Doce Natal escrita por Marina Louise


Capítulo 2
Capítulo 2




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Patrick terminou de secar as mãos no pano de prato e caminhou até a bancada da pia, abraçando Lisbon por trás. 


“Teresa.” Murmurou no ouvido da agente. “Agora que você está mais calma, posso fazer o bolo de chocolate que a Bella gosta?” Perguntou de mansinho, depositando um beijo no pescoço dela. 


“Ela está de castigo, Patrick!” Ela respondeu, tentando se soltar dos braços dele. Conhecia muito bem esse joguinho do marido, e sabia como terminava, o que geralmente era com ela tirando Isabella do castigo antes do combinado.


“Mas ela já está lá em cima a manhã toda.” O loiro choramingou, apertando os braços ao redor da cintura dela, impedindo-a de escapar de seu abraço. 


“Toda vez que ela apronta alguma coisa e eu a coloco de castigo, você vem choramingando pedindo que eu ceda!” A agente deixou a salada que preparava de lado e virou-se de frente para ele, cruzando os braços. “Desse jeito, como você espera que ela aprenda?” 


“Mas é Natal, Teresa!” Ele argumentou. “E eu nem estou te pedindo pra deixar ela sair do quarto antes do combinado.” Ele lançou a ela seu melhor olhar pidão. 


“Patrick, se ela tivesse montado naquela bicicleta sozinha, só Deus sabe o que teria acontecido!” A morena o encarou, carrancuda. “Bella nunca andou em bicicleta sem rodinha antes, ela poderia ter se machucado feio!” 


“Eu sei.” Jane engoliu em seco, sentindo um arrepio correr a espinha só de imaginar sua princesinha se machucando. “Foi por isso mesmo que eu peguei a bicicleta e coloquei na área. Longe das vistas dela, não será uma tentação. E eu concordo com você sobre ela ficar de castigo pelo que fez.” Ele deu um beijo na testa dela, tentando tranquilizá-la. “Mas nós já a colocamos lá em cima até a hora do almoço, e vamos deixá-la sem andar na bicicleta. Podíamos abrir uma exceção ao menos pra sobremesa!” 


“Tudo bem.” A morena suspirou, amaldiçoando mentalmente Jane e aqueles seus incríveis olhos azuis cintilantes que tinham a capacidade de convencê-la a fazer qualquer coisa. “Mas ela vai ter apenas uma fatia!” 


“Uma fatia bem grande!” Jane sorriu, colocando as mãos sobre os braços dela, fazendo-a descruzá-los e puxando-os para colocá-los ao redor de sua cintura. “E eu vou fazer o bolo com aquele recheio de morango que você tanto gosta.” Ele propôs, prensando-a contra a bancada da pia e inclinando-se para beijá-la. Porém, antes que conseguisse atingir seu intento, um grito de dor preencheu todo o ambiente. 


Papaaaaaaaaaaaai!” 


Jane sentiu o sangue gelar assim que escutou a filha chamar por ele daquele modo tão desesperado. O choro, alto e compulsivo, vindo do quintal, alarmou a ambos, fazendo-os correr desesperados naquela direção. 


A angústia do consultor era tanta, que ele conseguia sentir o coração pulando até a boca durante todo o caminho até chegar a Isabella, gotas de suor frio começando a escorrer pela sua testa, suas vistas completamente turvas. 


Oh, Meu Deus! Bella!” Ouviu a voz desesperada de Lisbon, que já estava ao lado da menina enquanto ele ainda tentava assimilar a cena que estava a sua frente. 


“Tá doendo, mamãe, tá doendo.” Bella gritou a plenos pulmões, segurando o braço direito. 


“Vai ficar tudo bem, meu amor.” Lisbon afirmou, tirando a bicicleta de cima da menina, ajudando-a se sentar, o que só fez a filha gritar mais alto. 


“Faz parar, papai. Por favor, faz parar!” Isabella implorou, arfando, o choro estava tão intenso que ela estava tendo dificuldades para respirar. 


“Patrick!” Lisbon o chamou, preocupada. 


Jane estava com o rosto completamente pálido e parecia prestes a desmaiar a qualquer momento. 


Patrick!” O grito dela se misturou aos gritos da filha, e isso pareceu tirá-lo do transe em que se encontrava. Conseguindo firmar as pernas o suficiente para não cair, ele correu até elas, ajoelhando-se ao lado da garotinha. 


“Teresa...” O consultor murmurou. “É muito sangue!” Ele permaneceu estático, os olhos completamente arregalados, sentindo o estômago embrulhar ao olhar para sua menina. 


Bella estava com o lado direito do rosto coberto de sangue, que escorria pelo pescoço, manchando a blusa amarela que ela usava. A calça jeans havia rasgado na perna, cuja pele agora estava esfolada. As palmas das mãozinhas tão delicadas ficaram completamente raladas e também cobertas pelo líquido vermelho e viscoso. Ele se sentia preso dentro de um pesadelo. Imagens da última vez que vira Charlotte vindo aleatoriamente em sua cabeça. 


“Patrick, ela vai ficar bem!” Lisbon soltou em um tom angustiado, tentando tranquilizá-lo ao mesmo tempo em que tentava acudir a filha. Jane apenas a encarou em um silêncio atordoado enquanto ela examinava atentamente o corte na testa da menina. 


“Dói, mamãe!” Bella gritou quando Lisbon tentou erguer a manga comprida da blusa que ela vestia. “Por favor, papai, faz parar de doer. Eu prometo ser boazinha, mas faz parar.” Ela implorou, lágrimas escorrendo livremente por sua bochecha enquanto olhava para o pai. 


Patrick, literalmente, sentiu o coração quebrar ao ver sua princesinha sofrendo. Os olhos verde-esmeralda da menina, idênticos ao de Lisbon, e sempre tão alegres e cheios de vida, haviam perdido completamente seu brilho tão característico. 


“Vai ficar tudo bem, meu amor.” Ele afirmou, rouco, acariciando o lado esquerdo do rosto da filha com a mão completamente trêmula. 


“Precisamos ir para o hospital, Patrick.” Lisbon se levantou, e ele podia ver, pela expressão dela, o quanto estava preocupada. “Acho que ela quebrou o braço, e esse corte na testa me parece muito profundo, provavelmente precisará de pontos.” 


“Pontos?” O loiro engoliu em seco. 


“Não, mamãe!” Bella berrou. “Não quero que me costurem. Eu prometo não desobedecer de novo, mas não me costure!” 


“É para o seu bem, bebê. Eu prometo.” Lisbon garantiu a menina, mas Jane percebeu que ela estava lutando para não chorar. 


“Não deixa, papai, por favor, não deixa!” Isabella arfou, engasgando com o choro. 


“Não vai doer nada, princesinha. Eu te prometo, não vai doer.” Ele abraçou a filha de lado enquanto seus próprios olhos se enchiam de lágrimas.


“Eu vou trancar a casa e pegar o Gabe. Você consegue carregar ela?” Lisbon questionou, preocupada com o marido, que parecia tremer tanto quanto a filha. 


“Sim. Eu encontro com você no carro.” Patrick pegou Isabella com cuidado e ergueu-se com ela no colo. 


“Vai dar tudo certo, Patrick.” Teresa assegurou, numa tentativa de acalmá-lo. Desde que conhecera o consultor, ela jamais o tinha visto tão abalado. 


Jane assentiu com a cabeça, sentindo-se incapaz de formular qualquer frase. Um nó parecia ter se formado em sua garganta, e, pela primeira vez em anos, ele se pegou rezando para que Lisbon estivesse certa. Isabella tinha de ficar bem. 



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