fã encontra fã.

— Eu amei seus pais, Bella. – Comentou animado encostado na moto.

— Eu tenho a quem puxar, por isso sou esse ser humano incrível. – Gabei-me rindo.

— Eles são realmente incríveis. – ignorou meu comentário revirando os olhos. – Seu namorado tem sorte de ter sogros tão legais.

— Ele tem mesmo. Pena que ainda não os conhece. – suspirei – Papai nem sabe que eu namoro.

— Tem vergonha do playboyzinho? – questionou com um sorriso sarcástico no rosto.

— Não! – me apressei em negar. – Mike acha que é cedo demais para conhecer meus pais.

— É, ele não merece os sogros que tem. – afirmou ainda com um pequeno sorriso – Nem a namorada. – sussurrou, mas alto o suficiente para que eu escutasse.

— Até amanhã, Capitão Kirk. – Me despedi.

— Até amanhã, Bella – disse beijando minha bochecha.

Entrei em casa assim que a moto foi embora, encontrando papai animado conversando com a minha mãe sobre Edward, dizendo que havia gostado dele.

Havia algo em Edward que fazia isso, atraia as pessoas com sua personalidade hipnotizante, não apenas com a música. Era algo dele e agora eu sabia, que ele não havia conquistado apenas a mim, mas aos meus pais também, de maneira rápida e espontânea.

É, pelo visto eu dividiria meu novo amigo com meus pais.


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Notas finais do capítulo

* Capitão Kirk e Miramanee são personagens de Star Trek
* Sr. Schue é um personagem de glee, o professor responsavel pelo coral (aqui usado apenas como apelido)

E ai pessoas! O que acharam de Edward?
Beijinhos e até amanhã ♥